segunda-feira, 31 de julho de 2006

SEM BAIRRISMO

De Marcelo Antonio, marido de Heloisa Lopes Mota, ambos citados em "Paulista intolerante":

"Amigo, de jornalista para jornalista: a história existe, é real, há situações, conflitos e definições que merecem espaço em seu blog. Mas pediria que retirasse as fotos.

As fotos nada acrescentam ao andamento da história em si. As fotos apenas ajudarão a que eu seja apontado na rua, a que eu não exerça minha profissão com a liberdade de outrora, a que uma história tenha cara, sem que ela precise, pois é preciosa sozinha.

Peço, ainda, para retirar o link da página de turismo da minha esposa. Ele contém um e-mail de trabalho, que já a prejudicou. Pode deixar o texto, só gostaria que não tivesse o link.

O problema não é a polêmica. O problema está sendo receber um e-mail dizendo que alguém marcou meu rosto e que estou marcado para morrer, entende?

Não tenho nada contra o povo acreano. Nem minha esposa. Foram apenas observações irônicas, até venenosas, pois somos assim mesmo. Saiba que considero o Brasil uma país problemático, do Sul ao Norte.

Como eu disse, São Paulo também não me agrada. Na minha opinião, pior que patriotismo sem mérito ou finalidade, é o bairrismo".

ADEUS, ZITA



Vera Cristina Rodrigues

Foi uma tristeza saber da notícia de Zita Zamora. Minha irmã, pesquisando sobre a família de minha mãe, de ascendência espanhola, entrou no Google para pesquisar a família Zamora.

Ela está iniciando a árvore genealógica da família de minha mãe, que é sobrinha do avô da Zita. O mais incrível é que me choquei ao ver como somos parecidas - eu e minha irmã Sônia somos as únicas, dos cinco filhos de minha mãe, com as características físicas da família dela.

Vi nela muito do que sou, e fiquei triste e até receosa. É muito estranho ver alguém que nem conheci, saber que essa pessoa tem parentesco comigo, ser até parecida em personalidade (pelos comentários que li a respeito dela) e ela não estar mais neste mundo.

Deixo aqui minha solidariedade à família dela e penso que Deus quer ter com Ele os melhores! Com certeza ela está ao lado de Deus. O incrível é que sou toda preocupada com questões ambientais e vi que ela trabalhou no Acre.

Se eu não fosse designer de interiores – aliás, só especifico matéria-prima com manejo sustentável, em termos de madeira, eu seria, com certeza, advogada. Mais uma coincidência.

Espero ainda viver muitos anos, para poder realizar coisas boas pela humanidade. Peço a Deus que me capacite e me habilite e que minha prima distante, interceda por mim, junto a Deus para isso!

Que Deus conforte sua família e você os olhe, lá do céu!
Acho uma pena não termos nos conhecido. Seríamos ótimas amigas, com certeza!

Adeus!

A mensagem foi deixada por Vera Rodrigues Cristina como comentário ao post sobre Zita Zamora, que perdeu a vida no dia 9 de julho em acidente numa rodovia próxima a Assis (SP). Zita era muito conhecida em Presidente Prudente (SP) e Rio Branco.

CONTAS ABERTAS

Vigilância do uso dos recursos federais

Marco Antonio Gonçalves

É provável que vocês saibam da existência do SIAFI, um sistema informatizado onde é registrada a execução do orçamento federal. Trata-se de um sistema destinado aos gestores, ou seja, aos funcionários públicos designados por seus superiores para operar o orçamento em cada órgão, ou unidade gestora, ao qual parlamentares federais também têm acesso, se devidamente cadastrados. Apenas uma pequena parte do sistema é aberta ao público.

Por meio do SIAFI é possível saber, por exemplo, quanto dinheiro o governo destinou à educação e ao transporte público; ou se empresas envolvidas em casos de corrupção continuam sendo beneficiadas por contratos, entre muitas outras coisas.

