sexta-feira, 31 de março de 2006

NINHO DE ROLA NO JASMIM

NEM CORDIAL NEM POLIDO

Vejam a infelicidade da pretensiosa "erudição" do redator ou redatora da nota de abertura da coluna "Bom Dia", do jornal A Tribuna:

- O senador [Tião Viana] é um homem cordial, na exata dimensão do termo cunhado por Sérgio Buarque de Holanda, de uma pessoa que age com o coração, mas com um compromisso inalienável com a sociedade.

Agora vejam o que Elisa Goldman, mestre em História Social pela PUC-Rio, escreveu sobre o conceito de "homem cordial":

- O "homem cordial" é resultado da cultura personalista e patrimonialista própria da sociedade brasileira. A cordialidade brasileira simboliza o predomínio de relações humanas mais simples e diretas que rejeitam todo e qualquer aspecto de ritualização do comportamento. Nossa maneira de conviver socialmente representa o contrário de uma atitude vinculada à polidez. A civilidade, que pressupõe uma noção ritualística da vida, parece distante do modus vivendi do brasileiro. A polidez simboliza uma organização de defesa diante da sociedade e equivale a uma máscara que permitirá a cada qual preservar as suas emoções, as suas impressões subjetivas.

Bem, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", apresenta o chamado "homem cordial" como alguém que tem dificuldade em distinguir entre o público e o privado, sem se importar em fazer concessões a familiares e amigos, ainda que em detrimento do interesse público ou da ética administrativa, para conseguir manter-se no poder ou próximo a ele.

Ainda prefiro meu segundo grauzinho, concluído no supletivo, agora reforçado pelo Google. Tomara que a redatora não ouse chamar Tião Viana de "homem polido" na próxima nota. Cordial ou polido são os piores qualificativos para um político.

DECISÃO INÉDITA

Justiça reconhece
"estrada de seringa”
como unidade de medida


Diogo Soares (*)

O juiz federal da 3ª Vara, Jair Araújo Facundes (foto), condenou a União a pagar R$ 143,5 mil aos proprietários de 17 estradas de seringa localizadas no seringal XV de Novembro, antigo Sungaru, situado no município de Cruzeiro do Sul. As terras do litígio se encontram dentro dos limites do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Os parques nacionais são unidades de conservação criados para preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Nos parques não é permitido o uso da terra, ainda que através de planos de manejo, o que impossibilita o seu aproveitamento econômico.


Com base nesse argumento e na própria lei, que prevê as desapropriações e a indenização decorrente destas, o juiz assinalou a indenização ante a perda do direito de usar, gozar e dispor da propriedade.

História, literatura e tradição embasaram a decisão. No decorrer da ação a União não contestou que os autores fossem realmente os donos das terras, mas o fez com relação aos limites territoriais reivindicados por eles.

A ação, que foi proposta em 96, passou por várias etapas, incluindo o intenso trabalho de peritos para identificar o real tamanho da área a ser indenizada.


A questão central da ação dizia respeito à área da propriedade dos autores, pois o título constante do registro de imóveis indicava uma “propriedade com 17 estradas de seringa”. A unidade de medida "estradas de seringa" não é reconhecida oficialmente e não traduz uma dimensão precisa e exata.

Assim, se é certo, em razão dos títulos ostentados, que os autores são proprietários, não é possível definir, objetivamente, qual a medida de uma “estrada de seringa”, cuja dimensão varia conforme fatores diversos (concentração de seringueiras, localização etc).

Concluídos os trabalhos periciais, ficaria a cargo do juiz decidir que parâmetros utilizaria para aferir as reais medidas de terra. Na decisão, Jair Facundes levou em consideração as tradicionais formas de medidas utilizadas no início do século nos seringais amazônicos, ou seja, a medida em estradas de seringa.

Ele se apoiou em textos do escritor Euclides da Cunha, que esteve no Acre entre 1906 e 1908, como no seguinte trecho:

- Ante a valia exclusiva da árvore, ali se engendrou uma original medida agrária, a “estrada”, que por si só resume os mais variados aspectos da sociedade nova, à ventura abarracada à margem daqueles grandes rios.


Os autores da ação sustentavam o direito à indenização de 45 mil hecatres, e o Incra, em procedimento administrativo, indicava uma área de 17 mil hectares.

A sentença fixou, com base em estudos diversos, costumes regionais, literatura, atentando para os limites das estradas de seringa hoje existentes em áreas como Floresta do Antimary, a extensão de 150 hectares para cada estrada de seringa, totalizando 2.550 hectares.

A sentença é passível de reexame necessário, portanto foi encaminhada ao Tribunal Regional da 1ª Região, órgão competente para analisar os possíveis recursos da causa.

(*) Diogo Soares é compositor musical e assessor da Justiça Federal no Acre.

Comentário do escritor Juarez Nogueira:
"Esse jovem juiz parece ter idéias arejadas pelos ventos da florestania... E está bem acompanhado pelo Euclides da Cunha que, aliás, deveria ser leitura obrigatória nas escolas acreanas, nos níveis de ensino médio e superior. Os textos desse autor sobre a Amazônia, artigos esparsos reunidos no livro "Um paraíso perdido", cuja primeira edição é de 1909, devem também ser leitura obrigatória para todos os governantes, juristas, empresários, funcionários públicos, cidadãos comuns e, de resto, toda a boa gente brasileira. Isabel Cristina Martins Guillen, doutora em História pela Unicamp, observa, irretocável, que "o texto de Euclides da Cunha repõe a dimensão social que deve perpassar toda e qualquer discussão sobre a Amazônia." Ora, se a terra tem função social, como determina a Constituição, nada mais justo que seja resguardada para garantir a sobrevivência de biomas e biodiversidades - incluindo aí o homem, esse parasitador que nem sempre tem a imediata e necessária consciência de seus atos e desatinos. O texto de Euclides da Cunha é de uma atualidade impressionante e traduz um sentimento universal em relação à floresta, do qual já falei em artigo publicado neste blog: "a.C.RE, um paraíso perdido", quando de minha passagem nessas terras. Lembrança indelével, meu coração ficou tatuado de verdor. O Euclides, para além da denúncia social, lembra que "o inferno se revela o lugar onde o homem trabalha para escravizar-se". Tudo, a floresta. Menos inferno. Que seja morada, refúgio, labirinto, caverna, lar, ninho, útero. Penso: será possível que alguém passe pela floresta e não fique em si um pouquinho de sua beleza, sua majestade, sua generosidade, seu cheiro, sua aragem, um sopro de vida e esperança tão forte? A floresta é amor em brotação, eternamente. Dá vontade de abraçar com ela e nisso ficar, aconchegado, quieto e para sempre, viver assim até morrer, se acabar, voltar ao pó, ali, no meio da vida da floresta. E isso não é morte. É permanência. Quando eu estive aí, a floresta me ensinou. Eu vi. Eu vejo. Eu sei. Tenho certeza".

OCÉLIO MEDEIROS




Irreverência histórica

Elson Martins

Ele foi contemporâneo de Jarbas Passarinho, Armando Nogueira e Jorge Kalume na Xapuri dos anos 20. O pai, Felipe Medeiros, exerceu a função de juiz de direito no tempo em que ser juiz chamava atenção, mais pela dignidade e sabedoria jurídica que pelo salário que recebia ou por exercer o poder de mandar cidadãos pobres para a cadeia.

Falo do escritor e poeta Océlio Medeiros: 90 anos, também, advogado, professor universitário e ex-deputado federal cassado pelo regime militar de 1964. Menino “levado” da época, foi entregue aos padres, que prometeram salvar sua alma através da fé religiosa (falharam, claro!). Depois, os pais o mandaram de navio gaiola para um colégio em Belém, que formava professores normalistas.

Dali, freqüentando aulas no meio de um monte de mulheres bonitas, saiu mais assanhado que nunca para o Rio de Janeiro, onde cursou direito e trabalhou como repórter. Eleito deputado federal pelo Pará, anos depois, foi cassado e se exilou nos Estados Unidos, onde obteve os títulos de master e PhD em ciências jurídicas.

O ítem mais destacado de seu currículo, no entanto, foi o que marcou sua passagem de volta ao Acre no final dos anos 30 e começo dos 40, como delegado do Ministério da Educação. Ele procurou revolucionar o ensino mexendo num ninho de vespas da administração do então Território Federal do Acre.

Caluniado, acusado de taras sexuais e de outras modas estranhas (ou exclusivas) do meio, foi expulso da terra e como vingança escreveu o romance “A Represa” (1942), que o tornou maldito para as elites acreanas de todos os tempos.

- Isso virou um carma – disse na semana passada, quando esteve em Rio Branco, acompanhando o pintor Sansão Pereira, outro acreano com quem fez amizade no colégio em Belém, e que veio fazer a entrega de uma tela que pintou para o Centro Cultural do Poder Judiciário, a ser inaugurado em junho.

