sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

AMERICAN GEOPHYSICAL UNION

Artigo trata do uso do Google Earth
para localizar geoglifos na Amazonia



Muita gente acessa este blog por causa do enorme conteúdo disponível sobre os geoglifos do Acre. Aqui vai uma dica: no site da American Geophysical Union está disponível o artigo "Internet Software Programs Aid in Search for Amazonian Geoglyphs", assinado pelos pesquisadores Alceu Ranzi, Foster Brown e Roberto Feres.

O artigo trata do uso do Google Earth como ferramenta para localizar geoglifos em áreas da Amazônia. Compara o custo de alugar avião, horas de vôo, combustível e fotógrafo com a facilidade do uso do Google.

Para quem gosta de navegar no Google Earth, aqui estão mais algumas coordenadas a partir das quais se pode apreciar a beleza de nossos geoglifos.

10° 15' 54" S 67° 41' 51" W - Círculo, Fazenda Nictheroy, Quinari

10° 15' 38" S 67° 41' 05" W - Circulo, Fazenda Nictheroy, Quinari

10° 15' 28" S 67° 40' 46" W - Um polígono em D, Fazenda Nictheroy, Quinari


10° 17' 47" S 67° 39' 01" W - Circulo, Fazenda Nictheroy, Quinari


10° 17' 43" S 67° 39' 09" W - Quadrado, Fazenda Noctheroy, Quinari


10° 11' 28" S 67° 43' 19" W - Complexo (circulo, quadrados e polígonos) da Fazenda Missões, Quinari

BELO LARANJA


A política e a imprensa seguem o velho script - aquele do toma lá, dá cá. O ex-governador Jorge Viana visitou ontem o jornalista Sílvio Martinello, sócio da família do ex-governador Flaviano Melo (PMDB) no jornal A Gazeta. Reparem a cor laranja da parede ao fundo. Como bom camaleão que é, Martinello tratou de substituir o azulão do MDA (Movimento Democrático do Acre) pela cor que marca o modo petista de governar o Acre. Quem poderia imaginar que ambos pudessem fazer mimos um ao outro após aquela carta aberta do jornalista contra o então governador e sua família? Em breve vou reproduzir a carta e contar um episódio muito interessante do qual participei com vários colegas.

VOZES "APAGADAS"

Arison Jardim


Para entrar no jornalismo de cabeça, de coração, é necessário paixão, ética e inteligência, como em tudo no mundo. Paixão para nunca se cansar de tal fardo; ética para jamais repassar o erro, que sempre destroça e atrapalha os caminhos; a inteligência, para não perder a paixão e a ética.

No Acre, as instituições que mais empregam, que mais controlam –o narcotráfico não pode ser considerado oficial-, são os governos estadual e municipal. O controle ideológico é o maior, mas há o controle mais comum, a censura, o não “falar mal”. Isso para um jornalista é o pior dos castigos, contrariar a ética, ter sua inteligência posta de lado, a paixão se esvai".

Clique aqui para ler a íntegra do artigo "Imprensa de oposição, Acre: Vozes "apagadas", de Arison Jardim, estudante do primeiro ano de jornalismo da Universidade Federal do Acre. Ele escreve também no blog Fora.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

GEORGIA ON MY MIND

Para Leila Jalul

IZAURA MAIA ESCLARECE

A presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargadora Izaura Maia, leu o post "A serventia da justiça" e determinou à sua assessoria de imprensa os esclarecimentos a seguir:

1. O edifício Pe. André Ficareli é cedido ao Judiciário pelo Executivo, sem ônus, assim como o anexo do Tribunal de Justiça;

2. No início da gestão da desembargadora Izaura Maia foi elaborado um relatório sobre a situação dos imóveis do Judiciário, mas o edifício Pe. André Ficareli não foi incluído porque as serventias extra-judiciais estão em processo de privatização e por isso o mesmo não poderia ser reformado porque, após a saída dos cartórios, outra unidade funcionará no local e demandará adaptações específicas;

3. O prédio onde funciona a atual sede do Tribunal de Justiça do Acre está alugado desde 2002 junto à Imobiliária Fortaleza, que administra o imóvel; a sede do Judiciário permanencerá nele até o término da obra do novo prédio, no novo Centro Administrativo de Rio Branco.

Meu comentário: a desembargadora Izaura Maia herdou do pai, o saudoso jornalista e advogado Aloísio Maia, a humildade e o amor pelo Acre. Costuma comportar-se de modo tão simples e espontâneo que ontem chegou a ser barrada ao tentar acessar a área reservada às autoridades no estádio Arena da Floresta, onde o Rio Branco enfrentou o Botafogo. Enquanto isso, a engenheira Dolores Nietto, companheira do ex-governador Jorge Viana, chegava ao estádio com batedores. A torcida imaginava que era o governador Binho Marques (PT), que chegou a pé cinco minutos depois. Coisas do Acre. A diretora do presídio, por exemplo, tirou férias antes de completar um ano de trabalho. Como diz o "filósofo" Moleza, no Acre só falta chover cocô.

JORGE VIANA NA ARENA


Charge do Dim, raptada do Blog do Edvaldo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A SERVENTIA DA JUSTIÇA


Causa asco as condições do prédio Pe. André Ficareli, no centro de Rio Branco, onde funciona a Serventia de Registro de Imóveis, mantida pelo Tribunal de Justiça do Acre.

O prédio de dois andares, construído há 47 anos, pertenceu ao desembargador aposentado Jersey Pacheco Nunes. Está alugado ou cedido ao Judiciário desde quando Pacheco presidia o Tribunal. Saiba mais a respeito do desembargador na revista Época.

As condições do imóvel provam que as instituições públicas são tão infratoras quanto a sociedade que financia as mesmas instituições com o pagamento de impostos.

O prédio com certeza já teria sido embargado caso pertencesse a alguém de pouca influência, visto que não resistiria à vistoria da Defesa Civil ou do Corpo de Bombeiros, porque não dispõe de qualquer estrutura que contribua para proteger vidas em caso de acidente.

As paredes estão carcomidas pela umidade decorrente das infiltrações, servidores convivem com a infestação de ratos e baratas e, sob um calor infernal de 40 graus, usam papelão para tapar os buracos que se formam no piso enquanto dão conta de atender diariamente centenas de pessoas.

A maioria dos documentos e livros antigos, onde estão assentados registros dos imóveis de Rio Branco, está amontoada no chão. É preciso ter noções de alpinismo para transpor a montanhosa bagunça e conferir algum papel. Além de ratos e baratas, o ambiente é dominado por infiltrações nas paredes e goteiras.

Há pelo menos vinte anos não entrava naquele prédio, mas tive que acompanhar minha irmã, que foi receber uma certidão de registro de imóvel pela qual pagou quase R$ 500,00. A sociedade paga caro por um serviço cuja serventia da arrecadação é a de inflar as contas de alguns privilegiados.

Na verdade existe no Acre uma verdadeira "indústria" de locação de prédios particulares para o serviço público. Até o prédio onde funciona provisoriamente a sede do Judiciário pertence a outro desembargador, ex-presidente do Tribunal de Justiça.

A serventia do blog é mostrar as fotos abaixo. Clique nas imagens para visualizá-las ampliadas.







TUDO EM CASA


Se o ladrão "invadiu" a própria casa, o deputado... Detalhes no AC 24 Horas.

PROJETO GEOGLIFOS

Alceu Ranzi

Altino

Sob a coordenação da arqueóloga Denise Schaan, em parceria das universidades federais do Pará e Acre, está em andamento, no Acre, o Projeto Geoglifos, aprovado pelo Conselho Nacional de Pesquisas e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com o apoio do Governo do Acre.

Durante os quinze dias que andei no Acre, localizamos algumas maravilhas:

1. Geoglifo Bimbarra, a apenas 1000 metros da sede da prefeitura de Capixaba - um círculo com meia lua interna, nas coordenadas 10°34'08" S 67° 40' 00" W , que apresenta grande potencial turístico pela proximidade da cidade.

2. Geoglifo Hortigranjeira, um geoglifo complexo, com dois circulos,linhas paralelas e outras estruturas, nos fundos da Cidade Hortigranjeira, a 5000 metros do Asfalto no Ramal Sementeira, nas coordenadas 10° 27' 58" S 67° 44' 25" W , também em Capixaba.

