quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Novo fuso horário velho

Galerinha do establishment acreano manifesta preocupação nas redes sociais com o destino político do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) e do senador Sérgio Sérgio Petecão (PSD-AC). Alegam que vai ser triste vê-los no ano que vem a dizer que a única coisa que fizeram nos últimos quatro anos de mandato foi ter contribuído para o restabelecimento do fuso horário antigo do Acre.

E eu pergunto:

O que dirão o governador Tião Viana e os senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, todos do PT? Dirão que foram contra e, mais grave, que foram contrariados pela presidente Dilma Rousseff, autora do projeto que restabeleceu nosso horário?

Mensagem de reconsideração enviada pelo jornalista Beneilton Damasceno:

- Agora não tem mais volta, velho Altino. Por um desses paradoxos inexplicáveis, fui seu adversário (inimigo, jamais!) há exatos três anos, naquele debate na Biblioteca da Floresta acerca do fuso horário, e hoje, além de pedir humildes desculpas pelo deslize (não por arrogância, mas, digamos, por inocência), parabenizo-o por encampar uma luta que tardou, mas não falhou. É como se meu aniversário fosse hoje... Abração.

Do cronista Antonio Alves ao tomar conhecimento da decisão da presidente:

- O Acre é incrível. Depois do Novo Mercado Velho teremos o novo fuso horário velho.

Luta pela hora do Acre: lição de derrota aos coronéis de barranco

POR LETÍCIA MAMED

Finalmente! O antigo fuso horário do Acre já tem data para ser restabelecido: 10 de novembro de 2013. Muitos esperneiam suas preferências individualistas e egoístas. Outros tantos, a serviço do establishment e de interesses empresariais, financiados para tanto, cultivam mentiras, aterrorizando a população com o falso argumento de que a programação da TV será gravada.

E eu apenas celebro a importância da crítica neste mundo e neste Acre em que tudo parece(ia) dominado. A autoritária mudança da hora, em junho de 2008, foi acompanhada pelo firme, engajado e corajoso processo de crítica, que hoje, após mais de cinco anos, venceu o tiranismo político e econômico dos coronéis de barranco do Acre.

A crítica ecoou pelas redes sociais e se colocou até mesmo onde elas não existem, tornou possível a realização do referendo, desafiou o aparelho estatal em uma campanha injusta de recursos e meios, mas jamais recuou.

Depois ainda foi preciso superar as inúmeras e absurdas tentativas de descumprimento da vontade popular nas urnas, sempre bem orquestradas pelos derrotados.

Em menos de seis meses, dois fatos e duas conquistas: a realização do Dia do Basta, da maneira e da proporção que foi; e o retorno do antigo fuso horário do Acre.

Aos tipos políticos conservadores-esquizofrênicos, que perderam o contato com a realidade e mantêm como horizonte uma democracia meramente formal e institucional, mais uma significativa lição.

Letícia Mamed é professora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre

Dilma revoga lei de Tião e Lula e restabelece antigo fuso horário do Acre e Amazonas


A presidente Dilma Rousseff revogou uma lei, de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC), sancionada pelo então presidente Lula, em junho de 2008, que alterou o fuso horário do Acre e de parte do Amazonas de duas para uma hora em relação a Brasília. O Brasil volta a contar com quatro fusos horários, sendo o quarto o que se caracterizava há 95 anos pela hora de Greenwich 'menos cinco horas', que compreende o Acre e o sul do Amazonas.

De acordo com a Lei 12.876, sancionada pela presidente no final da tarde de quarta-feira e publicada na edição do Diário Oficial da União desta quinta, a partir do dia 10 de novembro populações do Acre e parte do Amazonas voltam a conviver com duas horas a menos que Brasília. Por causa do horário de verão em outras regiões do país, quando a lei entrar em vigor a diferença será de três horas em relação à capital federal.

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Chegou a hora de acertar os ponteiros 

Mentira da hora: 'Com a volta ao antigo horário a programação da TV vai ser gravada'

Sob a alegação de que a população sofria prejuízos econômicos, sociais e culturais por causa da diferença em relação ao restante do país, Tião Viana e Lula alteraram o decreto 2.784, de junho de 1913, de autoria do presidente Hermes da Fonseca.

A mudança não agradou à maioria porque foi feita sem consulta à população. O descontentamento popular foi comprovado em 2010, quando os eleitores do Acre participaram de um referendo sobre o tema, decorrente de um projeto de autoria do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC). O resultado mostrou que 39,2% dos eleitores queriam o retorno à hora antiga, enquanto 29,7% eram favoráveis à manutenção do fuso horário em vigor.

O restabelecimento do fuso horário do Acre representa uma derrota para os senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, ambos do PT, além do governador do Acre, Tião Viana. O governador, por exemplo, não mediu esforços pela mudança quando presidiu o Senado. Viana fez lobby para a Rede Amazônica de Televisão, afiliada Rede Globo, que tinha interesse na mudança para evitar gastos com a gravação da programação, exigência de uma portaria do Ministério da Justiça que trata da classificação indicativa.

No começo do mês, o Senado já havia aprovado Projeto de Lei da Câmara para restabelecer o horário antigo do Acre e de parte do Amazonas, que fora apresentado pela presidente Dilma.

A proposta foi aprovada pelas Comissões de Assuntos Econômicos e de Relações Exteriores e Defesa Nacional, tendo como relatores os senadores Anibal Diniz (PT-AC) e Sérgio Petecão (PMN-AC), respectivamente.

O restabelecimento do fuso horário do Acre é uma vitória iniciada na blogosfera local, que se contrapôs à mudança autoritária, mobilizando a sociedade antes, durante e depois. Ao sancionar a leita que restabelece o antigo fuso horário do Acre, a presidente faz prevalecer a democracia em relação à polêmica.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aldeia alimenta turistas com carne de caça

Foto: Odair Leal / Framephoto

Conversei com alguém sobre o festival de resgate cultural da etnia yawanawa, que reuniu centenas de pessoas na semana passada, na aldeia Nova Esperança, na Terra Indígena Rio Gregório. Como turistas e políticos participaram da festa, indaguei quanto cada visitante pagou.

- Cobram dos turistas, por exemplo, para a contratação de caçadores brancos. É necessário alimentar a todos com carne de caça da mata. Uma coisa é caçar para alimentar as famílias; outra coisa são as caçadas predatórias para alimentar turistas. Além disso, nada a ver mesmo misturar umbanda e candomblé nos rituais. Isso tudo faz explodir o egocentrismo de alguns parentes.

A fonte acrescentou e fez uma indagação:

- E todos figuram de naturalistas, adeptos da vida na floresta. Você acha que uma pessoa séria, espiritualizada, precisa disso?

Um indígena yawanawa revelou ao blog que um dos caçadores  foi picado por cobra surucucu quando caçava para alimentar os turistas.

Ministério Público institui auxílio-alimentação para promotores de justiça

O Ministério Público do Estado do Acre também criou, por ato administrativo, o chamado auxílio-alimentação para promotores e procuradores de justiça, sendo o valor correspondente a 5% do subsídio, retroativo a cinco anos.

Em agosto, o Tribunal de Justiça do Acre instituiu o auxílio-alimentação para juízes e desembargadores equivalente a 3% dos subsídios, também retroativo a cinco anos. Tanto no Judiciário quanto no Ministério Público os servidores foram excluídos do benefício.

Leia mais:

Juiz devolve auxílio-alimentação ao Tribunal de Justiça do Acre

A resolução do Conselho de Procuradores do Ministério Público do Acre ainda não foi publicada no Diário Oficial. A procuradora-geral de Justiça, Patrícia Rêgo, confirmou a decisão.

- Votamos, mas ainda não está publicado. O texto ainda será submetido à revisão final do colegiado. Trata-se de um pedido da Associação do Ministério Público do Estado do Acre. Mandei uma proposta idêntica à dos magistrados.

O auxílio-alimentação de promotores e procuradores de justiça será pago a partir do próximo ano.

- Apenas quatro MPs não pagavam auxílio-alimentação aos seus membros. O relator tomou como base a média do que é pago nos demais estados, incluindo o Ministério Publico da União. O gasto está previsto na Lei Orçamentária Anual do ano que vem - acrescentou a procuradora-geral.

No começo deste mês, o juiz Ednaldo Muniz, do 2º Juizado Especial Criminal da Comarca de Rio Branco devolveu ao Tribunal de Justiça do Acre R$ 1.488,32 que foram creditados na conta dele, em setembro, a título de auxílio-alimentação.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Prefeito ameaça demolir casa que Lúcio Costa projetou para Thiago de Mello


O prefeito de Barreirinha (AM), Mecias Pereira Batista (PSD), ameaça demolir a casa que o urbanista e arquiteto Lúcio Costa (1902-1998) projetou para o poeta amazonense Thiago de Mello, 87. A casa onde o poeta já viveu é uma das duas únicas obras de Lúcio Costa na Amazônia.

Mais conhecido como Mecias Sateré, o prefeito quer derrubar a casa a pretexto de revitalizar a orla de Barreirinha, cidade onde nasceu o poeta.

A obra de revitalização que ameaça a casa idealizada pelo autor do projeto do Plano Piloto de Brasília vai custar mais de R$ 1,3 milhões, de acordo com um convêncio entre a prefeitura e o governo do Amazonas.

- Existe gente grande e poderosa no Amazonas que não sabe quem foi Lúcio Costa. Estou chocado. O Amazonas não pode ferir a cultura brasileira derrubando uma casa projetada por Lúcio Costa. A barbárie não pode prevalecer – disse por telefone Thiago de Mello ao Blog da Amazônia.

A casa foi adquirida pelo governo estadual e repassada à prefeitura de Barreirinha, a 331 quilômetros de Manaus, para servir de espaço cultural. Há anos foi abandonada pelo poder público, embora constantemente seja apresentada ao mundo como traço da genialidade de Lúcio Costa na Amazônia.

O prefeito já demoliu a calçada e os jardins do Memorial Thiago de Mello para a construção de um muro de arrimo.

Na segunda-feira (28), a reportagem enviou e-mail à Secretaria de Comunicação do governo do Amazonas pedindo explicações, mas não obteve resposta, e não conseguiu falar com o prefeito de Barreirinha por telefone.