Sempre apoiado numa muleta com cabeça de onça, mas incansável e exibindo energia incomum em quem se aproxima dos cem anos de idade, o escritor e jurista fuçou a cidade inteira revendo pessoas, falando de seus livros e poemas, propondo novos desafios para quem admira o que fez e ainda faz em sua vida belicosa.

Aqui e ali voltava a um tema muito recorrente em sua imaginação fértil, ou seja, a revolucionária conquista do Acre no começo do século passado. Embora repita sempre que convém respeitar os mitos, chamou atenção para a cintura fina e para o uniforme ajustado do herói Plácido de Castro. E como experiente criminalista, explicou detalhes da emboscada que o fulminou em agosto de 1908, a tiros de fuzil.

Ao se despedir na sexta-feira, 24, disse que era a última vez que vinha ao Acre porque sua saúde não recomenda mais essas viagens longas e cansativas. É verdade, mas faz menos de dois meses que saiu daqui falando a mesma coisa

Esperamos que volte mais vezes.

Nota: Pedi ao jornalista acreano Elson Martins, assíduo colaborar deste modesto blog, que apresentasse Océlio Medeiros aos leitores em decorrência de três entrevistas em vídeo que fiz com ele recentemente. Eis (abaixo) a primeira.

OCÉLIO/ENTREVISTA

PORTO ACRE

A Usina de Comunicação e Arte João Donato (foto) será inaugurada no dia 24 de abril, com a presença de Gilberto Gil e do próprio acreano João Donato.

E a pequena Porto Acre servirá como cidade cenográfica da próxima minissérie da Globo sobre a história do Acre, onde nasceu a autora Glória Perez.

As gravações da minissérie, cujo título provisório é "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes", começam em setembro. A estréia está prevista para janeiro de 2007.

Recentemente, a novelista disse ao jornal Folha de S. Paulo que a série narrará "a conquista do Acre, que é a história de como não perdemos a floresta amazônica já naquele final do século 19". "É uma história tão importante quanto desconhecida no Brasil."

Serão três os heróis da série. O primeiro é Luis Galvez. Financiado pelo governo do Amazonas, ele tirou o Acre do domínio boliviano em 1899, declarou a independência e foi escolhido como seu primeiro presidente.

Em 1900, a Bolívia recuperou o Acre. Na seqüência, surge o segundo herói a ser apresentado pela minissérie da Globo, Plácido de Castro, que declarou o território como brasileiro em 1903. Dessa revolução, participou o avô da autora, amigo de Castro.

Por fim, Perez narra a saga de Chico Mendes, líder do movimento sindical de seringueiros, que lutou contra o desmatamento e foi assassinado no dia 22 de dezembro de 1988.

Os governos do Acre e do Amazonas, onde também serão gravadas algumas cenas, estão apoiando Glória Perez. A direção será de Marcos Schechtman, parceiro de Perez na novela "América".

quinta-feira, 30 de março de 2006

RUY CASTRO REAGE

O escritor Ruy Castro enviou a seguinte mensagem ao blog:

"Não precisava ter-se dado ao trabalho, Altino. Eu já tinha vários outros bons motivos para não me esquecer do Acre.


No passado, tive muitas oportunidades para me prevalecer de alguém que me concedia uma entrevista. Mas preferi ser respeitador e honesto. Nunca me arrependi.

Você foi menor, Altino. Espero que seu oportunismo barato lhe traga os benefícios que você imaginou. Em compensação, você ganhou um desafeto, que nunca lhe prejudicará, mas que, numa volta ao Acre -- e pode ter certeza de que eu voltarei muitas vezes --, saberá manter distância.

Não se deve dar as costas aos canalhas.

Até nunca mais.

a) Ruy Castro"

Nota: Ruy, como não dependemos um do outro, seja feita a vossa vontade. Não fiz nenhuma pergunta ofensiva. Ser desrespeitador e desonesto é não ter atendido seu pedido para não publicar as respostas bobas que você deu para minhas perguntas sem sentido durante a entrevista? Quem foi menor foi você e isso está evidente para quem assistir a íntegra do vídeo com a entrevista. Faço minhas as palavras do comentário deixado pelo escritor Antônio Mello: "Entrevista não é merchandising. Nem entrevistador é levantador de vôlei. O seu blog, Altino, cumpre a função importantíssima de mostrar para o Brasil uma visão da Amazônia. E o que os brasileiros pensam - ou, no caso, não pensam - dela. Sou leitor". Você continuará escritor e eu jornalista no fim do mundo. Até nunca mais e passar bem.


Ruy Castro:
Altino, atendi ao seu pedido de boa fé, mesmo estando em trânsito há 48 horas e tendo feito dois lançamentos e já dado duzentas entrevistas e com um avião saindo. O tipo de pergunta que você fez equivaleria a você vir aqui e eu ficar te perguntando sobre a desfusão do Estado do Rio ou o desligamento da Barra da Tijuca.

Sempre que um entrevistado me pediu para não usar o que ele disse, eu acatei. E quem disse que você "não depende de mim"? Tanto depende que não aceitou perder a entrevista. E depende de todo mundo que se arrisca a falar pro seu blog. Se você trata assim todas as pessoas que se sujeitam a te atender, brevemente ficará falando sozinho.

AMAZÔNIA IRRITA ESCRITOR

Um furo exclusivo para os leitores deste blog: o próximo livro de Ruy Castro vai misturar história e ficção e terá como cenário o Brasil Imperial. Segundo o escritor, D. Pedro I e o personagem de um romance que começa com a frase "Era no tempo do rei", serão os protagonistas da obra.

- É algo tão bom que nem posso falar o nome - tentou despistar o autor de Carmen,
a história da brasileira mais famosa do século XX, que morreu aos 46 anos, vítima de uma carreira meteórica.

O personagem principal do romance que começa com "Era no tempo do rei" é Leornado-Pataca, de "Memórias de um sargento de milícias", do escritor Manuel Antônio de Almeida, que nasceu no Rio em 1831, era formado em medicina, mas nunca exerceu a profissão porque era jornalista por excelência.

Ruy Castro passou o dia ontem em Rio Branco como palestrante de um evento prestigiado basicamente por universitários dos cursos de letras e jornalismo. Estava bem humorado e, do alto de sua notável carreira, deu dicas sobre como um jornalista ou biógrafo pode apurar bem os fatos e fazer boas entrevistas.

Ele contou, por exemplo, que costumava redigir até 500 perguntas para seus entrevistados quando trabalhava na revista Playboy. Considera contraproducente o uso de gravador durante as pesquisas que realiza para escrever obras como a história da Bossa Nova ou as biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda.

Após a palestra, Ruy Castro foi jantar no restaurante "O Paço", o mais frequentado de Rio Branco, no Parque da Maternidade. Ficou surpreso com a ausência de comida típica acreana no cardápio, mas acabou se contentando com um caldinho de tucupi com jambu e uma caldeirada de peixe (filhote).

Enquanto jantávamos, continuamos conversando sobre literatura e comunicação. Ele ficou interessado em saber como funciona um blog e confessou que tem vontade de criar um, mas acha que não dispõe de tempo para abastecê-lo diariamente.

Permanecia bem humorado e contou histórias e piadas enquanto tomava suco de cajá. Quando o garçom saiu para buscar a sobremesa (duas bolas de sorvete de cupuaçu), sugeri que fôssemos para o ambiente interno do restaurante, pois estava vazio e gostaria de fazer uma curta entrevista para o blog.

- Vamos em seguida, aí a gente aproveita para tomar café - ponderou Ruy Castro.

E assim foi feito. Percebi que a luz estava péssima. Ocupamos uma das mesas e pedimos logo o café. Quando peguei a máquina fotográfica, que também funciona como gravadora de vídeo, os olhos de coruja do escritor pareceram bem maiores.

- O que é isso? - ele perguntou.

- É uma câmera que faz fotos e também grava vídeo. Farei a entrevista em vídeo.

- Puta merda! Por essa nem o Glauber Rocha esperava - comentou.

Quando apontei a câmera e perguntei se podíamos começar a entrevista, notei que o semblante bem humorado de Ruy Castro já havia desabado. Amuado, o escritor cruzou os braços e seguiu dando respostas evasivas e lacônicas.


Mas não se conteve e até sorriu quando perguntei se perdemos a chance de um país melhor quando ele se formou em sociologia e recusou buscar o diploma.

- Não. Acho que o que garantiu um país melhor foi o fato de eu não ter ido busar o meu diploma. Teria sido um sociólogo medíocre, como vários aí que chegaram à presidência da República - disse, sorrindo pela primeira vez, enquanto pegava a xícara com café.

Ruy Castro disse que o Brasil precisa voltar a ser governado por pessoas que sabem fazer política: mineiros, nordestinos, nortistas, menos paulistas, que, segundo afirmou, não sabem fazer política.

