Leila Jalul
Devo ser organizada, até na ordem e grau do querer bem. Tudo tem que ser escalonado, ou me embanano. Há pessoas que a gente gosta sem que elas saibam. Há pessoas que detestamos, também sem que elas saibam. Isso é maravilhoso. Não precisamos anunciar aos quatro ventos de quem mais gostamos e de quem menos gostamos. Ódio não faz parte do meu calendário, nem do dicionário.
As pessoas de quem gostamos, mesmo que nos intriguem na sua trajetória, são motivos de preocupações e horas perdidas de sono. Amo o Lhé, o Brachula, ou como quer que o chamem. Pode até ser Abrahim Farhat. Amo e fim. Mas, na mesma proporção que o amo, estou sempre a me questionar onde foi que o Lhé perdeu o fio da história.
É tão instigante que até me pergunto se não fui eu quem desaprendeu a assumir meu verdadeiro papel na história do mundo. Se foi antes, se foi depois do PT. Se ele já nasceu com a missão de ser motivo de grandes dúvidas ideológicas. Até já me perguntei se o Lhé não é um ET praticante e convicto de sua missão nesse mundo doido, de gente doida, de patrões doidos, de famílias doidas. O certo que o Lhe é meu motivo de ficar acordada, noite após noite, dia, após dia.
Dizem que o Lhe era rico. Que seu pai era rico. Todos somos ricos, a depender da vontade de Deus e dos Maranatas. Riquíssimos, já que o ser humano se diferencia dos símios e das borboletas. O pensar é riqueza.
Conta a lenda que o Lhé é um militante de esquerda, desde os tempos de Adões e Evas. No entanto, jamais conheceu os paraísos. Veio com a missão de aglutinar, de ser mecenas das artes e das guerras. Procede. Procede, mas há controvérsias. Uma grande dúvida sobre o meu Brachula é: onde foi parar a fortuna, a maior das fortunas do planeta?
Uma vez me responderam que a coisa foi mais ou menos assim: Lhé, com a consciência livre e decidida, com dinheiro no bolso, mandou buscar um carregamento de armas na extinta URSS. As armas e as balas. As armas chegaram. As balas, não. Cada coisa a seu tempo. Senão seria uma revolução tendente ao fracasso. Revolução que é revolução tem que ser desenhada, estruturada, pensada e decidida. O povo da Farc (ou seria das?), tinha fome de justiça, gosto de sangue na boca.
O kremlim não podia arriscar. Os moscovitas não queriam comprometimento maior, além de Cuba. E as balas? Cadê as balas? O Lhé precisava receber as faturas para manter vivos os seus propósitos. Pediu as balas. Mandaram as balas até Belém. De Belém até Rio Branco, as balas foram mal acondicionadas no navio Sobral Santos e molharam. Umedeceram, perderam o viço e o poder de explosão. Aí fudeu tudo. Os guerrilheiros não pagaram a conta e o Lhé faliu.
Uma corrente dos contadores de estórias avisaram: a conta também não foi paga porque o Lhé separou uns 50 rifles Winchester para os piquetes, repiquetes e empates de uma outra revolta que acontecia por aqui. A contagem das Farcs não bateu.
Diretamente da boca do Lhé ouvi uma estorinha de uma tal de pistola Shimith OS 38, americana legítima, tipo aquelas que a gente vê nos duelos entre rivais, onde os caras se afastam 30 metros, e, o que atirar primeiro, matar primeiro, ganha a parada.
Não sei, acho tudo isso uma grande mentira. Mas, acreditando no bom senso do mundo, a historiadora Fátima Almeida, o amigo também historiador Marcos Vinícius, o outro não menos conhecedor dos fatos, Gerson Albuquerque, passarão as estórias do Lhé diretamente para o papel digno da história do Acre.
Lhé, mil perdões pelo relato e pelas fotos. Um beijo grande no seu coração de grande revolucionário. Ainda faremos um ato público, onde somente eu e você, empunhando um pé (ou um pequeno galho) de cedro, libertaremos a Palestina.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
NALUH E O CONSELHEIRO BIÔNICO
Edvaldo Magalhães
Está acalorado o debate em torno da eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado pela Assembléia Legislativa do Acre. Gosto de debates acalorados, de ouvir a voz das ruas ecoando, o olhar atento da sociedade sobre as instituições. Lutamos por isso. Só lamento que o embate em causa esteja sobrecarregado de motivações não republicanas. Por ironia, é a violência dos ataques contra a deputada Naluh Gouveia que revela a falsidade, o preconceito e o desvio dos seus carrascos puritanos.
Ataques falsos porque dizem que Naluh não preenche os requisitos da Lei para ser conselheira. Preconceituosos porque afirmam que ela não passa de uma professorinha, portanto, incapaz de apreciar e julgar contas públicas. E produto de desvio porque tais ataques se apropriam de uma tirada com que a deputada Naluh Gouveia apimentou o discurso em um período de acirrada luta política e ideológica, fazendo a chiste de “um tribunal de faz-de-contas”. Para completar a desonestidade desses argumentos, afirmam que a Assembléia cometeria uma ilegalidade elegendo Naluh Gouveia e o Poder Judiciário anularia a decisão da maioria dos deputados em benefício de outro nome menos votado.
A bem da verdade, é bom confrontar tais ataques com os fatos:
1. Sobre a deputada Naluh Gouveia não preencher os requisitos legais para ser eleita para o TCE
O artigo 63 da Constituição do Estado do Acre estabelece tais requisitos no seu parágrafo primeiro, que são: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública; e IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional, que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
A deputada Naluh Gouveia não gostaria, mas já tem mais de trinta e cinco anos. Ninguém questiona sua idoneidade moral e reputação ilibada. Mas como manda o protocolo, apresentou as devidas certidões.
Quanto aos chamados “notórios conhecimentos”, atenção no que diz a Constituição: ”notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública”. Não venham, pois, desconhecendo propositadamente o “ou” do texto constitucional para confundir “notórios conhecimentos” com formação jurídica ou coisa parecida. Acórdão do Supremo Tribunal Federal já decidiu sobre isso: “A qualificação profissional formal não é requisito à nomeação de Conselheiro de Tribunal de Contas Estadual. O requisito notório saber é pressuposto subjetivo a ser analisado pelo Governador do Estado, a seu juízo discricionário”.
Naluh tem três mandatos de deputada estadual e um de vereadora em Rio Branco, somando, até esta data, 11 anos de mandato. Isto lhe confere inquestionável condição jurídica para atender ao requisito de notórios conhecimentos de administração pública. Além do mais, as funções da deputada incluem, além de legislar, fiscalizar e julgar a coisa e as contas públicas, o que implica, em instância superior, o exercício da missão precípua do Tribunal de Contas do Estado, que é um órgão auxiliar da Assembléia Legislativa.
2. Sobre a alegada incoerência da deputada Naluh Gouveia
Na chegada da Frente Popular ao Governo do Acre, depois das eleições de 1998, forças conservadoras atentavam contra as mudanças que o povo acreano tanto esperava. Havia uma oposição infestada por velhos reacionários e conhecidos beneficiários das mamatas suspensas. Então foi preciso atitudes como o enfrentamento com o esquadrão da morte e a união dos movimentos sociais em torno do “comitê contra a impunidade”. O momento exigiu um debate duro, tenso e radicalizado, inclusive no Plenário da ALEAC. Integrantes de todos os poderes tomaram partido nestas contendas. Muitos com posicionamentos claros, públicos, à luz do dia. Outros à sombra, sorrateiramente. Com os excessos próprios das situações de crise, aqueles embates contribuíram para a superação de uma das piores fases da política do Acre, recuperando a credibilidade de suas instituições.
A deputada Naluh Gouveia participou ativamente desse tempo, muitas vezes botando o coração bem á frente da razão, outras sem razão nenhuma. Cometeu exageros, sim, mas seus erros são vírgulas na escrita correta com que ajudou o Acre a reencontrar sua grandeza política. Portanto sua história a credencia a pleitear esta vaga de Conselheira do Tribunal de Contas.
3. Sobre a Justiça abrir caminho para os não eleitos
Vende ilusão quem afirma que, se por alguma eventualidade, for anulada a eleição de um candidato, o direito da indicação passa para o candidato imediatamente menos votado ou segue restrita aos candidatos escritos neste processo. O regimento da ALEAC é claro. Se isto alguma vez vier a acontecer, o processo todo deve ser reiniciado, permitindo inscrições de tantos quantos se interessem e preencham os requisitos.
Finalmente, é bom lembrar que para se chegar ao TCE, além de preencher os requisitos constitucionais, é preciso passar pelo escrutínio do Plenário soberano da Assembléia. Quanto aos ataques à pessoa e a elegibilidade da deputada Naluh Gouveia, vimos que não passam de falsidades, preconceitos e desvios. Talvez uma piada de mau gosto, como aquela da ditadura militar criando senadores biônicos. Mas não será o nosso Acre que dará guarida a invenção do conselheiro biônico.
◙ Edvaldo Magalhães é professor, deputado estadual pelo PC do B e presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Acre.
Está acalorado o debate em torno da eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado pela Assembléia Legislativa do Acre. Gosto de debates acalorados, de ouvir a voz das ruas ecoando, o olhar atento da sociedade sobre as instituições. Lutamos por isso. Só lamento que o embate em causa esteja sobrecarregado de motivações não republicanas. Por ironia, é a violência dos ataques contra a deputada Naluh Gouveia que revela a falsidade, o preconceito e o desvio dos seus carrascos puritanos.
Ataques falsos porque dizem que Naluh não preenche os requisitos da Lei para ser conselheira. Preconceituosos porque afirmam que ela não passa de uma professorinha, portanto, incapaz de apreciar e julgar contas públicas. E produto de desvio porque tais ataques se apropriam de uma tirada com que a deputada Naluh Gouveia apimentou o discurso em um período de acirrada luta política e ideológica, fazendo a chiste de “um tribunal de faz-de-contas”. Para completar a desonestidade desses argumentos, afirmam que a Assembléia cometeria uma ilegalidade elegendo Naluh Gouveia e o Poder Judiciário anularia a decisão da maioria dos deputados em benefício de outro nome menos votado.
A bem da verdade, é bom confrontar tais ataques com os fatos:
1. Sobre a deputada Naluh Gouveia não preencher os requisitos legais para ser eleita para o TCE
O artigo 63 da Constituição do Estado do Acre estabelece tais requisitos no seu parágrafo primeiro, que são: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública; e IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional, que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
A deputada Naluh Gouveia não gostaria, mas já tem mais de trinta e cinco anos. Ninguém questiona sua idoneidade moral e reputação ilibada. Mas como manda o protocolo, apresentou as devidas certidões.
Quanto aos chamados “notórios conhecimentos”, atenção no que diz a Constituição: ”notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública”. Não venham, pois, desconhecendo propositadamente o “ou” do texto constitucional para confundir “notórios conhecimentos” com formação jurídica ou coisa parecida. Acórdão do Supremo Tribunal Federal já decidiu sobre isso: “A qualificação profissional formal não é requisito à nomeação de Conselheiro de Tribunal de Contas Estadual. O requisito notório saber é pressuposto subjetivo a ser analisado pelo Governador do Estado, a seu juízo discricionário”.
Naluh tem três mandatos de deputada estadual e um de vereadora em Rio Branco, somando, até esta data, 11 anos de mandato. Isto lhe confere inquestionável condição jurídica para atender ao requisito de notórios conhecimentos de administração pública. Além do mais, as funções da deputada incluem, além de legislar, fiscalizar e julgar a coisa e as contas públicas, o que implica, em instância superior, o exercício da missão precípua do Tribunal de Contas do Estado, que é um órgão auxiliar da Assembléia Legislativa.
2. Sobre a alegada incoerência da deputada Naluh Gouveia
Na chegada da Frente Popular ao Governo do Acre, depois das eleições de 1998, forças conservadoras atentavam contra as mudanças que o povo acreano tanto esperava. Havia uma oposição infestada por velhos reacionários e conhecidos beneficiários das mamatas suspensas. Então foi preciso atitudes como o enfrentamento com o esquadrão da morte e a união dos movimentos sociais em torno do “comitê contra a impunidade”. O momento exigiu um debate duro, tenso e radicalizado, inclusive no Plenário da ALEAC. Integrantes de todos os poderes tomaram partido nestas contendas. Muitos com posicionamentos claros, públicos, à luz do dia. Outros à sombra, sorrateiramente. Com os excessos próprios das situações de crise, aqueles embates contribuíram para a superação de uma das piores fases da política do Acre, recuperando a credibilidade de suas instituições.
A deputada Naluh Gouveia participou ativamente desse tempo, muitas vezes botando o coração bem á frente da razão, outras sem razão nenhuma. Cometeu exageros, sim, mas seus erros são vírgulas na escrita correta com que ajudou o Acre a reencontrar sua grandeza política. Portanto sua história a credencia a pleitear esta vaga de Conselheira do Tribunal de Contas.
3. Sobre a Justiça abrir caminho para os não eleitos
Vende ilusão quem afirma que, se por alguma eventualidade, for anulada a eleição de um candidato, o direito da indicação passa para o candidato imediatamente menos votado ou segue restrita aos candidatos escritos neste processo. O regimento da ALEAC é claro. Se isto alguma vez vier a acontecer, o processo todo deve ser reiniciado, permitindo inscrições de tantos quantos se interessem e preencham os requisitos.
Finalmente, é bom lembrar que para se chegar ao TCE, além de preencher os requisitos constitucionais, é preciso passar pelo escrutínio do Plenário soberano da Assembléia. Quanto aos ataques à pessoa e a elegibilidade da deputada Naluh Gouveia, vimos que não passam de falsidades, preconceitos e desvios. Talvez uma piada de mau gosto, como aquela da ditadura militar criando senadores biônicos. Mas não será o nosso Acre que dará guarida a invenção do conselheiro biônico.
◙ Edvaldo Magalhães é professor, deputado estadual pelo PC do B e presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Acre.
CONSELHEIRA NALUH GOUVEIA
Aníbal Diniz
Será na quinta-feira a eleição da ex-deputada petista Naluh Gouveia como a nova conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Fiquei feliz com a notícia, e decidi fazer uma defesa pública de seu nome. Muito bom saber que uma companheira de longas datas, com uma história de vida e de lutas reconhecida por todos, inicia uma nova etapa de sua trajetória como conselheira da corte de contas do Estado.
Mesmo que algumas vozes destoantes fiquem buzinando nos corredores, dizendo que a professora não está preparada para tal missão, Naluh Gouveia está pronta para qualquer desafio. Todo trabalho é feito em equipe, e despreparado é aquele que pensa que um diploma em ciências exatas é a única prova de aptidão profissional hoje em dia.
Os tempos que vivemos são outros. Estamos em plena era da transdisciplinariedade, e nada melhor que uma mistura bem feita num ambiente que abriga os economistas Ronald Polanco Polanco e Antonio Malheiros; a advogada Dulcinéia Benício, o médico Cristóvão Messias e vários outros qualificados profissionais que contribuem com seus talentos para que o Tribunal de Contas tenha o equilíbrio necessário na hora de fazer a análise das contas dos gestores públicos do Acre.
