domingo, 23 de abril de 2017

Um homem de saia no Acre

Estava apressado quando avistei o casal saindo do Mercado Elias Mansour, às 6h51 deste domingo. Deu vontade de segui-lo para relatar o impacto que o homem causa ao transitar de saia pelas ruas de Rio Branco. Rapidamente, presenciei cutucadas, olhares de perplexidade e desaprovação, além de piadas e gargalhadas. Mas o homem ousado seguiu impassível no seu caminho. Estava realmente apressado, tanto que só depois, ao rever a foto, com ajuda de amigos, constatei que o homem, por causa da barba e do violão, é o músico acreano Diogo Soares, da banda Los Porongas.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Indígena Maria Gilda Yawanawá conta os desafios superados para se tornar médica



Maria Gilda Yawanawa, 28, conta os desafios que superou com apoio de sua família muito humilde para cursar medicina em Cuba. Com diploma revalidado pelo Conselho Regional de Medicina, a médica trabalha na UPA do conjunto habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, faz residência em infectologia e sonha “voltar para aquele lindo lugar”, a Terra Indígena Rio Gregório, habitada pela etnia yawanawá. As etnias huni-kuin (kaxinawá) e yawanawá já conseguiram formar quatro médicos - duas mulheres e dois homens, todos atuando no Acre, Amazonas e Pará. Um quinto indígena, da etnia kaxinawá, está no último ano na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo. Compartilhemos a conquista desses indígenas, fato inimaginável há 20 ou 30 anos.

domingo, 9 de abril de 2017

Maria Gilda Yawanawa

Já entrevistei tanta gente rica, famosa e poderosa, mas poucas vezes com a emoção que senti neste domingo (9) ao entrevistar a médica Maria Gilda Yawanawa, 28 anos, que trabalha na UPA do conjunto habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco. O vídeo da entrevista será publicado em breve. As etnias huni-kuin (kaxinawa) e yawanawa já nos legaram quatro médicos - duas mulheres e dois homens, todos atuando no Acre, Amazonas e Pará, formados em Cuba. Um quinto indígena, da etnia kaxinawá, está a se formar na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Caso Bruno Borges: hipótese de crime perde força no desaparecimento de jovem acreano

Polícia Civil do Acre considera "ato voluntário" como linha de investigação  mais viável

"A verdade é o caminho oposto"

O desaparecimento do jovem Bruno Borges, 24 anos, filho de um casal de classe média alta de Rio Branco (AC), ocorrido há 10 dias, segue envolto em mistério e sendo objeto de rumores inimagináveis na imprensa e nas redes sociais.

O jovem, que partiu sem dizer adeus, deixou para trás os pais e dois irmãos, referências a um secreto “grande projeto” que iria “mudar a humanidade de uma forma boa”, além de 14 livros em código e uma estátua do filósofo Giordano Bruno no quarto cujas paredes foram cobertas com textos, fotos e desenhos enigmáticos.

A Polícia Civil do Acre investiga o desaparecimento de Bruno Borges, mas o delegado Fabrizzio Sobreira, responsável pelo caso, se manifestou poucas vezes, de modo lacônico, sobre o andamento sigiloso da investigação.

Quem se pronuncia publicamente pela primeira vez sobre a investigação é o secretário adjunto de Polícia Civil, delegado Josemar Moreira Portes, após entendimento com o delegado e com o secretário Emylson Farias.

A Secretaria de Polícia tenta, ante o grande volume de contatos, sobretudo da imprensa, preservar para que o delegado possa trabalhar, do contrário teria que ficar o dia inteiro concedendo entrevistas.

Como a demanda é enorme e o delegado está ciente dessa estratégia, veja a entrevista exclusiva com secretário Josemar Portes:


Secretário Josemar Portes


Como está a investigação da Polícia Civil do Acre em relação ao desaparecimento de Bruno Borges?
A partir do momento em que confirmamos o desaparecimento, temos a obrigação de agir para, eventualmente, confirmar ou não a existência de um crime. Então, adotamos linhas de investigação para cada uma das primeiras hipóteses, que vão de um ato voluntário a um ato extremado, como suicídio, ou talvez homicídio, sequestro, perda da consciência etc.

Quais dessas hipóteses ou linhas de investigação estão descartadas ou são consideradas menos prováveis?
Nenhuma está descartada, mas a hipótese de qualquer ato criminoso, como homicídio ou suicídio, não está se evidenciando até o momento.

O que está se evidenciando?
Há indícios de um ato voluntário, ou seja, de um desaparecimento voluntário por algum motivo, muito embora isso ainda não esteja comprovado. Essa é uma hipótese, mas não eliminamos nenhuma das outras hipóteses, tanto é que temos gente ainda em campo, até fora do Acre. Temos parceiros trabalhando nisso e, obviamente, a família é nossa parceira, pois reúne informações. Não eliminamos nenhuma hipótese capaz de explicar o desaparecimento, embora, pelo tempo decorrido e os indícios coletados até o momento, o ato voluntário é a hipótese mais viável, embora ainda não seja uma certeza.



Vocês apreenderam ou coletaram material ou equipamentos como celulares e computadores da casa de Bruno?
A gente fez algumas pesquisas, mas atualmente não mantemos em poder da polícia nenhum material apreendido. Já obtivemos todos os elementos técnicos e depoimentos testemunhais que pudessem nos levar a alguma informação capaz de explicar o desaparecimento.