Quando questionei se isso seria preconceito, explicou:

- É só a constatação do óbvio. Paulista fazendo política é Adhemar de Barros, Maluf, Quércia, Pita, Lula, Marta Suplicy, Serra, Alckmin. Você acha que essa gente sabe fazer política?

O escritor ficou contrariado mesmo foi quando quis saber como ele acompanha o apelo que tem a Amazônia, o perigo que a região corre.

- Sou muito alienado. Não sabia nem que a Amazônia está correndo perigo. Eu sei que cortam muitas árvores, mas crescem de novo. Não é isso?

Argumentei que perdemos biodiversidade com isso.

- Extamente. Eu acompanho de longe isso, lamento profundamente, mas não sou um ativista desse tipo de causa. Se eu viesse mais aqui, eu teria mais informação e teria mais capacidade até de atuar.

Perguntei se o tema não o interessava como escritor.

-Sem dúvida, mas a Groelândia também me interessa, mas não sei nem onde fica direito a biodiversidade da Groelândia, da Patagônia. Também é importante, mas eu não sei onde fica direito. Acho que você está entrevistando o cara errado.

Ruy Castro havia dito durante a palestra que quando elaborava as 500 perguntas para seus entrevistados na Playboy, complicava-os ao soltar as mais amenas no começo das entrevistas, reservando as mais picantes para o final.

Desde o começo da entrevista, o escritor parecia ter incorporado um caboclo rabugento da floresta, especialmente a partir das perguntas sobre a Amazônia. Seguimos conversando, quando ele tentou recuar.

-Essa entrevista vai ferrar minha reputação. Vai entrar no maldito blog e o país inteiro vai ver essa porra. Só porque decidi ser legal com ele. Aí ele me faz um monte de pergunta sem sentido, ouve um monte de respostas bobas e vai e bota no raio do blog dele e me fode. É isso o que ele quer.

O mais incrível é que Ruy Castro realmente bebeu apenas suco de cajá. Assista a trágica entrevista, sem cortes.

RUY CASTRO I

"NÃO GOSTEI"

Fiquei tão perplexo com a atitude de Ruy Castro que desliguei a câmera e tentei gravar outra entrevista. Ele não me deixou sequer fazer uma nova pergunta e continuou se queixando da gravação anterior.

- Não gostei de ter feito e não gostaria que fosse ao ar. Você vai me tapear e não vai apagar. Você vive de botar esse troço no ar.

Tencei convencê-lo a conversar mais, mas já era hora dele ir pro aeroporto.

Assista mais 30 segundos de prosa com Ruy Castro.

RUY CASTRO II

quarta-feira, 29 de março de 2006

ESTADO DA FLORESTANIA














O Estado do Acre é o primeiro no país a dispor de um Mapa de Gestão Territorial, resultante da segunda fase de seu Programa de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE). O mapa reflete a visão do governo e da sociedade sobre o novo estilo de desenvolvimento que está sendo construído no Estado, pautado na valorização do patrimônio sócio-cultural e ambiental e na participação popular, também conhecido como florestania.


A solenidade de lançamento do Mapa de Gestão Territorial do Estado do Acre, ocorrida na manhã de hoje, no Teatro Plácido de Castro, contou com a participação de aproximadamente 500 pessoas, entre autoridades e populares.

O governador Jorge Vaiana disse que uma parte do sonho de companheiros como Chico Mendes está sendo realizada. Ele
agradeceu o apoio da ministra do Meio Ambiente Marina Silva e do presidente Lula e de vários órgãos do governo federal.

- Tenho certeza de que não estamos apresentando um produto frio, uma peça técnica desprovida de emoção. Estamos, na verdade, mostrando uma maneira despojada e sincera de fazer as coisas: a maneira como o heróico povo acreano quer e merece ser tratado.

O plano de desenvolvimento do Acre tem como base o ZEE, que estabelece limites para que o respeito à vida seja ilimitado, define cada área para que a floresta permaneça inteira e torna prática a idéia da sustentabilidade.

Nos sete anos da gestão de Jorge Viana houve um incremento de 120% de áreas protegidas no Acre, 24% de assentamentos e 3% de terras indígenas. Antes só havia a Floresta Estadual do Antimary.

Temos criadas também três Unidades de Conservação de Uso Sustentável - a Floresta Estadual do Rio Gregório, a do Rio Liberdade e a do Mogno -, além de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, o Parque Estadual do Chandless


Somando as áreas de proteção ambiental oficialmente reconhecidas pelo governo federal, estadual e municipal, o Acre apresenta atualmente sete unidades de conservação de proteção integral, representando 1,7 milhão de hectares (10,52% da área do Estado) e 15 unidades de conservação de uso sustentável, atingindo 4 milhões de hectares (24,7% da área do Estado).

Somando estas áreas aos 2,1 milhões (13,1%) das terras indígenas, o Estado possui 48,32% de seu território protegido pelas unidades de conservação, o que simboliza o compromisso de seu povo com o desenvolvimento da região, unido à conservação ambiental.

- Um próximo desafio é avançar na incorporação das diretrizes do Mapa de Gestão Territorial entre os instrumentos de políticas públicas afins. Vamos adiante: modestamente, estamos apenas começando - afirmou Jorge Viana.

O governador assinalou a importância da experiência acreana para a construção do futuro da Amazônia ao colocar a realidade num mapa e desenhar um sonho sobre o mesmo mapa.

- O que estamos fazendo nas cabeceiras dos rios pode espalhar-se por toda a Amazônia. É esta contribuição de nosso povo a um esforço que toda a humanidade faz para renovar a esperança no início de um novo milênio - acrescentou Viana.

O mapa expressa uma visão estratégica do governo e da sociedade acreana sobre o processo de construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, voltado para o combate à pobreza e à exclusão social, o respeito à diversidade social, a eficiência e atividades econômicas com a geração de emprego e renda; e a conservação e o uso inteligente do patrimônio natural.

Ele apresenta princípios e diretrizes de desenvolvimento sustentável adotados no Acre e o papel estratégico do ZEE. As características e diretrizes de uso de cada zona e sub-zona são expostas no mapa, destacando as necessidades de articulação com os principais instrumentos de políticas públicas.

O mapa foi elaborado a partir de um conjunto de estudos de diagnóstico e prognóstico, realizados no âmbito do ZEE: recursos naturais, sócio-econômico, e político-cultural. Os resultados serão divulgados em publicações específicas, por eixo temático.

Estão sendo lançados produtos didáticos, incluindo um DVD interativo para gestores, produzido em conjunto com o IBGE. O DVD disponibilizará bases de dados cartográficos e estatísticos do programa estadual de zoneamento ecológico.

Está previsto também o lançamento de cadernos temáticos, jogos ambientais para crianças e outros materiais educativos para utilização em escolas, organizações comunitárias etc.

O governo espera que os demais produtos sejam aproveitados pela sociedade, como subsídios e orientações estratégicas para a construção do novo modelo de desenvolvimento sustentável pretendido para o Acre.


Uma estratégia fundamental é implantar e consolidar um economia florestal, baseada no manejo sustentável múltiplo dos recursos naturais (floresta, solo, rios, lagos e serviços ambientais) combinada com atividades agropecuárias sustentáveis e a proteção de ecossistemas.

O governador Jorge Viana e o diretor de geociências do IBGE, Guido Gelli, assinaram hoje um protocolo de cooperação técnica para execução de 13 iniciativas, entre as quais se destacam a divulgação dos mapas (político, solos, geologia, geomorfologia e vegetação) na escala 1:250.000, elaboração de um CD interativo com informações ambientais, instalação de refletores para calibração do satélite ALOS de imageamento, desenvolvimento de indicadores ambientais, censo agropecuário e formação de um grupo de trabalho para propor metodologias e definir indicadores específicos para a população amazônica.

terça-feira, 28 de março de 2006

FOLHA DO MEIO AMBIENTE


"Altino, parabéns pelo seu site, pela sua luta, pelos seus ensinamentos e pelo seu belíssimo trabalho.

Meu nome é Silvestre Gorgulho e faço um jornal, há 17 anos, chamado Folha do Meio Ambiente.
Todo mês de abril eu faço a edição dedicada aos índios.

O jornal chega a 15 mil escolas no Brasil, e vai para mais de 123 países.

É um trabalho meio solitário - você sabe como é - a gente escreve, administra, leva na gráfica, distribui - como acontece neste país com todas publicações que envolvem cultura e meio ambiente.


Meu email tem uma finalidade. Nesta edição de abril estou dando destaque as duas Pajés - Raimunda e Kátia - Yawanawá, bem como o prêmio recebido por Raimunda.

Gostaria muito de publicar (dando o crédito, evidentemente) de parte de sua entrevista com Raimunda, que achei maravilhosa. Meu abraço e mais uma vez parabéns pelo seu trabalho.

Com amizade,

Silvestre Gorgulho"

Nota: Caro Silvestre: faça bom proveito da entrevista com as duas pajés. É um prazer colaborar com a sua luta também. Bom trabalho!