3. Geoglifo Gavião, de estruturas complexas, circulos, quadrados e linhas (estava chovendo muito no campo, melhor esperar as fotos aéreas), nas coordenadas 10° 31' 34" S 67° 37' 59" W (Capixaba).

4. Geoglifo Fazenda Crixá, também de estruturas complexas, circulos, linhas, quadrados e polígonos, coordenadas: 10° 35' 43" S 67° 41' 09" W (Capixaba).

5. Outro, um pouco mais antigo, mas pouco divulgado, é Geoglifo Tequinho, de estruturas complexas, tendendo para os retângulos, uma maravilha. Esse geoglifo foi visualizado de avião e no mesmo dia voltamos e pousamos de helicóptero com o Charles Mann. Está nas coordenadas: 09° 53' 50" S 67° 25' 20" W , no ramal do Pelé, Perto da Vila Pia, na BR-317.

Alceu Ranzi é paleontólogo. A maioria dos geoglifos do Acre pode ser visualizada a partir do Google Earth.

FOME ZERO


Foto enviada de Cruzeiro do Sul por Jonas Amado Araújo com a seguinte indagação:

- Será que a carne é tão lucrativa ou é mesmo difícil encontrá-la no mercado cruzeirense?

Minhas resposta: o proprietário faria melhor negócio se decidisse trocar o carro por alguma das farinhas da cidade.

PRESÍDIO PREOCUPA JUDICIÁRIO

Tribunal de Justiça quer providências imediatas


A
situação dos 1.750 detentos da penitenciária Francisco de Oliveira Conde, de Rio Branco, começou a ser levantada pela desembargadora Eva Evangelista, corregedora geral da Justiça, e a juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi, da Vara de Execuções Penais. Ambas prometem uma série de audiências com os presidiários e o envio de um relatório solicitando providências ao Conselho Nacional de Justiça.

A desembargadora liderou ontem uma "visita-surpresa" de autoridades do Judiciário e do Ministério Público ao complexo penitenciário.
Ao percorrer os corredores dos 13 pavilhões, a comitiva ouvia os presidiários gritando os números de processos com penas vencidas.

Existe ainda o problema da concessão de benefícios de progressão de pena previstos em lei, como regime semi-aberto, aberto e livramento condicional. Presos reclamam que, apesar de terem direito a esses benefícios, não estão sendo contemplados.

O que se pode deduzir das entrelinhas do relato oficial da visita da comitiva, disponível no site do Tribunal de Justiça, é que, hoje ou amanhã, a desembargadora e a juíza deverão anunciar medidas que deverão começar a mudar o funcionamento do presídio.

A comitiva constatou a falta de médico para atendimento dos supostos reeducandos. A juíza Maha Kouzi disse que as reivindicações dos presos serão analisadas e respondidas no prazo de 48 horas.

- Estamos aqui para ouvir as reivindicações dos reeducandos e vamos estudar cada caso - afirmou.

A decisão do Judiciário vem em boa hora e deve surpreender o Executivo, que administra o presídio. Muito tempo foi perdido nos últimos dias na discussão se estava sendo exigido ou não atestado de bons antecedentes aos visitantes do presídio.

Mas é certo que todos os membros da comitiva que fez a "visita-surpresa" têm bons antecedentes e podem colaborar para mudar a realidade daquele ambiente onde quase ninguém é reeducado.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

MEDE MARIA

Eis a força da literatura do amazonense Márcio Souza, autor de Mad Maria.

O ACREANO DIANTE DO MAPA DOIDO

Oswaldo Sevá


Se vivo fosse, o genial Stanislaw Ponte Preta estaria verificando que o seu "samba do crioulo doido", aquele que fez uma sonora salada das celebridades de nossa história oficial, se desdobra e se recria de modo enciclopédico no Brasil do século 21. Dentre seus legítimos rebentos, o "mapa doido do acreano" é o embrião de uma nova ciência geográfica, hidrológica e geológica, que está sendo gestada neste interior do continente. Relembremos os “cases” da hora:

1. Na larga franja ocidental da maior rede de rios da América, fica a região desmatada da forquilha BR-364/BR-317, da qual somente restam as fotos de como era a floresta quase contínua. Todos sabem que aqui o vento das camadas altas da atmosfera, aquele que deveria diluir a densa fumaça das queimadas, é um vento que faz a curva. Precavido esse vento, porque pressente a muralha gélida dos picos andinos e resolve mudar de rota antes que seja forçado. Ou será malandragem, para arrastar a poluição do ar bem pra longe de onde ela foi produzida e assim, enganar as fotos de satélite?

2. Nas pontas dessas duas rodovias, aos pouquinhos estão concretizando ligações por estradas trafegáveis com os Andes peruanos, via Puerto Maldonado, e, futuramente, via Puccalpa. De lá, se sobe mais de quatro mil metros até o altiplano, de onde se pode descer até o Oceano Pacifico. O Acre fica mais próximo do Pacífico do que o Atlântico. Isso ninguém revoga.

Mas daí a denominar uma dessas rodovias de Transoceânica, é porque o geógrafo ficou mesmo doido. Por exemplo, a famosa ferrovia Transiberiana atravessa a Sibéria toda, até a beira do Pacifico. Outro: o Titanic, que afundou antes de se tornar um verdadeiro navio transatlântico, foi feito para cruzar o Atlântico. Trans quer dizer que cruza, não é? Transgênico é cruzamento de genes, né Altino? Agora, se a rodovia existente ou apenas sonhada liga no mapa o litoral de um oceano com o litoral de outro oceano, é uma rodovia interoceânica, que vai por terra. Aliás, se ela cruza o continente, aí também pode ser chamada de Transcontinental.

3. Pra aumentar a confusão, tem gente que fala há décadas em “saída para o Pacífico”. Não se sabe bem o que vai sair por essas rodovias, mas é bom lembrar que do lado de lá tem bem mais gente e muito mais mercadorias. É mais fácil eles entrarem com as coisas deles do que a gente sair com as nossas.

4. Outra coisa é o projeto de barrar o rio Madeira, maior afluente do Amazonas, formado por grandes chuvas, mas também pelo degelo da neve e dos lagos andinos. É outro desafio científico essa geografia do Ibama: para obter a Licença Ambiental, basta dizer que os efeitos terminam ali pela balsa de Abunã, que não afetam em nada a Fortaleza do Abunã - então, por que foram lá fazer proselitismo?

Assim sendo, as águas represadas ou os “impactos” jamais atingiriam a Bolívia, nem teriam qualquer conseqüência nos rios Beni, Madre de Diós, Mamoré. Outro dia, o governador do Acre esteve com o presidente no Planalto, e disse que pediu uma parte dos “lucros das usinas do rio Madeira” como compensação por impactos ambientais das obras nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia.

Estranha essa hidrologia, em que o país bem pertinho (de Rondônia, onde serão feitas as obras) e que fica rio acima, não é atingido, enquanto sofrem impactos os dois estados vizinhos - Amazonas e Acre, cujas terras não são sequer banhadas pelo rio Madeira.

Agora, se vai afetar alguma coisa no Acre é porque o rio Abunã banha terras acreanas. Mas do lado de lá é a Bolívia. Tem que perguntar ao barranqueiro ali da cidade de Plácido de Castro: como que algo que atinge aqui não atinge logo ali?

Só se for aquele fogaréu do shopping sobre palafitas de Montevideo. Pegou fogo lá e o fogo não atravessou o rio Abunã. Mas pode deixar que quando tiver resto de petróleo derramado boiando, o fogo atravessa.

5. Isso faz lembrar outro campo fértil para a doidice geográfica, o qual foi incubado naquele evento organizado em Rio Branco pelos dominantes da política local, em abril de 2007. O pessoal interessado e mais os fascinados pelo ouro negro foram convocados para assistir a um seminário sobre a “prospecção de derivados de petróleo” sob o solo acreano.

Tá certo: por cima a geografia é diferente porque o subsolo é diferente. Ao invés de se extrair petróleo e gás como em outros locais mundo afora, no Acre parece que já tem gasolina, gás de botijão, óleo diesel, e até querosene pra turbina de avião, tudo pronto. É só furar no lugar certo e encher o tanque.