Chocado com a decisão da prefeitura e do governo estadual, o poeta Thiago de Mello enviou mensagem ao Blog da Amazônia em que pede apoio da opinião pública para defesa da obra de Lúcio Costa:

"Altino querido, companheiro de esperança. 

O teu barco solidário vara águas da floresta para defender a beleza ameaçada. Desta vez as águas são as do Paraná do Ramos, que banha a cidade de Barreirinha.

A beleza ameaçada é a de uma casa projetada pelo gênio de Lucio Costa, o urbanista  e arquiteto brasileiro.  É uma casa que Lucio inventou e eu construí, com a ajuda dos mestres carpinteiros da floresta.

A casa está erguida bem defronte do rio. Quem passa de canoa ou de navio fica só olhando as janelinhas dela, lá no alto do barranco.

Pois fiquei chocado nesta segunda-feira, quando o  prefeito do município (ele não sabe direito quem é Lucio Costa )  resolveu demolir a casa, para construir a orla do porto da cidade, segundo projeto do governo estadual.

A notícia, que já chegou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, causa indignação e assombro. A Folha e O Globo já se espantaram.

É a tua vez, Altino. O teu blog não perde uma boa causa, a serviço da vida.

Faz a tua parte, ajuda o Amazonas a não passar essa vergonha de ferir feio a cultura brasileira.

Guarda a luz do nosso rio.

Thiago”

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Música acreana da melhor qualidade

João Donato e Chico Chagas no Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco (AC), no encerramento do show "Donato e a bossa que vem do Acre" 

João Donato e Chico Chagas

Música acreana da melhor qualidade 



"Lugar comum" (João Donato - Gilberto Gil) interpretada na noite desta quinta-feira (24) pelos acreanos Donato e Chico Chagas, no Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco (AC). Primeiro show da turnê de Donato para comemorar os 80 anos. Música acreana da melhor qualidade, diria meu saudoso amigo Jorge Nazaré.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Orlando Testi


"Prezado Sr.  Altino,

Foi um prazer para mim ter encontrado um meu retrato numa postagem de seu blog com o título "Beleza acreana". Trata-se do desfile de 7 de setembro de 1966, em Rio Branco. Eu, na época, era o vigário de Santa  Inês, no bairro Bosque. Mas, desde o 1969, vivo com minha família na Italia.

Saudações e mil votos.

Orlando Testi
Cesèna - Italia"

As raízes do mal

POR MARCIO BITTAR

Hitler, Mussolini e Hirohito, o Imperador japonês, perderam a Segunda Grande Guerra Mundial. Nazistas e fascistas foram julgados e suas patológicas ideologias banidas, restando caricaturas fragmentadas nos dias de hoje. Infelizmente, Stalin, o sanguinário ditador soviético, aliado de primeira hora dos nazistas e fascistas, não teve o mesmo destino; sua ideologia se espalhou dominando parte significativa do mundo.

A ideologia disseminada por Karl Marx e outros teóricos foi bem sucedida em domar milhões de seres humanos, fazê-los embarcar em falsificações históricas repetidas ad nauseam em sindicatos, partidos, praças, escolas, jornais e igrejas. Hoje, os socialistas não mais pegam em armas para assaltar o poder. Fazem a revolução na cabeça das pessoas, solapam as democracias por dentro. O novo estratagema foi elaborado pelo comunista italiano Antonio Gramsci ao escrever suas receitas revolucionárias no cárcere.

Mesmo após a queda do muro de Berlim e a derrocada econômica e moral da cortina de ferro, o socialismo vive e se expande utilizando o estratagema de Gramsci. Os mestres da propaganda até inventaram um socialismo bonzinho, que prega igualdade. Com desfaçatez, esquecem os milhões de mortos, os extermínios, revisam a historia e se reinventam.

Jovens latino-americanos desavisados vestem camisetas com estampas de rostos de revolucionários socialistas responsáveis por assassinatos a sangue frio. O mais famoso deles é figura carimbada. Che Guevara, o mesmo que disse em Assembleia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964: "Execuções? É claro que executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário! Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!".

Quantos jovens brasileiros embarcaram na loucura e foram as vias de fato no Brasil dos anos 60 e 70? Quantos perderam sua juventude e vigor para implantar o socialismo que acreditavam ser o portador da verdade histórica? Quantos não jogaram bombas, assaltaram bancos e sequestraram pessoas em nome da ditadura do proletariado? Certamente, muitos.

Nos anos 80 e 90, facções socialistas e comunistas formaram o Partido dos Trabalhadores, o PT. O partido inventou que tinha o monopólio da ética na política e passou a caçar com difamações todos os adversários, considerados por eles como inimigos. O espírito autoritário é parte da natureza dos socialistas e consequentemente do PT. São herdeiros de Stalin, de Fidel Castro, de Che Guevara, de Mao Tsé-Tung e de tantos outros responsáveis por atrocidades em seus países e pela expansão mundialista do mal.

Em 1990, o PT, representado pelo ex-presidente Lula e em parceria com Fidel Castro, montou o Foro de São Paulo. Estava inaugurada a instituição que iria estabelecer as estratégias de expansão do socialismo na América Latina. Partidos, movimentos sociais e movimentos terroristas revolucionários da América Latina e do Caribe passaram a se reunir no afã de implantar o socialismo em todas as Américas. Atualmente, participam dos encontros do Foro mais de cem instituições, a última reunião se deu em São Paulo, nesse ano. São 16 países governados por membros do Foro de São Paulo. Vivem o novo socialismo, igual ao velho em essência.

O enredo e o desenrolar dessa novela pode ser visto retroativamente no Acre. O Estado vive seu calvário socialista desde 1999. E o receituário é idêntico ao velho: perseguição brutal aos opositores, aumento progressivo de impostos sufocando a iniciativa de empresários, desrespeito à propriedade privada, populismo e assistencialismo, controle de todos os meios de comunicação, sujeição dos políticos de pensamento contrário, aparelhamento partidário dos órgãos governamentais, propaganda baseada em falsidades, desrespeito e desmoralização de representantes do Judiciário e imposição do medo a todos que se atrevem a contestá-los. Lamentavelmente, não há nessas palavras nenhum exagero.

Acredito que a esperança sempre vence o medo. Em 2014, o povo brasileiro e acreano terão, novamente,  nova chance de dizer não ao medo, à opressão e à derrocada econômica. As armas para derrotar o socialismo tupiniquim, no país e no Acre, serão a verdade e o voto. Com elas será retomado o caminho da democracia, do progresso e da liberdade.

Marcio Bittar é deputado federal, presidente da Executiva Regional do PSDB no Acre e Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados

Affonso Romano de Sant'anna


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Chegou a hora de acertar os ponteiros

POR ROBERTO FERES

No dia 23 de junho de 2008 o Sol nasceu às 5h46 em Rio Branco. Naquele ano, quase todos que trabalhavam nas repartições públicas começavam o batente às 7h da matina.

Era a fase do ano quando o dia começa mais tarde e também quando escurece mais cedo. Já por todo o mês de novembro o dia era claro a partir das 5 horas.

No próximo dia 10 de novembro, quando o Acre resgatará o horário antigo, acontecerá algo inverso: o Sol nascerá às 4h59, tendo, na véspera, nascido às 6h, com todo mundo entrando às 8h no trabalho, caso o expediente não retorne também aos horários que vigoravam em 2008.

Um dos principais motivos da rejeição do acreano à mudança do fuso horário foi a relutância dos empregadores, em especial os do setor público, em adequar o expediente aos costumes local.

O que mais se ouvia na época era o argumento de que as crianças tinham que sair de suas casas ainda de noite para irem a escola. Porém, muito aos poucos, e lá se foram mais de cinco anos de ajustes, os horários se acertaram, na medida do possível, ao hábito local de se por os pés fora da cama com o calor e a claridade do Sol.

Agora é importante aprender com os erros do passado e preparar o ajuste do expediente à nova hora. A principal regra desse ajuste será a volta das atividades aos horários que vigiam antes da mudança.

Escolas, comércio, serviços públicos e privados precisam urgentemente redefinir seus horários e comunicar com boa antecedência seus parceiros e usuários para um rearranjo sem traumas na nova mudança.

Sem esses ajustes, um funcionário público que entra no trabalho às 8h e sai às 18h, sofrerá com o excessivo calor matinal de um Sol que brilha há três horas e retornará para casa à noite, num dia que escureceu às 17h31.

Não fazer esses ajustes pode ser uma tática para fomentar rejeição ao retorno do horário antigo. Oxalá, dessa vez, façam as mudanças pelo bem-estar do povo e não para punir os discordantes.

Roberto Feres é engenheiro civil e perito da Polícia Federal

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Com documentário, cineastas paulistas "provam" que o Acre existe

Milton Leal, Paulo Silva Jr., Bruno Graziano e Raoni Gruber

Para conhecer o lugar que menos conheciam e desconstruir uma piada que tomou conta das redes sociais nos últimos anos, quatro jovens cineastas de São Paulo produziram um filme e um livro para provar que o Acre, localizado na remota região do extremo-oeste brasileiro, existe.

Numa empreitada pessoal, sem nenhum apoio financeiro institucional, em dezembro de 2011 eles partiram de São Paulo com destino a Rio Branco. Até fevereiro de 2012, foram mais de 50 dias de viagens percorrendo cidades, rios florestas, seringais, vilas, e acabaram conhecendo muito mais o Acre que a maioria dos próprios acreanos.

O carro deles superou os 10 mil quilômetros rodados entre a vinda, a volta e as andanças pelo Acre, onde também se valeram de avião monomotor e barco para alcançarem os pontos mais distantes, na fronteira com o Peru.



O filme e o livro "O Acre existe"serão lançados em novembro, em Rio Branco,  durante Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira, idealizado para promover a integração cultural, amazônica, andina entre Brasil, Peru e Bolívia.

- Ainda estamos fechando a programação, com muita coisa boa. Destaco, porém, o filme que terá estreia no festival. O grupo de jovens cineastas revela o Acre com muitos personagens, sendo alguns muito conhecidos e outros anônimos, além de paisagens pelo olhar curioso, estrangeiro. Descobrem não um Acre, mas diversos Acres. No final do filme, tive a instigante sensação de que o Acre, de fato, não existe - diz Sérgio de Carvalho, diretor do festival, a única pessoa no Acre que até agora assistiu o documentário.