EM SE PLANTANDO DÁ

Claudio de Moura Castro (*)

Ante o atraso enorme da educação brasileira, somos soterrados pelo pessimismo, sobretudo ao notar que as lideranças nacionais não têm sequer a consciência do problema. Nessas horas, é bom lembrar que vivemos em um país federativo, onde há um bom naco de responsabilidade na mão dos estados. E, se prestarmos atenção, alguns levaram a sério a decisão de tirar o atraso. Vejamos o exemplo de dois estados pouco lembrados: Acre e Sergipe.

No Acre, completam a segunda gestão um governador e um vice que puseram a educação no primeiro plano. Encontraram um estado conflagrado e com suas escolas degradadas. A primeira providência que tomaram foi melhorar a gestão e reduzir uma burocracia central inchada, emagrecendo-a de 1.200 para 400 funcionários. Em seguida, as atenções focalizaram a construção e a reforma das escolas. Escola bonita e cores alegres fazem subir o astral de todos. Recentemente, a escolha de diretores passou a ser feita em duas etapas: concurso e eleição.

Para os alunos repetentes, foi criado o Poronga, um programa inovador, utilizando a experiência e os materiais do Telecurso 2000. À medida que mais alunos de escolas públicas chegavam ao fim do ensino médio, o governo fez um acerto com a universidade federal, pelo qual o estado financia a expansão da sua rede em outras cidades.

Os resultados estão aí. A matrícula cresceu, tirando o estado da rabeira. Melhor ainda, os escores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostram expressivo aumento na pontuação em português (matemática ainda é um problema).

Faz poucos anos, Sergipe resolveu cuidar seriamente de seu ensino. O governador define a educação como sua prioridade. Iniciou dois programas com o Instituto Ayrton Senna, experimenta um novo método de alfabetização infantil e está implantando as fórmulas gerenciais do professor Vicente Falconi Campos.

As avaliações mostram quais são os professores com melhor desempenho, para recompensá-los com prêmios e um subsídio para que comprem o próprio computador. Algumas escolas estão sendo convertidas em estabelecimentos-modelo, começando a receber estudantes selecionados por seu talento. Foram criados pré-vestibulares gratuitos para alunos da escola pública e são oferecidos prêmios aos mais bem colocados na universidade federal. Ainda é cedo para os resultados aparecerem no Saeb e no censo escolar. Mas, se o estado persistir nessa linha, é inevitável que os resultados sejam visíveis em breve.

Tais avanços confirmam os registrados em Minas Gerais, na década de 90, onde se originaram algumas das idéias adotadas pelo Acre e por Sergipe. Por exemplo, dinheiro para as escolas, redução severa da burocracia central e um sistema pioneiro de avaliação, de todas as escolas. Os diretores passaram a ser escolhidos por concurso seguido de eleição dentre os mais bem colocados. A fórmula mostrou resultados excepcionais. Nas avaliações do Saeb, após oito anos, Minas saltou da nona para a primeira colocação.

Esses três exemplos têm muitos traços comuns. O primeiro e mais decisivo é o comprometimento do governador e de sua equipe próxima. A educação melhora somente quando se torna o centro de gravidade do governo, e assim persiste por vários anos. Competência e pragmatismo são tudo. Partido não interessa.

A burocracia das secretarias precisa ser domada, pois é foco crônico de fisiologismo, reduz a capacidade do estado de oferecer educação de qualidade e sangra os orçamentos. As intervenções são poucas, cuidadosamente escolhidas e implementadas seriamente. É preciso que as ações mirem naquilo que aperfeiçoa a sala de aula. Mil penduricalhos e programinhas não resultam em nada.

Finalmente, todos tiveram uma pontaria certeira para identificar e atrair as melhores cabeças do país, a fim de ajudar na concepção e na execução dos planos. Igualmente, são importados os programas mais inteligentes e eficazes, vários deles iniciativas da responsabilidade social de empresas. Os resultados tardam pouco. Se dois estados de pouca tradição prévia na área estão acertando, aí está a prova eloqüente de que é possível melhorar a nossa educação.

(*) O economista
Claudio de Moura Castro é articulista da revista Veja.

ECLIPSE SOLAR TOTAL

Programa para tentar esquecer por alguns minutos as mentiras e as quedas de parlamentares e ministros petistas: acompanhar amanhã pela Internet o primeiro eclipse solar vísivel simultaneamente em todo o mundo. Ele será visível dentro de uma estreira faixa, que cruza metade da terra. O trajeto começa no Brasil, se estende através do Oceano Atlântico, do norte da África, e da Ásia central, onde termina no por-do-sol no norte da Mongolia. A Nasa (Administração Nacional para a Aeronáutica e o Espaço) dos EUA promete transmitir o fenômeno ao vivo.

A Lua começará a ocultar o Sol a partir de 7h55 (de Brasília) da quarta-feira. Locais privilegiados: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Icoraci, Natal, Recife, Rio e Salvador.

O dia vai virar noite durante quatro minutos em algumas regiões da América do Sul, África e Ásia - locais onde o eclipse acontecerá totalmente.

Habitantes de uma ampla faixa, que cobre dois terços do norte da África, Europa e Ásia Central, poderão ver o fenômeno parcialmente.


Clique aqui para visitar a página do eclipse.

segunda-feira, 27 de março de 2006

LIBERDADE E LUTA

O jornalista Antonio Alves, do blog O Espírito da Coisa, e o ex-ministro Antonio Palocci foram integrantes da Libelu (Liberdade e Luta), um movimento de linha trotskista radical. O codinome do militante Palocci era "Pablo".

Leia o breque dado pelo Toinho:

"Palocci caiu? Bem, a coisa não anda muito fácil para libelus que se desviaram do caminho. Por isso, mesmo tendo convicção de que a chama revolucionária ainda arde em mim, vou me recolher para meditar. Conversar um pouco com o Davi, porque a lealdade dos caseiros deve ser cuidadosamente cultivada. O Lula, que já deveria estar com as barbas de molho há muito tempo, que se vire. E a deputada dançarina que chame seus colegas para ensaiar uma nova coreografia. E alguém segure a economia, porque esse ministro manteiga aí, não sei não... O consolo é que aqui no Acre está tudo Binho. Agora vai começar aquela trabalheira de campanha, caramba, vamos pra guerra outra vez. A vantagem é que o Binho é de raiz, vai fazer aquela velha militância se animar de novo. Até eu já estou olhando as goiabeiras com atenção, procurando uma forquilha boa pra fazer o cabo da baladeira... Me dêem dois ou três dias. Segurem o Lula que vou ali e já volto".

Ganhará uma sacola de goiabas quem revelar o codinome que Toinho Alves usava na Libelu, em Brasília e Acre. Os leitores Mag e N.N. querem saborear goiabas?

FOI SACANAGEM, PALOCCI!



Do ex-ministro Antonio Palocci:
- Pedi afastamento definitivo do governo em consideração ao presidente da República e ao país.

Do
caseiro Francenildo dos Santos Costa:
- Está ficando provado que o lado mais fraco não é o de um simples caseiro. É o da mentira.

A foto acima foi tirada pelo Mauro Maciel no dia 21 de janeiro, quando o governador Jorge Viana, o presidente Lula e o então ministro Antonio Palocci visitaram a modesta casa do Eupídio Moreira, no bairro Defesa Civil, em Rio Branco.

Eupídio, tetraplégico aposentado, é amigo de Lula dos tempos de sindicato. Ele perguntou a Lula sobre a candidatura à reeleição.

- É cedo ainda para definir. Os adversários até querem que eu entre em campanha agora - respondeu Lula.

Eupídio criticou Lula sobre seu futebol.

- Você é ótimo presidente, mas como jogador de futebol precisa treinar bem mais.

- Vou mostrar como não sou. Vou enviar um vídeo pra você com imagens do meu futebol - prometeu o presidente.

As paredes de madeira e o sofá da casa foram forrados com um tecido de algodão para receber os visitantes ilustres.

SUCESSO, NINE!

"Bom amigo,

Agradeço o empenho e a campanha desencadeada em seu blog para atrair o patrocínio para que a Stephanine possa participar do Youth American Grand Prix, em Nova Iorque. Na semana passada, o visto dela foi aprovado após a entrevista no consulado. Ela embarcará no dia 15 de abril para os EUA. O patrocínio da passagem é da empresa TAM, no modelo de cortesia que eles oferecem aos funcionários. A passagem foi concedida por solicitação de um senhor que não quis que seu nome fosse identificado ou divulgado e tenho que respeitar isso.

Quanto aos demais gastos, que não são poucos, estão sendo bancados por mim. Fiz empréstimos em bancos para a preparação dela em ensaios durante as férias, estadia em hotéis, passagens, taxas dos cursos e ensaios específicos, além da confecção dos vestidos e arranjos para a cabeça, meias e sapatilhas que ela vai usar.