Oswaldo Sevá é professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. Enviou o texto com a seguinte mensagem: "Faz tempo que abro, a cada semana, às vezes mais, o seu blog e me delicio ou me assusto com as coisas da terra. Quase sempre dá vontade de comentar alguma coisa ou de voltar a escrever. Só que o único rato que a montanha pariu foi uma coisa meio professoral puxando a orelha de quem inventa geografias e geologias. Grande abraço e parabéns pelo neto. Minha filha e meus dois filhos, inclusive o acreano trânsfuga, são flamenguistas desde pequenininhos". Clique aqui para conhecer o "sítio do Tio Sevá".

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

PASTA BÁSICA


Governador Binho Marques (PT) durante reunião do presidente Lula com ministros, governadores e prefeitos para discutir o programa Luz Para Todos. Destaque para a pasta dele, com a indefectível árvore que simboliza o "governo da floresta".

REVISTA DE HISTÓRIA

"Salve, Altino!

Espero que se lembre de mim: nos "conhecemos" (ó, mundo virtual) quando eu trabalhava no site O Eco.

Agora sou editor assistente da Revista de História da Biblioteca Nacional. Em busca de pautas na distante região norte (quase sempre fora dos míopes olhos da "grande" mídia), lembrei do seu persistente e eficiente trabalho aí.

Escrevo pra retomar o contato e dizer que a Revista está à disposição de (mais do que isto: ansiosamente anseia por) novidades aí do seu rincão. Patrimônios em perigo, figuraças ocultas, boas idéias e projetos, cultura revisitada ou redescoberta, pesquisas científicas, enfim, tudo o que possa nos renovar diante de nossa própria história!

É isso, fique com meu forte abraço e efusivos parabéns pelo sucesso do blog,

Lorenzo Aldé
editor assistente"

Grande Aldé! Claro que lembro. Vamos ver o que os leitores do blog são capazes de sugerir como pauta sobre a região Norte. Quem aceitar o desafio, clique aqui para escrever ao editor.

POBRES MENINOS RICOS

Kemis Viana

Nesta vida, há uma meia dúzia de coisas que já jurei a mim mesmo que vou parar de fazer, mas não consigo. Tomar Coca-cola, fazer fezinha na Megasena, acreditar em vendedora que diz: "ficou ótimo em você", e por aí vai. Mas acho que uma coisa eu não faço mais. Assistir ao Oscar.

Acompanhei pela metade a premiação de ontem, e confesso que não perdi (e nem ganhei) nada. Longe de qualquer revolta, mas eu penso que o caso é um pouco perturbador. Parece que o cinema perdeu sua inspiração, pelo menos nos filmes do circuito Hollywood, que no último caso, são os que nós mais consumimos.

Já faz algum tempo que venho sofrendo de uma enorme falta de entusiasmo em alugar ou baixar filmes, algo que sempre esteve na ordem do dia do meu fim de semana. É triste, mas não se encontra nada que valha a pena ser visto, nem nas prateleiras nem nos sites de download.

E para celebrar esta ausência crônica de criatividade, anualmente o mundo assiste a este evento sultuoso e cheio de spots e badalação que, na minha hulmilde opinião, somente tem servido para reafirmar uma incômoda suspeita sobre nossos brothers ianques: os EUA já não têm mais dúvida, eles juram que são o umbigo do mundo, quiçá do universo inteiro.

Para eles, futebol é aquele negócio que junta duas dezenas de brutamontes se espancando atrás de uma melancia ao longo de 120 jardas. O nosso futebol, aquele da ginga no pé, eles chamam de soccer, e não se fala mais nisso. Assim como eles consideram o time de basquete que ganha a NBA como o campeão mundial, já que para eles não existe no planeta quem jogue basquete melhor ou comparável ao deles.

Enfim, para mim, o Oscar entrou para o hall daquelas coisas que só servem para inglês, ou melhor, para americano ver. A Academia, conhecida por seus casos de corrupção e suborno, relatados inclusive em alguns filmes, adora rasgar seda e premiar as grandes produções de Hollywood, por mais bobas ou desconexas que possam parecer, sobretudo quando o tema envolve ratos, galinhas, periquitos e toda sorte de animal, sem incluir o diretor.

A cerimônia ano após ano, vem repetindo seu pobre e manjado espetáculo de caras e bocas de atores, que como bons fingidores, fingem até ser dor a grande surpresa após ouvirem seus nomes sendo anunciados depois do dizer que já virou jargão: "The Oscar goes to...". Como se alguém ainda acreditasse.

Mas para não entrar em terreno perigoso, e evitar de ser confundido com o típico exemplar de revolucionário cubano, só preciso dizer que essa onda de Oscar é mais jogo de cena mesmo. É moda, como calçar um Nike, quando um All Star resolve.

Não me baseio em Oscar para escolher um bom filme faz tempo, até porque, o que de muito bom pode-se esperar de uma produção cultural produzida e distribuída por um país que tem como líder um cara unanimemente reconhecido ao redor de todo o globo como uma legítima besta quadrada? God bless America! Afinal, ela está precisando.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

PARABÉNS, SAMUEL


Samuel Machado Campos, filho do Beto e da Jael. Aos cinco anos de idade, o único defeito do meu neto é ser flamenguista.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

LULA DEFENDE GADO E SOJA NA AMAZÔNA

“Posso dizer que não há possibilidade de um cidadão brasileiro dizer em qualquer lugar do mundo que é preciso derrubar um pé de árvore na Amazônia para criar uma cabeça de gado ou plantar um pé de cana ou oleaginosa”

Em meio à crise provocada pelos desmatamentos na Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da pecuária, da soja e do modelo chinês de desenvolvimento. Ao falar no Fórum Global de Legisladores G8 + 5, em Brasília, que reúne parlamentares ligados ao debate ambiental de 13 países no Palácio do Itamaraty, Lula disse que muitas vezes a floresta amazônica está sendo derrubada por pequenos agricultores. “Me incomoda muito, ministra Marina (Silva), quando viajo o mundo e alguém vem dizer: ‘Mas derrubou uma árvore na Amazônia’”, relatou. “Entendemos muitas vezes que tem o desmatamento criminoso, que o governo está tomando medidas duras para coibir, mas tem o causado pelo pequeno produtor, que temos de dar alternativas econômicas.”

Dados do Inpe divulgados no mês passado mostram que os maiores índices de destruição da Amazônia ocorreram em Mato Grosso, estado em que as propriedades são extensas e os plantios de grãos, dos grandes proprietários, avançam rumo ao extremo norte, à selva amazônica. A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, responsabilizou, dia 23 de janeiro, o avanço do gado e as plantações de soja pela derrubada de 3.233km2 de floresta nos últimos cinco meses do ano passado. Os números do instituto causaram controvérsias e foram colocados em dúvida pelo governador mato-grossense e um dos maiores produtores de soja do mundo, Blairo Maggi.

Lula, ontem, rebateu críticas externas de que a produção de alimentos e matérias-primas para o biocombustível é responsável pelo aumento do desmatamento. “Posso dizer que não há possibilidade de um cidadão brasileiro dizer em qualquer lugar do mundo que é preciso derrubar um pé de árvore na Amazônia para criar uma cabeça de gado ou plantar um pé de cana ou oleaginosa”, disse o presidente de forma enfática. “As terras brasileiras, fora a Amazônia, são suficientes para atender a uma parte do mundo, nos alimentos, e a uma parte das necessidades nos biocombustíveis.”

Nas estimativas do IBGE citadas pelo presidente, as plantações “anuais” de milho e soja ocupam 49 milhões de hectares, 6% do território nacional, e podem ser expandidas para uma área degradada de 60 milhões de hectares, sem atingir a floresta amazônica, que totaliza 360 milhões de hectares, isto é, 42% das terras brasileiras. Diante de representantes dos oito países mais ricos e da China, Índia, México e África do Sul, Lula aproveitou para defender que os ricos banquem a preservação da Amazônia, com o repasse de US$1 bilhão por ano para ações de combate ao desmatamento da floresta. No discurso, ele disse que é uma “desfaçatez” países ricos não cumprirem acordos internacionais e, ao mesmo tempo, culparem o Brasil, a China e a Índia pelo aquecimento global.

