quarta-feira, 31 de outubro de 2007

NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS

Leila Jalul


Devo ser organizada, até na ordem e grau do querer bem. Tudo tem que ser escalonado, ou me embanano. Há pessoas que a gente gosta sem que elas saibam. Há pessoas que detestamos, também sem que elas saibam. Isso é maravilhoso. Não precisamos anunciar aos quatro ventos de quem mais gostamos e de quem menos gostamos. Ódio não faz parte do meu calendário, nem do dicionário.

As pessoas de quem gostamos, mesmo que nos intriguem na sua trajetória, são motivos de preocupações e horas perdidas de sono. Amo o Lhé, o Brachula, ou como quer que o chamem. Pode até ser Abrahim Farhat. Amo e fim. Mas, na mesma proporção que o amo, estou sempre a me questionar onde foi que o Lhé perdeu o fio da história.

É tão instigante que até me pergunto se não fui eu quem desaprendeu a assumir meu verdadeiro papel na história do mundo. Se foi antes, se foi depois do PT. Se ele já nasceu com a missão de ser motivo de grandes dúvidas ideológicas. Até já me perguntei se o Lhé não é um ET praticante e convicto de sua missão nesse mundo doido, de gente doida, de patrões doidos, de famílias doidas. O certo que o Lhe é meu motivo de ficar acordada, noite após noite, dia, após dia.

Dizem que o Lhe era rico. Que seu pai era rico. Todos somos ricos, a depender da vontade de Deus e dos Maranatas. Riquíssimos, já que o ser humano se diferencia dos símios e das borboletas. O pensar é riqueza.

Conta a lenda que o Lhé é um militante de esquerda, desde os tempos de Adões e Evas. No entanto, jamais conheceu os paraísos. Veio com a missão de aglutinar, de ser mecenas das artes e das guerras. Procede. Procede, mas há controvérsias. Uma grande dúvida sobre o meu Brachula é: onde foi parar a fortuna, a maior das fortunas do planeta?

Uma vez me responderam que a coisa foi mais ou menos assim: Lhé, com a consciência livre e decidida, com dinheiro no bolso, mandou buscar um carregamento de armas na extinta URSS. As armas e as balas. As armas chegaram. As balas, não. Cada coisa a seu tempo. Senão seria uma revolução tendente ao fracasso. Revolução que é revolução tem que ser desenhada, estruturada, pensada e decidida. O povo da Farc (ou seria das?), tinha fome de justiça, gosto de sangue na boca.

O kremlim não podia arriscar. Os moscovitas não queriam comprometimento maior, além de Cuba. E as balas? Cadê as balas? O Lhé precisava receber as faturas para manter vivos os seus propósitos. Pediu as balas. Mandaram as balas até Belém. De Belém até Rio Branco, as balas foram mal acondicionadas no navio Sobral Santos e molharam. Umedeceram, perderam o viço e o poder de explosão. Aí fudeu tudo. Os guerrilheiros não pagaram a conta e o Lhé faliu.

Uma corrente dos contadores de estórias avisaram: a conta também não foi paga porque o Lhé separou uns 50 rifles Winchester para os piquetes, repiquetes e empates de uma outra revolta que acontecia por aqui. A contagem das Farcs não bateu.

Diretamente da boca do Lhé ouvi uma estorinha de uma tal de pistola Shimith OS 38, americana legítima, tipo aquelas que a gente vê nos duelos entre rivais, onde os caras se afastam 30 metros, e, o que atirar primeiro, matar primeiro, ganha a parada.

Não sei, acho tudo isso uma grande mentira. Mas, acreditando no bom senso do mundo, a historiadora Fátima Almeida, o amigo também historiador Marcos Vinícius, o outro não menos conhecedor dos fatos, Gerson Albuquerque, passarão as estórias do Lhé diretamente para o papel digno da história do Acre.

Lhé, mil perdões pelo relato e pelas fotos. Um beijo grande no seu coração de grande revolucionário. Ainda faremos um ato público, onde somente eu e você, empunhando um pé (ou um pequeno galho) de cedro, libertaremos a Palestina.

8 comentários:

Anônimo disse...

Cadê o editor do blog? Se for pra ler textos do censor-mor da florestania, é melhor voltar a ler a gazeta, a tribuma e o rio branco, controlados com mão$$$$ de ferro pela frente "popular", diga-se: governo da floresta.