Os bastidores de preparação para a ida a um festival é desgastante, cansativo mesmo, tanto para a família quanto para o bailarino competidor. Para você ter idéia: ela quebra de quatro a cinco sapatilhas de ponta e gasta duas ou três de meia ponta por mês - avalie a força nas pernas da menina. Bailarinos deveriam nascer somente em famílias abastadas.

São horas e horas de ensaios para uma coreografia de dois a três minutos apenas no dia da competição. A sorte da pessoa que sonha em voar dançando está lançada ali, naqueles poucos minutos diante de uma banca de profissionais altamente exigentes e de uma platéia enorme. Imagine o espaço para a platéia no Lincon Center. O tamanho do palco, isso influência no psicológico de quem dança. Os palcos no Brasil são pequenos e de pouca profundidade e tudo isso interfere na apresentação.

Nine vai sem professor ou orientador para acompanhá-la nos ensaios dela lá em Nova Iorque antes das apresentações. Durante a competição, vai estar com a alma de uma verdadeira amazônida.

Sozinha, tentará concorrer com bailarinos do mundo todo, sendo que alguns são patrocinados por seus próprios países. Esses chegam acompanhados de uma equipe técnica especializada (professores, médicos, fisioterapeutas etc) para deixar o bailarino seguro.

O que Nine conseguirá fazer no palco será o que estará ao alcance dela competindo sozinha. É uma competição internacional. Entra o nacionalismo e patriotismo nisso também. Do Brasil, vão 170 bailarinos - os que se apresentarão sozinhos, em grupos e por faixa etária.

Nine apresentará "La Bayedere", "Esmeralda" e "Pra ver-te". Os vestidos estão sendo confeccionados por uma croata radicada no Brasil. Os arranjos da cabeça foram confeccionados por Marli, uma senhora do Rio, que faz esse trabalho para os bailarinos do Teatro Municipal. Um arranjo segue o modelo de um que a Ana Botafogo já usou em espetáculo.

Como conseguirei pagar os empréstimos? Apenas com o tempo e com calma. Fiz tudo o que uma mãe pode fazer para dar condições de sua filha tentar realizar seu sonho de ser uma sapatilha voadora e agora está tudo entregue nas mãos de Deus.

Fiz tudo isso por amor ao Acre, para que um dia ela possa se apresentar aos jovens acreanos e dizer que sonhar é possível. Mesmo que ela não ganhe ou seja bem classificada, pois realmente é muito difícil, poderá dizer que foi lá e dançou e participou e aprendeu mais na vida.

Porém, nada é impossível. Dependerá do dia e das estrelas e anjos que a protegem. Ela vem para Vitória dia 14 e se você desejar conversar com ela, coloco-a online ou por telefone para maiores detalhes.

Agradeço de coração o seu empenho e o que você fez no blog por ela.

Obrigada"

Marystela Ricciardi Rocha
Vitória (ES)

Nota: Querida Marystela, estamos todos torcendo pelo sucesso dela. Você poderia também ter procurado no Acre o marqueteiro Gilberto Braga, da Companhia de Selva, que está empenhado na reestruturação do time de futebol Andirá. Dança também é cultura. Quem quiser saber mais a respeito da campanha aberta por esse blog em defesa de patrocínio para a bailarina acreana Stephanine Ricciardi Rocha deve clicar aqui.

O MARKETING CONTINUA

Felipão de saias no comando

Cláudia Malheiros é treinadora do Andirá, time do futebol do Acre

Robson Morelli

No dia 30, o Andirá entrará em campo depois de muito esforço para disputar mais um Campeonato Estadual. O clube conseguiu dinheiro para jogar a competição. De cara, terá parada indigesta, enfrentar o tetracampeão do Acre, o Rio Branco. Mas o Andirá está animado, pois no banco o modesto time terá Cláudia Malheiros, conhecida no Estado como o Felipão de Saias. É a única treinadora de que se tem notícia na Primeira Divisão do futebol brasileiro.

Cláudia, uma agrônoma de 40 anos, é carioca, casada com um angolano, mãe de duas filhas e aceitou ser treinadora do Andirá pela segunda vez. Ela já havia ocupado o cargo na temporada de 2000, quando tirou o time das últimas posições para levá-lo à quarta melhor campanha. Tentará a proeza mais uma vez, agora com mais experiência. "As pessoas aqui me chamam de Felipão de Saias e acho que faço jus à fama. Sou um pouco severa com o elenco, mas sei dar carinho, sou mãezona. Eles são carentes e às vezes dar bronca não resolve", diz a treinadora, que não pretende largar a agronomia enquanto estiver à frente do Andirá.

Cláudia tem coragem para assumir uma função tradicionalmente ocupada por homens, sobretudo numa região que nunca deu sinais de ser tão liberal e moderna assim. "A maioria das pessoas com quem converso me acha corajosa. Algumas mulheres me cumprimentam. Outras me olham assustadas com cara de 'como é que pode?' Levo numa boa. Sempre gostei de futebol. Meu pai me levava ao Maracanã para ver o Flamengo e até joguei com minhas quatro irmãs em times da escola. O futebol é uma das minhas paixões", explica a técnica, que conta com o apoio irrestrito do marido, que é torcedor do Porto, e das duas filhas.

O Estadual do Acre é curto - são três meses apenas. É ganhar ou morrer. Os jogadores do Andirá recebem salário médio de R$ 600. Jogam com a esperança de ser vistos e levados para outras praças mais bem estruturadas. O time jamais ganhou nada no Acre. Foi fundado em 1964. Abriu, fechou, reabriu e fechou várias vezes. Sobrevive com dificuldades. Cláudia, além de treinar a equipe, também foi fundamental para conseguir patrocínio para a atual temporada, pois o clube corria o risco de não atuar por falta de verba, como ocorreu em 2005.

A carreira de treinadora começou por acaso. Já morando no Acre e com fama de ex-jogadora, foi convidada para ser auxiliar de Ulisses Torres no Vasco da Gama local. O clube não ganhava nada havia 35 anos. Nas partidas finais do Estadual, o técnico foi suspenso e Cláudia 'comandou' a equipe. "Em três jogos, somamos cinco pontos e o Vasco saiu da fila. A cidade começou a falar de mim. Virei celebridade na Capital."

Dos tempos em que o pai a levava para ver os jogos do Flamengo nasceu outra paixão, por Zico. Mas Cláudia não vê mais partidas do Fla. Não tem paciência. Acha uma vergonha 'esses jogadores ruins' vestirem a camisa do clube. Quando jogava futebol em Itaguaí, interior do Rio, ficava incomodada com o que as pessoas diziam dela. "Ou era sapatão ou era menina de rua", conta. Foi se acostumando e dando de ombros para os comentários. Nunca foi menina de rua e está casada há 20 anos. As filhas moram com ela.

Para comandar os marmanjos do Andirá, usa disciplina e procura não inventar. "Todos me escutam, sou severa, mas mãezona. E não peço aquelas jogadas rebuscadas. Faço o simples com eficiência. Nada mais. Foi assim que, em 2000, o Andirá terminou o Estadual em quarto lugar", comenta, orgulhosa.

Na beira do gramado, ela não é de gritar, mas admite soltar a voz se preciso. Sem falar palavrão. Trabalha de agasalho. Nos jogos oficiais, vai usar calça jeans e camiseta. "Agora me deram chuteiras tamanho 37 para eu enfrentar melhor as condições do campo", diz. Trabalhar com homens parece ser uma sina. Como agrônoma ela sempre esteve entre peões de roça. E nunca sofreu por isso.

Também diz nunca ter encontrado um atleta seu de "bumbum de fora" no vestiário - expressão que ela mesma usa para se referir ao antes e depois das partidas. "Só entro no vestiário quando todos já estão vestidos. Sou de falar pouco e por isso passo pouco tempo lá dentro. Todos me respeitam."

Como qualquer treinador que se preze, Cláudia também está ansiosa para o início do Estadual. Quer ver os primeiros resultados do Andirá. Sabe que só voltará na próxima temporada se obtiver boas vitórias. E tem mais: por ser mulher, qualquer derrapada poderá lhe custar mais facilmente o emprego, além, claro, de ter de ouvir as provocações da torcida.

Fonte: O Estado de S. Paulo

BINHO MARQUES É FORTE

Há oito anos, quando Jorge Viana assumiu o governo do Acre, os servidores públicos estavam com dois meses de salários em atraso, além do 13º salário e do FGTS, que deixara de ser pago porque não era mais recolhido. Alguns prédios públicos estavam condenados pela Defesa Civil porque ameaçavam desmoronar e na maioria deles não havia gente para atender a população.

Na Secretaria de Educação, que movimenta metade da verba e do pessoal do Estado, 75% dos professores lecionavam sem licenciatura. Dentro desse enorme grupo, 30% sequer havia concluído o ensino médio. E dentre esses estavam os que sequer haviam concluído o ensino fundamental.

A situação era extremamente difícil, um verdadeiro desafio, pois exigia uma ação para alcançar a formação inicial do professor e do profissional de apoio e valorizá-los com salários.