Está claro que nosso presidente popular tem consultado demais seus companheiros do governo da floresta, no Acre. A notícia da Agência Estado foi publicada na sexta-feira, no Correio da Bahia.

UIRAPURU

No espetáculo "Lendas Indígenas e Músicas Afro-brasileiras para canto e piano", Carlos Vitorino e Vagner Rosafa interpretam a composição do paraense Waldemar Henrique sobre a lenda indígena amazônica do pássaro encantado.



Para mais áudio, fotos e historias sobre o uirapuru neste blog, clique aqui.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

MÚSICA DA MINHA GENTE


O publicitário Gilberto Ávila sugere aos leitores visita ao Música da Minha Gente, um blog coletivo de amigos dele em Goiânia.

- Tem um monte de disco completo de música brasileira, samba, choro, até blues. A turma está sempre publicando coisa nova, especialmente discos que a gente não encontra mais em lugar nenhum para comprar. Achei até um disco do Mussum - diz Ávila.

A MARCA DA MALDADE

O film noir de Orson Welles é um retrato excepcional da corrupção e obsessões morais, estrelado por Welles como Hank Quinlan, um chefe de polícia desonesto que arma uma cilada para um jovem mexicano como parte de uma intricada trama criminosa. Charlton Heston é um honrado investigador mexicano de narcóticos que se choca com o intolerante Quinlan após investigar seu condenável passado.

Sábado, a partir das 19 horas, no auditório da biblioteca Marina Silva, no Parque da Maternidade, em frente à concha acústica Jorge Nazaré. Programação do Clube de Cinema do Acre.

O FUTURO DA ELETROACRE

João Maurício Rosa

O presidente Lula e o governador Binho Marques (PT) reunem-se na próxima segunda-feira, em Brasília, para decidirem o futuro da Companhia de Eletricidade do Estado do Acre (Eletroacre). A informação foi prestada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), durante a abertura dos trabalhos da Assembléia Legislativa daquele Estado, dia 12 de fevereiro. A notícia está em todos os jornais e sites piauienses, exceto a data do encontro, obtida pelo Comando Nacional dos Eletricitários (CNE), sediado em Brasília.

Segundo o governador do Piauí, o encontro com Lula vai reunir os governadores de todos os Estados que possuem empresas distribuidoras de energia federalizadas como a Eletroacre: Alagoas (Ceal), Piauí (Cepisa), Amazonas (Ceam) e Rondônia (Ceron).

A pauta da reunião será a definição de três alternativas para a mudança destas empresas: sua extinção e incorporação à Eletrobrás através de um departamento centralizado em Brasília; a recompra destas empresas pelos respectivos estados ou a privatização.

Dias disse que obteve a informação em reunião com o presidente Lula e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. A notícia causou apreensão entre os eletricitários dos Estados envolvidos e o comando nacional dos Eletricitários já está mobilizando os sindicatos filiados. O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Acre, Marcelo Jucá, informou que a mobilização visa pressionar os parlamentares estaduais e as bancadas federais para que tomem uma posição.

- Nós estamos lutando contra a privatização desde o governo de Orleir Cameli que vendeu a Eletroacre a preço simbólico para a Eletrobrás. De lá pra cá conseguimos evitar que fosse vendida, mas a empresa continua Plano Nacional de Desestatização - informa Jucá.

Os eletricitários argumentam que uma eventual privatização da empresa acarretaria em aumento de tarifas atingindo principalmente as famílias baixa renda e os municípios que têm arrecadação inferior ao custo da distribuição e, portanto, causam prejuízos.

- Além disso, o programa Luz para Todos corre sério risco de não ser concluído porque é sabidamente deficitário. As empresas privadas não têm nenhum compromisso com a responsabilidade social”, afirma Jucá.

ÚLTIMA CEIA

Francisco Dandão



Extenuado
sob a mesa
o teu sexo
é sobremesa!

Arreganhado
sobre a mesa
o teu gesto
é única certeza!

A fúria e a fome
sobram à mesa.

Restam na toalha
os farelos e a dor!

Do jornalista e escritor acreano Francisco de Moura Pinheiro, autor de "A arte do chute na rede do improvável" e de "Verdades Absolutas e outras mentiras". Leia mais no website do Dandão. Clique aqui.

ESTRADA SUSPEITA NA FRONTEIRA

O Ministério Público Federal (MPF) no Acre recomendou à prefeitura de Assis Brasil e ao Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Acre (Deracre) para que, num prazo de 60 dias, realizem a demolição de uma via alternativa ao acesso oficial construído na fronteira do Brasil com o Peru, entre os municípios de Assis Brasil, no Acre, e Iñapari, no território peruano. A fronteira fica a 330 km da capital do Acre, Rio Branco.

A representação que noticiou a existência da obra foi encaminhada ao MPF pela Delegacia da Receita Federal com o argumento de que a existência da estrada faz com que pessoas possam transitar entre os dois países desviando-se dos órgãos de fiscalização instalados na região.

Ao ser questionada sobre a existência da obra, a prefeitura de Assis Brasil alegou que a via construída encurtaria em dois quilômetros o caminho percorrido por pedestres que circulam entre as duas localidades, além de informar que a obra foi realizada com recursos estaduais e municipais e planejada para não permitir acesso a veículos automotores.

Apesar da justificativa da municipalidade, a obra foi construída em faixa de fronteira, uma linha imaginária de 150 km de largura, paralela à linha divisória do território nacional, e, por este motivo, deveria ter assentimento prévio dos órgãos competentes da União.

O texto da recomendação, assinada pelo procurador da República Paulo Henrique Ferreira Brito, assinala que a segurança nacional tem valor supremo e é expressamente resguardada pela Constituição Federal, sobrepondo-se assim, a alguns outros aspectos que possam ser levados em conta no caso.

- O desvio dos postos de fiscalização pode facilitar a prática de diversas modalidades de crimes, como o contrabando, tráfico ilegal de armas, pessoas, lavagem de dinheiro e outros - ressaltou o procurador.

Cópias da recomendação também foram encaminhadas ao Comando de Fronteira do Exército no Acre e à Superintendência da Polícia Federal para que realizem fiscalizações na região, garantindo a segurança da faixa e coibindo a prática de crimes comuns em zonas fronteiriças.

A recomendação também alerta para que o material resultante da demolição seja aproveitado na medida do possível em outras obras de origem lícita, ou que seja encaminhado a instituição beneficente que possa aproveitá-lo.

DEU NO BLOG DO TIÃO

"A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal começa a discutir as Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) que alteram as regras para a substituição de senador titular por suplente.

Entre as propostas, destacam-se a PEC 18/07, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), que propõe que cada partido apresente dois suplentes para cada candidato a senador, mas somente um será eleito.

A proposta determina, ainda, que o suplente assuma em licenças superiores a 120 dias, mas estabelece nova eleição caso haja vacância faltando menos do que esse período para o fim do mandato".

Meu comentário: caso a proposta estivesse em vigor, os eleitores da senadora Marina Silva (PT-AC) não teriam que suportar o desempenho atabalhoado do suplente Sibá Machado (PT-AC).

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

BINHO, JORGE E LULA

Tião Viana não comparece à reunião


O senador Tião Viana (PT) não compareceu à audiência do governador Binho Marques (PT) com o presidente Luis Inácio Lula da Silva, da qual participou o presidente do Conselho de Administração da Helibras e do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre, o ex-governador Jorge Viana. O senador Sibá Machado (PT) também não participou da reunião.

Marques fez um relato das obras do PAC no Estado e assinalou a importância do apoio do Governo Federal para o asfaltamento da BR-364, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, até 2010, além da garantia de participação direta do Estado nos lucros da Hidrelétrica do Madeira, como compensação pelos impactos ambientais que a obra causará aos estados do Acre, Amazonas e Rondônia. O presidente Lula se comprometeu em ajudar para que as duas situações se concretizem.

A ausência do senador na audiência é mais uma evidência da indisposição que existe entre ele e o governador por conta do controle gerencial de várias áreas da administração estadual, especialmente da saúde. Ninguém é capaz de mensurar as consequências face o temperamento de ambos. Jorge Viana tem atuado como mediador das diferenças do irmão e de seu sucessor.

Leia mais sobre a reunião no site da estatal Agência de Notícias do Acre.