Além do mais, o Tribunal de Contas do Estado foi criado por lei aprovada na Assembléia Legislativa. Naluh Gouveia, em todos esses anos em que atuou como parlamentar, teve que estudar a fundo as peças orçamentárias anuais do Executivo, que tem a previsão das receitas, das despesas e dos investimentos de todos os poderes, o TCE incluído entre eles. Será que uma deputada que tem a responsabilidade de analisar, emendar e aprovar leis orçamentárias não reúne as condições necessárias para ser conselheira do TCE?
Naluh Gouveia vai ajudar a qualificar e dignificar o Tribunal de Contas da mesma forma que contribuiu para dignificar a política acreana com sua honrada e reconhecida militância no movimento estudantil, no sindicalismo, na Câmara de Vereadores e na Assembléia Legislativa, como destacada integrante do Partido dos Trabalhadores.
Vai ser diferente? Sim, vai. Até porque a vida exige que a gente reveja e aprimore todos os dias o nosso jeito de ser e de fazer as coisas acontecerem. Naluh não vai mais ser a aguerrida e combativa militante de esquerda, porque vai exercer uma função pautada pela técnica e, certamente, contará com a colaboração e a solidariedade das pessoas que atuam há mais tempo no TCE, porque é assim em todo lugar. É natural que as pessoas mais antigas nas funções repassem parte do que sabem para os que estão chegando.
Naluh é diferente, é verdade, mas não assusta. A diversidade faz bem, e tenho certeza que o TCE ficará um pouco melhor com a presença dela entre seus conselheiros. Torço para que os deputados, aliados e da oposição, rendam mais esta homenagem à companheira, elegendo-a por unanimidade nesta quinta-feira.
Vida longa ao TCE! Sorte à conselheira Naluh Gouveia!
◙ Aníbal Diniz é jornalista e assessor do governador do Acre Binho Marques (PT).
Será na quinta-feira a eleição da ex-deputada petista Naluh Gouveia como a nova conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Fiquei feliz com a notícia, e decidi fazer uma defesa pública de seu nome. Muito bom saber que uma companheira de longas datas, com uma história de vida e de lutas reconhecida por todos, inicia uma nova etapa de sua trajetória como conselheira da corte de contas do Estado.
Mesmo que algumas vozes destoantes fiquem buzinando nos corredores, dizendo que a professora não está preparada para tal missão, Naluh Gouveia está pronta para qualquer desafio. Todo trabalho é feito em equipe, e despreparado é aquele que pensa que um diploma em ciências exatas é a única prova de aptidão profissional hoje em dia.
Os tempos que vivemos são outros. Estamos em plena era da transdisciplinariedade, e nada melhor que uma mistura bem feita num ambiente que abriga os economistas Ronald Polanco Polanco e Antonio Malheiros; a advogada Dulcinéia Benício, o médico Cristóvão Messias e vários outros qualificados profissionais que contribuem com seus talentos para que o Tribunal de Contas tenha o equilíbrio necessário na hora de fazer a análise das contas dos gestores públicos do Acre.
Além do mais, o Tribunal de Contas do Estado foi criado por lei aprovada na Assembléia Legislativa. Naluh Gouveia, em todos esses anos em que atuou como parlamentar, teve que estudar a fundo as peças orçamentárias anuais do Executivo, que tem a previsão das receitas, das despesas e dos investimentos de todos os poderes, o TCE incluído entre eles. Será que uma deputada que tem a responsabilidade de analisar, emendar e aprovar leis orçamentárias não reúne as condições necessárias para ser conselheira do TCE?
Naluh Gouveia vai ajudar a qualificar e dignificar o Tribunal de Contas da mesma forma que contribuiu para dignificar a política acreana com sua honrada e reconhecida militância no movimento estudantil, no sindicalismo, na Câmara de Vereadores e na Assembléia Legislativa, como destacada integrante do Partido dos Trabalhadores.
Vai ser diferente? Sim, vai. Até porque a vida exige que a gente reveja e aprimore todos os dias o nosso jeito de ser e de fazer as coisas acontecerem. Naluh não vai mais ser a aguerrida e combativa militante de esquerda, porque vai exercer uma função pautada pela técnica e, certamente, contará com a colaboração e a solidariedade das pessoas que atuam há mais tempo no TCE, porque é assim em todo lugar. É natural que as pessoas mais antigas nas funções repassem parte do que sabem para os que estão chegando.
Naluh é diferente, é verdade, mas não assusta. A diversidade faz bem, e tenho certeza que o TCE ficará um pouco melhor com a presença dela entre seus conselheiros. Torço para que os deputados, aliados e da oposição, rendam mais esta homenagem à companheira, elegendo-a por unanimidade nesta quinta-feira.
Vida longa ao TCE! Sorte à conselheira Naluh Gouveia!
◙ Aníbal Diniz é jornalista e assessor do governador do Acre Binho Marques (PT).
LOUCURAS NA FRONTEIRA BRASIL-PERU
Agência EFE
O prefeito da província peruana de Tahuamanu, Alfonso Cardozo, acusa índios de uma tribo brasileira de manterem prisioneiros dez peruanos, habitantes da província de Purus. Segundo ele, muitos reféns estão doentes e alguns chegaram a ser amarrados.
Em entrevista à emissora Radioprogramas, o prefeito informou que os peruanos são professores e dirigentes que participavam de uma passeata na região de Iñapari, no Peru. Eles pediam às autoridades uma ligação da sua província com a Estrada Interoceânica, que unirá o Peru ao Brasil.
Segundo Cardozo, a delegação perdeu comunicação seis dias após a partida. Mais tarde, ele descobriu que os peruanos foram detidos no Brasil, em Rio Yaco, no município de Sena Madureira, no Acre, a alguns quilômetros da fronteira com o Peru.
O prefeito explicou que está em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para que os reféns sejam entregues à Polícia Federal Mas os indígenas querem ficar com seus pertences, comentou.
◙ Meu comentário: No dia 29 de setembro passado, uma turma de homens partiu de Puerto Esperanza, capital da Provincia do Purus, no Peru, com destino a Iñapari, na fronteira com Assis Brasil. A caminhada faz parte de uma campanha para a abertura de uma estrada entre esses dois lugares, justificada, segundo seus defensores, pela necessidade de quebrar o histórico isolamento a que está relegada a população de Puerto Esperanza e pelo desejo de acessar benefícios que advirão com a pavimentação da Rodovia Transoceânica. Iniciada há meses, a campanha pró-estrada conta com o apoio da Igreja Católica, parte da população de Esperanza, empresários e políticos locais e regionais. Projeto de lei foi apresentado no Congresso peruano em 2005 propondo a declaração do Eixo Vial Nacional Iñapari-Puerto Esperanza de necessidade e utilidade pública. Mobilizações contrárias têm sido promovidos por organizações indígenas como a Aidesep (Asociación Interétnica de Desarollo de la Selva Peruana), a Fenamad (Federación Nativa de Madre de Dios y sus afluentes) e a Asociación Indígena EcoPurus, pois o traçado previsto da estrada atravessará parte do Parque Nacional Alto Purus e da Reserva del Estado para Pueblos Indígenas en Aislamiento Voluntario de Madre de Dios, em territórios, inclusive, onde índios isolados vivem e transitam ao longo da fronteira com o Estado do Acre. O traçado da estrada acompanha, bem próximo, o trecho da fronteira internacional que coincide com os limites do Parque Estadual Chandless, da Terra Indígena Mamoadate e da Estação Ecológica Rio Acre. Notícias, favoráveis, sobre o início da expedição constam no último boletim da Palabra Viva, publicação da Igreja Católica de Esperanza. Em edições anteriores da revista, há várias notícias sobre a campanha da Igreja. Um dos documentos contrários à construção da estrada, tornado público pela EcoPurus, está disponível em Servindi.
O prefeito da província peruana de Tahuamanu, Alfonso Cardozo, acusa índios de uma tribo brasileira de manterem prisioneiros dez peruanos, habitantes da província de Purus. Segundo ele, muitos reféns estão doentes e alguns chegaram a ser amarrados.
Em entrevista à emissora Radioprogramas, o prefeito informou que os peruanos são professores e dirigentes que participavam de uma passeata na região de Iñapari, no Peru. Eles pediam às autoridades uma ligação da sua província com a Estrada Interoceânica, que unirá o Peru ao Brasil.
Segundo Cardozo, a delegação perdeu comunicação seis dias após a partida. Mais tarde, ele descobriu que os peruanos foram detidos no Brasil, em Rio Yaco, no município de Sena Madureira, no Acre, a alguns quilômetros da fronteira com o Peru.
O prefeito explicou que está em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para que os reféns sejam entregues à Polícia Federal Mas os indígenas querem ficar com seus pertences, comentou.
◙ Meu comentário: No dia 29 de setembro passado, uma turma de homens partiu de Puerto Esperanza, capital da Provincia do Purus, no Peru, com destino a Iñapari, na fronteira com Assis Brasil. A caminhada faz parte de uma campanha para a abertura de uma estrada entre esses dois lugares, justificada, segundo seus defensores, pela necessidade de quebrar o histórico isolamento a que está relegada a população de Puerto Esperanza e pelo desejo de acessar benefícios que advirão com a pavimentação da Rodovia Transoceânica. Iniciada há meses, a campanha pró-estrada conta com o apoio da Igreja Católica, parte da população de Esperanza, empresários e políticos locais e regionais. Projeto de lei foi apresentado no Congresso peruano em 2005 propondo a declaração do Eixo Vial Nacional Iñapari-Puerto Esperanza de necessidade e utilidade pública. Mobilizações contrárias têm sido promovidos por organizações indígenas como a Aidesep (Asociación Interétnica de Desarollo de la Selva Peruana), a Fenamad (Federación Nativa de Madre de Dios y sus afluentes) e a Asociación Indígena EcoPurus, pois o traçado previsto da estrada atravessará parte do Parque Nacional Alto Purus e da Reserva del Estado para Pueblos Indígenas en Aislamiento Voluntario de Madre de Dios, em territórios, inclusive, onde índios isolados vivem e transitam ao longo da fronteira com o Estado do Acre. O traçado da estrada acompanha, bem próximo, o trecho da fronteira internacional que coincide com os limites do Parque Estadual Chandless, da Terra Indígena Mamoadate e da Estação Ecológica Rio Acre. Notícias, favoráveis, sobre o início da expedição constam no último boletim da Palabra Viva, publicação da Igreja Católica de Esperanza. Em edições anteriores da revista, há várias notícias sobre a campanha da Igreja. Um dos documentos contrários à construção da estrada, tornado público pela EcoPurus, está disponível em Servindi.
VALEU A PENA VOLTAR AO PASSADO
Cristovão Tezza
Um saudoso amigo meu, Ariel Coelho, costumava dizer que nunca vale a pena voltar ao passado. Muitas vezes comprovei a verdade dessa frase irônica, mas às vezes temos boas surpresas. Uma delas foi rever Rio Branco e o Acre, mais de 30 anos depois.
Minha ligação com o mais original Estado brasileiro começou em 1972, quando acompanhei meu irmão [o advogado João Tezza] numa viagem de teco-teco, um Cessna, que saiu de São Paulo e chegou em Rio Branco 10 dias depois, parando em Londrina, Corumbá, Cuiabá, Vilhena e Porto Velho - foi uma aventura inesquecível, como inesquecíveis foram os três meses em que fiquei lá pensando no que fazer da vida.
Na volta a Curitiba, decidi tirar o brevê de piloto, decidido a imitar Saint-Exupéry e voar no espaço e na literatura. Felizmente alguém me tirou essa idéia da cabeça - se eu tivesse seguido o impulso, certamente, estabanado que sou, já estaria definitivamente no céu (na melhor das hipóteses), e não contando essa história.
Cinco anos depois voltei, recém-casado, fechando minha falida oficina de conserto de relógios em Antonina e mais uma vez tentando decidir o futuro. Dessa vez deu certo - por sugestão da Betinha, minha mulher, e por uma sucessão de acasos, fiz vestibular para Letras na então Fundação Universidade Federal do Acre e finalmente comecei a consolidar uma via de sobrevivência capaz de sustentar os sonhos do escritor.
Desse ano de 1977, tenho boas lembranças, entre elas uma interminável viagem a Natal (RN), representando o Acre na equipe de Xadrez - o jogo! - nos Jogos Universitários daquele ano, na boa companhia dos colegas Francisco Dandão (o ótimo cronista de "A arte do chute na rede do improvável") e Ruy Isoppo.
Pelo tamanho da viagem, descobri que o Brasil é mais largo do que alto - os mapas enganam! No ano seguinte, voltei para Curitiba, e ingressei na UFPR, onde estou até hoje, como professor. E agora há pouco, patrocinado pelo maravilhoso projeto "Sempre um Papo", dirigido por Afonso Borges e coordenado, no Acre e em Rondônia, por Fred Perillo, revisitei Rio Branco e revi amigos.
Foi uma visita curta, mas deu para sentir a mudança extraordinária - fiquei vivamente impressionado pelo padrão urbano da cidade, comparativamente com aqueles velhos tempos que conheci. Basta um exemplo: o célebre Parque da Maternidade, à margem do qual, três décadas atrás, eu sofri com as enchentes e todo tipo de desconforto, morador das redondezas, se transformou num espaço público maravilhoso, que respeita ciclista e pedestre (e o índice de civilização começa pelo pedestre, não pelo motorista) - e observei em cada detalhe da cidade por onde passei, ciceroneado pelo meu irmão, sempre apaixonado pelo Acre, o cuidado urbano e o desejo das coisas bem feitas.
Desta vez valeu a pena, sim, voltar ao passado.
◙ Pedi ao escritor Cristovão Tezza o depoimento acima. Além de nos atender generosamente, ele ainda enviou um desnecessário pedido de desculpa: "Prezado Altino, nem sei como me desculpar pela demora em responder a você - mas, de fato, graças ao meu livro "O Filho Eterno", tenho viajado praticamente toda semana - e, no entremeio, tenho ainda meus alunos na universidade para cuidar! Mas agora tirei uma folga e fiz o depoimento abaixo. Acho que era isso, não? Espero que você goste. Espero também que você já esteja totalmente recuperado de seus problemas de saúde. Abraço grande e até mais". Clique aqui para conhecer o website do escritor, a quem agradeço de coração.
Um saudoso amigo meu, Ariel Coelho, costumava dizer que nunca vale a pena voltar ao passado. Muitas vezes comprovei a verdade dessa frase irônica, mas às vezes temos boas surpresas. Uma delas foi rever Rio Branco e o Acre, mais de 30 anos depois.
Minha ligação com o mais original Estado brasileiro começou em 1972, quando acompanhei meu irmão [o advogado João Tezza] numa viagem de teco-teco, um Cessna, que saiu de São Paulo e chegou em Rio Branco 10 dias depois, parando em Londrina, Corumbá, Cuiabá, Vilhena e Porto Velho - foi uma aventura inesquecível, como inesquecíveis foram os três meses em que fiquei lá pensando no que fazer da vida.
Na volta a Curitiba, decidi tirar o brevê de piloto, decidido a imitar Saint-Exupéry e voar no espaço e na literatura. Felizmente alguém me tirou essa idéia da cabeça - se eu tivesse seguido o impulso, certamente, estabanado que sou, já estaria definitivamente no céu (na melhor das hipóteses), e não contando essa história.
Cinco anos depois voltei, recém-casado, fechando minha falida oficina de conserto de relógios em Antonina e mais uma vez tentando decidir o futuro. Dessa vez deu certo - por sugestão da Betinha, minha mulher, e por uma sucessão de acasos, fiz vestibular para Letras na então Fundação Universidade Federal do Acre e finalmente comecei a consolidar uma via de sobrevivência capaz de sustentar os sonhos do escritor.