O historiador Binho Marques (foto), que será o candidato da Frente Popular do Acre para suceder o governador Jorge Viana, desde que assumiu a Secretaria de Educação, há oito anos, promoveu uma verdadeira revolução no ensino público estadual.

Sua primeira providência foi definir que o foco de sua gestão seria a busca da qualidade e do acesso ao ensino.
O objetivo não era melhorar a qualidade apenas para os 70 mil estudantes matriculados, mas expandir as matrículas, compatibilizando-as com melhoria da qualidade, algo abstrato quando não se tem clareza dela.

Após muitas discussões, que envolveram o conjunto dos trabalhadores em educação, Binho Marques optou pela construção de referenciais curriculares, que expressasem claramente quais habilidades e competências os alunos deveriam desenvolver de acordo com as séries que estavam cursando.

Disparidade
E foi a partir disso que ocorreu uma enorme mobilização na discussão dos parâmetros curriculares, o que permitiu a definição segura do que seria o tal referencial de qualidade. O processo iniciou em 1999 e se consolidou três anos depois.

A primeira conclusão era de que algumas ações básicas eram necessárias. Uma delas se constituía numa clara política de valorização salarial e de formação dos profissionais de educação, para que pudessem melhorar o desempenho no conceito da sonhada qualidade.

Quando Binho Marques assumiu a Secretaria de Educação, o piso salarial de um professor com nível superior, sem pós-graduação, era de R$ 380,00, incluídas todas as vantagens. Um professor com graduação e latu-sensu atingia, com todas as vantagens, um salário de R$ 480,00. Em compensação, o teto desse mesmo professsor já alcançava R$ 1.500,00.

A disparidade era enorme. O novo desafio era construir uma carreira onde a diferença do maior para o menor salário diminuísse consideravelmente, pois não daria para alimentar uma diferença tão absurda entre quem está começando, quem está no meio e quem está no final da carreira, pois todos desenvolvem esforços semelhantes.

A diferença está em experiência e o secretário entendeu que o Estado deveria pagar diferenciado por isso, mas não de modo díspare. Ele optou por reorganizar a carreira, estabelecendo uma diferença de 50% do menor para o maior salário, com um piso inicial de R$ 675,00 e um teto de aproximadamente R$ 1.800,00.

Ao criar a carreira de cargos e salários para propiciar ganhos reais posteriores e sem disparidade ao final, Binho Marques fez com que os professores saissem de um piso de R$ 380,00 para R$ 675,00. A partir daí, começaram a ter uma carreira que possibilitava trabalhar com salários fortes e propiciava ganhos reais.

Melhor piso
Atualmente, o salário dos professores do Acre, com piso de R$ 1.498,00 é o melhor do Brasil, para um turno de trabalho. Em janeiro do próximo ano esse piso passa para R$ 1.565,00. Não existe nenhum Estado que se equipare ao Acre.


Nos outros Estados, se paga cerca de R$ 1.300,00 para 40 horas de trabalho, com duas horas de exercício dentro da sala de aula. No caso do Acre, vários profissionais do primeiro provimento do plano ganham R$ 1.400,00 de inicial, com jornada de sala de aula de 16 horas. Esse é o grande diferencial.

Binho Marques achava que o ideal seriam os contratos de 40 horas, mas quando assumiu havia uma outra disparidade: contratos de 40 horas nos quais efetivamente se trabalhava 16 horas. Para um professor com contrato de 40 horas, o Estado pagava R$ 1.860,00, mas já começa a pagar R$ 2.000,00.

A folha de pagamento, que era de R$ 60 milhões em 1999, vai saltar para R$ 274 milhões no final de 2006. Isso caracteriza o ganho real dos funcionários da educação.

O crescimento se deu em salário. Boa parte desse salário é resultante do processo de formação. Inicialmente, foram formados 4,5 mil professores e mais recentemente 3,5 mil. Já são oito mil professores formados.


Isso significa pegar um funcionário que hoje ganha R$ 715,00, em média, e elevá-lo para um salário de R$ 1.400,00. Parte desses recursos é resultante da progressão do professor de nível médio para uma formação de nível superior.

Os salários dos professores, de 1999 a 2006, vão fechar com quase 400% de reajuste, ou seja, não existe perda salarial em relaçãos aos déficits inflacionários do período.


Aprendizagem
Passados oito anos, o trabalho resultou em qualidade, pois foram feitos investimentos em salários e formação, infra-estrutura e equipamento das escolas e de descentralização dos recursos. A Secretaria de Educação paga hoje R$ 32,00 por aluno para que as escolas se mantenham.


A escolas têm autonomia, gerenciam dinheiro. Uma escola como o Colégio Estadual Rio Branco, por exemplo, gerencia R$ 120 mil por ano, para comprar papel, caneta, meterial de limpeza, trocar lâmpadas, torneiras etc.

Não são todos os estados que trabalham com essa lógica descentralizadora, mas no Acre todas as escolas se organizam a partir da pessoa jurídica do Conselho Escolar, que é eleito pela comunidade e é quem na verdade gerencia os recursos. Diretores de escolas, também eleitos pela comunidade, são apenas os executores das prioridades estabelecidas pelo Conselho Escolar.

A consequência disso foi o resultado do Sistema de Avaliação Básica (Saeb), feito em 2003 e divulgado em 2004, onde o Acre obteve um resultado muito positivo. O Estado, que era o último colocado em aprendizagem de seus alunos, conseguiu superar as regiões Norte e Nordeste e ficou muito próximo da média Brasil.

É por essa e outras demonstrações de talento como gestor público que o franzino Binho já é o mais forte candidato ao governo do Acre para as próximas eleições.

- Eu decidi que não iria fazer minha família sofrer. Minha vida de militante não nasceu no PT, e sim no Partido Revolucionário Comunista. Eu não queria mais defender teses das quais discordava, como fiz no antigo PRC. Foi por isso que me via mais como soldado de partido. Mas de 1999 pra cá as coisas mudaram. Hoje, a coisa é diferente. Eu tenho paixão pela florestania - afirmou ele emocionado, durante a plenária do PT que firmou seu nome como candidato a sucessor de Jorge Viana.

P.S.: Antes de ser secretário Municipal e Estadual de Educação e pré-candidato ao governo do Acre, Binho Marques trabalhou com Chico Mendes e foi coordenador do Projeto Seringueiro, de educação. Clique em "Quando os anjos choram" para ler o artigo dele sobre o dia do assassinato de Chico Mendes.

domingo, 26 de março de 2006

RIO IACO: ROTA DA MADEIRA



Por Evandro Ferreira, do blog Ambiente Acreano (*)

O que a imagem [balsa com cerca de 70 toras de madeira extraídas no rio Macauã e seguindo ontem em direção à cidade de Sena Madureira] representa para você leitor?

Para alguns ela representa o que mostra: madeira sendo transportada em uma balsa em um dos muitos rios amazônicos. Para os ambientalistas que se preocupam com um possível descontrole da exploração madeireira no Acre, é um péssimo sinal. A imagem é emblemática: a extração da madeira já está "subindo os rios", inclusive aqueles pouco habitados e de pequeno porte como é o caso do rio Macauã.

É inverno no Acre (época das chuvas), as estradas estão intrafegáveis. Antigamente isso significava a paralização da exploração e do transporte de toras de madeira. Hoje isso não parece mais ser o caso. A madeira deve estar dando muito lucro para justificar o uso de rebocador e balsa em um rio extremamente difícil de navegar com tal embarcação, como é o rio Macauã.

Não pude determinar a orígem da madeira, mas imagino que a mesma foi retirada e estava sendo transportada legalmente. Só sei que veio do rio Macauã. Este pequeno rio é um afluente do rio Iaco, que banha a cidade de Sena Madureira, e sua desembocadura fica localizada a cerca de 4 horas da cidade de Sena, subindo o rio Iaco em "batelão".


Estávamos na região realizando algumas coletas botânicas e verificamos, com tristeza, que a parte baixa deste rio está "cortada" por lotes de um projeto de assentamento do INCRA. O ramal (pequena estrada secundária) Mário Lobão passa a cerca de 6km da margem do rio Iaco, na altura da desembocadura do rio Macauã. Alguns "galhos" desse ramal chegam até a margem do rio Iaco, "abrindo" definitivamente o rio Macauã para a exploração de seus recursos naturais.

Tive a oportunidade de caminhar em um "carreador" que liga o Macauã ao Iaco e deu para observar que a madeira dos lotes nos projetos de assentamentos estão sendo exploradas e vendidas para exploradores que possuem "planos de manejo". É uma pena que a exploração esteja ocorrendo mediante a venda de toras. Os pequenos agricultores recebem entre R$ 30,00-50,00 por cada tora.