UMA CRISE DIFÍCIL DE ABAFAR

A indisposição de Tião Viana e Binho Marques

Os esclarecimentos do governo do Acre a respeito das normas de acesso aos presídios soam convincentes, mas podem aumentar a indisposição que já existia entre o senador Tião Viana (PT) e o governador Binho Marques (PT), que exonerou o radialista Washington Aquino, apadrinhado do senador, da direção da Difusora Acreana.


De acordo com a versão do governo, a polêmica sobre o acesso aos presídios nos dias de visita não passa de um grande mal entendido. Em nenhum momento a direção Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) teria adotado qualquer portaria nova que impedisse a visita de pessoas com antecedentes criminais a familiares que cumprem pena em qualquer unidade do sistema.

O decreto governamental 7.880, que regulamenta as visitas e o sistema de funcionamento dos presídios, é de maio de 2003, assinado pelo então governador Jorge Viana. O atestado de antecedentes exigido serve apenas para identificar melhor o visitante, de forma que a direção do presídio dedique a atenção adequada a cada pessoa.

Segundo o governo, ao contrário do que foi divulgado pelo radialista, o procedimento para a obtenção da carteira de visitante ficou muito mais fácil do que era no passado.

- Nunca houve carteira de visita recusada por antecedentes criminais. O que ocorre é que temos um grande número de pessoas com carteiras de visitante que precisam ser renovadas de acordo com o novo modelo exigido pelo sistema único de cadastro, que reúne as informações de todas as penitenciárias do Brasil - afirmou Laura Okamura.

Exoneração
No programa de maior audiência do rádio acreano, Aquino acusou a diretora do Iapen, Laura Okamura, de impedir que pessoas com antecedentes criminais visitassem os presidiários.

- O governo reconhece o bom trabalho que você vem realizando, mas os seus comentários estão desestabilizando a equipe de governo. Entre a equipe e você, eu fico com a equipe - teria afirmado o governador, de acordo com a versão do radialista, ao ser comunicado da exoneração.

- Nós vamos vencer mais essa - disse o senador ao telefonar para manifestar solidariedade ao radialista, que se valeu de seu programa numa emissora de TV onde Tião Viana é muito influente, para dizer que é mais conhecido no Acre que o governador.

Um petista que sofre com a situação, pois é ligado ao governador e ao senador, considera lamentável que, mesmo diante dos esclarecimentos, a maldade da imprensa sobre a polêmica permaneça com a mesma intensidade.

- Estamos evitando polemizar diretamente com pessoas, porque o governo é muito maior que as pessoas individualmente. Não vale a pena polemizar de forma particular, quando tudo o que queremos é que a sociedade esteja tranquila, porque as pessoas que estão à frente dos setores mais complexos do governo são maduras, responsáveis e preocupadas em fazer sempre o melhor para a sociedade - disse.

HELICÓPTERO DE GRANDE PORTE


"O presidente do Conselho de Administração da fabricante de helicópteros Helibras, Jorge Viana, afirmou que a implantação de uma linha de produção para o modelo super cougar em Minas Gerais vai atrair para o Brasil montadora de turbinas para aeronaves que deve se instalar no Rio de Janeiro ou em São Paulo. A Helibras, que tem planta em Itajubá, Região Sul de Minas, onde produz o modelo esquilo, já entregou o plano de expansão para o governo federal. Viana, no entanto, acredita que o projeto terá mais chance de ser implementado se a União se comprometer a fechar contrato para compra de aparelhos com a empresa.

“A idéia que se discute com o governo brasileiro é que, ao longo de 10 anos, sejam adquiridos 50 aparelhos”, afirmou Viana. O procedimento é o mesmo já adotado pelos Estados Unidos, em relação à Boeing, e à França, em relação à Airbus. O governo brasileiro também fez o mesmo com a Embraer, a única fabricante de aviões em operação no país. Na hipótese de a empresa de turbinas, que não teve o nome revelado por Viana, se instalar no Brasil, seria a primeira a operar na América Latina".

Articulação
O governador Aécio Neves (PSDB) se reuniu quarta-feira no Palácio das Mangabeiras com o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT), considerado especialista em amarrações para unir os dois partidos na briga por cargos no Executivo. Presidente do conselho de administração da Helibras, Viana revelou o que acredita ser o principal entrave na aproximação entre os dois partidos. “Temos uma espécie de dependência no confronto entre PT e PSDB em São Paulo e isso tem feito mal ao país.”

Leia mais no Estado de Minas.

"CONFESSO QUE SERREI"


O ex-deputado Hildebrando Pascoal escreve no presídio o livro "Calvário", segundo Leonildo Rosas, da coluna Poronga, do jornal Página 20. Ele estaria disposto a contar tudo, incluindo os crimes que cometeu e aqueles sobre os quais alega inocência

Hildebrando, que sonhava governar o Acre, bem poderia intitular as memórias dele de "Confesso que serrei".

Clique aqui e veja o calvário de algumas vítimas do "homem da motossera".

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

MELHORES SALÁRIOS NO JUDICIÁRIO

Estou a folhear o projeto de Lei Complementar que prevê a reforma do Judiciário do Estado Acre. Está disponível desde ontem no site da Assembléia Legislativa, para onde foi encaminhado pela direção do Tribunal de Justiça para aprovação.

O projeto contém tabelas de vencimento para os cargos, o que inclui os cargos comissionados e de natureza especial.


O diretor-geral do Tribunal de Justiça, por exemplo, terá vencimento de R$ 7.390,68 e uma gratificação de desempenho de R$ 6.150,00. Vai ganhar R$ 13.540,68.
Os demais diretores terão R$ 5.912,54 de vencimento, mais R$ 5.600,00 de gratificação.

No geral, os servidores do Judiciário terão um reajuste salarial de 30%, sendo o pagamento da primeira etapa a partir de março deste ano e a segunda em janeiro de 2009.

As despesas decorrentes da aplicação da Lei Complementar correrão à conta de dotação orçamentária própria do Judiciário. Os reajustes não incluem juízes e desembargadores.

Agora, cá pra nós, pense numa imprensinha incompetente. Foi recebida ontem pela direção do Tribunal de Justiça, que passou horas explicando pacientemente o conteúdo da Lei Complementar. Pelo visto, repórteres e editores não entenderam nada. Nenhum veículo de comunicação divulgou algo relevante a respeito da melhoria salarial. Isso me faz adiar a decisão de ir criar galinhas.

Clique nas imagens abaixo para visualizar melhor as tabelas.









Quer saber mais? Clique aqui

MAIS DE 500 MIL ACESSOS

Após quase quatro anos, o blog alcança mais de 500 mil acessos únicos, isto é, alguém pode visitá-lo mais de uma vez durante o dia, mas o contador registra apenas um acesso do IP (protocolo de internet) do computador no período de 24 horas. Na verdade a quantidade de acessos é bem maior porque os computadores de empresas, do governo e até de algumas residências compartilham um mesmo IP.

Nos últimos dois meses, por conta do excesso de notas sobre política, o acesso se manteve acima da média em relação ao mesmo período dos anos anteriores. Esta última semana expressa bem essa tendência. Na quarta-feira foram 697 acessos, quinta (739), sexta (854), sábado (713), domingo (668), segunda (836) e ontem mais 872 acessos.

Não oculto as estatísticas de acesso ao blog. Basta clicar no número que indica a quantidade de visitas no final da coluna, à direita, para constatar. Ou, se preferir, aqui. Agradeço a todos pela leitura e comentários, o que inclui aqueles que não suportam o conteúdo do blog, mas não conseguem ignorá-lo.

Em tempo: o radialista Washington Aquino, exonerado da direção da Voz das Selvas, disse que é mais conhecido no Acre que o governador Binho Marques (PT). Que tal ele se candidatar a governador em 2010? Caso não seja eleito, poderá criar um blog, aqui ou em Mossoró (RN), tanto faz. Será bem-vindo porque o território da blogosfera é livre. Mas fica avisado que não é nada atraente para quem não consegue escrever um bilhete ou está acostumado a ganhar dinheiro fácil. Não é o caso de Aquino, bem entendido.

PEGA NA MENTIRA


Quanta desfaçatez da direção do Banco da Amazônia (Basa) e do jornal Página 20. O banco oferece um café da manhã, batiza como "Rio Acre" o auditório de uma agência em Rio Branco e ambos tentam convencer a opinião pública de que o feito é parte de uma campanha de preservação do manancial.