Na verdade a aventura dos quatro cineastas começou em São Paulo numa noite chuvosa. Milton Leal, que havia tentado rodar o mundo, desistiu disso quando estava no Oriente Médio, voltou para sua cidade, mas não estava disposto a trabalhar como jornalista.

Ele telefonou para Bruno Graziano, saíram para conversar e surgiu a ideia de fazer um filme. O diálogo se deu exatamente assim, de acordo com Milton Leal:

- Eu queria muito fazer um documentário. Poderíamos trabalhar juntos. Eu pesquiso, entrevisto e você filma – sugeriu.

- Acho que deveríamos fazer algo viajando – replicou Graziano.

- Pois, vamos fazer uma viagem de carona.

- Para aonde?

- Vamos de São Paulo até o Acre. Isso! Um filme chamado “O Acre Existe”.

Leal conta que, em meia hora, discutiram boa parte do que se tornaria o projeto de documentário sobre o Acre, quando assumiram que não sabiam praticamente nada sobre a região

- Enviei uma mensagem para o celular do também jornalista e amigo Paulo Silva Jr.. Disse em poucas linhas que ele estava escalado para uma viagem ao Acre. Minutos depois, ele respondeu aceitando o convite, sem saber do que se tratava. Graziano, dois dias depois, convidou o amigo Raoni Gruber para fechar o time dos cineastas na equipe. O quarteto estava formado.

Apesar de afirmarem que o Acre existe, nos pôster do filme consta a duvidosa tagline "não se sabe se o começo ou o fim do mundo". Veja os depoimentos dos paulistanos Bruno Graziano e Milton Leal, além de Paulo Jr. e Raoni Gruber, que nasceram no ABC Paulista:

MILTON LEAL "Antes de desbravar os “outros” continentes, os europeus achavam que nada existia além do Velho Continente. Eles precisaram encarar mares revoltos para “descobrir” as terras além-mar. No nosso caso, por razões óbvias (que algumas pessoas chegaram a desconsiderar), antes de viajarmos, sabíamos que o Acre existia. Mas o que é existir? É constar de uma lista de estados federativos e aparecer em um livro de geografia? Ou é ter o respeito dos outros compatriotas no que diz respeito à sua história, cultura, povo e peculiaridades? Um viajante só existe quando rompe o vidro do seu aquário e navega pelo desconhecido. O Acre só existiu para mim, de verdade, depois que eu rodei este Estado de ponta a ponta e conheci dezenas de pessoas, que me contaram suas histórias e vivências. Passei então a ter certeza que não apenas o Acre existe, mas o meu respeito e admiração por ele também."
PAULO SILVA JR. "Saia do Centro de São Paulo e jogue fora todos os parâmetros sobre distância, afinal, o que nos faz pensar que aqui é tão próximo de tudo mesmo, de onde vem essa nossa impressão de estar tão perto do mundo enquanto eles estão supostamente tão longe? Se livre também daqueles conceitos de isolamento, pois como pudemos ter tanta certeza ao cravar que aqui estamos bem servidos, que nada nos falta e que eles, lá em cima, provavelmente não têm acesso a sabe-se lá o quê? Esqueça qualquer definição sobre progresso, e pago um suco de cupuaçu pra quem souber quem inventou, ainda na escola, que aqui sim é o lugar mais desenvolvido do país, além de ser o pólo nacional econômico, político, cultural, de quê?, em que parte?, mas que diabo é um pólo de um país? Ou melhor, muito melhor, carregue tudo isso, suba num carro pela BR-364 e vá lá ao extremo, de preferência onde mais te falaram a vida inteira que sequer existe. Se tuas ideias se bagunçarem pra sempre, não diga que não avisei."
BRUNO GRAZIANO "Rio Branco é a Paris brasileira. Seus paralelepípedos, sua luz amarelada, um rio lhe cruzando sem pudor e ratos, muitos ratos. Não poderiam faltar os ratos. E se White River não tem vinho e queijo, tem cerveja barata e tacacá. Se lhe falta a nostalgia da Belle Époque, sobra-lhe o teatro de rua do Mercado Velho. Saem as parisienses chiques e claras como a nuvem, entram as morenas jambo de curvas sazonais silhuetadas pelo último pôr-do-sol do Brasil. Rio Branco quer ser mais São Paulo, mas é São Paulo que precisa ser mais Rio Branco, a ingênua e safadinha Rio Branco, da Gameleira - “Ah, a Gameleira” - dos grafites indígenas, das saidinhas do Flutuante, dos repentistas, dos poetas, do namorico de portão. E que o Mc Donalds nunca chegue por lá. Sempre me perguntaram se eu teria o desejo de estrear o filme num dos grandes festivais – Cannes, Berlim ou Veneza - e sempre respondi com a convicção de que a estreia, esta teria que ser em Rio Branco. E assim será!"
RAONI GRUBER "Enquanto viajamos pelo Estado fomos identificados, questionados e cobrados. E a todo momento houve essa preocupação, ao menos por minha parte, com o titulo do filme: O Acre Existe. O Acre existe e ponto, ninguém precisa provar que sim. Pra mim o titulo sempre foi irônico, provocador e, apesar de controverso, decidi bancar, assumir a pressão e seguir em frente. Existe? Pra muitas pessoas eu ainda acho que não, pra muitos não passa de um lugar imaginário, ignorado, renegado, inexistente. É uma tendência histórica nos Estados do Sul do Brasil renegar o Norte, o Nordeste, os negros, os índios e os caboclos. Cabia agora a mim e aos meus companheiros descobrir em nós e nos outros aquilo que somos. O maior medo e o maior desafio sempre foi conseguir, juntamente com a equipe, dialogar com aqueles que lá estavam respeitando o espaço deles e trazendo nossas visões de fora. Mas agradeço a todos que me ensinaram a saber chegar e sair de todos os lugares pra hoje, dois anos depois, ter a clareza de que vivi momentos mágicos, armazenados em minha alma, em minha história."

A batalha do Amônea

POR ARQUILAU DE CASTRO MELO

Transcorria o mês de novembro do ano de 1904, o rio Juruá já ganhara água suficiente para permitir a navegação dos primeiros navios das casas aviadoras de Belém e Manaus que se apressavam em trazer passageiros e mercadorias para abastecer os barracões dos seringalistas. Depois de desembarque dos utensílios necessários ao fabrico da borracha como baldes, tigelas, porongas e lamparinas, facas, terçados, machados, espingardas, chumbo, pólvora e, de alimentos como carne enlatadas, biscoitos, açúcar, sal, e cachaça inicia-se o embarque da produção responsável por todo aquele movimento as pelas de borracha, o caucho e o sernambi.

O navio o “Juruá”, da casa aviadora paraense Antonio Cruz & Companhia,  estava ancorado no porto do seringal invencível, sede provisória da cidade Cruzeiro do Sul, situado na confluência dos rios Juruá e Moa. Há dois meses deixara o porto de Belém e agora estava de baixada a fim de ter tempo de fazer uma nova viagem antes da chegada do verão quando o rio já não permitia a navegação de navios de seu calado.

Cruzeiro do Sul havia sido fundada há pouco mais de dois meses e nem todas as repartições públicas tinham tido tempo suficiente para efetivar a mudança para o seringal centro brasileiro, local escolhido pelo prefeito Gregório Thaumaturgo para abrigar a sede definitiva da prefeitura do Departamento do Alto Juruá. Enquanto se ocupava em planejar a nova cidade, com a segurança de quem já fora governador dos estados do Piauí e Amazonas, o general Thaumaturgo recebeu uma má notícia: o Peru acabara de instalar um posto aduaneiro na confluência dos rios Amônea e Juruá, para cobrar impostos da borracha que por ali passava e tivera, ainda, a ousadia de denominar o local de Nuevo Iquitos.

A notícia apanhou o general de surpresa uma vez que até então os peruanos estavam se mantendo acima da foz do rio breu. Com a experiência de quem trabalhara junto à comissão encarregada de demarca a fronteira do Brasil com a Venezuela, o general logo deduziu logo a estratégia do vizinho: como os dois países estavam preparando uma comissão mista para percorrer o Juruá a fim de demarcar os seus limites fronteiriços com base no direito de posse o Peru avançava Brasil adentro a fim de consolidar novas posições.

O general, então com 51 anos de idade, homem trabalhador, de têmpera irascível, habituado a confrontos ficou profundamente irritado com a atitude dos peruanos. Havia de tomar medidas imediatas – pensou - para preservar o território do Departamento do Alto Juruá, cuja gestão lhe fora confiada pelo próprio presidente da República. Não havia tempo o suficiente para comunicar-se com a Capital Federal, o Rio de Janeiro, e aguardar providências. Era necessário agir logo, pensou. Mas como expulsar os invasores se a guarnição da tropa federal a sua disposição era composta de poucos homens e mesmo assim não havia como transportá-la até o Amônea, ou Nueva Iquitos como queriam os peruanos. A prefeitura somente dispunha de um batelão e duas canoas, insuficientes para os transportes de homens, armas, munições e alimentos.

Enquanto pensava como enfrentar aquela situação nova tomou conhecimento de que no porto do seringal invencível estavam ancorados dois navios o “O Moa”, de propriedade da firma “Mello¨ & Cia, e o “O Juruá” de propriedade de uma casa aviadora de Belém que seriam suficientes  para levar a tropa para enfrentar os peruanos. Cuidou, então, de encaminhar ofícios aos comandantes da embarcações requisitando os navios com a advertência de que a só poderiam deixar o porto com seus soldados. O que ele não esperava era a reação do comandante do navio “O Juruá”, Alberto Serra Freire, que foi procurá-lo para dizer que não poria o gaiola a disposição da prefeitura uma vez já estava de baixada para Belém e que não tinha combustível nem rancho suficientes para atender a requisição. Mas o general não lhe deu alternativa: o navio havia de fazer a viagem ainda que tivesse de empregar a força para conduzi-lo.

No dia seguinte os dois navios subiam o Juruá e seis dias depois chegaram à foz do Amônea. A batalha do Amônea, como ficou conhecido o episódio, durou três dias, findos os quais os peruanos se renderam com a baixa de 9 mortes, enquanto do lado dos brasileiros foi registrada uma morte e vários feridos.