Se é para explorar, que se faça pelo menos um pré-beneficiamento local (fazendo pranchas, por exemplo), agregando valor a um produto que muitos agricultores só irão extrair uma única vez em sua vida. Uma nova exploração em sua propriedade só vai ocorrer em 40-60 anos. Se a floresta - sem seu bem econômico mais precioso: a madeira - conseguir permanecer de pé, talvez seus netos ou bisnetos venham a se beneficiar de uma futura venda de madeira nobre.

O futuro dirá se isso vai mesmo acontecer. Eu duvido. E você?

(*) Evandro Ferreira é acreano de Rio Branco, doutor em botânica pelo Museu de Nova Iorque e pesquisador do INPA-AC e do Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre.

PT VOLTA POR CIMA

A abertura da reunião extraordinária do PT, para o endosso da militância às candidaturas de Binho Marques ao governo do Acre e do senador Tião Viana à reeleição, foi marcada pela apresentação de um eclético coro feminino, acompanhado pelo violonista Dircinei Souza.

Pena ter esquecido de gravar em vídeo a bem humorada apresentação. Mas quem quiser ouvir, na voz de Noite Ilustrada, a canção "Volta por cima", de Paulo Vanzolini, basta clicar aqui.

sábado, 25 de março de 2006

BALSA? NEM PENSAR















"Tenho
horror pelos profissionais da política"
(Jorge Viana)

O governador Jorge Viana (na foto, com o prefeito Raimundo Angelim) não vai se desincompatibilizar para concorrer a cargo eletivo em outubro e tem permanecido mais tempo fora de seu gabinete por causa das visitas diárias que faz às obras de sua administração.


Ele visitou hoje o centro comercial de Rio Branco, onde operários trabalham dia e noite para concluir a reforma e pintura de fachadas de lojas, a passarela para ciclistas e pesdestres e o antigo Mercado Municipal.

As obras de revitalização do centro estão entre as muitas que ele pretende inaugurar antes das eleiçoes, que terão como candidato a sucedê-lo o vice-governador Arnóbio Marques, secretário de Educação.


- O meu negócio vai continuar sendo ponte. Neste ano não quero nem pensar em balsa - brincou o governador.

"Balsa" na política acreana simboliza a imaginária embarcação reservada aos derrotados pelo povo, que seguem pelos rios em desconfortável viagem cujo destino é o município de Manacapuru (AM).

As obras no centro de Rio Branco estão transformando a paisagem da cidade e até o governador às costuma se referir a elas como o "nosso Pelourinho".

- Essas obras têm o sentido de resgatar a história, mas existe uma coisa complicada: é o desamor dos administradores que passaram por essa cidade, que deixaram cada lugar que essa cidade tinha ser destruído. Tanto Angelim quanto eu estamos nessa tarefa difícil de devolver pro público o que era público, espaços que foram privatizados por conta de política, de eleição, por pessoas que viraram profissionais da política. É por isso que eu tenho horror pelos profissionais da política - afirmou Viana.

Assista a seguir o vídeo de uma conversa da qual participaram, além do governador e do prefeito, o artista plástico Babi França e o secretário de Obras Eduardo Vieira.

ENTREVISTA JORGE VIANA

AMOR PELO ACRE

Vista aérea da avenida Epaminondas Jácome, o centro comercial de Rio Branco, nos anos 70, entre as duas pontes que ligam os dois distritos da cidade.








O Mercado Municipal de Rio Branco foi inaugurado no dia 15 de junho de 1929, na gestão do governador Hugo Carneiro. Era um dos primeiros prédios em alvenaria no Acre.






Fotomontagem do caos em que se transformou o Mercado Municipal em decorrência da invasão do espaço público. A cidade ficou de costas para o Rio Acre e o local se tornou num dos pontos mais feios da cidade.







O governo estadual está recuperando o prédio original e executando obras que vão revitalizar o centro da capital do Acre.









Vista parcial da Av. Epaminondas Jácome, centro comercial de Rio Branco, anos 70.












Uma ponte moderna, para pedestres e ciclistas, está sendo constrúida em frente ao prédio do antigo mercado.










As fachadas das lojas do comércio na Av. Epaminondas Jácome estão sendo reconstruídas e pintadas.











Detalhe de um vitrô do mercado, cujo piso de cerâmica hidráulica está sendo restaurado, para funcionamento de café e restaurantes.









Detalhe da fachada do ponto comercial mais próximo da ponte Sebastião Dantas, conhecida pela população como Ponte Nova ou Ponte de Concreto.









Babi França, que nasceu na 6 de Agosto, vai contar a história de uma das ruas mais antigas do Acre num imenso painel que será apreciado por quem atravessar a passarela sobre o Rio Acre.








A ponte Sebastião Dantas, construída em meados dos anos 70, está sendo pintada pela primeira vez.
















Operários trabalham dia e noite para acelerar o ritmo das obras de restauração das fachadas no comércio central da cidade.















O prefeito Raimundo Angelim e o governador Jorge Viana no canteiro de obras.

sexta-feira, 24 de março de 2006

OCASO



MARIPOSA


EXÉRCITO LIBERTADOR

Documentos registram correspondência entre o Coronel Plácido de Castro, o “Libertador do Acre”, e Forças Bolivianas. Os mapas encontrados são de 1907



Uma vistoria da Promotoria de Justiça da cidade gaúcha de São Gabriel em um acervo particular, atualmente administrado pelo Museu Gaúcho da Força Expedicionária Brasileira, localizou diversos documentos que mostram a expansão do território brasileiro. Foram descobertos manuscritos, mapas e esboços de navegação no Acre.


Clique aqui para conhecer as fotos e a reportagem de Celio Romais, da assessoria de comunicação do Ministério Público do Rio Grande Sul.

A foto acima, de Plácido de Castro, foi tirada pelo explorador Percy Fawcett, que trabalhou no Ceilão para o serviço secreto britânico e foi contratado pelo governo da Bolívia, que precisava demarcar suas fronteiras.

O coronel Percy Fawcett esteve com o coronel Plácido de Castro um ano antes do comandante da Revolução Acreana ser assassinado. Fawcett, que acreditava na existência de várias cidades perdidas, desapareceu misteriosamente nas terras brasileiras.

Saiba mais a respeito do encontro de Plácido de Castro e Percy Fawcett aqui.

MEU VICE-GOVERNADOR

A Frente Popular do Acre necessita de um candidato a vice-governador que seja forte no Vale do Juruá. O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B) e o ex-deputado César Messias, primo do famigerado Orleir Cameli, estão disputando a mamata. Faço a indicação de um candidato melhor que ambos. Para conhecê-lo, clique aqui.

RUY CASTRO

Autor das biografias consagradas de Nelson Rodrigues e Mané Garrincha, o jornalista, tradutor e escritor Ruy Castro lança no Acre o livro “Carmem” (Cia das Letras), biografia da brasileira mais famosa do século XX – Carmem Miranda. Ele estará em Rio Branco na próxima quarta-feira e fará uma palestra com entrada franca, às 19 horas, no auditório da Eletroacre.

Muito bom que a Fundação Elias Mansour, Prefeitura de Rio Branco, Instituto de Ensino Superior do Acre (Iesacre), Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e o Banco da Amazônia (Basa) estejam apoiando o jornalista Fred Perillo com sua versão amazônica do projeto “Sempre Um Papo”.

Ele existe há 20 anos em Belo Horizonte e foi levado para outros Estados. Chega agora na região Norte com programação em Rondônia, Acre e Amazonas. Está prevista a realização de 10 eventos até o fim do ano em Rio Branco, sempre com entrada franca.

Ruy Castro, que nasceu em Caratinga (MG), tem se destacado em biografias e reportagens extensas que vieram a se desenvolver na qualidade de livro-reportagem. Consagrou-se como um dos escritores brasieliros mais respeitados na atualidade.

É autor de "Chega de Saudade: A história e as histórias da Bossa Nova", "O Anjo Pornográfico: A vida de Nelson Rodrigues", "Saudades do Século 20" e de "A Estrela Solitária: Um brasileiro chamado Garrincha".


Além da literatura de não-fição, Ruy Castro já produziu ficção, como o livro de literatura juvenil, O Pai que era Mãe, e adaptações para as história de Frankenstein, de Mary Shelley, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

Papo imperdível.

quinta-feira, 23 de março de 2006

CALVÃO

Altino,

fui até Angicos fazer auditoria numa farmácia popular e o diabo do motorista me atentou pra que eu prestasse bastante atenção num detalhe na entrada da cidade. Tirei a foto e estou enviando-a para você. Angicos é a cidade onde nasceu o antropólogo Darcy Ribeiro. Fica a uns 150 ou 170 quilômetros de Natal, no médio-oeste potiguar, após o Pico do Cabugi, que é a serra mais alta do Estado.