Desse ano de 1977, tenho boas lembranças, entre elas uma interminável viagem a Natal (RN), representando o Acre na equipe de Xadrez - o jogo! - nos Jogos Universitários daquele ano, na boa companhia dos colegas Francisco Dandão (o ótimo cronista de "A arte do chute na rede do improvável") e Ruy Isoppo.
Pelo tamanho da viagem, descobri que o Brasil é mais largo do que alto - os mapas enganam! No ano seguinte, voltei para Curitiba, e ingressei na UFPR, onde estou até hoje, como professor. E agora há pouco, patrocinado pelo maravilhoso projeto "Sempre um Papo", dirigido por Afonso Borges e coordenado, no Acre e em Rondônia, por Fred Perillo, revisitei Rio Branco e revi amigos.
Foi uma visita curta, mas deu para sentir a mudança extraordinária - fiquei vivamente impressionado pelo padrão urbano da cidade, comparativamente com aqueles velhos tempos que conheci. Basta um exemplo: o célebre Parque da Maternidade, à margem do qual, três décadas atrás, eu sofri com as enchentes e todo tipo de desconforto, morador das redondezas, se transformou num espaço público maravilhoso, que respeita ciclista e pedestre (e o índice de civilização começa pelo pedestre, não pelo motorista) - e observei em cada detalhe da cidade por onde passei, ciceroneado pelo meu irmão, sempre apaixonado pelo Acre, o cuidado urbano e o desejo das coisas bem feitas.
Desta vez valeu a pena, sim, voltar ao passado.
◙ Pedi ao escritor Cristovão Tezza o depoimento acima. Além de nos atender generosamente, ele ainda enviou um desnecessário pedido de desculpa: "Prezado Altino, nem sei como me desculpar pela demora em responder a você - mas, de fato, graças ao meu livro "O Filho Eterno", tenho viajado praticamente toda semana - e, no entremeio, tenho ainda meus alunos na universidade para cuidar! Mas agora tirei uma folga e fiz o depoimento abaixo. Acho que era isso, não? Espero que você goste. Espero também que você já esteja totalmente recuperado de seus problemas de saúde. Abraço grande e até mais". Clique aqui para conhecer o website do escritor, a quem agradeço de coração.
DIVERGÊNCIA NO PAINEL
Da coluna Painel, da Folha de S. Paulo:
"A idéia de plantar cana-de-açúcar em algumas regiões da Amazônia para produzir etanol divide as estrelas políticas do Acre: a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) é contra; o ex-governador Jorge Viana e seu irmão Tião, presidente interino do Senado, são a favor.
Não é a primeira divergência entre Marina e os irmãos Viana: a dupla militou no movimento contra as resistências da ministra às hidrelétricas do rio Madeira."
"A idéia de plantar cana-de-açúcar em algumas regiões da Amazônia para produzir etanol divide as estrelas políticas do Acre: a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) é contra; o ex-governador Jorge Viana e seu irmão Tião, presidente interino do Senado, são a favor.
Não é a primeira divergência entre Marina e os irmãos Viana: a dupla militou no movimento contra as resistências da ministra às hidrelétricas do rio Madeira."
ÍNDIOS E SERINGUEIROS EM CONFLITO
Nota do Conselho Indigenista Missionário - Regional da Amazônia Ocidental:
"A situação de conflito entre índios e não-índios no Rio Amônia, no alto Juruá, município de Marechal Thaumaturgo, está cada vez mais explosiva.
Desde 1998 que um grupo de índios denominados Apolima-Arara (Arara do Amônia) iniciou uma luta pela regularização fundiária de sua terra. Em 2003 a Funai divulgou um relatório atestando ser a terra reivindicada como tradicional daquele povo.
Ocorre que a mesma terra é disputada pelos índios, moradores da Reserva Extrativista e por parceleiros do Incra. Ao longo desses anos aconteceram muitos casos de violência contra os indígenas sem que nenhuma medida tenha sido tomada no sentido de evitar outros conflitos de proporções ainda maiores.
No Último dia 25, um senhor de nome Adailson, supostamente e segundo ele mesmo, com autorização do Ibama, resolveu levar a cabo uma de suas promessas: invadir a terra indígena e construir lá uma casa para morar.
A reação dos índios foi de atear fogo na casa do invasor enquanto ainda não havia moradores. No dia 26 quatro policiais Federais foram até o local na companhia de mais cinco soldados do Exército Brasileiro para constatarem o ocorrido e tentar apaziguar os ânimos.
Neste mesmo dia 26 tomaram depoimento de Francisco Siqueira Arara, cacique do povo e José Ângelo, importante liderança do povo. A Funai em Rio Branco já foi comunicada dos fatos e aguarda-se uma tomada de posição.
O que torna a situação ainda mais grave é que há nove anos esse conflito vem se arrastando. Ibama, Funai e Incra não se entendem e não tomam as medidas necessárias.
A comunidade, o movimento indígena e entidades de apoio, especialmente esse Cimi, têm denunciado sistematicamente o descaso das autoridades mas parece que não surte efeito.
Os índios encontram-se praticamente entrincheirados aguardando retaliações já que os não-índios prometeram reagir.
Nós, de nosso lado, cobramos das autoridades um fim àquela situação. Que seja demarcada em definitivo a terra e que todos os invasores sejam retirados como sendo o único meio de solucionar o Problema e para que desgraças ainda maiores não venham a acontecer".
"A situação de conflito entre índios e não-índios no Rio Amônia, no alto Juruá, município de Marechal Thaumaturgo, está cada vez mais explosiva.
Desde 1998 que um grupo de índios denominados Apolima-Arara (Arara do Amônia) iniciou uma luta pela regularização fundiária de sua terra. Em 2003 a Funai divulgou um relatório atestando ser a terra reivindicada como tradicional daquele povo.
Ocorre que a mesma terra é disputada pelos índios, moradores da Reserva Extrativista e por parceleiros do Incra. Ao longo desses anos aconteceram muitos casos de violência contra os indígenas sem que nenhuma medida tenha sido tomada no sentido de evitar outros conflitos de proporções ainda maiores.
No Último dia 25, um senhor de nome Adailson, supostamente e segundo ele mesmo, com autorização do Ibama, resolveu levar a cabo uma de suas promessas: invadir a terra indígena e construir lá uma casa para morar.
A reação dos índios foi de atear fogo na casa do invasor enquanto ainda não havia moradores. No dia 26 quatro policiais Federais foram até o local na companhia de mais cinco soldados do Exército Brasileiro para constatarem o ocorrido e tentar apaziguar os ânimos.
Neste mesmo dia 26 tomaram depoimento de Francisco Siqueira Arara, cacique do povo e José Ângelo, importante liderança do povo. A Funai em Rio Branco já foi comunicada dos fatos e aguarda-se uma tomada de posição.
O que torna a situação ainda mais grave é que há nove anos esse conflito vem se arrastando. Ibama, Funai e Incra não se entendem e não tomam as medidas necessárias.
A comunidade, o movimento indígena e entidades de apoio, especialmente esse Cimi, têm denunciado sistematicamente o descaso das autoridades mas parece que não surte efeito.
Os índios encontram-se praticamente entrincheirados aguardando retaliações já que os não-índios prometeram reagir.
Nós, de nosso lado, cobramos das autoridades um fim àquela situação. Que seja demarcada em definitivo a terra e que todos os invasores sejam retirados como sendo o único meio de solucionar o Problema e para que desgraças ainda maiores não venham a acontecer".
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
DISCOGRAFIA DOS NOVOS BAIANOS
Dica para quem ainda gosta dos Novos Baianos: baixar os álbuns "É Ferro na Boneca" (1970), "Acabou Chorare" (1972), "Novos Baianos F.C" (1973), "inguagem do Alunte (1974), "Vamos pro Mundo" (1974), "Caia na Estrada e Perigas Ver" (1974), "Praga de Baiano" (1977), e "Farol da Barra" (1977). A discografia é incompleta porque falta apenas o último álbum, "Infinito Circular" (1997).
Formado na Bahia nos anos 60 por Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Dadi, Galvão, Jorginho, Baixinho, Bolacha e Baby, o grupo estreou com o show "Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal" em 1968. Participaram do V Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1969 e gravaram seu primeiro disco, "É Ferro na Boneca".
Em 1971 mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde foram morar em uma cobertura no bairro de Botafogo. Nessa época o cantor e compositor João Gilberto passou uma temporada freqüentando o grupo, o que influenciou de forma decisiva os rumos musicais do conjunto, numa guinada do rock para a MPB.
No ano seguinte mudaram-se para um sítio em Jacarepaguá, onde levavam uma vida comunitária, e lançaram "Acabou Chorare", disco que, com sua mistura de rock, samba, frevo e choro, influenciou intérpretes, compositores e bandas dali em diante. O grupo se desfez em 1978, e praticamente todos os seus integrantes seguiram carreiras solo. Em 1997 o compositor Galvão escreveu o livro "Anos 70: Novos e Baianos".
Clique aqui para baixar a discografia incompleta em servidor torrent. No vídeo abaixo, Laura López Castro interpreta "Acabou chorare".
AMAZÔNIA E PANTANAL SEM CANA
Lisandra Paraguassú
O zoneamento ambiental da cana-de-açúcar vai proibir o cultivo da planta na Região Amazônica e no Pantanal. O trabalho de zoneamento fica pronto em junho do ano que vem. A decisão, tomada na semana passada, foi o desfecho para o mais recente embate enfrentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu a possibilidade da cultura da cana-de-açúcar nas áreas degradadas da Amazônia.
O veto foi uma decisão pragmática do governo. Ao mesmo tempo em que o aumento da produção de etanol é um dos projetos mais caros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ameaça de que, pela primeira vez em três anos, o desmatamento na Amazônia pode ter voltado a crescer, assusta a quem tenta vender a idéia do Brasil como um País ecologicamente correto.
A última crise enfrentada pela ministra Marina Silva expôs, mais uma vez, a ambigüidade do governo quanto se trata de desenvolver o País e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente.
O primeiro embate, ainda em 2003, foi em torno do projeto que definiria como seria feita a liberação do plantio de transgênicos no País: enquanto a área agrícola queria liberar os organismos geneticamente modificados (OGMs), alegando que o Brasil iria ficar para trás na pesquisa e na economia, o Meio Ambiente queria tornar mais dura a legislação e ter o poder de veto. Marina perdeu, mas parcialmente, já que a liberação dos transgênicos ainda é um processo trabalhoso no País e pode, como aconteceu recentemente com o milho, ser barrado com ações na Justiça.
O segundo confronto, em relação à demora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em conceder licenças ambientais, fez com que boa parte do instituto e vários assessores de Marina perdessem seus cargos. A crise, fomentada pelo próprio presidente Lula - que passou a reclamar em público da demora - levou a uma reestruturação do Ibama, que foi dividido em dois para melhorar a fiscalização e a agilidade.
◙ Lisandra Paraguassú é repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Leia mais aqui.
O zoneamento ambiental da cana-de-açúcar vai proibir o cultivo da planta na Região Amazônica e no Pantanal. O trabalho de zoneamento fica pronto em junho do ano que vem. A decisão, tomada na semana passada, foi o desfecho para o mais recente embate enfrentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu a possibilidade da cultura da cana-de-açúcar nas áreas degradadas da Amazônia.
O veto foi uma decisão pragmática do governo. Ao mesmo tempo em que o aumento da produção de etanol é um dos projetos mais caros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ameaça de que, pela primeira vez em três anos, o desmatamento na Amazônia pode ter voltado a crescer, assusta a quem tenta vender a idéia do Brasil como um País ecologicamente correto.
A última crise enfrentada pela ministra Marina Silva expôs, mais uma vez, a ambigüidade do governo quanto se trata de desenvolver o País e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente.
O primeiro embate, ainda em 2003, foi em torno do projeto que definiria como seria feita a liberação do plantio de transgênicos no País: enquanto a área agrícola queria liberar os organismos geneticamente modificados (OGMs), alegando que o Brasil iria ficar para trás na pesquisa e na economia, o Meio Ambiente queria tornar mais dura a legislação e ter o poder de veto. Marina perdeu, mas parcialmente, já que a liberação dos transgênicos ainda é um processo trabalhoso no País e pode, como aconteceu recentemente com o milho, ser barrado com ações na Justiça.
O segundo confronto, em relação à demora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em conceder licenças ambientais, fez com que boa parte do instituto e vários assessores de Marina perdessem seus cargos. A crise, fomentada pelo próprio presidente Lula - que passou a reclamar em público da demora - levou a uma reestruturação do Ibama, que foi dividido em dois para melhorar a fiscalização e a agilidade.
◙ Lisandra Paraguassú é repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Leia mais aqui.
ADEUS, AZIZE!
Leila Jalul
Tá apanhando? Engula o choro. Se chorar, apanha de novo. Isso é apenas uma brincadeira, claro. É da educação medieval, do aprendizado remoto, do direito de propriedade dos pais sobre os filhos.
Nos tempos modernos isso seria afronta. Apanhamos, todos nós apanhamos. Choros contidos, todos contivemos. Mágoas duradouras também ensinam. Exemplos de vida nem sempre são catalogados e impressos com letras ditadas pelo amor e pela ternura. Vale a pena apanhar, não com chicotes, mas com o sofrimento, o melhor professor.
Mamãe se foi na tarde de sábado, aos 83 e um pouco mais, deixando exemplos. Abriu a mente e o coração de cada filho seu para o entendimento de que o amor que é amor repreende, limita, cria termos, espanta medos, afasta o ódio, traz lógica, esbanja compreensão e conduz à caridade com o próximo, com os carentes, tanto os de alimento quanto os de afeição.
Mamãe, a mais humilde de todos os irmãos que conheceram o muito, bastou-se com o menos do menos. Para que ter três pares de sapatos se só dois pés possuía? Odiava o pão estragado que não fosse entregue antes aos que dele necessitavam.
- Ponha no seu prato, filho, aquilo que a sua fome pedir. Nem mais, nem menos. Filho, pense na guerra, nos refugiados, na crianças sem brinquedos. Não faça de cada ano de sua vida o único motivo para comer bolos confeitados. Há crianças que não vivem um ano por causa da fome. Agradeça cada momento de sua vida. O vivido e o que virá, se for do desejo Dele. Somos mortais. A riqueza e a pobreza não podem ser o significado do viver. O significado da vida é distribuir o pouco e o muito, pois somos abençoados e felizes. O nosso pouco é muito. Demais aos olhos do Senhor - ensinava.
Com esta filosofia, com certeza, jamais seria rica. Rica do ponto de vista da rasteirice dos conceitos da riqueza. Se foi exemplo, se foi fiel aos ensinamentos de seu pai, em parte, de sua madrasta, em tudo, mamãe foi a detentora da maior fortuna do Universo. Não deixou herança para cachorros nem papagaios, mas deixou claramente definida a noção do brilho de ouro dos valores morais. Se alguém mijar fora do caco, não foi por falta dos seus conselhos e convicções.
Seu baú estava abarrotado pelo carinho dos filhos, pela amizade e dedicação do médico – doutor Rinauro Santos, o pai da Bia, o médico que qualquer cristão gostaria de ter, nos momentos de necessidade. Já não cabia mais a bastança e o amor pelo aconchego do fisioterapeuta Edinho (Edjailson), de quem gostou como amante e namorado, para um futuro, claro. Um agradecimento especial para Célia Rocha. Também faz parte do baú de ouro.