Bruno está usando o celular? O aparelho dele está sendo monitorado?
Qualquer informação que envolva quebra de algum sigilo protegido por lei, assim como as medidas até então tomadas, serão mantidas em segredo para preservar a família, o rapaz e a própria investigação.

O que sobressaiu, por exemplo, dos depoimentos?
Os depoimentos ainda estão sendo colhidos. Pessoas da família, amigos, a rede de relacionamento social, todos foram chamados e alguns estão sendo chamados de novo. Essa rede de relacionamento social é importante porque nos passa muitas informações. Mais pessoas poderão ser ouvidas caso a investigação evolua neste ou naquele caminho.

Há evidência de que Bruno era ou não usuário de jogos online, tipo RPG?
Até o momento não existe confirmação disso, mas o que posso dizer é que as evidências colhidas nos depoimentos, não é que elas não apontem, mas tampouco confirmam um ato de violência. Ainda não, seja um ato de violência contra si próprio ou um ato de violência de terceiros.

Procede que a família teria pedido para que a Interpol não fosse acionada?
Não tenho essa informação. Até porque, neste caso, não depende de um pedido. A partir do momento que uma pessoa desaparece, com suspeita inicial de crime —e esta suspeita existe, embora menos forte agora— então era obrigação nossa utilizar todas as ferramentas que temos à disposição. E elas foram utilizadas, independentemente da vontade de quem quer que seja.



É verdade que a polícia tem informação de que Bruno está no Chile?
Não, não temos informes ainda nesse sentido. Existiu um boato que chegou aos nossos ouvidos e ouvimos familiares e amigos. E não houve nenhuma confirmação.

A polícia sabe se Bruno tem e está usando cartão de crédito?
Não. Essas informações, como envolvem sigilo bancário, ainda estão resguardadas. Um viés da investigação é sobre movimentação financeira, mas para dar publicidade a isso dependemos de autorização judicial —que ainda não temos.

Mas vocês têm informação…
Nós chegamos lá, mas não podemos socializar nem publicizar porque envolve sigilo bancário.

Então ele está movimentando o cartão?
Não vou dizer se era cartão ou movimentação através de cheque. Nem posso, pois estaria indo além do que a lei permite. Mas uma linha de investigação para toda pessoa que desaparece, se adulta, detentora de conta bancária, é a movimentação financeira. Isso é óbvio e não precisa nem ser investigador para saber disso.



Um dia após o desaparecimento de Bruno, a família anunciou o caso, mas pretendia preservar imagens do quarto e da intimidade familiar. Um vídeo logo vazou e os rumores se multiplicam desde então. Aquele depoimento do empresário Athos Borges, pai do Bruno, fazendo esclarecimentos e um mea culpa em rede social, ajudou?
Para nós, não. Aquele depoimento, o desabafo de um pai, nós temos que respeitar, mas aqueles elementos nós já havíamos levantado. Não faço nenhuma censura, pois a família elegeu aquilo como uma forma de interagir com o que estava sendo publicado.

Mas como a polícia vê a essência daquele desabafo?
Uma das linhas de investigação é traçar o perfil psicológico. Isso é um trabalho de perícia, mas ainda não está concluído. Toda família tem os seus conflitos, as suas intempéries. Eu não diria que havia conflito, mas ideias contrapostas. Aliás, isso foi dito pelo próprio familiar em seu depoimento. É claro que esse é apenas mais um elemento a ser levado em consideração. Ele pode ser preponderante, mas também pode não ser. Foi um fato óbvio que foi divulgado, mas dizer que é um conflito ou que havia ideias destoantes com relação ao modo de vida, isso é meio profundo. Pude deduzir que a convivência era boa, apesar de não pensarem talvez sobre um determinado assunto numa mesma linha de raciocínio. Mas isso é normal em qualquer família, em qualquer ambiente. Agora, se foi esse o fator preponderante para o evento que ocorreu, seria precipitado afirmar isso agora, além daquilo que já está público e notório. A nossa investigação continua aberta em todas as frentes. Algumas não se confirmam a cada dia que passa, mas permanecem abertas, e outras vão se consolidando, o que é natural numa investigação de desaparecimento.

O que a polícia vai fazer caso confirme que o desaparecimento de Bruno decorre daquilo que o senhor chama de “ato voluntário” ou “desaparecimento voluntário”?
Neste caso, não estaria configurado nenhum tipo de crime e só nos restaria encerrar a investigação e nos afastar do caso. Isso, em tese, se a gente tiver realmente absoluta certeza de sua localização e de que a motivação não foi outra além de sua própria vontade.


NOTA DO BLOG: com exceção da foto do secretário, as demais fotos são de autoria da empresária Denise Borges, mãe de Bruno, e foram enviadas ao blog na noite de 28 de março, quando a família anunciou o desaparecimento do jovem.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Granja produz 110 mil ovos por dia no Acre

Visitei a filial da Granja Garijó em Rio Branco, no Km 54 da BR-317, de Luiz Helosman de Figueiredo, empresário de Cruzeiro do Sul que atua no setor há 36 anos. Com dez galpões e mais de 170 mil aves de alta postura, a granja produz 110 mil ovos por dia, emprega 45 pessoas e já atende a 70% do mercado do Acre. Com recursos próprios e captados junto ao Banco da Amazônia, o investimento passa de R$ 3 milhões. O governo do Acre apoia o projeto, que favorece a cadeia do milho e avicultura comunitária. Mas o que mais me impressionou foi a dedicação e o entusiasmo de dois jovens acreanos, os irmãos Diogo e Angelo Figueiredo, filhos de Helosman.