Através do relato do farmacêutico Mário de Oliveira Lobão que embarcara em um dois navios para atender eventuais feridos é possível ter uma visão bem precisa do confronto:

 “Tinham os peruanos no local 80 homens bem armados e municiados, dispondo de metralhadoras sob as ordens do General Suarez. Os dois “gaiolas” não puderam combinar um ataque à posição inimiga, devido a ter o “Môa” encalhado e a dificuldades outras de navegação, em virtude da baixa das águas. Mas o destacamento brasileiro em batelões e canoas penetrou os igarapés, desembarcou e tomou posição para atacá-la por três lados: no seringal fronteiro, Minas Gerais, na margem direita do Juruá e por trás de Nuevo Iquitos. Muitos seringueiros armados reforçaram as 50 praças de infantaria. O Capitão Ávila ficou no seringal, o tenente Mateus na barranca do Juruá e o ex-cadete da Escola Militar de Fortaleza, Oséas Cardoso na terceira face do ataque. Intimados a capitular os peruanos recusaram e começou o fogo de parte a parte, que durou até às 5 horas da manhã do dia 5 de novembro. Então cercado e maltratado pela fuzilaria certeira dos seringueiros, Sr. Ramirez rendeu-se com as honras da guerra recolhendo-se ao Departamento de Loreto. Os peruanos perderam 9 homens e tiveram muitos feridos. Os brasileiros perderam somente um e tiveram poucos feridos”.

Cinco anos depois, em setembro de 1909, Brasil e Peru assinaram o Tratado do Rio de Janeiro fixando os atuais limites fronteiriços, entre os dois países.

Arquilau de Castro Melo é desembargador aposentado.

Bibliografia: Onofre, Manuel O papel decisivo do Mal. Taumaturgo de Azevedo na questão do Acre; Processo: Autos da ação ordinária para indenização autores Antonio Cruz & Companhia ré Fazenda Nacional, 1905 (acervo Tribunal de Justiça).

domingo, 20 de outubro de 2013

Cara de pau

O cidadão recolhe o lixo da casa dele, atravessa a cidade e vem despejá-lo na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra com a ajuda de dois jovens. E ainda interrompe o meu sossego dominical, às 11h50. O dono do lixo é Manoel de Jesus Lima, popularmente conhecido por "Garrincha". É presidente regional do PRTB e membro do Rotary Club de Rio Branco.

sábado, 19 de outubro de 2013

Paisagem da varanda, às 18h31


Terrorismo de Estado no Acre: Eu como alvo de blitz do Detran

POR LETÍCIA MAMED

Aos trinta minutos deste sábado, após um dia de intenso trabalho na Universidade Federal do Acre, eu e Laura Mamed fomos paradas nas imediações de nossa casa, próximo ao Mercado do Bosque, por agente de trânsito que preparava barreira para mais uma blitz em Rio Branco.

- Senhora, me passe o seu documento e o do carro - ordenou assim mesmo.

Repassei a documentação prontamente, mas o agente não se conteve:

- Está tudo certo com os documentos, mas eu preciso perguntar: a senhora bebeu muito?

Com toda a paciência que me é peculiar, disse ao moço que não bebo. Aliás, nunca bebi.

Não satisfeito, o agente remendou:

- Vou liberá-la do bafômetro, mas vou lhe dar um conselho: quando a senhora avistar uma barreira policial, diminua a velocidade para evitar um acidente.

Ora, se a pergunta partiu da ideia de que eu havia bebido, ele teria obrigação de sugerir o teste, sem adotar um "jeitinho", para posar de benevolente.

Mesmo dispensando a suposta benevolência por ter me liberado, pacientemente ainda disse que estava com apenas 40 km de velocidade.

No tom inquisidor de sempre, o agente insistiu:

- Mesmo com 40 Km a senhora pode causar um acidente grave, portanto, diminua.

Eu me calei e fui embora, afinal, não seria possível dialogar com um agente público assim, empoderado e tão cheio de razões sobre tudo e todos.

Moral da história

No Acre, o terrorismo de Estado sempre surpreende. O princípio de que todos são inocentes até que se prove o contrário, não vale. A regra é que todos são culpados e talvez possam se explicar.

Respeito a política do Álcool Zero, mas discordo do seu viés pedagógico, pautado em abordagens truculentas, e desconfio da real finalidade dos recursos obtidos por meio das suas ações.

Lembro ao governo do Estado, ao Detran, e a todos os interessados que o meu dever de comprovar a regularidade da minha situação como cidadã é equivalente ao dever das instituições em me respeitarem. Deveria ser assim a vida no Estado de direitos.

Letícia Mamed é professora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Autorizados

Pessoas questionando em redes sociais a presença, em Orlando (EUA), de Marcelo Menezes, membro do governo do Acre preso e indiciado pela Polícia Federal na Operação G-7. Menezes viajou com a família, mas obteve autorização do juiz federal Jair Facundes, da 3ª Vara da Seção Judiciária do Acre. Aliás, o juiz explicou ao Ministério Público Federal que todos os indiciados da G-7 estão liberados para viagens porque são proprietários de patrimônio considerável e não haveria risco de fuga do Estado. (Foto: Instagram/Reprodução)

Geografando sobre fuso horário do Acre


Observação do engenheiro Roberto Feres:

- Altino, li hoje que existe um rapaz geografando sobre o fuso horário do Acre, dizendo que Rio Branco e mais cinco cidades estariam no fuso -4 horas. Veja a imagem do que seria a divisão teórica entre os fusos -4 e -5 horas - só uma pontinha de Rio Branco fica fora. Sedes de municípios que ficam no fuso -4 horas, somente as de Acrelândia e Plácido de Castro. Ô povinho pra distorcer informação.

Meu comentário: sendo o Acre praticamente um país dentro de outro país, o que aparece de mandatário, ditador, presidente, rei, imperador... Oco do mundo.

"Florestas do Meu Exílio" é uma narrativa dos anos de chumbo

POR EDILSON MARTINS 


“Florestas de Meu Exílio”, de João Capiberibe, é a história de uma geração, que mergulha, corajosamente,  numa luta desigual de vida e morte pela liberdade de seu país. Até aí, nenhuma grande novidade, pois esta narrativa – que perseguiu, prendeu, torturou  e eliminou a geração dos anos  de chumbo da ditadura militar -  é recente e vem sendo contada nas últimas décadas.

Novidade é o que Capiberibe fez, melhor dizendo, é a forma com que foi contada a saga suicida dele, Janete e um bebê de u ano, de nome mais que exótico, Artionka, filha do casal, fugindo da perseguição política, conseguindo escapar de um presídio em Belém, e se deslocando, sabe Deus como, sem dinheiro, sem cobertura de ninguém, jovens e inexperientes, num roteiro de mais de 6 mil quilômetros de rios e estradas.

Nessa saga inimaginável,  que começa em Belém, Santarém, passa por Manaus, Porto Velho, Guajará Mirim,  corta países como a Bolívia, Peru e finalmente chega a Santiago, onde o Chile era a última rota de fuga dos cães do governo militar.

Mas não pararam naquele país, já que outro golpe militar, apoiado pele ditadura brasileira, derruba Salvador Allende, obrigando nova fuga, escapando milagrosamente de fuzilamento, no estádio de Terror do Chile, por uma dessas razões que a vida não explica sob a ótica da razão. O destino então foi o Canadá.

Uma boa história não basta para ser um bom livro. Um bom livro precisa de forma, da arte nada fácil de prender, seduzir o leitor. A notícia de jornal, o jornalismo, não precisa em si de uma excelente arte de escrever.

O governador, ao descer no aeroporto da capital, num surto de insanidade, mordeu as pernas do primeiro cachorro que encontrou. Esta é uma notícia que não precisa de nariz de cera.

Pois bem, a saga de Capi, Janete e Artionka é uma narrativa que prende, emociona e nos conta a história  recente de nosso país, que precisamos resgatar, já  que nenhuma democracia pode cometer o pecado da desatenção, imaginar que não existam perigos permanentes.

Capiberibe fugiu da cadeia paraense, juntamente com essa pequena família, em razão de sua militância na ALN, de Carlos Maringhella, assassinado no final dos anos 60, em São Paulo. O livro, portanto, emerge desse momento político, com suas tragédias e misérias humanas.

De certa forma o Acre, mais especialmente Cruzeiro do Sul, está inscrito nessa história, já que Capi, ao retornar ao Brasil, pela Lei da Anistia, buscou refúgio com sua família, no município, onde inclusive foi Secretário de Agricultura.

Um garoto que aos sete anos, procedente de uma Ilha na foz do grande rio -Marajó- deslumbra-se, ao chegar, pela primeira vez, com o encantamento das luzes da cidade grande, no caso Macapá, e reconhece  que “acabara de mudar de mundo”, e que décadas e décadas depois,  nas fileiras dos templários da liberdade de fato “mudaram o mundo”, é em si, uma história que mobiliza, envolve e encanta.  “As Floresta do Meu Exílio” é uma leitura, obrigatória, para quem acredita em memória.

Edilson Martins é jornalista e escritor

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Filme "O Acre existe" estréia em novembro

Às vezes chego a duvidar, até porque não se sabe se é o começo ou o fim do mundo. Mas é certo que o filme "O Acre existe" estreia em Rio Branco (AC), entre os dias 14 e 18 de novembro, durante o Festival Pachamama



Quatro paulistas partem para o Acre. O filme constrói, com encontros e vivências, um retrato contemporâneo do povo e da cultura acreana. Do road movie clássico, entra numa jornada onde se mistura aos ambientes e personagens. A partir dessas tensões, viaja da história do Estado ao Santo Daime; das tribos indígenas à herança de Chico Mendes; dos soldados da borracha ao Acre atual. O documentário expõe essa descoberta mútua entre os que chegam e os que lá estão.