Adotou de coração, como se filhas fossem, as técnicas de enfermagem Nete, a grande, Nete II, a francesa, Pâmela, a sua Jane Mansifield, e Olga, a turca Ayache, em cujas mãos deu o adeusinho final.
O resto da tropa de choque também tem nome. Também tem muita, muita, muita importância. Foram os obreiros. Fatinha, Delcídia, Lucíola, Preta, Tonha, Ana Hilda, a amazonense de bunda arriada, Luís, o taxista, o povo da White Martins, os padres, os pastores, os kardecistas, a Geiza da farmácia homeopática, a Kátia, da Aldeia do Ser, com seus Reikes, a Juliana, da hidroginástica, e Margarida, a psicóloga que nada ouviu, por não ser mais necessário confessar.
Todos foram importantes. E a todos só podemos expressar um agradecimento e uma recomendação: A riqueza de Azize é e maior riqueza: "Se reclamar, apanha. Se chorar, engula o choro. Ou apanhará sempre".
Latif, Léa, Leila, Lígia, Manoel, Francisco e Calil. Os filhos de Azize.
Tá apanhando? Engula o choro. Se chorar, apanha de novo. Isso é apenas uma brincadeira, claro. É da educação medieval, do aprendizado remoto, do direito de propriedade dos pais sobre os filhos.
Nos tempos modernos isso seria afronta. Apanhamos, todos nós apanhamos. Choros contidos, todos contivemos. Mágoas duradouras também ensinam. Exemplos de vida nem sempre são catalogados e impressos com letras ditadas pelo amor e pela ternura. Vale a pena apanhar, não com chicotes, mas com o sofrimento, o melhor professor.
Mamãe se foi na tarde de sábado, aos 83 e um pouco mais, deixando exemplos. Abriu a mente e o coração de cada filho seu para o entendimento de que o amor que é amor repreende, limita, cria termos, espanta medos, afasta o ódio, traz lógica, esbanja compreensão e conduz à caridade com o próximo, com os carentes, tanto os de alimento quanto os de afeição.
Mamãe, a mais humilde de todos os irmãos que conheceram o muito, bastou-se com o menos do menos. Para que ter três pares de sapatos se só dois pés possuía? Odiava o pão estragado que não fosse entregue antes aos que dele necessitavam.
- Ponha no seu prato, filho, aquilo que a sua fome pedir. Nem mais, nem menos. Filho, pense na guerra, nos refugiados, na crianças sem brinquedos. Não faça de cada ano de sua vida o único motivo para comer bolos confeitados. Há crianças que não vivem um ano por causa da fome. Agradeça cada momento de sua vida. O vivido e o que virá, se for do desejo Dele. Somos mortais. A riqueza e a pobreza não podem ser o significado do viver. O significado da vida é distribuir o pouco e o muito, pois somos abençoados e felizes. O nosso pouco é muito. Demais aos olhos do Senhor - ensinava.
Com esta filosofia, com certeza, jamais seria rica. Rica do ponto de vista da rasteirice dos conceitos da riqueza. Se foi exemplo, se foi fiel aos ensinamentos de seu pai, em parte, de sua madrasta, em tudo, mamãe foi a detentora da maior fortuna do Universo. Não deixou herança para cachorros nem papagaios, mas deixou claramente definida a noção do brilho de ouro dos valores morais. Se alguém mijar fora do caco, não foi por falta dos seus conselhos e convicções.
Seu baú estava abarrotado pelo carinho dos filhos, pela amizade e dedicação do médico – doutor Rinauro Santos, o pai da Bia, o médico que qualquer cristão gostaria de ter, nos momentos de necessidade. Já não cabia mais a bastança e o amor pelo aconchego do fisioterapeuta Edinho (Edjailson), de quem gostou como amante e namorado, para um futuro, claro. Um agradecimento especial para Célia Rocha. Também faz parte do baú de ouro.
Adotou de coração, como se filhas fossem, as técnicas de enfermagem Nete, a grande, Nete II, a francesa, Pâmela, a sua Jane Mansifield, e Olga, a turca Ayache, em cujas mãos deu o adeusinho final.
O resto da tropa de choque também tem nome. Também tem muita, muita, muita importância. Foram os obreiros. Fatinha, Delcídia, Lucíola, Preta, Tonha, Ana Hilda, a amazonense de bunda arriada, Luís, o taxista, o povo da White Martins, os padres, os pastores, os kardecistas, a Geiza da farmácia homeopática, a Kátia, da Aldeia do Ser, com seus Reikes, a Juliana, da hidroginástica, e Margarida, a psicóloga que nada ouviu, por não ser mais necessário confessar.
Todos foram importantes. E a todos só podemos expressar um agradecimento e uma recomendação: A riqueza de Azize é e maior riqueza: "Se reclamar, apanha. Se chorar, engula o choro. Ou apanhará sempre".
Latif, Léa, Leila, Lígia, Manoel, Francisco e Calil. Os filhos de Azize.
domingo, 28 de outubro de 2007
ACRE TODO PODEROSO
Do jornalista Aníbal Diniz, assessor do governador do Acre, Binho Marques, e suplente do senador Tião Viana:
"Velho Altino
Espero que tenha chegado bem a Rio Branco, e que já tenha sentido o gosto da comidinha caseira, sem fugir à dieta proposta pela equipe médica que lhe atendeu.
Escrevo para lhe informar que o governador Binho Marques já se encontra em Zurique, na Suíça, onde será anunciado, na terça-feira, pela FIFA, o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez questão que todos os governadores dos estados que se apresentaram como candidatos a sede dos jogos participassem da delegação. Como o Acre está entre os candidatos a sede dos jogos, o governador Binho Marques faz parte da delegação, capitaneada pelo próprio presidente Lula e o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia.
Aliás, devido à ausência do presidente Lula e do presidente da Câmara do país e, ao mesmo tempo, devido à impossibilidade do vice-presidente José de Alencar, que estará sendo submetido a uma cirurgia na segunda ou terça-feira, quem será presidente do Brasil nos próximos dois dias é o companheiro Tião Viana, que estará sendo recebido hoje [domingo], às 21h40, no aeroporto de Rio Branco.
Amanhã, às 17 horas, na sede da Federação das Indústrias do Acre, Tião Viana estará proferindo uma palestra sobre a política nacional e a importância do parlamento brasileiro no atual momento em que vivemos.
Vale a pena conferir.
Um grande abraço"
◙ P.S.: Fui induzido a uma barrigada. O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, decidiu não seguir para Zurique com o presidente Lula. Então, como Arlindo Chinaglia é o terceiro na linha sucessória (presidente, vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados), é ele e não o senador Tião Viana (presidente interino do Senado) quem responde pela presidência da República durante as ausências do presidente Lula (em Zurique) e do vice-presidente José Alencar (afastado por problemas de saúde) neste início de semana. (Aníbal Diniz)
"Velho Altino
Espero que tenha chegado bem a Rio Branco, e que já tenha sentido o gosto da comidinha caseira, sem fugir à dieta proposta pela equipe médica que lhe atendeu.
Escrevo para lhe informar que o governador Binho Marques já se encontra em Zurique, na Suíça, onde será anunciado, na terça-feira, pela FIFA, o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez questão que todos os governadores dos estados que se apresentaram como candidatos a sede dos jogos participassem da delegação. Como o Acre está entre os candidatos a sede dos jogos, o governador Binho Marques faz parte da delegação, capitaneada pelo próprio presidente Lula e o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia.
Aliás, devido à ausência do presidente Lula e do presidente da Câmara do país e, ao mesmo tempo, devido à impossibilidade do vice-presidente José de Alencar, que estará sendo submetido a uma cirurgia na segunda ou terça-feira, quem será presidente do Brasil nos próximos dois dias é o companheiro Tião Viana, que estará sendo recebido hoje [domingo], às 21h40, no aeroporto de Rio Branco.
Amanhã, às 17 horas, na sede da Federação das Indústrias do Acre, Tião Viana estará proferindo uma palestra sobre a política nacional e a importância do parlamento brasileiro no atual momento em que vivemos.
Vale a pena conferir.
Um grande abraço"
◙ P.S.: Fui induzido a uma barrigada. O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, decidiu não seguir para Zurique com o presidente Lula. Então, como Arlindo Chinaglia é o terceiro na linha sucessória (presidente, vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados), é ele e não o senador Tião Viana (presidente interino do Senado) quem responde pela presidência da República durante as ausências do presidente Lula (em Zurique) e do vice-presidente José Alencar (afastado por problemas de saúde) neste início de semana. (Aníbal Diniz)
sábado, 27 de outubro de 2007
65 ANOS DE MILTON NASCIMENTO
Maria Dolores
Hoje Milton Nascimento completa 65 anos, essa semana completaram-se também 40 anos desde que ele ficou conhecido com "Travessia", no II Festival Internacional da Canção. E agora há pouco acabou de entrar no ar o site oficial do Milton.
Eu, depois de ter trabalhando tanto tempo na sua biografia, não podia deixar de passar essa notícia adiante, porque é mais um material sobre a vida e obra desse cantor e compositor brasileiro que ajudou a construir uma importante página da cultura do Brasil.
É um site com muito material de arquivo, como trechos de vídeos dele no início da carreira, e com vários parceiros, entre eles Elis Regina. Tem um vídeo muito legal do Milton cantando em dueto com Paul Simon, em português, a música "Vendedor de Sonhos" (sessão Vida - ano 1993), e muito mais.
E várias outras sessões bem legais, como a Rádio Bituca, com uma seleção de músicas feita pelo Milton e que ele mesmo apresenta, lembrando seus tempos de locutor na adolescência. Vale à pena conferir. Clique aqui.
Hoje Milton Nascimento completa 65 anos, essa semana completaram-se também 40 anos desde que ele ficou conhecido com "Travessia", no II Festival Internacional da Canção. E agora há pouco acabou de entrar no ar o site oficial do Milton.
Eu, depois de ter trabalhando tanto tempo na sua biografia, não podia deixar de passar essa notícia adiante, porque é mais um material sobre a vida e obra desse cantor e compositor brasileiro que ajudou a construir uma importante página da cultura do Brasil.
É um site com muito material de arquivo, como trechos de vídeos dele no início da carreira, e com vários parceiros, entre eles Elis Regina. Tem um vídeo muito legal do Milton cantando em dueto com Paul Simon, em português, a música "Vendedor de Sonhos" (sessão Vida - ano 1993), e muito mais.
E várias outras sessões bem legais, como a Rádio Bituca, com uma seleção de músicas feita pelo Milton e que ele mesmo apresenta, lembrando seus tempos de locutor na adolescência. Vale à pena conferir. Clique aqui.
CONTATO NA SELVA
Felipe Milanez
Em uma área depredada por queimadas, a Funai encontra o que acredita serem os últimos índios de uma tribo massacrada na década de 80
No ano de desmatamentos e queimadas recordes na Amazônia, a Funai resgatou em agosto dois índios isolados no meio de uma área tomada pela extração ilegal de madeira, na região mais violenta do Brasil. Falantes da língua tupi kawahib, chamados de piripkuras, são os últimos sobreviventes de massacres perpetrados ao longo dos últimos 20 anos. Nunca haviam feito contato tão próximo com sertanistas da fundação. Viviam escondidos, à espreita do movimento de madeireiros, e com freqüência recolhiam os restos deixados pelos brancos: facões, machados, pedaços de pano e espingardas (que não sabiam como usar). Ao contrário do resto de seu povo, os índios, que atendem pelos nomes de Tucan, com cerca de 50 anos, e Mande-I, com mais ou menos 35, conseguiram desenvolver estratégias de sobrevivência extremamente sofisticadas para uma vida sem contato em uma floresta em vias de destruição.
“Olha, o que eu vou dizer para o senhor foi o que eu ditei para escreverem no relatório”, explica Jair Candor. Analfabeto, o filho de seringueiros, assistente dos sertanistas locais, narra um dos maiores feitos das últimas décadas do indigenismo brasileiro. “Só achei eles porque estavam rindo alto e conversando”, diz. Na floresta, não se vê com os olhos, mas com os ouvidos. Os índios estavam distraídos e alegres, por isso foram encontrados. Dois dias antes, Tucan e Mande-I tinham conseguido caçar um porco-do-mato, o vestígio que mais animou Candor na expedição: pedaços de porco assando no moquém em um pequeno “tapiri” (a forma mais elementar de uma aldeia). Pelas marcas na terra, os dois ficaram horas deitados no chão a fazer a digestão do assado. Quando Candor chegou, a fogueira ainda estava acesa.
◙ Leia a íntegra da reportagem na edição da revista National Geographic Brasil.
Em uma área depredada por queimadas, a Funai encontra o que acredita serem os últimos índios de uma tribo massacrada na década de 80
No ano de desmatamentos e queimadas recordes na Amazônia, a Funai resgatou em agosto dois índios isolados no meio de uma área tomada pela extração ilegal de madeira, na região mais violenta do Brasil. Falantes da língua tupi kawahib, chamados de piripkuras, são os últimos sobreviventes de massacres perpetrados ao longo dos últimos 20 anos. Nunca haviam feito contato tão próximo com sertanistas da fundação. Viviam escondidos, à espreita do movimento de madeireiros, e com freqüência recolhiam os restos deixados pelos brancos: facões, machados, pedaços de pano e espingardas (que não sabiam como usar). Ao contrário do resto de seu povo, os índios, que atendem pelos nomes de Tucan, com cerca de 50 anos, e Mande-I, com mais ou menos 35, conseguiram desenvolver estratégias de sobrevivência extremamente sofisticadas para uma vida sem contato em uma floresta em vias de destruição.
“Olha, o que eu vou dizer para o senhor foi o que eu ditei para escreverem no relatório”, explica Jair Candor. Analfabeto, o filho de seringueiros, assistente dos sertanistas locais, narra um dos maiores feitos das últimas décadas do indigenismo brasileiro. “Só achei eles porque estavam rindo alto e conversando”, diz. Na floresta, não se vê com os olhos, mas com os ouvidos. Os índios estavam distraídos e alegres, por isso foram encontrados. Dois dias antes, Tucan e Mande-I tinham conseguido caçar um porco-do-mato, o vestígio que mais animou Candor na expedição: pedaços de porco assando no moquém em um pequeno “tapiri” (a forma mais elementar de uma aldeia). Pelas marcas na terra, os dois ficaram horas deitados no chão a fazer a digestão do assado. Quando Candor chegou, a fogueira ainda estava acesa.
◙ Leia a íntegra da reportagem na edição da revista National Geographic Brasil.
PETRÓLEO EM ÁREA INDÍGENA
A ONG Campanha Amazônia pela Vida divulgou carta aberta ao presidente do Equador protestando contra a licença concedida pelo Ministério do Meio Ambiente daquele país, para que a brasileira Petrobras explore petróleo no Parque Nacional Yasuni, território indígena Huaorani.
O documento da Campanha Amazônia pela Vida cobra do presidente Rafael Correa o cumprimento de promessas públicas de defender áreas protegidas e pede que sejam enviadas mensagens de protesto contra a concessão.
Não só às autoridades equatorianas mas também às brasileiras, para que honrem o compromisso assumido internacionalmente de preservar a Amazônia e garantir a sobrevivência dos povos indígenas.
Clique aqui para ler a carta (em espanhol) no site do Instituto Socioambiental.