Ontem, a bobagem resultou na manchete "Banco da Amazônia lança campanha de preservação do Rio Acre". E o presidente do Basa, Abdias José de Sousa Junior, ainda teve coragem de declarar que a instituição, principal agente de fomento da região, luta há anos para a preservação do ecossistema, sobretudo dos mananciais fluviais.

À inverdade, Abdias Junior acrescentou:

- É comum para o banco realizar essas referências como estamos fazendo agora. Com o auditório Rio Acre, a história do Estado está sendo colocada presente, além de ser um chamamento para que cada cidadão desse Estado observe e entenda a necessidade de preservar e cuidar do rio Acre.

Banco do desmatamento
Na verdade o Basa está famoso internacionalmente como "banco do desmatamento". Oferece facilidades de crédito para a pecuária na Amazônia, tanto para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) quanto para produtores maiores, que contribuíram pesadamente para o desmatamento da região nos últimos cinco meses.

Estudo do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indica que isso ocorre porque o Pronaf empresta recursos em todo o Brasil a taxas de juros que variam de 1% a 4% ao ano, além de descontos de 40% sobre o principal para valores até R$ 12 mil. De 2003 a 2007 o Basa destinou R$ 1,9 bilhão em 14 mil contratos de empréstimos para os estados da Amazônia. A maioria do dinheiro foi aplicado na compra de bois e na formação de pastos, que tem ameaçado a vida de rios como o Acre.

Clique na imagem acima para ver ampliada uma parte da devastação que o Basa fomenta nas margens do rio Acre.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

UMA HISTÓRIA SEM HERÓIS

Antonio Alves

No início do mandato do Jorge Viana propus que a relação do governo com a imprensa fosse “técnica e comercial”, pautada na remuneração de serviços efetivamente prestados, independente da opinião ou alinhamento político de empresas e jornalistas. Jorge me disse, claramente: “Você quer tratar como se imprensa fosse comunicação, mas imprensa no Acre é política; vou tratar como política”. Acho que ele estava certo. Mas acho que eu estava mais certo ainda.

A presença do Washington Aquino na direção da Difusora, emissora estatal, fazia parte do mesmo sistema político que inclui as emissoras privadas, seus principais programas, assim como os jornais e seus colunistas. A demissão do Washington, portanto, não tem nada a ver com a liberdade de expressão, é uma decisão política.

Washington usava a mesma tática que o resto da imprensa usa: poupar o governador e descer a lenha nos secretários e assessores. Assim, pode-se permanecer alinhado ao governo e, ao mesmo tempo, manter a imagem de defensor do povo. Só que o Binho não acha que o governo seja uma frente política, tem a ilusão de que é uma equipe na qual todos se respeitam e colaboram entre si. Para ele, a direção da Difusora, a direção do sistema penitenciário, ou da saúde, ou da educação, todos tem direitos diferentes em seu campo de trabalho mas deveres comuns como parte do mesmo governo. Assim, o jornalista da Difusora pode discordar, por exemplo, das decisões de uma diretoria da Secretaria de Educação. Pode até criticar publicamente, mas não deve fazer campanha pra derrubar, ou seja, não deve tentar fazer do aparelho do Estado o espaço para disputas políticas.

Acho essa visão do Binho um tanto administrativa, até mesmo burocrática, além de estar assentada numa ilusão. Quer ele queira, quer não, o governo é um campo de disputa política que, infelizmente, tem “p” minúsculo. É uma disputa mesquinha e fratricida. A esperança do atual governador, de manter uma equipe afinada, é incompatível com o sistema político montado pelo governador anterior. Imagine os abacaxis que a assessoria política do governo tem que descascar nas rádios de Sena Madureira e Tarauacá, principalmente nesse ano de eleições municipais. É impossível ter paz. Esse tipo de arranca-rabo acontece o tempo todo e tende a ficar ainda mais brabo na medida em que se aproxima o dia da posse do próximo governador.

De qualquer forma, se não conseguir fazer uma mudança no sistema Difusora, tornando-o mais informativo-cultural e menos politiqueiro, o governo pode agora, pelo menos, fazer algumas pequenas mudanças na linguagem e no formato dos programas. Todo mundo sabe que o Washington, assim como vários outros apresentadores de rádio e televisão, não conseguem simplesmente criticar: gostam mesmo é de espinafrar, sentar o pau, esculhambar com bastante sarcasmo, avacalhar mesmo. Os políticos e governantes morrem de medo. O Binho, parece que não.

Quanto à nota do sindicato, ora, é pura formalidade.

O jornalista Antonio Alves é da assessoria do governador Binho Marques (PT). Escreve também no blog O Espírito da Coisa.

NOTA DE REPÚDIO

"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre (Sinjac) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm a público repudiar a demissão do jornalista Washington Aquino, da Rádio Difusora Acreana. O profissional foi penalizado por ter exercido o seu direito de expressão e tal atitude nos remete ao passado, quando a demissão era a principal arma usada contra a democracia e a liberdade de imprensa".

A nota foi distribuída quatro dias após a exoneração de Washington Aquino, que causou mal-estar político ao revelar ontem, durante programa que apresenta na TV-5, que o senador Tião Viana (PT) desde a sexta-feira chega a telefonar até três vezes por dia para lhe manifestar solidariedade. "Nós vamos vencer mais essa", teria dito o senador, referindo-se à exoneração de Aquino pelo governador Binho Marques (PT). O radialista, que estava na direção da Difusora Acreana desde o começo do primeiro mandato do então governador Jorge Viana, iniciado em 1999, era mantido no cargo como apadrinhado político do senador. Na emissora estatal desfrutava de maior liberdade que os jornalistas dos veículos privados de comunicação. Resta saber se a exoneração vai agravar a indisposição que envolve Binho Marques e os irmãos Viana. Duvido, mas...

BANANA PRA SOJA


Julho de 2006. E lá estavam Altino Machado, Ricardo Arnt e Marcelo Leite incontidos num plantio de soja onde existiu uma exuberante floresta, em Santarém (PA).

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

REGGAE POR NÓS

Do compositor Sergio Souto para o deputado Edvaldo Magalhães (PC do B):

- Compus esse reggae na hora de maior ebulição. Tentei diversas vezes enviar pro teu blog, mas não estava aceitando. Está aí minha solidariedade em música e poesia! Saudações!

Reggae por nós
Mãe da floresta
Curumins batuquem seus tambores
Soprem seus bambus
Dancem o mariri
Cantem suas cores

Reggae por nós
Mãe da floresta
Curumins batuquem seus tambores
Mostrem seu brasões
Bebam sua luz
Colham suas flores

Imagina se a BBC mostrasse
Se a CBS desse em primeira mão
E o New York Times na manchete
Mostrasse as fotos da embarcação

Imagina o conversê nos bastidores
Os salões da Casa Branca em ebulição
O Congresso Nacional em polvorosa
Discutindo sobre a tal expedição

O por do sol no Juruá é muito lindo
Na tela quente do telejornal
O rio Juruá é um labirinto
Deslisando emoções em espiral

Singra o teu caldal meu companheiro
Navegar é preciso, camarada
Que os Deuses da floresta te protejam
Dos raios e possíveis trovoadas

Mostra que o teu coração é rubro
Banhe-se nas águas Náuas de esperança
Vai comandante, esse rio é teu
E a Amazônia ainda é nossa
Creio eu...

DECLARAÇÕES FALSAS

Jornais do Acre inflam as tiragens

Fossem as leis do país criadas pra valer, os proprietários de seis jornais do Acre poderiam estar a cumprir pena de reclusão, de um a cinco anos, além de multa, por infração do artigo 299 do Código Penal.


A Secretaria de Comunicação Social criou um banco de dados com as informações comerciais básicas de jornais e rádios, necessárias para facilitar o trabalho das agências de propaganda na pré-seleção de veículos em planos de mídia das campanhas do Governo Federal.