Direção e Roteiro: Bruno Graziano, Milton Leal, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber
Produção Executiva: Bruno Graziano, Milton Leal, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber
Fotografia: Bruno Graziano
Som Direto: Raoni Gruber
Produção: Milton Leal e Paulo Silva Jr.
Montagem: Bruno Graziano, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber
Trilha Sonora original: Felipe Parra e João Erbetta
Mixagem de som: Capitão Monga Studio
Animações: Estúdio 1+2 e Estúdio Teremim
Correção de cor: Everton Oliveira
Produtora: Controle Remoto Filmes
Músicas: Cânticos Yawanawá Aldeia Mutum, Cícero França Dotor da Borracha, Nelson Gonçalves, Raimundo Nonato, Seu Jorge e Zé Kleuber
Póster: Tiago Tosh e Victor Fão
Apoio: Secretaria de Turismo do Estado do Acre, Jangada Cultura, Capitão Monga Studio, Estúdio 1+2 e Estúdio Teremim

Marinheiro boliviano

Em Cobija, sentinela da Marinha da Bolívia, no 6º Distrito Naval de Pando, na margem direita do Rio Acre. “O mar é nosso de direito, recuperá-lo é nosso dever”, lê-se em alguns documentos oficiais do governo boliviano.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Queremos Operação Buraco Zero


Não são os maiores buracos que avistei na BR-317 a caminho de Brasiléia. Se não conseguem fazer manutenção num trecho de 200 quilômetros, imaginem como será a manutenção de 600 quilômetros da BR-364 quando for inaugurada mais uma vez. Aliás, buraco mata tanto quanto álcool no trânsito. A justificativa não é salvar vidas? Então soa incoerente tantas blitzen e tantos buracos nas estradas e nas ruas das cidades acreanas.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Qualé, jacaré?

Na tentativa de ser eternizar no poder você entope a máquina pública de cargos comissionados, funções gratificadas e outros badulaques. Certo dia acorda inspirado e anuncia como sendo um "presente" a realização de algum concurso público para professores, por exemplo. Na verdade você deve estar sendo obrigado a substituir os provisórios. Realizar concurso não é presente nem homenagem. É dever, obrigação.

Albion: "A segurança está horrível. Nós estamos numa ribanceira muito grande"


O policial civil Albion Gomes de Almeida, 65, aposentado há sete meses, após 43 anos de serviço como um dos mais temidos do Acre, diz em terceira pessoa:

- O Albion é aquele Albion de sempre.

Na semana passada, quando dois jovens invadiram uma lotérica e fizeram reféns mais de 20 pessoas no centro de Rio Branco, Albion não se fez de rogado ao passar na rua: mandou o mototáxi parar, desceu da moto, sacou seu revólver calibre 38, apoiou-se numa árvore, fez pontaria e ordenou a um dos bandidos:

- Largue arma e se entregue agora.

O bandido não obedeceu e os demais policiais trataram de tirar o colega aposentado de cena, pedindo que se protegesse no outro lado da rua.

Com o Acre castigado por uma onda crescente de violência, em poucas horas Albion se tornou herói nas redes sociais.

Alheio ao sucesso que faz na internet, que afirma não ter e não utilizar, e quase indiferente ao exaltado heroísmo de sua atitude, Albion acha que apenas cumpriu o seu dever.

É um policial à moda antiga, daqueles que jamais esquece o ofício, é leal à sua biografia e gosta de ajudar os amigos em apuro.

Foi essa forma de encarar a profissão que o fez participar, voluntariamente, de um dos momentos mais tensos dos assalto.

- Pulei da moto e resolvi me unir aos colegas para ajudar. Eu não posso me omitir num caso desse. Não posso fazer vista grossa. O que iam falar de mim se tivessem me visto passar de moto, sem fazer nada durante o assalto?

Albion está convencido de que sem sua presença surpreendente os bandidos poderiam ter fugido.

- Acho que eles pensaram duas vezes quando me viram. Sabem que não aceito ser desmoralizado.

Albion concedeu entrevista exclusiva na casa de um dos seus filhos, no bairro Esperança. Estava com seu tradicional chapéu, óculos escuros e o cordão de prata, uma espécie de amuleto, onde estão pendurados estrela, figa e a miniatura de um revólver.

Estava tão descontraído que chegou a tirar o chapéu e deixou à mostra a enorme careca. O telefone celular não parava de tocar, mas Albion evitou atender para comentar sobre segurança pública, violência no Acre, Hildebrando Pascoal e sua fama de mau.

- Lamento muito a situação dele, mas a vida é essa. Pena a gente tem que ter. Toda a vida nós fomos amigos. Fomos para Brasília juntos. Não tenho nada contra ele. E outra coisa: ele nunca falou pra ninguém de quem ele tem raiva ou deixa de ter. Nunca. É uma pessoa, um cidadão comum. Talvez se alguém achou que ele estava errado, o erro não é só dele. Talvez ele está pagando por muita gente sem falar nada - disse sobre Hildebrando Pascoal.

Cheguei a perguntar, no final da conversa, sobre quantos bandidos já mandou para o além.

Veja a entrevista com o "Albion de sempre", em que o policial aposentado se defende da sua fama de mau.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Professoras analisam trabalho e precarização na Amazônia acreana

Artigo das professoras Eurenice Oliveira Lima e Letícia Helena Mamed, da Universidade Federal do Acre, apresentado ao XXIX Congreso Latinoamericano de Sociología, em Santiago, no Chile.

As professoras revelam os nexos particulares da reprodução do capital como privatização dos bens naturais e precarização social na Amazônia acreana.

- A resistência contínua é a marca distintiva de um sujeito histórico que contribui ativamente, quase sempre sem empregos formais, sem salário definido previamente, sem garantias de trabalho, ou com contratos temporários, baixos salários, ou “bolsas” compensatórias - diz trecho do resumo.

Leitura necessária para quem quiser conhecer melhor o Acre a partir de uma análise crítica e independente.

Clique aqui para ler a íntegra.

domingo, 13 de outubro de 2013

Operação Álcool Zero em mercado de Rio Branco

No Facebook, o relato matinal de Hermington Franco:

- Ciatran fazendo grande operação no Mercado do Bosque agora, multando geral. O que isso demonstra? Que o objetivo é multar e não prevenir. Ninguém bebe no Mercado do Bosque, todo mundo vai pra lá pós balada, ou seja, já dirigiu por muito tempo antes de chegar lá. Quero ver ir pra frente das boates dos amigos da galera, aí sim.

Por sua vez, o relato de quem fez e enviou as fotos ao blog, com a explicação de que o homem conduzido por PMs é um médico e a mulher parenta do deputado Major Rocha:

- Parece que haviam bebido, mas o problema é o tipo de abordagem da polícia. Achei abusiva a maneira como a polícia tratou as pessoas. Essas pessoas não estavam ao volante no momento que foram detidas e nem a polícia portava bafômetro. Elas estavam tomando café no mercado. Os policiais queriam obrigá-las a ir lá onde estava a blitz pra fazer o teste. Imagine você sentado, comendo, depois de uma festa, em local publico, sendo retirado à força, obrigado a ir fazer teste de bafômetro sem ter sido flagrado em blitz. Ainda teve um PM que disse: "Vagabundo tem que ser tratado assim".

ATUALIZAÇÃO às 12h43  para esclarecimento postado no Facebook pelo 3º sargento Wenison Nascimento, da Polícia Militar do Acre, que participou da operação Álcool Zero no Mercado do Bosque, em Rio Branco:

"É engraçado a forma tendenciosa de como a noticia é compartilhada e os desenformados da geral comentam com total falta de conhecimento de causa.

1º Operação álcool zero tem como único foco aplicar as medidas cabíveis aos condutores que teimam e dirigir sob influencia de álcool, e na nossa cidade são inúmeros, que não estão nem aí pra quem quer que seja.

2º Esta abordagem tem todo um histórico, antes de chegar nesse ponto. Foi ordenado para este cidadão para que o mesmo parasse no local, porem ignorou, tentou fugir, de repente parou o veiculo, saiu rapidamente do veiculo e correndo entrou no mercado citado tentando fugir da policia. Estava em visível estado de embriagues alcoólica, desacatou a guarnição e uma mulher que o acompanhava resolveu partir pra agressão também. Vir aqui dizer que estavam simplesmente sentados no mercado tomando café é covardia, pois o cara ate tentou se esconder em um banheiro.

3º Ser ou não parente, amigo, ou seja lá o que for de autoridades, não significa que sejam imunes as leis de transito.

4º Dizer que a policia só pensa em “arrecadar” é discurso de quem quer ver o caos tomar de conta da sociedade. Quero ver esse discurso se algum dia um parente seu for vitima de um irresponsável no transito.

5º O CTB está sendo aplicado desde 1998, não cabe a policia nem aos agentes de transito educar, e sim aplicar conforme o que for constatado.

6º Quanto a esse aí que acusa os policiais de corruptos, DENUNCIE E PROVE. Não seja covarde em fazer acusações levianas, pois esses policiais bem que poderiam está em casa dormindo, mas não, estão tentando trabalhar para o bem maior da sociedade, apesar da própria sociedade os criticar.

7º Durante a operação álcool zero realizada nas imediações do mercado do bosque, vários moradores das proximidades foram até o local onde estávamos e agradecera e parabenizaram os policiais que ali estavam, dizendo que já estava passando da hora dessa operação, pois viam ali muitos absurdos e abusos por parte de condutores que saiam das festas e se deslocavam para aquele mercado.

Nobre Altino Machado, você é muito respeitado no meio da sociedade, mas acho que antes de publicar algo da forma como foi publicada o deixa em xeque. Verifique a fonte e sua intenção, pois o senhor conhece alguns policiais da Ciatran e pode ter uma visão melhor desses fatos. Desculpa pelas palavras, mas não gosto muito de ver publicações distorcidas de fatos críticos."

ATUALIZAÇÃO às 21h33 para esclarecimento do comando da Polícia Militar e Detran
"A operação álcool zero é uma política de governo que tem por finalidade salvar vidas no trânsito através do combate a ingestão de bebida álcoolica aliada a direção de veículos. Os números de redução apontados pelo setor de estatística do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) demonstram o sucesso dessa operação, que teve inicio no Rio de Janeiro e já vem sendo adotada em todo o país.

Durante a madruga de hoje, uma blitz foi realizada nas proximidades do mercado do Bosque, local onde é frequente ver, principalmente jovens, que após beber dirigem sem ter a noção do perigo ao qual estão colocando suas vidas e a de outras pessoas.

Ocorre que nessa ocasião, um jovem ao avistar a blitz , na tentativa de não ser abordado, estacionou seu veículo antes da operação, no entanto, os policias que estavam realizando a ação perceberam a atitude e abordaram o rapaz que se negou a apresentar os documentos do veículo e sua habilitação e saiu correndo em direção ao mercado do Bosque.