O documento da Campanha Amazônia pela Vida cobra do presidente Rafael Correa o cumprimento de promessas públicas de defender áreas protegidas e pede que sejam enviadas mensagens de protesto contra a concessão.
Não só às autoridades equatorianas mas também às brasileiras, para que honrem o compromisso assumido internacionalmente de preservar a Amazônia e garantir a sobrevivência dos povos indígenas.
Clique aqui para ler a carta (em espanhol) no site do Instituto Socioambiental.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
QUANDO EU MORRER
Sérvulo Melo da Costa
Altino,
Leva contigo, para a nossa terra, a poesia do Mário de Andrade. Uma pequena lembrança dos teus dias de Sampa. Vida plena a você. Estamos todos felizes com tudo.
"Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus".
◙ O engenheiro Sérvulo Melo da Costa é um raro exemplo da estirpe acreana. Desde criança aprendeu a conviver e a competir em São Paulo, a partir de onde consolidou a empresa Moa, especializada em manutenção, que hoje possui filiais no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Brasília.
Altino,
Leva contigo, para a nossa terra, a poesia do Mário de Andrade. Uma pequena lembrança dos teus dias de Sampa. Vida plena a você. Estamos todos felizes com tudo.
"Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus".
◙ O engenheiro Sérvulo Melo da Costa é um raro exemplo da estirpe acreana. Desde criança aprendeu a conviver e a competir em São Paulo, a partir de onde consolidou a empresa Moa, especializada em manutenção, que hoje possui filiais no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Brasília.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
CHUVA DE MOLHAR BESTA
PAI DA SUINDARA
EXPOSIÇÃO YAWANAWÁ
"Caros amigos e aliados povo yawanawá,
Temos a honrra de convidá-los para a exposição fotográfica do VI Festival Yawanawa, que acontecerá nesta quinta-feira, partir das 18 horas, no restaurante Piola, no centro de Rio Branco.
A exposição terá como tema o nosso festival, realizado entre os dias 25 e 30 de agosto, na aldeia Nova Esperança - Terra Indígena do Rio Gregório.
Neste ano, os fotógrafos Sérgio Vale, Edison Caetano, Odair Leal e José Diaz fizeram a cobertura do festival. Ela será compartilhada com o público que não teve a oportunidade de ir até a comunidade conhecer um pouco do festival do povo yawanawá.
Esperamos poder contar com a sua presença.
Atenciosamente,
Tashka Yawanawá
Coordenador da Organização Yawanawá"
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
CHINA AINDA CENSURA BLOGS
João Bosco Guerreiro
Caro Altino
Estou na China, em Beijing, desde o dia 10 deste mês. Na verdade já estou indo embora amanhã. Vim fazer dois cursos com um professor que tem idéias inovadoras a respeito de acupuntura. Ele é chinês, mas vive há algum tempo nos EUA. Veio para o congresso da Associação Mundial de Acupuntura, do qual também participei, e aproveitou para dar os cursos.
Emendando a ocasião, tive a oportunidade de estar em uma reunião patrocinada pela Organização Mundial de Saúde, que incluiu doze universidades chinesas, três japonesas, uma italiana, uma indonésia, outra norueguesa, além de Harvard e Mariland, ambas americanas. Foi a chance de colocar a faculdade de medicina de Rio Preto no projeto de cooperação mundial para a pesquisa em acupuntura.
Até aí, tudo bem, só foi lucro. Frustrante foi ter imaginado que poderia relatar todo esse impacto provocado em mim por este país instigante, "ao vivo e em cores", diariamente pelo meu blog.
Qual não foi a minha surpresa descobrir que os blogs estão censurados (ou estavam) aqui na China. Na primeira troca de mensagens que tivemos, você me mandou uma notícia que dava coincidentemente o dia 10 de outubro – o dia da minha chegada – como prazo para o fim da censura aos blogs. Infelizmente isso não aconteceu nessa rapidez.
Só ontem, 23, é que consegui acessar o blog e postar as primeiras notícias. Hoje, nova surpresa. Não consegui acessá-lo, ou melhor, consegui, mas usando um artifício. Cada vez que recebia um comentário novo no meu email e ia liberá-lo, isso me levava ao blog e permitia postar novamente.
Bom, tentei o máximo que pude e ainda vou fazê-lo nesta noite para que os "posts" tenham maior autenticidade e calor local.
Abraços, ou como dizem os chineses, "zaijian".
◙ João Bosco Guerreiro é médico, mestre pela USP, doutor pela UNIFESP e professor adjunto na área de acupuntura na faculdade de medicina de São José do Rio Preto. Trabalhou no Acre em meados dos 80 e escreve no blog Reviver Saúde Holística.
Caro Altino
Estou na China, em Beijing, desde o dia 10 deste mês. Na verdade já estou indo embora amanhã. Vim fazer dois cursos com um professor que tem idéias inovadoras a respeito de acupuntura. Ele é chinês, mas vive há algum tempo nos EUA. Veio para o congresso da Associação Mundial de Acupuntura, do qual também participei, e aproveitou para dar os cursos.
Emendando a ocasião, tive a oportunidade de estar em uma reunião patrocinada pela Organização Mundial de Saúde, que incluiu doze universidades chinesas, três japonesas, uma italiana, uma indonésia, outra norueguesa, além de Harvard e Mariland, ambas americanas. Foi a chance de colocar a faculdade de medicina de Rio Preto no projeto de cooperação mundial para a pesquisa em acupuntura.
Até aí, tudo bem, só foi lucro. Frustrante foi ter imaginado que poderia relatar todo esse impacto provocado em mim por este país instigante, "ao vivo e em cores", diariamente pelo meu blog.
Qual não foi a minha surpresa descobrir que os blogs estão censurados (ou estavam) aqui na China. Na primeira troca de mensagens que tivemos, você me mandou uma notícia que dava coincidentemente o dia 10 de outubro – o dia da minha chegada – como prazo para o fim da censura aos blogs. Infelizmente isso não aconteceu nessa rapidez.
Só ontem, 23, é que consegui acessar o blog e postar as primeiras notícias. Hoje, nova surpresa. Não consegui acessá-lo, ou melhor, consegui, mas usando um artifício. Cada vez que recebia um comentário novo no meu email e ia liberá-lo, isso me levava ao blog e permitia postar novamente.
Bom, tentei o máximo que pude e ainda vou fazê-lo nesta noite para que os "posts" tenham maior autenticidade e calor local.
Abraços, ou como dizem os chineses, "zaijian".
◙ João Bosco Guerreiro é médico, mestre pela USP, doutor pela UNIFESP e professor adjunto na área de acupuntura na faculdade de medicina de São José do Rio Preto. Trabalhou no Acre em meados dos 80 e escreve no blog Reviver Saúde Holística.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
CARTA ABERTA
Águas e terras para a vida e não para a morte
Nós, representantes da Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, e organismos da Igreja Católica do Regional Noroeste da CNBB, vimos por meio desta apresentar nossas preocupações e apreensões frente ao processo de ocupação da Amazônia Ocidental pelo grande capital e a implantação do PAC e da IIRSSA nesta Região.
As súplicas da tantas águas, terras e povos dos estados do Acre, Rondônia e sul do Amazonas, mesmo caladas pelo poder econômico, pela força bruta e manipulação da mídia, ressoam sem cessar. Estão presentes na lida dos pequenos agricultores e das populações tradicionais que estão sendo expulsas da terra pela política de expansão do agronegócio e dos grandes projetos de infra-estrutura. Estão presentes nas periferias das cidades, desassistidas de seus direitos fundamentais.
O que mais dói é constatarmos que todos esses megaprojetos pensados para a Região, não são demandas das populações locais e, sim, do grande capital; que esses projetos não servem a maioria da população e tampouco ao desenvolvimento local/regional. Pelo contrário, aumentarão as pressões sobre os recursos naturais, a concentração do poder político e econômico, a especulação fundiária, a migração, o conflito e a violência no campo e na cidade.
Justamente agora, quando o mundo todo discute alternativas para a crise energética e para o aquecimento global, estamos fazendo opções arriscadas, sobretudo quando se trata da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, Tabajara no rio Machado e da prospecção de petróleo e gás no Estado do Acre. Sabemos que existem alternativas muito mais viáveis que podem alcançar a meta energética com muito mais segurança e um custo muito menor.
Reafirmamos nossa luta, como Igreja comprometida com a vida do povo, por uma reforma agrária ampla, que respeitem as diversas culturas e ambientes; pela regularização das terras indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais populações tradicionais; por um novo modelo energético, descentralizado e de fontes alternativas; pela redução do preço das tarifas de energia elétrica e pelo cancelamento dos projetos de barragens na Amazônia.
A terra é dom de Deus (Lv 25, 23). Toda a vida provém da terra. Terra, água, plantas e animais formam um só corpo vivo. Somos terra e somos água. Não somos mercadoria.
◙ Carta assinada pelos participantes do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Noroeste “Caminho de construção democrática de uma nova Amazônia”.
Nós, representantes da Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, e organismos da Igreja Católica do Regional Noroeste da CNBB, vimos por meio desta apresentar nossas preocupações e apreensões frente ao processo de ocupação da Amazônia Ocidental pelo grande capital e a implantação do PAC e da IIRSSA nesta Região.
As súplicas da tantas águas, terras e povos dos estados do Acre, Rondônia e sul do Amazonas, mesmo caladas pelo poder econômico, pela força bruta e manipulação da mídia, ressoam sem cessar. Estão presentes na lida dos pequenos agricultores e das populações tradicionais que estão sendo expulsas da terra pela política de expansão do agronegócio e dos grandes projetos de infra-estrutura. Estão presentes nas periferias das cidades, desassistidas de seus direitos fundamentais.
O que mais dói é constatarmos que todos esses megaprojetos pensados para a Região, não são demandas das populações locais e, sim, do grande capital; que esses projetos não servem a maioria da população e tampouco ao desenvolvimento local/regional. Pelo contrário, aumentarão as pressões sobre os recursos naturais, a concentração do poder político e econômico, a especulação fundiária, a migração, o conflito e a violência no campo e na cidade.
Justamente agora, quando o mundo todo discute alternativas para a crise energética e para o aquecimento global, estamos fazendo opções arriscadas, sobretudo quando se trata da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, Tabajara no rio Machado e da prospecção de petróleo e gás no Estado do Acre. Sabemos que existem alternativas muito mais viáveis que podem alcançar a meta energética com muito mais segurança e um custo muito menor.
Reafirmamos nossa luta, como Igreja comprometida com a vida do povo, por uma reforma agrária ampla, que respeitem as diversas culturas e ambientes; pela regularização das terras indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais populações tradicionais; por um novo modelo energético, descentralizado e de fontes alternativas; pela redução do preço das tarifas de energia elétrica e pelo cancelamento dos projetos de barragens na Amazônia.
A terra é dom de Deus (Lv 25, 23). Toda a vida provém da terra. Terra, água, plantas e animais formam um só corpo vivo. Somos terra e somos água. Não somos mercadoria.
◙ Carta assinada pelos participantes do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Noroeste “Caminho de construção democrática de uma nova Amazônia”.
DICA CONTRA O LADRÃO DE CELULAR
Com o advento do chip, o interesse dos ladrões por aparelhos celulares aumentou. Basta comprar novo chip numa operadora, em média por R$ 30,00, e instalar em um aparelho roubado. Com isso, está generalizado o roubo de aparelhos celulares.
Segue uma dica útil não divulgalda pelos comerciantes de celulares - uma espécie de vingança contra quem rouba nossos aparelhos.
Para obter o número de série do seu telefone celular (GSM), digite *#06# e aparecerá no visor um código em algarismos. O código é único. Copiem-no e conservem-no com cuidado.
Caso o seu celular seja roubado, telefone para a sua operadora e informe o código. O seu telefone poderá então ser completamente bloqueado, mesmo que o ladrão faça a troca do chip.
Provavelmente você não recuperará o aparelho, mas o ladrão não poderá mais utilizá-lo. O roubo de celulares se tornará inútil caso cada usuário adote a precaução.
Segue uma dica útil não divulgalda pelos comerciantes de celulares - uma espécie de vingança contra quem rouba nossos aparelhos.
Para obter o número de série do seu telefone celular (GSM), digite *#06# e aparecerá no visor um código em algarismos. O código é único. Copiem-no e conservem-no com cuidado.
Caso o seu celular seja roubado, telefone para a sua operadora e informe o código. O seu telefone poderá então ser completamente bloqueado, mesmo que o ladrão faça a troca do chip.
Provavelmente você não recuperará o aparelho, mas o ladrão não poderá mais utilizá-lo. O roubo de celulares se tornará inútil caso cada usuário adote a precaução.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
QUE LEVEM O "ÁLCOOL VERDE" PARA LONGE
Écio Rodrigues
A produção de cana-de-açúcar, associada à famigerada pecuária bovina, põe em risco a sustentabilidade na Amazônia. A despeito de sua relativa importância econômica (em face das frágeis economias locais), essas atividades dependem do desmatamento e, na maioria das vezes, da queimada, para consolidar-se. São intensivas em insumos agrícolas e, o que é pior, em terras. Ou seja, dependem de grandes áreas para ganhar economia de escala.
O balanço final, após contraporem-se seus custos e benefícios, é negativo para a sociedade. Com um agravante importante - o prejuízo é maior no âmbito global, do que no âmbito local.
Essa desigualdade de impacto configura-se num significativo detalhe que pode, em curto prazo (como nos próximos cinco anos, por exemplo), inviabilizar a instalação de tais opções produtivas na Amazônia.
Ocorre que, como os danos são menores no lugar onde a atividade está sendo realizada, e o controle dos mesmos geralmente contraria interesses (dos aliados de toda a hora), as autoridades locais tendem a abster-se quanto à criação de mecanismos de regulação e monitoramento, que sujeitem a produção a critérios mínimos de sustentabilidade.
Em vista dessa (de certa forma) omissão no âmbito local, as discussões acerca das conseqüências danosas da expansão da cana-de-açúcar e do capim, na maioria das vezes, são travadas fora da região.
Assim, as manifestações de preocupação com a (quase total) ausência de critérios objetivos e claros que minimizem os efeitos negativos ou - com mais rigor – que impeçam a instalação dessas atividades na região amazônica vêm sempre da esfera federal, ou mesmo internacional.
Exemplo recente, vindo de Brasília, reforça essa premissa. Trata-se das declarações efetuadas pelas ministras do Meio Ambiente e da Casa Civil, no sentido de que a produção de cana-de-açúcar em área de agricultura na Amazônia não será tolerada em hipótese alguma. Ou, valendo-se das objetivas palavras da Ministra da Casa Civil:
"Dizer que o governo (federal) é a favor do uso de terras da Amazônia para o plantio da cana-de-açúcar é um grande equívoco. O Brasil não precisa da Amazônia, nem de nenhuma área agricultável para produzir álcool".
De outra banda, o Ministério Público do Acre, em atitude que merece aplausos da sociedade, e indo de encontro à premissa da omissão, ousou exigir maiores cuidados ambientais para a operação da empresa contraditoriamente denominada de Álcool Verde. Diante da reação chantagista, que ameaçou a demissão de 200 empregados e a mudança do empreendimento para outro estado, a ação da Promotoria de Meio Ambiente foi, além de acertada, muito corajosa.
A despeito das manifestações de apoio à usina de álcool, o fato é que a Promotoria de Meio Ambiente não está sozinha. Ao contrário, está muito bem acompanhada, tanto em Brasília (como demonstram as declarações das ministras), quanto no mundo (como demonstram as declarações dos ganhadores do Nobel da Paz).