Embora nenhum dos jornais do Acre tenha tiragem superior a 1.500 exemplares, sendo que alguns tiram menos de 500 exemplares, consta no levantamento a seguinte tabela:

O Estado - 15 mil
O Rio Branco - 8 mil
A Tribuna - 7 mil
Página 20 - 7 mil
A Gazeta - 4 mil
O Alto Acre - 2,5 mil

O site da Presidência da República adverte que as informações enviadas (leia aqui) são de responsabilidade do informante, sob pena de infração do Artigo 299 do Código Penal, e afirma que o Núcleo de Mídia faz verificações para confirmar os dados, antes de serem incluídas no banco de dados.

Segundo o artigo 299, é crime "omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante".

Veja as declarações no site da Presidência da República. De acordo com elas, a tiragem dos jornais acreanos supera a tiragem dos jornais de Santa Catarina. Com uma assessoria dessa, da próxima vez dá para acreditar quando o Lula disser que não sabia de nada.

ACABOU CHORARE

Leila Jalul



Altino Machado,

Se, e quando eu morrer, tenha uma certeza: levarei uma dívida impagável. Adivinhe com quem? Pensou? Respondeu? É isso mesmo. Devo, não nego. Pagarei quando puder, e se puder.


Sei que não combinamos em tudo nesta vida. Você é impaciente, eu sou cardíaca. Você é político, eu sou anarquista, sem o amor de Deus.Você escreve bem, eu dissimulo. Você é concreto, eu nem sei quem sou.

Mas uma coisa eu sei: você me despertou da letargia da aposentadoria marajara, piedosa e farsante. Abri um coração sem medo, uma cabeça ocada, uma escrita rasteira e, mesmo assim, você disse sim. Faça-me o favor de explicar. Qual foi o verbo que de mim brotou para lhe enganar?

Reflita, se oriente, rapaz, não pela constelação de Cruzeiro do Sul, mas deste universo acreano como um todo. Onde foi que acertei, se sempre fui acostumada a errar? Onde foi que errei?

Uma coisa é certa, Altino Machado, meus ovários não “desuneraram” quando você me corrigiu, mas, muitas vezes, fiquei intrigada. Filho da Puta, ao pensar em você, era elogio. Você ofendeu-me à mim no âmago, ao esculhambar os meus boleros. Eu sou roqueira, por um acaso?

Tentei uma atualização, na base da porrada. Convoquei a nata da literatura acreana e ela me ajustou, não aos teus parâmetros, mas aos nossos. Nem tanto ao mar, nem tanto ao Altino. O mar sou eu.

Assim nasceu o livro Suindara, menina bonita por você maquiada, por Fernando França desenhada e por Branco Medeiros absorvida pelas garras da noite e pelo carnaval do dia.

Tá pouco? Quer mais? Não tenho mais. Acabou chorare.

Pela primeira vez vou chamar você de menino, embora lhe ache velho, enfastiado, carcomido, tanto quanto eu sou. Menino é meu Toinho Alves, porquanto o vi nascer. Você já nasceu velho.

Menino Altino, muito obrigada! Por renascer a menina Leila Jalul, muito obrigada! Por ter me reflorido, muito obrigada.

Quero, de vez em sempre, mandar meus mal escritos para colaborar. Se publicados, você assimilou. Se não, fique certo, você rejeitou e fez bem. Não mereciam. Coisa com coisa tem que ser dita. Caso contrário, lixo! É na lixeira o lugar da literatura lixo, do pensamento lixo e do lixo propriamente dito. Certo?

A palavra de ordem para o lixo, hoje, é reciclagem. Se estiver muito lixo, recicle-me. Meus ovários não “desunerarão”, entendeu?

Aliás, o melhor do lixo, é não fazer lixo.

Acabou chorare. Coloca a música para que ouçam. É a minha cara!

A cronista Leila Jalul, patrimônio da acreanidade, vai morar na Bahia logo mais, ainda durante as águas de março, num cantinho na divisa com o Espírito Santo. E segue Arnaldo Antunes interpretando Acabou Chorare (Galvão - Moraes Moreira).

1º SALÃO DE HUMOR DA AMAZÔNIA

Vencedores receberão premiação total de R$ 12 mil



Território de importância estratégica no mundo contemporâneo, a Região Amazônica está no centro das atenções do 1º Salão de Humor da Amazônia - Ecologia no Traço, que será realizado em Belém (Pará), de 25 a 30 de março de 2008. As inscrições são abertas a cartunistas do Brasil e do mundo e já podem ser feitas no site Salão de Humor da Amazonia.

O evento é uma realização da Central de Produção Cinema e Vídeo na Amazônia, com patrocínio da Oi (por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura, do Governo do Pará) e apoio cultural do Oi Futuro e Hilton Hotel (por meio da Lei Tó Teixeira, da Prefeitura de Belém).

O 1º Salão de Humor da Amazônia pretende se inserir no calendário nacional e internacional de eventos de humor, estimulando e divulgando a produção dos humoristas gráficos.

Os organizadores pretendem que o salão de humor seja uma tribuna gráfica para mostrar o talento e a crítica de todos os cartunistas preocupados com os problemas ecológicos que afligem o nosso planeta, particularmente a Amazônia.

O salão divide-se em duas categorias: Tema Ecológico (que reunirá todos os cartuns sobre problemas ecológicos) e Tema Comunicação (com os cartuns relacionados a todo tipo de comunicação no mundo).

Cada cartunista pode inscrever até quatro trabalhos, no limite de dois por categoria. As inscrições poderão ser feitas até o dia 5 de março, pela internet. Todas as informações necessárias, incluindo a ficha de inscrição, estão disponíveis no site do evento.

DISTRAIDAMENTE

Antonio Alves

Muitos companheiros, a quem admiro e estimo, dedicam seus esforços à construção de um partido político. Outros, à defesa de um governo. Há os que militam no movimento social. Alguns se preocupam com o desenvolvimento econômico. Poucos conseguem integrar vários aspectos numa militância mais variada e difusa. Enfim, todos tem as suas preferências e manias.

Quanto a mim, pelos caminhos da cultura, encontrei com uma entidade chamada “povo” que me pôs a pensar. Há muitos significados e usos para esta palavra, alguns deles causam-me sentimentos nada agradáveis, mas outros me interessam muito.

Na Amazônia, um movimento que cresceu nos anos 70 e 80 chegou a uma formulação quase poética, que muito me agrada: povos da floresta, assim, no plural, para ressaltar a diversidade essencial.

Clique aqui para ler a íntegra o "Distraidamente", do poeta Antonio Alves, que escreve no blog O Espírito da Coisa.

SOMOS UM POVO DA FLORESTA



Continua a campanha de artistas brasileiros contra a devastação da Amazônia. Clique aqui para assinar o manifesto que será encaminhado ao Presidente da República para que sejam tomadas as providências necessárias para resolver um sério problema brasileiro e mundial.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

"CHEGAMOS À ERA DOS LIMITES"

João Domingos

O ano começou agitado para a ministra Marina Silva. Em janeiro, ela anunciou o registro feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do aumento do desmatamento na Amazônia nos meses de novembro e dezembro de 2007, o que irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marina, no entanto, afirma que Lula sabia que ela ia divulgar os dados e que os dois não têm divergências, pois tudo o que ela fez teve a prévia autorização dele.

Para a ministra, o presidente é o grande responsável pela queda consecutiva das áreas de desmatamento na Amazônia desde 2004. “Durante os intensos debates sobre as usinas do Rio Madeira, o presidente Lula nunca deu uma ordem para que o Ministério do Meio Ambiente concedesse as licenças. Dizia sempre que o assunto ia se resolver da melhor forma possível”, conta Marina. Quanto às divergências com outros ministérios, diz que faz parte do governo.

O governo confia que a sra. ganhará o Prêmio Nobel da Paz até o fim da gestão do presidente Lula. A sra. acha que vence?

O trabalho que vem sendo feito não é pela ministra Marina, mas por uma equipe. É um trabalho de diferentes setores da sociedade, ONGs (organizações não-governamentais), academias. Eu não invento a roda. Tento transformar em políticas públicas as boas idéias dos governos estaduais, das ONGs, da academia e dos meus colegas de governo. É assim que eu trabalho. Foi assim que comecei. Não tinha o reconhecimento de ninguém. Fiquei dois anos como vereadora, em Rio Branco, não tinha espaço para falar na mídia porque eu defendia as idéias que defendo até hoje. Fiquei durante quatro anos sem poder descer na metade do meu Estado. Não é bom. Quando alguém dizia que estava dentro do avião para descer, comunidades locais se mobilizavam para não deixar eu descer porque eu era contra fazer rodovia sem cumprir as exigências ambientais. Hoje prefeitos que eu encontro dizem que eu tinha razão porque foram respeitadas as reservas indígenas, foram feitas as áreas de proteção, o Bolsa-Família chegou e impediu que a prostituição infantil crescesse.