Um abraço do acreano potiguar

Rodrigo Medeiros
Natal (RN)

Nota:
Será calvão bueno, Rodrigo? Presta atenção: o João Bosco está avisando que Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros (MG) e não em Angicos. Destaque para o comentário do escritor mineiro Juarez Nogueira:

-
Explique-se o "calvão": é uma ocorrência que passa pela noção de "certo" e "errado" quanto ao uso da língua e, portanto, motivadora dos chamados preconceitos lingüísticos. Para ilustrar, é o caso do sujeito que diz "carça" e alguém o corrige: "Não é carça, é calça que se diz". Daí, quando tem que usar a consoante, como no caso de garfo, diz "galfo", isto é, troca a letra, movido pela noção de que é o registro lingüístico prescrito pela norma culta e que atende à expectativa quanto ao uso social da língua privilegiado pelas classes letradas. Falar nisso, é triste lembrar: cerca 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais. Sabem escrever o nome, um bilhete,fazem contas, mas têm dificuldade para interpretar textos e relacioná-los com outras informações.

XAPURI

O apresentador de TV Jorge Said, assessor do senador Geraldo Mesquita Jr. (PMDB-AC), esqueceu de uma regra básica: nunca se acentuam palavras oxítonas terminadas em "i" e "u", e em consoantes - ali, caqui, rubi, bambu, rebu, urubu, sutil, clamor etc.

O site Notícias da Hora publicou na íntegra o press-release "Enciclopédia dos Municípios lança fascículo sobre Xapurí", assinado pelo poderoso Jorge Said, que aparece de óculos na foto, na praia do Corsário (BA), ao lado de seu amigo Alex.

Pois bem, são assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas que terminam em "a", "e" e "o" abertos, e com acento circunflexo as que terminam em "e" e "o" fechados, seguidos ou não de "s".

Incluem-se nesta convenção os infinitivos seguidos dos pronomes oblíquos "lo", "la", "los", "las": dá-lo, matá-los, vendê-la, fê-las, compô-lo, pô-los etc. Acentuam-se sempre as oxítonas de duas ou mais sílabas terminadas em "em" e "ens": alguém, armazém, também, conténs, parabéns, vinténs.

Não haveria registro do erro se ele tivesse posto acento em pacu ou Caracu, mas em Xapuri... Estou sendo tão gentil e didático quanto o Jô Soares do Acre costuma ser na TV.

quarta-feira, 22 de março de 2006

O BRUXO TOINHO ALVES

No final do ano passado, quando ainda era forte a possibilidade da candidatura do senador Tião Viana ao governo estadual, foi realizada em Brasília uma reunião "sigilosa" dos cardeais da Frente Popular do Acre.

Na ocasião, o jornalista Antonio Alves, do blog O Espírito da Coisa, quebrou o clima de unanimidade existente em torno do nome do senador ao afirmar:

- O candidato da Frente Popular deve ser o Binho e ele não pode dizer não.

- Eu digo não - rebateu Arnóbio Marques.

O clima da reunião chegou a ficar tenso quando o deputado Nilson Mourão fez um longo discurso para expor contrariedade à sugestão do nome.

O argumento de Toinho Alves foi mais ou menos o seguinte: a gestão do governador Jorge Viana tem cumprido um papel histórico, mas muitas promessas não puderam ser operadas para que se pudesse arrumar a máquina pública que foi encontrada estraçalhada pela corrupção.

Toinho Alves argumentou, ainda, que nutria admiração por Marina Silva, mas julgava que não era bom para ela abandonar o Ministério do Meio Ambiente, onde começava a colher os frutos de seu trabalho, para se candidatar ao governo estadual.

- O momento é para um gestor com o histórico e a competência técnica do Binho, que vai aplainar o caminho para que Marina Silva possa gerir futuramente um Estado baseado na florestania - disse.

Toinho estava certo.

Veja o que escreveu no blog dele, no dia 18 de fevereiro:

- A força eleitoral do Tião é indiscutível, até a oposição reconhece. Se a PEC passar, será o candidato. Mas e se não passar? Aí meu candidato, que é o Binho, tem alguma chance. O problema é que ele não quer, diz que não leva jeito pra governador. Teremos um mês para convencê-lo a aceitar a missão, como um bom “soldado do partido”, e ele terá o mesmo prazo para convencer a Marina a ficar com a vaga. Mas a Marina disse que só será candidata se Deus quiser. Aí as negociações entram num nível muito alto...

Arnóbio Marques, o Binho, será mesmo aclamado candidato da Frente Popular ao governo do Acre no próximo domingo, durante a reunião ampliada dos partidos que compõem a Fretente Popular do Acre.


A ministra Marina Silva já descartou a possibilidade de compor a chapa majoritária encabeçada pelo PT. A decisão consumiu cinco horas de reunião dos petistas, que fizeram um apelo para que o governador Jorge Viana permaneça no cargo até o dia 31 de dezembro.

Mas Viana vai se pronunciar a respeito apenas na segunda-feira. As executivas Regional e Estadual do PT decidiram que o senador Tião Viana deve ser candidato à reeleição. A plenária de domingo decidirá, ainda, quem será o candidato à primeira suplência de senador.

- O Binho é o melhor nome para ser avaliado na convenção do Partido dos Trabalhadores para suceder o governador Jorge Viana - afirmou Marina Silva. Ela interrompeu sua participação na COP-8, que reúne 180 países em Curitiba, para participar da reunião no Acre.

- Eu nunca vi tanto consenso, tanta união em torno de um projeto comum - afirmou um entusiasmado Binho, aquele mesmo, que disse não quando o seu compadre Toinho Alves defendeu a inevitável candidatura.

Há quem diga que Binho Marques na verdade seja o candidato dos sonhos de Jorge Viana.

É BINHO

Tudo pronto para o anúncio definitivo de que a ministra do Meio Ambiente Marina Silva não será mesmo candidata à sucessão do governador Jorge Viana pela Frente Popular do Acre.

O candidato do PT com certeza será o vice-governador e secretário de Educação Arnóbio Marques, 43, o Binho, que é considerado pela ministra como o seu melhor amigo. É promessa segura de uma verdeira revolução no ambiente acreano.

Binho foi quem mais estimulou Marina Silva a estudar, quando a mesma saiu do seringal Bagaço para viver em Rio Branco. Chegou a pagar a inscrição dela no vestibular e a comprar seus livros. Ambos se formaram em história pela Universidade Federal do Acre.

Arnóbio Marques tem sido o maior entusiasta da Usina de Comunicação e Arte João Donato. No começo dos anos 80, Binho esteve envolvido com o movimento cultural e artístico em Rio Branco, tendo sido um dos idealizadores do extinto Teatro Horta, no bairro da Estação Experimental. A ministra Marina Silva era atriz e figurinista do grupo.

Vários jovens que participaram do movimento cultural e artístico há mais de 20 anos alcançaram posições de destaque e influência em diversas áreas do ambiente social e político acreano.

Binho é casado com a jornalista Simony D’Avila, diretora da TV Aldeia. No governo, esteve sempre empenhado em contribuir para resgatar a efervescência artística e cultural que marcaram o Acre naqueles anos.

Ele é secretário de educação desde que Jorge Viana administrou a prefeitura de Rio Branco em meados dos anos 90. Como secretário municipal e estadual, Binho mudou a realidade da educação no Acre, tendo seu trabalho sido reconhecido com premiações nacionais.

Bastante metódico, poucos da atual equipe de governo entendem de gestão pública como ele. Além disso, sua indicação será capaz de animar a militância petista por ser considerado um quadro "ideológico".

As mudanças que a gestão de Jorge Viana tem promovido no Acre são consideradas revolucionárias. Com Arnóbio Marques no governo a tendência é de que as mudanças sejam bem mais ousadas, sobretudo no campo social, após quase oito anos de organização da máquina pública estadual.

Clique aqui para ler a entrevista concedida ao blog, na qual Binho Marques se revela uma positiva ameaça ao establishment. Na ocasião, negou qualquer pretensão em voltar a disputar cargo eletivo e por isso acabei suprimindo a pergunta e sua negativa. Veja a última pergunta da entrevista:

É por conta dessa sutileza da arte como elemento de transformação que os políticos têm dificuldade em incentivá-la?

Talvez a gente tenha poucos artistas na política. Nós queremos contribuir com uma juventude que já está com gás para fazer as mudanças, para que ela possa ser mais criativa, produtiva, ligada à realidade amazônica. O verdadeiro espírito de florestania está dentro dessa usina, para que possamos ter uma consciência nova, voltada à defesa do meio-ambiente, justiça social e solidariedade. A gente começou essa mudança, mas essa mudança precisa de mais gente. A idéia é usinar um novo conceito de sociedade. A gente vê o passado quando olhamos para essa usina. É olhando para o passado que a gente constrói o futuro. Nesse ambiente no qual o passado e o futuro vão se encontrar, também será o encontro de tradição e modernidade, de culturas, pois vivemos num ambiente onde transitam 16 etnias. Queremos uma sociedade plural na qual a diversidade é a nossa maior força. O Acre é um destaque no Brasil e será um destaque no mundo também por isso: o respeito às diferenças.