O mundo globalizado não vai comprar etanol oriundo da destruição do ecossistema florestal da Amazônia. Sendo assim, podem tirar o Álcool Verde daqui.
◙ Écio Rodrigues é professor da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em manejo florestal e mestre em economia e política florestal pela Universidade Federal do Paraná e doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília. Escreve no site Kaxi
A produção de cana-de-açúcar, associada à famigerada pecuária bovina, põe em risco a sustentabilidade na Amazônia. A despeito de sua relativa importância econômica (em face das frágeis economias locais), essas atividades dependem do desmatamento e, na maioria das vezes, da queimada, para consolidar-se. São intensivas em insumos agrícolas e, o que é pior, em terras. Ou seja, dependem de grandes áreas para ganhar economia de escala.
O balanço final, após contraporem-se seus custos e benefícios, é negativo para a sociedade. Com um agravante importante - o prejuízo é maior no âmbito global, do que no âmbito local.
Essa desigualdade de impacto configura-se num significativo detalhe que pode, em curto prazo (como nos próximos cinco anos, por exemplo), inviabilizar a instalação de tais opções produtivas na Amazônia.
Ocorre que, como os danos são menores no lugar onde a atividade está sendo realizada, e o controle dos mesmos geralmente contraria interesses (dos aliados de toda a hora), as autoridades locais tendem a abster-se quanto à criação de mecanismos de regulação e monitoramento, que sujeitem a produção a critérios mínimos de sustentabilidade.
Em vista dessa (de certa forma) omissão no âmbito local, as discussões acerca das conseqüências danosas da expansão da cana-de-açúcar e do capim, na maioria das vezes, são travadas fora da região.
Assim, as manifestações de preocupação com a (quase total) ausência de critérios objetivos e claros que minimizem os efeitos negativos ou - com mais rigor – que impeçam a instalação dessas atividades na região amazônica vêm sempre da esfera federal, ou mesmo internacional.
Exemplo recente, vindo de Brasília, reforça essa premissa. Trata-se das declarações efetuadas pelas ministras do Meio Ambiente e da Casa Civil, no sentido de que a produção de cana-de-açúcar em área de agricultura na Amazônia não será tolerada em hipótese alguma. Ou, valendo-se das objetivas palavras da Ministra da Casa Civil:
"Dizer que o governo (federal) é a favor do uso de terras da Amazônia para o plantio da cana-de-açúcar é um grande equívoco. O Brasil não precisa da Amazônia, nem de nenhuma área agricultável para produzir álcool".
De outra banda, o Ministério Público do Acre, em atitude que merece aplausos da sociedade, e indo de encontro à premissa da omissão, ousou exigir maiores cuidados ambientais para a operação da empresa contraditoriamente denominada de Álcool Verde. Diante da reação chantagista, que ameaçou a demissão de 200 empregados e a mudança do empreendimento para outro estado, a ação da Promotoria de Meio Ambiente foi, além de acertada, muito corajosa.
A despeito das manifestações de apoio à usina de álcool, o fato é que a Promotoria de Meio Ambiente não está sozinha. Ao contrário, está muito bem acompanhada, tanto em Brasília (como demonstram as declarações das ministras), quanto no mundo (como demonstram as declarações dos ganhadores do Nobel da Paz).
O mundo globalizado não vai comprar etanol oriundo da destruição do ecossistema florestal da Amazônia. Sendo assim, podem tirar o Álcool Verde daqui.
◙ Écio Rodrigues é professor da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em manejo florestal e mestre em economia e política florestal pela Universidade Federal do Paraná e doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília. Escreve no site Kaxi
KATIE MELUA
Digamos que é praticamente desconhecida no Brasil e que o maior defeito dela seja a beleza. A cantora e compositora Katie Melua tem 22 anos e já vendeu mais de 7,5 milhões de discos. Nasceu na Geórgia, mudou-se para a Irlanda do Norte aos 8 anos e depois para a Inglaterra, aos 14.
Foi a artista feminina que mais discos vendeu no ano passado, tanto no Reino Unido como em toda a Europa. Baixei três álbuns dela a partir de servidor torrent (veja aqui). No site Lisboa Jovem existe uma entrevista da cantora. Assista Katie Melua interpretando "Blues In The Night" durante o último North Sea Jazz Festival em Rotterdam.
Foi a artista feminina que mais discos vendeu no ano passado, tanto no Reino Unido como em toda a Europa. Baixei três álbuns dela a partir de servidor torrent (veja aqui). No site Lisboa Jovem existe uma entrevista da cantora. Assista Katie Melua interpretando "Blues In The Night" durante o último North Sea Jazz Festival em Rotterdam.
domingo, 21 de outubro de 2007
sábado, 20 de outubro de 2007
AMAZÔNIA - DE GALVEZ A BINHO
Gean Cabral
Como diz a minha mãe-avó, dona Margarida, "se o espírito não me engana”, foi noticiado no ano passado, antes das gravações da minissérie Amazônia, que as benfeitorias (cidades cenográficas) se tornariam pontos turísticos cuidados e mantidos pelo Estado para divulgação da nossa cultura e história.
Infelizmente não é o que podemos constatar ao visitar os restos mortais do cenário que abrigou a casa do coronel Firmino, interpretado pelo ator José de Abreu, no povoado de Quixadá.
Está tudo destruído e sem nenhuma estrutura digna de um ponto turístico. Na verdade os espaços só servem mesmo para festinhas particulares de moradores do local, que se dizem donos de tudo.
Como seria bom se criassem um restaurante de comidas típicas, como galinha caipira, tacacá, tapioca, açaí. E bom mesmo seria que esse espaço fosse todo restaurado, inclusive mantendo outros elementos do cenário e não só as estruturas das casas em si.
No outro cenário, em Porto Acre, segundo um funcionário da Fundação de Tecnologia do Acre, eles mesmos já trataram de demolir quase tudo que tinha lá.
◙ Clique aqui e veja no blog do chargista Gean Cabral as fotos do que sobrou da cidade cenográfica.
Como diz a minha mãe-avó, dona Margarida, "se o espírito não me engana”, foi noticiado no ano passado, antes das gravações da minissérie Amazônia, que as benfeitorias (cidades cenográficas) se tornariam pontos turísticos cuidados e mantidos pelo Estado para divulgação da nossa cultura e história.
Infelizmente não é o que podemos constatar ao visitar os restos mortais do cenário que abrigou a casa do coronel Firmino, interpretado pelo ator José de Abreu, no povoado de Quixadá.
Está tudo destruído e sem nenhuma estrutura digna de um ponto turístico. Na verdade os espaços só servem mesmo para festinhas particulares de moradores do local, que se dizem donos de tudo.
Como seria bom se criassem um restaurante de comidas típicas, como galinha caipira, tacacá, tapioca, açaí. E bom mesmo seria que esse espaço fosse todo restaurado, inclusive mantendo outros elementos do cenário e não só as estruturas das casas em si.
No outro cenário, em Porto Acre, segundo um funcionário da Fundação de Tecnologia do Acre, eles mesmos já trataram de demolir quase tudo que tinha lá.
◙ Clique aqui e veja no blog do chargista Gean Cabral as fotos do que sobrou da cidade cenográfica.
FRUTOS DA ESCOLA DA FLORESTA
A carta foi enviada originalmente para um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Acre por duas jovens formadas pela Escola da Floresta Roberval Cardoso, em Rio Branco (AC). Eis a carta:
"Estimadas Ana Euler e Elsa Mendonza,
Estamos aqui para lhes pedir ajuda. Sou a Juceli, ex-assistente de campo da Amy Duchelle. Não sei se ainda lembram de mim, mas Amy já me apresentou a vocês.
Eu e Marciane, a outra ex-assistente de campo da Amy, também já apresentada a vocês, fomos aprovadas em agronomia pela Universidad Earth, na Costa Rica. Porém, trata-se de uma faculdade privada, e ganhamos apenas 50% da bolsa.
Não temos condições de financiar nossos estudos. A Marciane é filha de agricultores, que vivem somente da agricultura de subsistência. Meus pais, infelizmente, encontram-se desempregados. Ambas as famílias não têm condições de pagar uma faculdade aqui, muito menos fora.
Então seria uma grande oportunidade em nossas vidas: conseguirmos um curso superior, especialmente na área que tanto gostamos e trabalhamos com prazer. Já sou técnica agroflorestal e a Marciane técnica florestal, formadas pela Escola da Floresta Roberval Cardoso.
Porém, o que gostaríamos de saber é se vocês conhecem alguma empresa, organização não governamental, ou algum órgão que possa financiar nossos estudos.
Nos comprometemos, ao término do curso, prestar nossos serviços a quem possa nos ajudar agora, pelo período em que durar o financiamento. Já procuramos alguns órgãos do governo estadual, prefeitura e Embrapa. Infelizmente não fazem esse tipo de trabalho. Não percebi interesse deles em nos ajudar. Foi mais ou menos isso o que senti da parte deles.
Estamos enviando em anexo as condições de pagamento que a faculdade nos propõe.
Desde já ficamos agradecidas.
Abraços.
Juceli e Marciane"
◙ A carta das duas técnicas foi enviada ao blog pelo pesquisador acreano Carlos Valério Gomes, 38, que já obteve seis bolsas de estudo no decorrer de sua carreira. Durante a semana, a proeza do acreano foi destaque na Folha de S. Paulo. Não deixe de ler aqui. A Universidad Earth ocupa o terceiro lugar na lista de 15 universidades “verdes” publicada pela Grist, revista eletrônica independente de jornalismo ambiental. Veja a resposta que o pesquisador enviou às duas jovens:
"Estou aqui, em Belém, pensando em possibilidades de como ajudar voces para conseguir a bolsa para a Costa Rica. Muito legal que as duas, como ex-estudantes da Escola da Floresta, esteajm correndo para continuar a formação. Acho que vale a pena pensar em buscar apoio do governo, para os passos seguintes de ex-estudantes da escola que o governo criou.
Vou enviar a mensagem para o blog do jornalista Altino Machado, que é muito sensível para questões assim. Quem sabe, caso ele decida divulgá-la, alguém se sensibilize com o esforço de duas estudantes da Ecola da Floresta aprovadas em um programa na Costa Rica, com a metade dos custos pagos. Isto talvez sensibilize setores do governo da floresta. Enfim, quando chegar em Rio Branco, na segunda-feira, a gente pode conversar mais. Abraços e parabéns."
"Estimadas Ana Euler e Elsa Mendonza,
Estamos aqui para lhes pedir ajuda. Sou a Juceli, ex-assistente de campo da Amy Duchelle. Não sei se ainda lembram de mim, mas Amy já me apresentou a vocês.
Eu e Marciane, a outra ex-assistente de campo da Amy, também já apresentada a vocês, fomos aprovadas em agronomia pela Universidad Earth, na Costa Rica. Porém, trata-se de uma faculdade privada, e ganhamos apenas 50% da bolsa.
Não temos condições de financiar nossos estudos. A Marciane é filha de agricultores, que vivem somente da agricultura de subsistência. Meus pais, infelizmente, encontram-se desempregados. Ambas as famílias não têm condições de pagar uma faculdade aqui, muito menos fora.
Então seria uma grande oportunidade em nossas vidas: conseguirmos um curso superior, especialmente na área que tanto gostamos e trabalhamos com prazer. Já sou técnica agroflorestal e a Marciane técnica florestal, formadas pela Escola da Floresta Roberval Cardoso.
Porém, o que gostaríamos de saber é se vocês conhecem alguma empresa, organização não governamental, ou algum órgão que possa financiar nossos estudos.
Nos comprometemos, ao término do curso, prestar nossos serviços a quem possa nos ajudar agora, pelo período em que durar o financiamento. Já procuramos alguns órgãos do governo estadual, prefeitura e Embrapa. Infelizmente não fazem esse tipo de trabalho. Não percebi interesse deles em nos ajudar. Foi mais ou menos isso o que senti da parte deles.
Estamos enviando em anexo as condições de pagamento que a faculdade nos propõe.
Desde já ficamos agradecidas.
Abraços.
Juceli e Marciane"
◙ A carta das duas técnicas foi enviada ao blog pelo pesquisador acreano Carlos Valério Gomes, 38, que já obteve seis bolsas de estudo no decorrer de sua carreira. Durante a semana, a proeza do acreano foi destaque na Folha de S. Paulo. Não deixe de ler aqui. A Universidad Earth ocupa o terceiro lugar na lista de 15 universidades “verdes” publicada pela Grist, revista eletrônica independente de jornalismo ambiental. Veja a resposta que o pesquisador enviou às duas jovens:
"Estou aqui, em Belém, pensando em possibilidades de como ajudar voces para conseguir a bolsa para a Costa Rica. Muito legal que as duas, como ex-estudantes da Escola da Floresta, esteajm correndo para continuar a formação. Acho que vale a pena pensar em buscar apoio do governo, para os passos seguintes de ex-estudantes da escola que o governo criou.
Vou enviar a mensagem para o blog do jornalista Altino Machado, que é muito sensível para questões assim. Quem sabe, caso ele decida divulgá-la, alguém se sensibilize com o esforço de duas estudantes da Ecola da Floresta aprovadas em um programa na Costa Rica, com a metade dos custos pagos. Isto talvez sensibilize setores do governo da floresta. Enfim, quando chegar em Rio Branco, na segunda-feira, a gente pode conversar mais. Abraços e parabéns."
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
ÁLCOOL VERDE E BIOCIVILIZAÇÃO
Destaque para o comentário de um anônimo
"A possível saída do Grupo Farias da produção de álcool no Acre faz parte de uma estratégia muito maior, e a questão do EIA/RIMA pode ser apenas a gota d'água.
O Grupo Farias é um dos maiores exportadores de açúcar e álcool do Brasil, juntamente com o outro sócio deles na Álcool Verde, os usineiros da família Biasi, de Ribeirão Preto, que entraram no negócio por recomendação do ex-ministro Antônio Palocci, a pedido do então governador Jorge Viana.
Agora, a produção de biocombustível está na berlinda, sendo criticada no mundo todo porque substitui as áreas produtoras de alimentos. Quando a isso se associa a questão do desmatamento e da Amazônia, torna-se "nitroglicerina pura".
Como o Acre tem uma grande visibilidade junto às ONGs internacionais, associar o Grupo Farias a impactos ambientais na Amazônia, justamente no Acre, pode levar a um boicote internacional a seus produtos, com a pressão de grupos organizados sobre a opinião pública e consumidores. Isso pode representar a perda de mercados importantes e de milhões de dólares.
Dizem que o desmatamento subiu no Acre. Se isso for associado à presença da indústria canavieira no Estado, o estrago está feito, com efeito cascata sobre tudo o que o Lula vem pregando e o ministro da Agricultura Reinhold Stephannes também, inclusive com a tentativa de proibir, por lei ou medida provisória, o plantio de cana na Amazônia.
Qualquer grande empresa, com ações na bolsa, com uma assessoria razoável, repensa seus investimentos nesta hora. Acredito que o mesmo deve ter ocorrido com o Grupo Bertin e seu frigorífico para abater 20 mil cabeças no Acre.
Ninguém quer arriscar sua imagem num Estado que tem massa crítica para barrar isso. Vejamos o caso da prospecção de gás no Juruá: a coisa só não foi escancarada por causa da opinião pública, do controle social.