Como esse sistema contém informação que interessa a todo cidadão, um grupo de parlamentares decidiu criar um outro site, chamado Contas Abertas, onde publicam análises sobre e informações extraídas do SIAFI.

Segundo me informaram, toda madrugada eles transferem as informações atualizadas do SIAFI para um sistema contido no Contas Abertas, a fim de fazer um acompanhamento da execução orçamentária.

Esse serviço é relevante, pois a imprensa não consegue cobrir todas as irregularidades cometidas na execução orçamentária - ou melhor, não consegue apurar todas as denúncias de corrupção envolvendo uso de dinheiro público -, de forma que todos conhecemos apenas parte dos casos de improbidade administrativa que consomem nossos impostos.

Para quem se interessar, é possível cadastrar-se no site Contas Abertas e receber alertas com as novidades publicadas.

O jornalista Marco Antonio Gonçalves trabalha em Brasília como coordenador da Campanha pelo Direito de Acesso a Infomações Públicas. Outro site dedicado ao controle popular dos gastos públicos, que consta na coluna de indicações deste blog, é o Dinheiro Público.

domingo, 30 de julho de 2006

MESTRE IRINEU SERRA

O jornalista Antonio Alves envia três fotos com a seguinte anotação:

- Foram tiradas com câmera de celular, em ambiente interno, muito fraquinhas. Nas fotos do workshop (a gente aprende cada palavrão!), veja o detalhe das personalidades mostradas no painel ao lado do palco. Chico Mendes e Mestre Irineu nasceram na mesma data, 15 de dezembro. Você saberia me dizer o ano em que o Chico nasceu?

Toim, o Chico Mendes tinha completado 44 anos, no dia 15 de dezembro de 1988, uma semana antes de ser assassinado. Ele nasceu em 1944. Mestre Irineu e Chico Mendes eram sagitarianos.

O Mestre Irineu (1892-1971), fundador da doutrina do Daime, vai fazer parte da minissérie "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes". Ele será interpretado pelo ator Cristóvão Neto, que aparece na foto acima com Elenira e Sandino, filhos de Chico Mendes.

- Ele não é tão bonito quanto o Mestre Irineu, mas é um jovem simpático, que precisa comer muita farinha para alcançar o 1,98m dealtura que o personagem tinha - observou Toinho Alves.

Anteontem, a novelista Glória Perez telefonou para dona Peregrina Gomes Serra, viúva do Mestre e dignitária do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo.

- Vou voltar ao Acre tão logo termine de escrever a primeira fase, que é muito histórica e exige que eu esteja ao lado da biblioteca. Estou ansiosa para encontrar a madrinha Peregrina - disse Glória Perez ao blog.

Outro que vai fazer parte de "Amazônia" é o antropólogo Txai Terri Vale de Aquino. Ao ler a recente crônica Terrinawa, no blog do Toinho Alves, Glória Perez comentou:

- Que maravilha! Veja que personagens maravilhosos! Preciso urgentemente do Terri!

Glória e Terri são amigos desde a infância em Rio Branco. Ela não conseguiu encontrá-lo quando esteve no Acre, em maio.

Desencanta, Txai.

PAULISTA INTOLERANTE

A paulista Heloísa Lopes Mota 27, que mora em Rio Branco, está sendo alvo no Orkut de protestos de acreanos em decorrência dos recados que envia para amigos sobre o Acre. Referindo-se à reação na comunidade "Odeio quem fala mal do Acre", a paulista informa a um amigo que está em São Paulo, que o Acre é a "capital do inferno". Disse que ficou "irada" com os protestos e acrescenta:

- Fiquei muito irada. Só mais um motivo pra não gostar do povo de lá.

Para Rena:

- Muito obrigada pela lembrança do meu aniversário; desculpa não ter escrito antes, mas é que eu estava aproveitando meus últimos dias em São Paulo. Agora estou de volta para o fim do mundo sem idéia de quando retornarei à civilização.