ALTINO MACHADO disse...

Corajoso anônimo, não lhe devo satisfação, mas eis uma recomendação: volte a ler o que bem entender. E, se preferir, páre de ler o blog.

Anônimo disse...

Esta senhora Jalul está absolutamente equivocada com a ideologia do Lhé Farhat. Não sabe da luta petista. Não sabe de sonhos. Nem memória possui esta senhora.
Leia mais, procure o fio da história, da nossa recente história. Garanto que encontrará a força que moveu a grande ação do nocco companheiro militante Abrahim.
Saudações Petistas

Anônimo disse...

Seia nocco ou noçço? kkkkkkkkkkkkkaká

Walquíria Raizer disse...

"Há pessoas que a gente gosta sem que elas saibam.Há pessoas que detestamos, também sem que elas saibam."
(...)
é lindo isso leila. e realmente não precisamos "anunciar aos quatro ventos de quem mais gostamos e de quem menos gostamos."

esses últimos muito menos.
é sempre triste anunciar desamor..

.. mas o amor acho que pode, não é preciso, mas é permitido, aconselhável até..
faz bem. mais bem pra quem anúncia do que pra quem recebe.

então, não é preciso, mas digo: grande é meu amor por você, por esse seu texto tão bonito.

grande é também meu amor pelo lhé, militante, homem de sonho.

não consigo amar quem não sonha.

beijos pra você, pro lhé e pro altino, que nos permite ler essas coisas lindas que você escreve.

wal

Anônimo disse...

Pois é, amiga Wal, brinquei com o Lhé dizendo que ia fazer um texto, meio que samba de crioulo doido, para implicar com ele. O texto ficou mais doido do que imaginava. Contaram que o Lhé gostou, isso é uma prova de que tem bom coração. Lhé é um amor de criatura.
Beijão.
Tô com saudade de ocê.
Leila

Anônimo disse...

Era uma conversa descontraída para animar um pouco aqueles instantes de muita tristeza pela viagem de D.Azize para um outro lado que talvez possa ser melhor...

Era uma mistura de emoção, de apreensões, de lembranças e, principalmente de reencontro...

Por alguns instantes ficamos naquela de "contação de estórias", eu, a Fátima Almeida, a Leila, o Lhé e o Zé Alexandre...cada um tentando expressar o seu olhar para um passado recente de 20,30 anos atrás em que sonhávamos chegar ao poder para a realização de um projeto coletivo para uma sociedade mais justa, humana, etc, etc,etc, tudo o mais que consta nos velhos (?) manuais de um grupo de pessoas reconhecidas, na época, por "gente da esquerda"...

E como é polêmica esta estória do Lhé e as armas, assunto que rola sempre que alguns tentam fazer a necessária ligação entre o ontem e o hoje, a Leila jurava que tinha uma foto do Lhé empunhando uma arma em um empate...episódio veemente negado pelo querido Abrahim...

só sei que entre um ponto e um contraponto, tudo acabou virando um samba do criolo doido... aproveitamos para relaxar um pouco e fomos bordando os fatos verdadeiros com verdadeiras "pérolas" que a nossa criatividade nos permitia criar naquele instante...

O que realmente eu não cheguei a imaginar era a grandeza da habilidade da Leila em transformar o nosso papo num samba tão harmonioso e quase perfeito, apesar de doido...

hoje, já passados alguns dias, resolvi dar uma olhada no blog, li o texto do altino sobre a foto de zurique, paulo coelho, magia, soja, florestania, e acabei pensando comigo mesma:

em tempos de brigar para sediar jogos da copa do mundo, nada melhor do gente aceitar a grande verdade: somos é um grupo de grandes compositores de samba...ainda que de enredos doidos...

Anônimo disse...

Sou amigo de infância, adeloscência e juventude do bachula, sempre estivemos muito próximo e poço garantir que a estória do 38 é verdadeira.Então vejamos:no ano de 1960, servíamos ao Exército e por descumprir uma ordem superior, o nosso comandante, à título de exemplificar para os demais, por ocasião da formatura, foi se exaltantdo até sacar uma pitola e só não detonou todas as balas porque a arma engasgou. Pelo menos duas foram detonadas para o alto, ao lado da cabeça do meu velho amigo. Imagina o quanto nós o sacaniamos. Saiba que o mesmo perdeu a fala pelo resto do dia.