Como procedimento padrão, os policiais sairam em busca de capiturar o rapaz que por sua vez, tentou se esconder no banheiro não obtendo sucesso, tentou se misturar entre as demais pessoas do local para não ser reconhecido. Ao ser abordado novamente pela policia o mesmo confessou estar vindo de uma festa na qual ingeriu bebida álcoolica, mas não soube dizer o quanto e nem quiz realizar o exame bafométrico.

Após isso, ele juntamente com uma amiga adotaram uma postura agressiva e passaram a proferir palavras de baixo calão os policiais que estavam trabalhando. Tendo em vista o desacato, a resistência , a desobediência e a não colaboração dos mesmos em se identificarem e nem comparecerem no local de abordagem foi dado voz de prisão e algemados com o objetivo de garantir a integridade física de todos os presentes, inclusive do jovem em questão, que mais uma vez não colaborou, havendo nesse momento a necessidade do uso da força e de três policiais para conte-lo.

Prezando sempre pela lisura dos fatos e para que não haja dúvidas do ocorrido, as corregedorias da policia militar e do Detran, irão instaurar processo administrativo para apurar se houve abuso de autoridade por parte dos policias militares envolvidos na ocorrência.

Cel Anastacio
Comandante da policia militar do estado do Acre

Sawana Carvalho
Diretora geral do Detran/Ac"

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

No Acre, droga e violência à altura dos olhos e ao alcance das mãos

POR PATRÍCIA DE AMORIM RÊGO

 
A menos de 100 metros do quartel da Polícia Militar e do gabinete do governador do Acre, na noite de quinta-feira (10), dois usuários de crack se desentenderam e um deles quase decepou a mão esquerda do desafeto com um facão. Foto: Altino Machado

A percepção de que o caos está se instalando é um convite à reflexão, um ponto de partida e de chegada para analisarmos a realidade que se apresenta à nossa volta. O assalto à casa lotérica por homens fortemente armados, fazendo reféns mais de 20 clientes do estabelecimento, em plena luz do dia desta quinta-feira (10), nas proximidades do Ministério Público, em Rio Branco (AC), revelou a fragilidade e insignificância, para uns, do valor da vida, o bem jurídico de maior relevância. De certo, estamos permeados de possibilidades para que o crime organizado materialize a sua ação. Todos os crimes violentos e os de menor potencial ofensivo dos últimos anos têm relação direta com o tráfico de drogas, desde a sua produção até a sua comercialização, configurando-se como uma das atividades mais rentáveis da atualidade.

Estimativas da ONU, sugerem que os lucros globais de organizações criminosas transnacionais, incluindo aqueles provenientes do tráfico de drogas, são da ordem de um trilhão de dólares, representando uma quantia equivalente ao Produto Nacional Bruto do grupo de países de baixa renda (com população total de três bilhões de habitantes). No que se refere à lavagem de dinheiro, a ONU estimou que são processados US$ 120-500 bilhões por ano através do sistema bancário mundial (Solomon, 1994). Neste ano, o MPAC, no âmbito do Núcleo de Apoio Técnico (NAT), em parceria com o Ministério da Justiça, implantou no Acre o Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro LAB-LAD, para rastrear essa condição ilegal que integra a economia ilícita no estado.  Através dos estudos realizados pelos sistemas bancários e financeiros é possível identificar a movimentação que transforma dinheiro “sujo” em “limpo” através de operações numéricas e deslocamentos geográficos das cifras.

O Acre está ladeado pelo Peru e a Bolívia, principais produtores de cocaína e haxixe do mundo. São 1.968 km de fronteira seca aberta, praticamente desguarnecida pela força militar e policial do Governo Federal. Registra-se que cerca de 90% da droga apreendida no Acre vem do Peru. Quantos policiais federais e militares do Exército a União disponibiliza para a proteção da fronteira acreana e em que agenda está registrada como prioridade a preocupação com a nossa soberania nacional?

No centro e na periferia das cidades, presenciamos inúmeras pessoas, na maioria jovens, andando sem direção objetiva; uns alucinados pelo consumo excessivo e ininterrupto de drogas pesadas, como o crack, e outros à procura de clientes, aliciando crianças nas proximidades das escolas. Os relatos diários de mães em desespero, no Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) e no Núcleo de Apoio ao Atendimento terapêutico (NATERA) do Ministério Público Estadual, também refletem essa mazela humana. Depositam ali as suas últimas esperanças e manifesto amor maternal em favor de seus filhos, que já não se adequam às regras de convivência social. Os furtos são frequentes, prova de total desapego e de criação de um mundo paralelo onde tudo é permitido.

O crime se alimenta do próprio crime e se reproduz continuamente. Isso ficou bastante evidente na visita domiciliar a 800 famílias em situação de pobreza no bairro Taquari, na 2ª Regional de Rio Branco, no período de uma semana, por ocasião da realização do MP na Comunidade. A condição de pobreza extrema, associada à falta de perspectiva e de vivência em comunidade revelou uma condição perversa. Encontramos pessoas vivendo na sujeira, doentes físicos e mentalmente apresentando sinais de insânia, totalmente à margem das regras de civilidade humana. Essa paisagem parece representar a estética da loucura do começo da Renascença. Valendo-se dos estudos de Foucault, em sua obra sobre a História da Loucura, de 1972, ele afirma: "A loucura, porém, não está somente ligada às assombrações e aos mistérios do mundo, mas ao próprio homem, às suas fraquezas, às suas ilusões e a seus sonhos, representando um sutil relacionamento que o homem mantém consigo mesmo. Aqui, portanto, a loucura não diz respeito à verdade do mundo, mas ao homem e à verdade que ele distingue de si mesmo."

O sistema carcerário tem se mostrado ineficaz e insuficiente para ressocializar o sujeito da ação criminosa. Em pesquisa recente realizada pelo MP, através do projeto de ressocialização de mulheres em regime prisional na unidade feminina do presídio Francisco D'Oliveira Conde, em Rio Branco, foram constatados que 70,4% das mulheres presas foram enquadradas no art. 33 da Lei 11.343/06, consideradas traficantes. A maioria delas assumiu o comando no lugar do companheiro, também preso. A taxa de reincidência é alta, assim como os crimes cometidos por presos em regime aberto e semiaberto. Para se ter uma ideia, o Mapa da Violência afirma que a maioria dos homicídios ocorridos nos últimos anos no Brasil tem relação direta com o tráfico de drogas e, como motivação principal, o acerto de contas. Esses homicídios, em 75% dos casos, são praticados com arma de fogo. A população com idade entre 15 e 29 anos é barbaramente afetada, tanto como vítima, quanto como infrator.

O fenômeno da violência é tido como complexo por sua natureza. Contudo, é comum ver cada vez mais a flexibilização na legislação penal e no processo penal, o que merece uma  profunda reflexão e ação de nossos parlamentares.  O tema é tratado de forma não integral e desarticulado pelos operadores do direito e legisladores. Prevalece, na maioria das vezes, o “garantismo exacerbado”, cujo olhar se volta excessivamente para o réu, ignorando a vítima e a coletividade. A sensação de impunidade e insegurança também é uma forma de violação. O medo tenciona a sociedade.

O Ministério Público tem estudado esse fenômeno e articulado a atuação integrada dos órgãos de Segurança Pública e Justiça. Realizou um mutirão contra crimes violentos; constituiu um grupo de trabalho de execução penal, priorizando e agilizando o procedimento judicial conforme o histórico criminal do infrator; ajuizou ações civis públicas contra o Estado, exigindo melhorias na infraestrutura das delegacias e a devida prestação dos serviços da polícia judiciária nas comarcas do interior e, ainda, responsabilizando seus gestores; realizou uma campanha em favor de uma cultura de paz, denominada Conte até 10; tem aumentado o número de procedimentos extrajudiciais, sobretudo para que o poder público execute de forma plena os serviços de saúde, educação, segurança pública e assistência social, além de propor ações civis públicas que estão tramitando no judiciário, com esse mesmo objetivo, melhorar e ampliar os serviços públicos essenciais à qualidade de vida da população.

É importante destacar que o MP propôs uma ação civil pública objetivando a construção de casa de alberguado e colônia industrial ou agrícola para as pessoas que cometeram crimes violentos, como homicídios e roubos e que estão em regime aberto e semi aberto e que hoje, ao serem condenados, na maioria das vezes, vão direto para suas casas, criando uma sensação de impunidade. As estatísticas do Sistema Integrado de Segurança do Acre SISP demonstram que entre os anos de 2008 a 2012, dos mais de 8 mil presos na Unidade de Recuperação Francisco D’Oliveira Conde, pelo menos 30% retornaram ao presídio, seja pela prática do mesmo crime ou por crimes mais violentos.

Como ação de cidadania ativa, o MP realizou, no dia 28 de setembro deste ano, o projeto MP na Comunidade, no bairro Taquari. Foram feitas 800 visitas domiciliares, 153 atendimentos por Promotores de Justiça na Escola João Mariano, o que resultou em encaminhamento de 38 casos graves de violação de direitos de idosos, crianças, pessoas com doenças mentais e deficiência física. Essa ação terá uma segunda edição ainda em 2013 e pretendemos consolidá-la como uma iniciativa prioritária da nossa instituição, fortalecendo-a a cada ano, buscando cada vez mais parceiros e a adesão da comunidade.

O episódio desta quinta feira (10) causou pânico em todos nós. Felizmente, a crise foi mediada com sucesso pelos policiais militares e civis. Contudo, precisamos, como gestores e autoridades públicas, rever nossas posturas, melhorar nossas intervenções e fortalecer nossas parcerias. Como cidadãos e cidadãs, é salutar promover, na prática, uma cultura de paz, construir laços afetivos, alterar profundamente a arquitetura de nossas relações e nos tornarmos mais humanos e solidários. Precisamos, inexoravelmente, ser assertivos no conteúdo e na forma da nossa ação, sob pena de construir uma prisão em torno de nós mesmos.

A calmaria do fim da tarde, paradoxalmente com vento e chuva fortes, trouxe um pouco de alento. A água do céu que banhou a cidade veio carregada de simbologia. Diz-se que toda a vida vem da água. Ela representa a mãe, o nascimento e o renascimento, o banho e o batismo. Que as pessoas que foram feitas reféns e seus familiares estejam em paz em seus lares e que as lições dessa ocorrência perdurem depois que o susto passar.