O mesmo ocorreu com um empreendimento do apresentador Carlos Massa (Ratinho), no Juruá, para manejo florestal, em que os índios se mobilizaram e pararam o negócio.
Ao contrário disso representar um atraso ao progresso, representa uma certa maturidade das lideranças (poucas!), que estão vigilantes para dar coerência na formação de uma biocivilização no Acre, estágio superior da florestania".
"A possível saída do Grupo Farias da produção de álcool no Acre faz parte de uma estratégia muito maior, e a questão do EIA/RIMA pode ser apenas a gota d'água.
O Grupo Farias é um dos maiores exportadores de açúcar e álcool do Brasil, juntamente com o outro sócio deles na Álcool Verde, os usineiros da família Biasi, de Ribeirão Preto, que entraram no negócio por recomendação do ex-ministro Antônio Palocci, a pedido do então governador Jorge Viana.
Agora, a produção de biocombustível está na berlinda, sendo criticada no mundo todo porque substitui as áreas produtoras de alimentos. Quando a isso se associa a questão do desmatamento e da Amazônia, torna-se "nitroglicerina pura".
Como o Acre tem uma grande visibilidade junto às ONGs internacionais, associar o Grupo Farias a impactos ambientais na Amazônia, justamente no Acre, pode levar a um boicote internacional a seus produtos, com a pressão de grupos organizados sobre a opinião pública e consumidores. Isso pode representar a perda de mercados importantes e de milhões de dólares.
Dizem que o desmatamento subiu no Acre. Se isso for associado à presença da indústria canavieira no Estado, o estrago está feito, com efeito cascata sobre tudo o que o Lula vem pregando e o ministro da Agricultura Reinhold Stephannes também, inclusive com a tentativa de proibir, por lei ou medida provisória, o plantio de cana na Amazônia.
Qualquer grande empresa, com ações na bolsa, com uma assessoria razoável, repensa seus investimentos nesta hora. Acredito que o mesmo deve ter ocorrido com o Grupo Bertin e seu frigorífico para abater 20 mil cabeças no Acre.
Ninguém quer arriscar sua imagem num Estado que tem massa crítica para barrar isso. Vejamos o caso da prospecção de gás no Juruá: a coisa só não foi escancarada por causa da opinião pública, do controle social.
O mesmo ocorreu com um empreendimento do apresentador Carlos Massa (Ratinho), no Juruá, para manejo florestal, em que os índios se mobilizaram e pararam o negócio.
Ao contrário disso representar um atraso ao progresso, representa uma certa maturidade das lideranças (poucas!), que estão vigilantes para dar coerência na formação de uma biocivilização no Acre, estágio superior da florestania".
QUANTO CUSTA A VIDA NOS ALTOS RIOS
José Carlos dos Reis Meirelles
O cabra fica caçando curuba pra se coçar e encontra. Por conta dumas histórias de custo de vida nos altos rios, um diz uma coisa, outro outra, e quem tem mania de pensar se agonia.
De uns tempos pra cá, com o presente que ganhei da Funai -um notebook com acesso à internet-, fuça daqui, mexe dacolá, passei a descobrir amigos navegando e blogs onde opiniões diversas convivem, escritas.
Sempre desconfiei que alguns grupos humanos inventaram a escrita no momento que começaram a mentir demais. A palavra não valia mais quase nada. Só o escrito passou a ter validade.
Vai daí que quem sabia escrever e ler passou a ser o dono das verdades, guardadas em pergaminhos, livros, enciclopédias, discos rígidos e chips de silício.
Quase ninguém presta mais atenção no que o outro fala. Só se o caboclo for alfabetizado e souber “falar por escrito”. Mas tem uma porção de gente, o povo dos altos rios, que fala a minha língua e outros que falam línguas desconhecidas e são chamados de índios isolados.
Índios? Nem são, ainda. Não foram classificados, são desconhecidos. Os outros são da nossa língua, portanto nossa gente. Só que não existem. Identidade eles tem até demais, só que não tem a carteira de. E sem ela, sem CPF, o cabra não existe. E o censo não chega lá....
Temos então uma população fantasmagórica de restos de seringais e de índios que nem índios ainda são. O custo de vida nos altos rios. Bestagens.
Calcular quanto custam mercadorias por lá, valor de roçado de macaxeira, de trabalho familiar e outros exercícios acadêmicos-econômicos será de pouca serventia para essa gente.
Uns é melhor deixar como estão. Nas terras firmes, nus e senhores do mundo. Os outros moradores da beira, senhores do rio, das praias, barrancos e baixos, é melhor ouvi-los. Sem gravador ligado ou caderno na mão.
Quem sabe a gente descubra, não o custo de vida, mas quanto custa a vida nos altos rios.
◙ José Carlos dos Reis Meirelles era paulista formado em engenharia. Está há quase 20 anos como sertanista chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru.
O cabra fica caçando curuba pra se coçar e encontra. Por conta dumas histórias de custo de vida nos altos rios, um diz uma coisa, outro outra, e quem tem mania de pensar se agonia.
De uns tempos pra cá, com o presente que ganhei da Funai -um notebook com acesso à internet-, fuça daqui, mexe dacolá, passei a descobrir amigos navegando e blogs onde opiniões diversas convivem, escritas.
Sempre desconfiei que alguns grupos humanos inventaram a escrita no momento que começaram a mentir demais. A palavra não valia mais quase nada. Só o escrito passou a ter validade.
Vai daí que quem sabia escrever e ler passou a ser o dono das verdades, guardadas em pergaminhos, livros, enciclopédias, discos rígidos e chips de silício.
Quase ninguém presta mais atenção no que o outro fala. Só se o caboclo for alfabetizado e souber “falar por escrito”. Mas tem uma porção de gente, o povo dos altos rios, que fala a minha língua e outros que falam línguas desconhecidas e são chamados de índios isolados.
Índios? Nem são, ainda. Não foram classificados, são desconhecidos. Os outros são da nossa língua, portanto nossa gente. Só que não existem. Identidade eles tem até demais, só que não tem a carteira de. E sem ela, sem CPF, o cabra não existe. E o censo não chega lá....
Temos então uma população fantasmagórica de restos de seringais e de índios que nem índios ainda são. O custo de vida nos altos rios. Bestagens.
Calcular quanto custam mercadorias por lá, valor de roçado de macaxeira, de trabalho familiar e outros exercícios acadêmicos-econômicos será de pouca serventia para essa gente.
Uns é melhor deixar como estão. Nas terras firmes, nus e senhores do mundo. Os outros moradores da beira, senhores do rio, das praias, barrancos e baixos, é melhor ouvi-los. Sem gravador ligado ou caderno na mão.
Quem sabe a gente descubra, não o custo de vida, mas quanto custa a vida nos altos rios.
◙ José Carlos dos Reis Meirelles era paulista formado em engenharia. Está há quase 20 anos como sertanista chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
WISER EARTH E A MUDANÇA SOCIAL GLOBAL
Bedy Yang
Parabéns pelo trabalho que tem feito, Altino. Sou pesquisadora voluntária da organização não governamental Wiser Earth. É uma iniciativa liderada pelo empreendedor e escritor Paul Hawken. Estamos criando uma plataforma de rede de código aberto que ajuda as organizações não governamentais a colaborarem e criarem sinergia. Gostaria muito de contar com sua participação.
O WiserEarth é um diretório que mapeia e procura criar colaboração entre pessoas envolvidas no movimento ambiental e social. É uma plataforma que qualquer pessoa pode editar o conteúdo. Mais de 100 mil organizações no mundo todo estão listadas no site. É uma iniciativa sem fins lucrativos e o uso é de graça. Pessoas como você, ativista, formador de opinião, que luta por um mundo mais sustentável, é que faz o WiserEarth ganhar mais vida e sentido.
Moro na Baía de São Francisco (EUA), onde tenho um negócio e trabalho com importação e venda de produtos no modelo de comércio solidário - o site Bazar Brazil tem um pouco do foco e descrição dos projetos. Além da minha empresa, tenho feito trabalho voluntário no WiserEarth.
Parabéns pelo trabalho que tem feito, Altino. Sou pesquisadora voluntária da organização não governamental Wiser Earth. É uma iniciativa liderada pelo empreendedor e escritor Paul Hawken. Estamos criando uma plataforma de rede de código aberto que ajuda as organizações não governamentais a colaborarem e criarem sinergia. Gostaria muito de contar com sua participação.
O WiserEarth é um diretório que mapeia e procura criar colaboração entre pessoas envolvidas no movimento ambiental e social. É uma plataforma que qualquer pessoa pode editar o conteúdo. Mais de 100 mil organizações no mundo todo estão listadas no site. É uma iniciativa sem fins lucrativos e o uso é de graça. Pessoas como você, ativista, formador de opinião, que luta por um mundo mais sustentável, é que faz o WiserEarth ganhar mais vida e sentido.
Moro na Baía de São Francisco (EUA), onde tenho um negócio e trabalho com importação e venda de produtos no modelo de comércio solidário - o site Bazar Brazil tem um pouco do foco e descrição dos projetos. Além da minha empresa, tenho feito trabalho voluntário no WiserEarth.
FALA, EUFRAN AMARAL
Célia Pedrina
Não gosto muito de blog. Acho que já superei a minha fase de tesão total com o mundo virtual e o Altino Machado sabe disso. Mas como ainda ando muito a pé pela cidade, acabo encontrando pessoas que vivem me perguntando, algumas até me ligam pra dizer: “tu leu no blog do Altino? Dá uma lida, manda um texto”. E, dependendo do assunto ou de quem me fala, acabo acessando e, às vezes, até arrisco um palpite, mesmo sabendo que vou levar porrada dos anônimos.
Aliás, estou muito propensa a lançar a idéia de criarmos um movimento pela independência total e maior respeito para com os anonônimos virtuais, que poderia até ter o slogan “Bloga-ai ou - "Blogueiros anônimos – acreanos e independentes”. Mesmo sabendo que eles não irão participar, é óbvio, para que não sejam reconhecidos.
Parte da minha resistência com os blogs se dá pelo fato de que algumas discussões que se “instalam” por alguns dias, refletem idéias e ideais sobre questões muito sérias, que estão na pauta do dia em nosso Brasil, que mereceriam uma análise muito mais apronfundada, mas que, submetidas à velocidade do tempo virtual, acabam se banalizando pela falta de continuidade do debate. Ou talvez eu é que não tenha compreendido que o espaço do blog é o da informação apenas. Pontocom.
Mas será que fica “intrigante” só pra mim o fato de alguns assuntos não terem maiores esclarecimentos quando nomes de pessoas são citados? Não há mesmo necessidade de continuidade dos questionamentos e explicações por parte dos envolvidos?
Senão vejamos a cadeia da superação: o caso da prospecção do petróleo foi superado pela história da lei que muda o fuso horário no Acre, também rapidamente superado pela notícia sobre como se deu a expulsão dos moradores/invasores lá no bairro Bahia Velha,
que não resistiu à grande revelação da tal jornalista que passou por aqui e que causou aquele “estrago” em um curso de formação em comunicação, mas que foi salva pela demissão sumária-imaginária do Terri Aquino, que, em menos de uma semana, já é “caso velho”, diante das novas “estrepulias” geradas no caos vigente deste país.
Mas não é verdade que pouco, mas muito pouco mesmo fica esclarecido? Não é grave isso? Pedi mais este espaço para o Altino, porque fui citada em um comentário também assinado e por isso merece minha resposta.
As afirmações do Idésio Luis Franke, pessoa que não conheço mas respeito o direito de expressão, em relação a minha atitude de comentar o “caso Terri” geram uma polêmica questão: qual é a ética verdadeira? Quem é realmente ético quando fala, age?
Também conheço o Eufran Amaral, desde a 1ª fase do ZEE. Aliás, aprendi com ele duas grandes atitudes “estratégicas”, na realidade, “duas saídas” geniais para uma participação satisfatória em um debate acadêmico. Assim como conheço o Terri. Acredito que nenhum dos dois mentiria para a opinião pública.
Acontece que só o Terri falou até agora. E ele é muito querido, tão querido como o Eufran deve ser querido entre os seus amigos pessoais. Houve uma discussão, esquentamento de ânimos, sim. Os dois são mestres e doutorados, podem se olhar de igual pra igual quanto ao nivelamento do conhecimento científico. Quanto ao tamanho do poder de cada um na defesa da questão ambiental, de estrada, de vida, de dedicação, de trajetória, o Eufran perde.
Nesse sentido, faltou nesta história algumas palavras do Eufran, para expor ao público, enquanto autoridade ambiental constituída, sua versão do que realmente aconteceu, sua justificativa ou explicação para a tal demissão, o que deixaria o campo aberto para as análises e comentários dos blogueiros de plantão.
Por que o Eufran não tem voz própria para falar em nome do governo?
“Fritar porque ele não é politicamente conhecido” acaba sendo uma afirmação ruim contra o próprio Eufran. Dá a impressão que ele é um “menino desamparado”, inexperiente, novato, apesar de PhD. Mas ele vai cuidar da questão ambiental da floresta amazônica, parte do Acre, que é uma questão de uma responsabilidade tamanha, onde os conflitos de interesses (capital x ser humano) chegam às raias de ameaças de morte. Ou não é sério o fato do Anselmo Forneck, do Ibama, andar há seis meses sob escolta da Polícia Federal?
Por último, estive nesta semana na sala do secretário Eufran Amaral, para conversarmos sobre um ofício encaminhado há quase um mês para a Secretaria de Meio Ambiente, por duas vezes, pela Associação dos Moradores e Produtores Rurais da Estrada do Amapá. Nada havia sido respondido à associação. Mas, ontem, depois da minha ida lá, teve um encaminhamento. Nada perguntei sobre a questão, respeitei o silêncio dele, embora defenda que ele poderia sim dar sua versão.
◙ Célia Pedrina é professora e fundadora do PT no Acre. Pelo tanto que colabora, imaginem se não gostasse de blog. Conheço algumas personalidades que negam, mas acessam o blog dezenas de vezes ao dia e até destacam pessoas para fazer comentários. E agora? O que os leitores devem estar imaginando após este blogueiro ser citado como testemunha de que a professora superou "a fase de tesão total com o mundo virtual"?
Não gosto muito de blog. Acho que já superei a minha fase de tesão total com o mundo virtual e o Altino Machado sabe disso. Mas como ainda ando muito a pé pela cidade, acabo encontrando pessoas que vivem me perguntando, algumas até me ligam pra dizer: “tu leu no blog do Altino? Dá uma lida, manda um texto”. E, dependendo do assunto ou de quem me fala, acabo acessando e, às vezes, até arrisco um palpite, mesmo sabendo que vou levar porrada dos anônimos.
Aliás, estou muito propensa a lançar a idéia de criarmos um movimento pela independência total e maior respeito para com os anonônimos virtuais, que poderia até ter o slogan “Bloga-ai ou - "Blogueiros anônimos – acreanos e independentes”. Mesmo sabendo que eles não irão participar, é óbvio, para que não sejam reconhecidos.
Parte da minha resistência com os blogs se dá pelo fato de que algumas discussões que se “instalam” por alguns dias, refletem idéias e ideais sobre questões muito sérias, que estão na pauta do dia em nosso Brasil, que mereceriam uma análise muito mais apronfundada, mas que, submetidas à velocidade do tempo virtual, acabam se banalizando pela falta de continuidade do debate. Ou talvez eu é que não tenha compreendido que o espaço do blog é o da informação apenas. Pontocom.