Há informações de que o presidente ficou muito bravo com a sra. por causa da divulgação dos dados sobre o desmatamento. Ele teria considerado sua atitude precipitada.

Não sei de nada disso. Pelo contrário. Não há uma política ambiental da ministra Marina. Há uma política ambiental do governo, que só pode ser viabilizada se tiver o apoio do presidente Lula. O presidente me convidou para o ministério. Ele pode me tirar quando quiser. Desde que a lâmpada amarela foi acesa com a possibilidade de aumento no desmate, o presidente Lula assinou quatro decretos para enfrentar o problema. Ministros, governadores e prefeitos foram mobilizados. Não é fácil. Gera dúvidas e insegurança nas pessoas. Se vai dar ou não certo é um desafio que está posto. Não só para o governo, mas também para o setor produtivo, sociedade, formadores de opinião. A decisão de fazer as coisas de forma estrutural está tomada. Tanto é que estamos mexendo com créditos, não só de bancos públicos, mas também privados. Estamos mexendo com os critérios de financiamento para o Programa Safra. Estamos embargando e criminalizando aquilo que for produzido nas áreas ilegalmente desmatadas - um sonho dos ambientalistas. Ninguém faria isso se não tivesse nada de novo acontecendo no Brasil. Há hoje uma nova consciência neste País, que diz: ‘Nós queremos desenvolver, queremos energia, queremos emprego, mas também queremos ver a Amazônia, o cerrado protegidos.’ Temos que nos certificar, respeitar a reserva legal, a lei trabalhista, usar de forma intensiva os 165 mil km2 abandonados para não precisar mais entrar na floresta. Com isso, estamos qualificando a nossa produção agrícola, madeireira e pecuária. Estamos nos protegendo das barreiras não-tarifárias. Estamos trabalhando para dar crédito aos que já estão fazendo certo, aos que fizeram errado e querem fazer certo e combatendo os que não querem fazer certo de jeito nenhum.

É possível conter o desmate?


Em 2003, o presidente Lula decidiu que não trataria nada de forma isolada. Decidiu fazer um plano de combate ao desmatamento com 13 ministérios, a partir de três eixos: combate a práticas ilegais, ordenamento territorial e fundiário e apoio às atividades produtivas sustentáveis. Desde essa época, estamos com um conjunto de medidas para isso. Nos primeiros quatro anos, por exemplo, o orçamento para a fiscalização foi de R$ 390 milhões. Graças aos esforços de operações conjuntas da Polícia Federal com o Ibama - de 120 operações para mais de 400 por ano - ocorreu a prisão de mais de 600 pessoas, 120 funcionários corruptos foram postos para fora, 660 mil propriedades ilegais foram embargadas. Tudo isso levou a uma redução de desmatamento de 49%. Foram três anos consecutivos de queda de desmatamento. Saímos de 27 mil km2 em 2004 para 18 mil em 2005, 14 mil em 2006 e 11 mil em 2007. E agora, graças ao sistema que criamos, ao identificar uma tendência de possível aumento em 2008, todas as medidas foram tomadas. É bom chegar à Europa e aos Estados Unidos e dizer que o desmatamento caiu de 27 mil para 11 mil km2. E eu quero continuar dizendo isso para o bem da economia, do ambiente, do País e do planeta.

A sra. tem enfrentando divergências no próprio governo. No começo, foram aprovados o plantio e a comercialização de soja transgênica. Teve também de enfrentar forte pressão pela aprovação das usinas do Rio Madeira, a abertura da BR-163, que liga Santarém a Cuiabá, e a transposição do São Francisco. Não são problemas demais para um ministério só?

Quem foi que disse que a ministra do Meio Ambiente não se preocupa que o País tenha energia, que tenha uma economia vigorosa? Claro que se preocupa. Agora, quem foi que disse que os ministros de Energia, Agricultura e Transporte não têm que se preocupar com o meio ambiente? Me preocupo em conversar com todos os ministérios. Eu poderia ficar aqui, feito dom Quixote, por ser da Amazônia, enfim, filha dos ideais do Chico Mendes, de d. Moacyr Grechi (um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra e espécie de guru da ministra), dizendo não. Mas sei que não há possibilidade de que todo o meio ambiente seja cuidado só pelo ministério. Tem de compartilhar com a sociedade, com os ministérios afins, com o próprio presidente da República. Foi assim que trabalhamos a BR-163, o São Francisco. E foi esse debate que permitiu tirar o terceiro barramento do Rio Madeira, que mudou a turbina convencional para a de bulbo, que não permitiu que se fizesse as eclusas, o problema dos bagres, que as pessoas o tempo todo me ridicularizavam, porque onde eu chegava as pessoas diziam: ‘Ministra, e os bagres? Eles vão parar o País?’

Mas foi o presidente Lula quem disse, em tom de ironia, que os ambientalistas agora estavam preocupados com os bagres.

Não sei se foi o presidente Lula. Para mim ele nunca falou isso. Ele mobilizou a sociedade, os cientistas, pesquisadores, fez reunião no Palácio do Planalto com pessoas do mais alto nível. Havia a compreensão de que era preciso resolver o problema. Não era fácil. Se fosse, outros teriam feito bem antes. A ambigüidade que está no governo está na sociedade, nos formadores de opinião, no Congresso, no Judiciário, no mundo todo. Não concedemos a licença para a Usina de Ipueira, porque não havia como dá-la. O presidente Lula falou: ‘Se não tem viabilidade econômica, não vamos fazer.’ Nós precisamos entender que a Terra tem uma capacidade de suporte. Nós chegamos à era dos limites. Não significa que vamos paralisar a economia. Mas temos de saber como preservar os ativos ambientais sem as conseqüências indesejáveis de não ter energia, emprego, riquezas. A boa notícia é que é possível fazer isso. Tem gente que já está fazendo, certificando sua produção agrícola, fazendo manejo de pastagens. Eu quero ter o maior prazer de apresentar a lista dos 150, 200, 300 maiores cumpridores da lei. Hoje trabalho na lista dos 150 maiores contraventores. Mas quero que isso mude.

Os outros ministérios não ficam distantes, não deixam o Meio Ambiente sozinho?

Converso com todos eles. Durante a gestão de Ciro Gomes no Ministério da Integração Nacional, aprendi muito com ele. Não foi fácil. O São Francisco tinha um projeto que previa a retirada de 146 m3 por segundo. Foi reposicionado para 26 m3. O Ciro teve de comprar uma briga com a equipe dele, teve de brigar para primeiro desapropriar o canal, para fazer o plano da bacia. Isso foi um trabalho intenso. O tempo todo, a gente se respeitando.

Com quem a sra. mais conversa?

Toda essa discussão, novo modelo do setor elétrico, lei de florestas públicas, é tudo um esforço de governo, é tudo debatido à exaustão. Não tem um dia que, se houver um problema, não converso com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura). As pessoas acham que eu tinha brigas homéricas com o Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura). Nós nunca brigamos. Divergíamos civilizadamente. Ele tinha as posições que eram da vida dele e eu tinha as minhas. Muitas boas coisas que fizemos para a floresta, a Embrapa nos ajudou. E era o Roberto Rodrigues me ajudando.

Como resolver as questões relacionadas à Amazônia se a legislação é confusa? Até 1965 a reserva legal era de 25%. Até 1996, de 50%. Hoje, é de 80%.

Em 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso aumentou a reserva legal de 50% para 80%. Foi uma medida acertada. Mas as forças devastadoras fazem seus rearranjos. Então, no Congresso Nacional começaram a discutir a reserva legal, mas querem uma discussão sem base legal, querendo flexibilizar, querendo anistia. Nesse caso, o ministério está fora dessa discussão. A discussão em relação à reserva legal não pode ser feita de forma isolada. Tem de ser feita dentro de um modelo de desenvolvimento para a Amazônia.

João Domingos é repórter do jornal O Estado de S. Paulo.

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