Patrícia de Amorim Rêgo é Procuradora-Geral de Justiça do Acre

Caso sério

A crescente onda de violência em Rio Branco forçou o vice-prefeito Márcio Batista (PCdoB) a andar com proteção policial. O prefeito Marcus Alexandre (PT) teve que dividir sua equipe de seguranças com o vice. Batista, que teria sofrido ameaça, se ausentou da cidade nos últimos dois dias.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Acre é o melhor lugar do mundo para o tráfico de drogas

Apesar das graves questões sociais e da violência, como o caso dos assaltantes que invadiram uma lotérica em Rio Branco e fizeram funcionários e clientes reféns, o que não falta são secretários do governo do Acre desfilando no Via Verde Shopping na maior cara de pau em plena quinta-feira.

É como se vivêssemos realmente no melhor lugar da Amazônia, embora o Acre esteja dominado pelo tráfico de drogas. Independente de qualquer coisa, mais tarde teremos que ouvi-los dizer que foi um sucesso a ação da polícia que mais reprime, prende e elucida crimes no País.

Conversei ao telefone com a procuradora geral de Justiça, Patrícia Rego, mais cedo, logo que o assalto começou. Ela disse estar perplexa com a violência crescente no Acre, decorrente do tráfico de droga.

- Nós, as autoridades, estamos vivendo muito fora da realidade do Acre. Recentemente, nos deparamos com o caso de uma mãe que entregou um bebê de sete meses ao traficante até que obtivesse o dinheiro necessário para pagamento de droga. Tivemos que tomar a criança do traficante - contou a chefe do Ministério Público.

Questionei se o MP deveria fazer o governo estadual acordar, expor a real, pensar com os pés no chão.

- Como chefe do MP fico constrangida de me deparar com o crescimento descontrolado da violência e do tráfico de drogas no Acre. Acho que podemos fazer mais e melhor. Se o Executivo não faz, nós temos que cobrar. Segurança pública é um direito fundamental que o MP tem que exigir. Agora eu não posso dizer que o MP não está fazendo nada.  Todo mundo fala, por exemplo, da questão da falta de casa de albergado e de colônia agrícola ou industrial  para os detentos dos regimes aberto e semi aberto, mas nós movemos uma ação civil pública exigindo essa providência do governo estadual há mais de um ano.  Também temos uma ação no sentido de que a polícia faça o cumprimento dos mandados de prisão que estão em aberto, pois o MP é o titular da ação penal - respondeu Patrícia Rego.

Na medida em que o governo do Acre não assume o problema, a situação piora a cada dia. O Acre é o melhor lugar do mundo para o tráfico de drogas.

Os assaltantes que invadiram a casa lotérica e fizeram clientes e funcionários reféns exigiram o afastamento dos profissionais da imprensa do local. No Acre, aprenderam com quem?

Leia mais sobre o assalto frustrado a uma casa lotérica no AC 24 Horas.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Girem a roda no final da novela do fuso horário do Acre

POR PEDRO GUSTAVO FARIA NUNES

Há algum tempo prometi para mim mesmo que não voltaria a me manifestar sobre o tema, mas como não sou um exímio pagador de promessas me permito sepultar, pela última vez, este monstro que, deveras, nasceu morto. O fuso horário do Acre  tornou-se o ápice da manifestação popular de mesa de bar e o mais exaustivo dos labores dos parlamentares acreanos. São inconformismos antagônicos providos de feroz reciprocidade.

O fuso do Acre segue acumulando incontáveis adjetivos. Dois deles têm me chamado a atenção nos recorrentes debates, especialmente nas redes sociais: o fuso horário dito de Deus sob o pseudônimo de "fuso horário do atraso" versus o "fuso horário do progresso".

Admira-me a capacidade das pessoas de criarem situações que não deveriam sequer existir. A exaustiva busca pela reinvenção da roda. Quando digo que o monstro nasceu morto, digo por que não existe monstro senão o próprio que criamos.

O fuso horário do Acre está posto desde 1914, quando o Brasil aderiu a padronização mundial da hora legal por meridianos, que utiliza o posicionamento de cada porção de terra (em graus) em relação à Greenwich (o que já foi exaustivamente discutido). E isto é ciência, não é política.

A política não pode, ou pelo menos não deveria, sobrepor à ciência. Seria como se um parlamentar apresentasse um projeto de lei que buscasse desaguar o Rio Acre no Rio Madeira buscando estreitar os laços entre as capitais Rio Branco e Porto Velho. Obviamente, não dá para mudar o curso das águas. E mesmo que fosse possível, tal como tem sido com o fuso horário do Acre, o curso natural das águas do Rio Acre continuaria sendo em direção ao Purus.

Impressiona-me o alarde das pessoas que temem a volta do "fuso  horário do atraso”. Os EUA utilizam seis fusos, sendo quatro deles na porção continental. Quatro horas é a diferença entre Los Angeles e a capital federal Washington D.C. e, até onde sei, isto nunca foi um entrave ao desenvolvimento do Estado da Califórnia que, por sinal, é um dos mais ricos do país.

Estamos há mais de cinco anos consumindo “esforços” de parlamentares que poderiam estar ocupando seus gabinetes com outras demandas de emergencial importância, tais como, a reforma do Código Penal Brasileiro ou a reforma tributária, mas desperdiçam o tempo tentando reinventar a roda para chegarem à conclusão que não existe quadrado redondo.

Antes de ser votado o projeto de lei que alterou o fuso horário do Acre, bem como aquele que agora coerentemente o restabelece, passaram pela apreciação de comissões no legislativo tais como Comissão de Relações Exteriores da Câmara e Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, votações nas duas casas, sanção do então presidente Lula na ida e veto da presidente Dilma na quase volta.

Custou ainda alguns segundos de vida de cada eleitor acreano que simbolicamente votou num referendo meio faz-de-conta. Finalmente surrupiará alguns instantes da pestana da presidente Dilma, para onde segue para sanção ou veto, que decidirá em última instância, tal qual um César no coliseu da floresta, se devolve o fuso do Acre aos acreanos ou se o atira de vez ao extermínio pelos leões.

E quando esta novela acabar e definitivamente estivermos com nossos ponteiros acertados, então pergunto a você: quantas horas serão necessárias para, efetivamente, colocarmos a roda para girar?

Pedro Gustavo Faria Nunes é médico veterinário

No Acre, Marco Antônio lança "Delírios a propósito de uma fantasia erótica"


Você tem alguma fantasia que julga inconfessável? Desde já você está convidado por Marco Antonio Salgado Mendes, autor de "Delírios a propósito de uma fantasia erótica", a saborear algumas delícias e a compartilhar certos temores decorrentes de uma relação entre três amantes. O lançamento em Rio Branco acontece nesta quinta-feira (10), às 18 horas, no Casarão.

O tema do livro é justamente a relação entre dois homens e uma mulher, uma tríade formada por Eu, Minha Companheira e Nosso Namorado. Nele, narra-se a história de como um casal heterossexual, guiado por fantasias eróticas, parte em busca de mais um homem. A princípio, o objetivo é o de acolhê-lo em sua cama, mas eis que surge alguém que vai se entregar de corpo e alma, resultando em um envolvimento ardente e intenso.

Delírios de uma fantasia extravasa o erotismo inerente às relações a três e expõe conflitos, temores e traumas que perturbam Eu, na qualidade de narrador e protagonista. Ciúmes, medo, vergonha, culpa, frustração, angústia, preconceito, pudor e moralismo religioso emergem numa narrativa em que também há espaço para digressões relacionando violência, sexualidade e hipocrisia.

"Delírios a propósito de uma fantasia erótica" põe seu foco na bissexualidade (traço de personalidade bastante intimidado) e dá um close na relação homossexual masculina. Esta “elegia” também exalta supostas virtudes do “casal de três”, evidenciando uma forma não usual de organização familiar.

Trata-se de uma ficção permeada por um ensaio (entendido como exame, análise e apreciação) elaborado em primeira pessoa, com reflexões induzidas pelas vivências do narrador-protagonista. Mais que um romance, é uma composição em prosa que aborda o “caso de amor” de que é tecida a trama.

A narrativa propõe uma “musicalidade textual”, graças ao diálogo promovido entre música e texto. Na tentativa de se conferir sonoridade à leitura, aos capítulos associam-se andamentos musicais e estrofes de canções, que indicam sutilmente a atmosfera ou o ânimo sugeridos durante a leitura.

Para completar, o livro norteia-se por recortes de várias obras, em especial da "Divina Comédia", que dá o tom às seções em que os diversos capítulos foram agrupados.

A utopia nesta obra é descobrir uma pretensa cumplicidade entre você e “Eu”.

O autor

"Nasci numa fazenda no interior de Minas Gerais, em 1950, e aos 9 anos mudei-me para São Paulo. Apesar de economista por formação, destaco minha experiência profissional como jornalista no Acre, entre 1981 e 1986. A princípio, atuei em um “nanico” local - Varadouro, importante para a luta socioambiental da época, na região – e depois em jornais diários. Fui Secretário do Meio Ambiente do Estado entre 1988 e 1991.

Acompanhei Chico Mendes em sua luta pela preservação da floresta amazônica. Foi um momento em que ocorreram significativos avanços – no Acre e em todo o Brasil – com relação à atenção e importância conferidas aos problemas ambientais, tanto pelo governo como pela sociedade civil.

Durante 15 anos, atuei numa instituição multilateral como especialista responsável por acompanhar a negociação e execução dos projetos ambientais por ela financiados no Brasil.

Desde que me aposentei, em 2007, dedico meu tempo ao projeto de toda a vida: tornar-me um aprendiz de escritor, tendo por objeto os temas que sempre me mobilizaram, especialmente a sexualidade masculina.

Deixa o Jorge participar, Tião


Do senador Jorge Viana sobre o governo do irmão Tião Viana:

- O Tião tenta fazer um governo com suas digitais, com as características dele. Eu não tenho participando como as pessoas acham que eu participo do governo, até porque o Tião tem toda autonomia de fazer. Eu até gostaria de participar mais, estou sendo bem sincero, porque eu acho que acumulei uma experiência. Mas acho que é um direito do Tião de tentar fazer uma contribuição. Ele que me ajudou a construir, ajudou muito o Binho também, ele agora tem procurado fazer o governo.