Mas será que fica “intrigante” só pra mim o fato de alguns assuntos não terem maiores esclarecimentos quando nomes de pessoas são citados? Não há mesmo necessidade de continuidade dos questionamentos e explicações por parte dos envolvidos?
Senão vejamos a cadeia da superação: o caso da prospecção do petróleo foi superado pela história da lei que muda o fuso horário no Acre, também rapidamente superado pela notícia sobre como se deu a expulsão dos moradores/invasores lá no bairro Bahia Velha,
que não resistiu à grande revelação da tal jornalista que passou por aqui e que causou aquele “estrago” em um curso de formação em comunicação, mas que foi salva pela demissão sumária-imaginária do Terri Aquino, que, em menos de uma semana, já é “caso velho”, diante das novas “estrepulias” geradas no caos vigente deste país.
Mas não é verdade que pouco, mas muito pouco mesmo fica esclarecido? Não é grave isso? Pedi mais este espaço para o Altino, porque fui citada em um comentário também assinado e por isso merece minha resposta.
As afirmações do Idésio Luis Franke, pessoa que não conheço mas respeito o direito de expressão, em relação a minha atitude de comentar o “caso Terri” geram uma polêmica questão: qual é a ética verdadeira? Quem é realmente ético quando fala, age?
Também conheço o Eufran Amaral, desde a 1ª fase do ZEE. Aliás, aprendi com ele duas grandes atitudes “estratégicas”, na realidade, “duas saídas” geniais para uma participação satisfatória em um debate acadêmico. Assim como conheço o Terri. Acredito que nenhum dos dois mentiria para a opinião pública.
Acontece que só o Terri falou até agora. E ele é muito querido, tão querido como o Eufran deve ser querido entre os seus amigos pessoais. Houve uma discussão, esquentamento de ânimos, sim. Os dois são mestres e doutorados, podem se olhar de igual pra igual quanto ao nivelamento do conhecimento científico. Quanto ao tamanho do poder de cada um na defesa da questão ambiental, de estrada, de vida, de dedicação, de trajetória, o Eufran perde.
Nesse sentido, faltou nesta história algumas palavras do Eufran, para expor ao público, enquanto autoridade ambiental constituída, sua versão do que realmente aconteceu, sua justificativa ou explicação para a tal demissão, o que deixaria o campo aberto para as análises e comentários dos blogueiros de plantão.
Por que o Eufran não tem voz própria para falar em nome do governo?
“Fritar porque ele não é politicamente conhecido” acaba sendo uma afirmação ruim contra o próprio Eufran. Dá a impressão que ele é um “menino desamparado”, inexperiente, novato, apesar de PhD. Mas ele vai cuidar da questão ambiental da floresta amazônica, parte do Acre, que é uma questão de uma responsabilidade tamanha, onde os conflitos de interesses (capital x ser humano) chegam às raias de ameaças de morte. Ou não é sério o fato do Anselmo Forneck, do Ibama, andar há seis meses sob escolta da Polícia Federal?
Por último, estive nesta semana na sala do secretário Eufran Amaral, para conversarmos sobre um ofício encaminhado há quase um mês para a Secretaria de Meio Ambiente, por duas vezes, pela Associação dos Moradores e Produtores Rurais da Estrada do Amapá. Nada havia sido respondido à associação. Mas, ontem, depois da minha ida lá, teve um encaminhamento. Nada perguntei sobre a questão, respeitei o silêncio dele, embora defenda que ele poderia sim dar sua versão.
◙ Célia Pedrina é professora e fundadora do PT no Acre. Pelo tanto que colabora, imaginem se não gostasse de blog. Conheço algumas personalidades que negam, mas acessam o blog dezenas de vezes ao dia e até destacam pessoas para fazer comentários. E agora? O que os leitores devem estar imaginando após este blogueiro ser citado como testemunha de que a professora superou "a fase de tesão total com o mundo virtual"?
BRIGUENTAS E VALOROSAS
Leila Jalul
Sinto enorme admiração pelo trabalho de algumas mulheres que ocupam lugares no cenário político. Duas, no entanto, causam furor, ou frisson (para ser mais amena), por onde passam: Naluh Gouveia e Heloisa Helena. Elas, sozinhas, fazem um carnaval, invertem a ordem natural das coisas, desprezam conceitos machistas e preconceitos moralistas.
Duas feras, pode-se dizer. Ambas, não por acidente, nasceram em berço petista. Não o PT de hoje, PT poder, PT de mensaleiros, PT do Zé Dirceu, do Delúbio e Genoino. Não, elas nasceram no PT do tempo antigo. Aquele que não admitia pouca vergonha de espécie alguma, não deste que aí está, de alianças escusas e comportamentos sórdidos.
Respeitadas as exceções, hoje, não dá mais para, de relance, apontar os petistas de fé, os irmãos camaradas. Não dá. No entanto, a compreensão das boas políticas deve pesar, como também devem ser entendidas as distorções que o poder impõe, seja lá qual seja o partido que ao poder ascende. Como dizem, faz parte.
A trajetória de Heloísa, menina pobre das Alagoas, professora militante, não sem antes ter sido estudante militante, em nada difere da de Naluh. A carga hormonal que dispuseram para os embates, também é a mesma.
Quando discursavam, deixavam sempre a impressão de que, a qualquer momento, o coração saltaria de suas bocas. São indignadas, inquietas, acusadoras de dedo em riste, deixam de ser "mignons" quando afrontadas pelos gigantes. Ficam parecendo duas mulheronas de 1,60 m de altura. E muito verbo.
Em muito são parecidas, mas têm lá suas diferenças. Heloisa foi expulsa do partido como cão sarnento, chorou, descabelou, amargou o sentimento que só os traídos conseguem experimentar. Foi linchada pelos antigos companheiros, mas não desistiu. Fundou seu próprio partido, disputou a presidência da República, perdeu, volta pras Alagoas, reassumiu seu antigo cargo de professora universitária e, caladinha, tomou sua maior atitude: derrubar o vilão-mor, na base da canetada.
Quem, insano, não entender que a morte de Renan foi decretada por Heloisa Helena, após trazer ao conhecimento público a podridão do cabeça de cocô e suas mutretas, deveria pegar o boné, pedir desculpas e voltar para sua base, até conseguir, um dia, beijar os pés da Heloisa Helena. Poucos conseguirão.
Naluh, no dia de ontem, desfiliou-se do PT. Chorou, ganhou uma placa de bronze dos companheiros, e, muito em breve, assumirá uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. Como lhe é próprio, chorou mas declarou que o seu PT é o outro, não o que está aí.
Agora é esperar, deixá-la assumir e ver se o TCE é, como dizem, uma gaiola de ouro, como tanto já se falou pela imprensa. Agora é esperar que, embora com final feliz, mantenha as semelhanças com Heloisa Helena. Tomara.
Sinto enorme admiração pelo trabalho de algumas mulheres que ocupam lugares no cenário político. Duas, no entanto, causam furor, ou frisson (para ser mais amena), por onde passam: Naluh Gouveia e Heloisa Helena. Elas, sozinhas, fazem um carnaval, invertem a ordem natural das coisas, desprezam conceitos machistas e preconceitos moralistas.
Duas feras, pode-se dizer. Ambas, não por acidente, nasceram em berço petista. Não o PT de hoje, PT poder, PT de mensaleiros, PT do Zé Dirceu, do Delúbio e Genoino. Não, elas nasceram no PT do tempo antigo. Aquele que não admitia pouca vergonha de espécie alguma, não deste que aí está, de alianças escusas e comportamentos sórdidos.
Respeitadas as exceções, hoje, não dá mais para, de relance, apontar os petistas de fé, os irmãos camaradas. Não dá. No entanto, a compreensão das boas políticas deve pesar, como também devem ser entendidas as distorções que o poder impõe, seja lá qual seja o partido que ao poder ascende. Como dizem, faz parte.
A trajetória de Heloísa, menina pobre das Alagoas, professora militante, não sem antes ter sido estudante militante, em nada difere da de Naluh. A carga hormonal que dispuseram para os embates, também é a mesma.
Quando discursavam, deixavam sempre a impressão de que, a qualquer momento, o coração saltaria de suas bocas. São indignadas, inquietas, acusadoras de dedo em riste, deixam de ser "mignons" quando afrontadas pelos gigantes. Ficam parecendo duas mulheronas de 1,60 m de altura. E muito verbo.
Em muito são parecidas, mas têm lá suas diferenças. Heloisa foi expulsa do partido como cão sarnento, chorou, descabelou, amargou o sentimento que só os traídos conseguem experimentar. Foi linchada pelos antigos companheiros, mas não desistiu. Fundou seu próprio partido, disputou a presidência da República, perdeu, volta pras Alagoas, reassumiu seu antigo cargo de professora universitária e, caladinha, tomou sua maior atitude: derrubar o vilão-mor, na base da canetada.
Quem, insano, não entender que a morte de Renan foi decretada por Heloisa Helena, após trazer ao conhecimento público a podridão do cabeça de cocô e suas mutretas, deveria pegar o boné, pedir desculpas e voltar para sua base, até conseguir, um dia, beijar os pés da Heloisa Helena. Poucos conseguirão.
Naluh, no dia de ontem, desfiliou-se do PT. Chorou, ganhou uma placa de bronze dos companheiros, e, muito em breve, assumirá uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. Como lhe é próprio, chorou mas declarou que o seu PT é o outro, não o que está aí.
Agora é esperar, deixá-la assumir e ver se o TCE é, como dizem, uma gaiola de ouro, como tanto já se falou pela imprensa. Agora é esperar que, embora com final feliz, mantenha as semelhanças com Heloisa Helena. Tomara.
ÁLCOOL VERDE "AMARELA"
A participação do Governo do Acre (5%) e dos empresários acreanos (25%) no consórcio da usina Álcool Verde tem inviabilizado o Grupo Farias de avançar no empreendimento para a produção de álcool e açúcar no Estado.
Existem impedimentos legais para o governo estadual participar do investimento e os empresários acreanos que se tornaram sócios não dispõem de capital suficiente para acompanhar o acionista majoritário.
E é por isso que o Grupo Farias está transferindo capital e equipamentos da Álcool Verde para uma outra usina no Mato Grosso.
Como nunca houve transparência na condução do empreendimento, o governo e os empresários não se cansam de plantar a mentira de que o capital da Álcool Verde foge do Acre porque a Promotoria de Defesa de Meio Ambiente agiu com rigor após alertas deste blog a respeito do faz-de-conta daquele que era considerado o maior empreendimento no Estado.
No mês passado, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) foi recomendado a suspender imediatamente, por determinação da promotora Meri Cristina do Amaral Gonçalves, da Defesa de Meio Ambiente, a Licença de Instalação da usina Álcool Verde.
Por ser considerado "inservível" à finalidade expressa na legislação ambiental, a promotoria exige que seja reavaliado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Grupo Farias.
O governo estadual, os empresários acreanos e o Grupo Farias achavam que poderiam produzir etanol a qualquer custo, convertendo pastagem em canavial ao logo da BR-317, sem respeitar a legislação ambiental.
A situação faz lembrar quando os veículos de comunicação do Acre ficavam em cadeia para que o então governador Orleir Cameli pudesse me responsabilizar pela imagem negativa do Acre no país e pela conseqüente falta de investimentos do governo federal. Cumprindo o papel de tentar tapar o sol com peneira, veja o que diz hoje a coluna Bom Dia, do jornal A Tribuna:
"Explodiu de vez a situação da usina Álcool Verde no Estado. Pressionado pela decisão do Ministério Público para rever todo o processo de licenciamento ambiental, a empresa preferiu desmobilizar o processo de instalação, demitiu mais de 200 trabalhadores e já começa a mandar equipamento embora do Acre.
A crise e grave, porque o projeto já estava em vias de ser implantado, com investimentos já realizados, com real perspectiva de produção e de geração de emprego e com o apoio explícito do governo estadual".
Leia as demais notinhas plantadas na Tribuna clicando na imagem acima.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
FESTIVAL DE CINEMA E VÍDEO AMBIENTAL
Clique aqui para mais informações sobre o Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, que será realizado em Porto Velho (RO), no período de 13 a 17 de novembro.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
O CUSTO DE VIDA NO ALTO ENVIRA
José Carlos dos Reis Meirelles
Estou acompanhando o debate sobre salários de professores e custo de vida no Acre e em São Paulo. No alto Envira um isqueiro custa 7 "real" . Um quilo de pólvora (no câmbio negro) é R$ 200,00. Óleo diesel, 6 "riau" o litro. Mas tem o outro lado. Com um cartucho velho a gente pode matar uma anta.
O preço de uma lata de leite em pó varia de 10 a 15 reais. O sal é apenas 3 reais o quilo. A lata do óleo de cozinha varia de 8 a 10 reais.
Mas tem macaxeira de graça, peixe farto e caça. Um cartucho pode se transformar em 50 quilos de carne. Essas coisas são difíceis de quantificar.
Já vi, em Santa Rosa, o cara chegar no final da tarde com um veado nas costas. Leva para casa e come. Em "Sumpaulo", o cara só leva 50 quilos de carne se assaltar o supermercado.
Mas é município. Prefeito, secretário, vereadores etc. Se tivesse um administrador competente, três ou quatro ajudantes, o dinheiro público poderia ser investido em professor, escola , saneamento e saúde. Aí dava.
Mas o FPM só dá pra pagar salários. Existem algumas cidades, no norte do Canadá, longe de tudo, pequenas, que são assim. Só um administrador. Tudo é investido em educação e saúde e lazer. Mas vai falar isso pros políticos...
◙ José Carlos dos Reis Meirelles era paulista formado em engenharia. Está há quase 20 anos na Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira. É o defensor dos bravos índios isolados, que têm resistido ao contato com os brancos há mais de 500 anos, na fronteira do Brasil com o Peru.
Estou acompanhando o debate sobre salários de professores e custo de vida no Acre e em São Paulo. No alto Envira um isqueiro custa 7 "real" . Um quilo de pólvora (no câmbio negro) é R$ 200,00. Óleo diesel, 6 "riau" o litro. Mas tem o outro lado. Com um cartucho velho a gente pode matar uma anta.
O preço de uma lata de leite em pó varia de 10 a 15 reais. O sal é apenas 3 reais o quilo. A lata do óleo de cozinha varia de 8 a 10 reais.
Mas tem macaxeira de graça, peixe farto e caça. Um cartucho pode se transformar em 50 quilos de carne. Essas coisas são difíceis de quantificar.
Já vi, em Santa Rosa, o cara chegar no final da tarde com um veado nas costas. Leva para casa e come. Em "Sumpaulo", o cara só leva 50 quilos de carne se assaltar o supermercado.
Mas é município. Prefeito, secretário, vereadores etc. Se tivesse um administrador competente, três ou quatro ajudantes, o dinheiro público poderia ser investido em professor, escola , saneamento e saúde. Aí dava.
Mas o FPM só dá pra pagar salários. Existem algumas cidades, no norte do Canadá, longe de tudo, pequenas, que são assim. Só um administrador. Tudo é investido em educação e saúde e lazer. Mas vai falar isso pros políticos...
◙ José Carlos dos Reis Meirelles era paulista formado em engenharia. Está há quase 20 anos na Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira. É o defensor dos bravos índios isolados, que têm resistido ao contato com os brancos há mais de 500 anos, na fronteira do Brasil com o Peru.
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