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Um engodo chamado florestania

POR MARCIO BITTAR

Findar o marasmo econômico que impera no Acre exigirá uma verdadeira e honesta parceria com o setor produtivo e os trabalhadores. Somente uma nova forma de governar, pactuada com o cidadão, poderá resolver problemas e amenizar os obstáculos ao desenvolvimento econômico tão desejado pelo povo acreano.

Desde 1999, engendrou-se no estado as causas da estagnação econômica e social hoje vivida. O PT, no poder há 15 anos, implantou um modelo de governo centralizado, autoritário e sufocante das iniciativas do povo.

É um modelo de governo que tutela a produção e espalha ineficiência, esmaga a livre iniciativa e autonomia dos indivíduos, penaliza a todos com pesada máquina burocrática e insegurança jurídica e instrumentaliza a política fiscal para empobrecer adversários e fortalecer aliados. O modelo de governar dos petistas mergulhou ainda mais o Acre em dívidas e aprofundou a dependência de verbas federais. 

A marca fantasia dos primeiros 12 anos foi a florestania, vulgo governo da floresta. As promessas eram de promover o desenvolvimento sustentável, os ideais de Chico Mendes, a defesa do meio ambiente e o desenvolvimento dos produtos da floresta. Todas elas se mostraram verdadeiros engôdos. Florestania não passou de um neologismo; na prática condenou o estado ao marasmo econômico.

No fundo, o principal objetivo do discurso da florestania foi conseguir empréstimos e financiamentos internacionais, já que, na segunda metade da década de 1990, organismos internacionais adotaram condicionantes ambientais para o financiamento de projetos. O governo petista surfou na onda dos empréstimos e, hoje, o povo paga a conta.

O fracasso econômico foi tão retumbante que o próprio inventor da moda a abandonou. O PT não quer nem ouvir falar de florestania. Não é um partido capaz de assumir seus erros de forma clara. Prefere fingir, escamotear e manter-se no poder. Atualmente, o que se deu foi a mera mudança de discurso. Hoje, está se procurando outros slogans. Mas, o cidadão acreano não pode se iludir. Os atuais slogans são tão vazios quanto o primeiro.

As marcas, agora, são as ruas do povo, a cidade do povo e o pseudo incentivo à produção, sem, claro, esquecer da promessa de uma saúde pública de primeiro mundo. A operação G7 da Polícia Federal mostrou o quê de verdadeiro existe por trás dessas propagandas. A farsa da saúde de primeiro mundo é experimentada todos os dias no atendimento precário e desumano.  

O uso e a preservação racional do meio ambiente depende do acesso à tecnologia e à técnica. Sabe-se que só o aumento da produtividade no campo e nos pastos pode realmente preservar áreas importantes, pois faz crescer a produção de riquezas sem precisar avançar em territórios preservados. É preciso racionalidade na preservação e o centro da política ambiental deve ser o homem.

É irreversível incorporar a preservação do meio ambiente às políticas produtivas do estado. Um conflito entre desenvolvimento e preservação é receita certa de fracasso. A nova opção deve ser por uma política econômica, industrial e agropecuária diferenciada, incorporando a preservação como um valor econômico intrínseco.

Um novo governo deve ajudar os produtores a ganharem em produtividade, com uso de tecnologia e assistência técnica. Essa é a política que pode melhorar à preservação ambiental e incentivar o aumento de riquezas. Como estamos vendo, há muito por se fazer para superar os tempos de engodo, os tempos da florestania.

Márcio Bittar (PSDB-AC) é deputado federal

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Fuso horário do Acre: Senado faz prevalecer democracia e hora certa

Não é mudança de fuso horário que deixa o Estado adiantado ou atrasado 


O Senado aprovou na noite desta terça-feira (8) a proposta (PLC 43/2013)  que restabelece o horário antigo do Acre e de parte do Amazonas. De autoria do Poder Executivo,  o projeto segue para sanção da presidenta Dilma Rousseff.

Os moradores da região estão mais próximos de ter de volta o fuso horário com duas horas a menos em relação ao horário de Brasília.

Sob a alegação de que a população sofria prejuízos econômicos, sociais e culturais por causa da diferença em relação ao restante do país, em 2008 a Lei 11.662, de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC), sancionada pelo então presidente Lula, reduziu o fuso horário do Acre e de parte do Amazonas a apenas uma hora a menos em relação a Brasília.

A mudança não agradou à maioria porque foi feita sem consulta à população. O descontentamento popular foi comprovado em 2010, quando os eleitores do Acre participaram de um referendo sobre o tema.

O resultado mostrou que 39,2% dos eleitores queriam o retorno à hora antiga, enquanto 29,7% eram favoráveis à manutenção do fuso horário em vigor.

É uma derrota do governador do Acre, Tião Viana, que trabalhou fervorosamente pela mudança, fazendo lobby para a Rede Globo.

Em junho de 2008, quando Tião Viana promoveu a mudança do fuso horário, o marqueteiro dele, Gilberto Braga, da agência Companhia de Selva, declarou:

- Quem quer plebiscito para mudança do fuso horário terá que passar mais 95 anos esperando. Foi esse o tempo que o horário passou errado. Isso é democracia.

A proposta foi aprovada antes pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), tendo como relatores os senadores Anibal Diniz (PT-AC) e Sérgio Petecão (PMN-AC), respectivamente. O Senado faz prevalecer a democracia em relação à polêmica.

Viagra brasileiro e peruano

De ervas, o brasileiro custa R$ 10,00 e o peruano RS 18,00 no mercado de Rio Branco. Não comprei nem estou a vender.

Thalis Barduzzi

Após quase 15 anos, reencontro Thalis Barduzzi. Paranaense, chegou ao Acre com 14 anos, quando os pais dele adquiriram uma vasta propriedade de terra em Boca do Acre (AM). Empresário, vive atualmente em Camboriú (SC). Não perde o espírito aventureiro e veio numa van para rever amigos. Personagem marcante e muito querida nas agitadas décadas acreanas dos 1980 e 1990.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Na terra de Marina Silva, PSB apoia reeleição de governador do PT

A filiação de Marina Silva ao PSB foi recebida com euforia pela direção do partido no Acre, terra onde nasceu a ex-senadora. O presidente regional do PSB, Gabriel Gelpke Maia, que é 2º suplente do senador Jorge Viana (PT-AC), disse que pretende consolidar um palanque "muito forte" para Eduardo Campos e Marina no Estado.

- Sempre nutrimos por Marina um profundo carinho e admiração, apoiamos desde o início sua bela trajetória política tanto no Acre - escreveu Gabriel Maia em carta de apoio enviada à direção nacional do PSB.

O partido integra a coligação Frente Popular do Acre, responsável por quatro mandatos consecutivos do PT no governo estadual.  O presidente do PSB, que ocupa o cargo de diretor administrativo e financeiro do Detran, disse que o partido vai continuar apoiando o PT no plano estadual.

- Teremos um palanque para Eduardo e Marina e, até que haja uma decisão diferente, permaneceremos na coligação Frente Popular do Acre defendendo a candidatura à reeleição do governador Tião Viana, que é do PT. Mas a nossa prioridade é fazer no Acre um palanque muito forte para Eduardo e Marina - acrescentou.

Um articulador da Rede Sustentabilidade ponderou que as costuras políticas nos estados serão avaliadas com cautela, mas, no caso do Acre, com lupa. Nas eleições de 2010, quando concorreu a Presidência pelo PV,  Marina Silva foi muito hostilizada pelo PT durante a campanha no Acre. Apesar das pressões, a máquina estadual petista não demonstrou a força pretendida junto ao eleitorado.

No primeiro turno, o tucano José Serra foi o mais votado com 180 mil (52,12%) dos 470 mil votos no Estado. Dilma Roussef (82,7 mil votos) e Marina Silva (81,1 mil votos) ficaram praticamente empatadas. No Acre, Serra (69,67%) venceu Dilma (30,33%) no segundo turno eleitoral.

O presidente do PSB no Acre, que ocupa a diretoria administrativa e financeira do Detran, espera que o PT não volte a fazer campanha contra Marina Silva caso ela seja candidata à Presidência.

- Nós não vamos permitir esse tipo de pressão. Isso não vai acontecer de forma alguma, seja Marina Silva ou Eduardo Campos o candidato porque nós respeitamos nossos aliados, da mesma forma que esperamos respeito para com o nosso partido. A candidatura do Eduardo e da Marina é nossa prioridade.

O vice-govenador do Acre, César Messias, que se filiou recentemente ao PSB, vai disputar uma cadeira de deputado federal.

Na semana passada, quando o Tribunal Superior Eleitoral negou o registro da Rede Sustentabilidade, o senador Jorge Viana lamentou a decisão durante pronunciamento. Porém, o senador não se manifestou sobre a decisão de Marina Silva de se filiar ao PSB. Limitou-se a reproduzir uma notícia na página dele em rede social. Marina foi a responsável pela adesão de Viana ao PT no final dos 1990.

Mensagem do PSB do Acre

"Aos membros da Executiva Nacional e a companheira Marina Silva;

Em nome de todas as companheiras e companheiros do PSB acreano, venho por meio deste dizer do quanto estamos felizes e orgulhosos em receber a querida e combativa companheira Marina Silva, acreana que orgulha a todos nós que lutamos por um País mais desenvolvido e uma sociedade com justiça social e sustentabilidade ambiental!

Sempre nutrimos por Marina um profundo carinho e admiração, apoiamos desde o início sua bela trajetória política tanto no Acre quanto no Brasil; e hoje é uma honra tê-la em nossos quadros, pois sabemos da importância que sua liderança, juntamente com a do nosso Presidente Eduardo Campos, pode fazer em benefício da construção de um novo Brasil, onde possamos efetivamente melhorar a qualidade de vida daqueles que mais sofrem nos rincões deste País, seja do sertão do nordeste aos rios da Amazônia!

Marina Silva seja muito bem vinda ao nosso Partido Socialista Brasileiro, que Deus possa iluminar seus caminhos e estamos de braços abertos para recebê-la no Acre com a mesma alegria e determinação que sempre marcou nossa trajetória!

Nós podemos fazer mais, fazer melhor e fazer diferente!

Viva o Partido Socialista Brasileiro!

Gabriel Maia
Presidente Estadual do PSB-Acre"