Para Reinaldo:
Deus me livre e guarde de virar Rio Branquense! Sou São Bernardense com muito orgulho. Quero voltar para o Brasil o mais breve possível, nem que isso signifique ir para Palmas!!

Outro para Reinaldo:
Beleza?! Muito obrigada pelo scrap pelo meu aniversário - descupe não ter respondido antes, mas é que eu estava aproveitando meus últimos dias na civilização. Agora estou de volta em Rio Branco (fazer o quê?! acho que não paguei todos meus pecados!!!).

Heloísa, que tem uma página sobre Turismo e Hotelaria, diz que é formada em publicidade e já cursou letras e hotelaria.

- Turismo é uma grande paixão na minha vida. Desde muito pequena tenho o sonho de conhecer o mundo, algo que ainda não consegui realizar. Porém, se na realidade é difícil concretizar um sonho desse, a internet me propiciou a realização de parte dele. Virtualmente já conheci diversos países, cidades, hotéis, parques e museus pelo mundo.

Reação do acreano Marcos André:
- Escuta, você ainda está aqui no Acre? Me avisa quando você for embora e nunca mais voltar pra eu poder soltar fogos de artifício comemorando.

Helô é dona da comunidade Eu odeio calçadas de Rio Branco, que tem sete participantes. Ela odeia viver no Acre. Eis um comentário da paulista:

- Nossa Elizabeth, eu espero não morar aqui mais do que 7 meses, como você. A cidade é super estranha, lanchonetes e restaurantes com horários esquisitíssimos, fora o stress (não sei por que) do trânsito.

Marcelo, o marido de Helô, não gostou da história contada aqui e já escreveu o seguinte numa comunidade:

- Amigos, a pessoa em questão é minha esposa...A retirada de um scrap do orkut fora de contexto, sem a possibilidade de que se entenda o que ocorre realmente com a pessoa, partindo-se para acusações e até ameaças (vide comentários no blog do Altino), são lamentáveis. Aliás, a opinião é livre e deve ser respeitada. O que não é legalmente permitido é a publicação de fotos e dados pessoais sem autorização, como cometeu o referido jornalista. Infelizmente agora quem decidirá o caso é a Justiça.

Marcelo removeu as fotos dele e da mulher no Orkut, mas consegui localizar o flog do casal, intitulado "Nossa vida em Rio Branco", de onde copiei a foto deles acima, com o seguinte comentário:

- Essa fotinho talvez eu devesse deixar para postar quando conseguíssemos sair daqui do Acre, mas estou colocando no ar agora para deixar bons fluídos. Sou eu e meu amorzinho, a Helô, dando tchauzinho na varanda do hotel em Ubatuba, no último dia de nossas férias por lá. Não vejo a hora de darmos esse aceno no dia em que cruzarmos o Rio Madeira.

Bye, bye!

P.S.: pressionado pela opinião pública, o casal já desativou as contas no Orkut e o flog "Nossa vida em Rio Branco", que estava hospedado no Uol.

GRÁVIDA DO BOTO

Giovanna Antonelli retorna à televisão
para dar à luz a um 'filho do boto'


Roberta Pirro

Afastada das telinhas há dois anos por conta da gravidez, a atriz Giovanna Antonelli volta à ativa na nova minissérie da Globo, “Amazônia- de Galvez a Chico Mendes”, na qual viverá a personagem Delzuita, uma imigrante nordestina que ficará grávida do boto.

A lenda do boto se aplicava às moças que, após encontrarem uma namorado - e, eventualmente, engravidavam - nas festas de junho na Amazônia, viravam motivo de gozação. Nas noites de festa, quando as pessoas estavam distraídas celebrando, dizia-se que o boto rosado aparecia transformado em um rapaz bonito e elegante, mas sempre usando um chapéu, porque sua transformação não era completa: um buraco no topo da cabeça, por onde respirava, denunciava sua identidade.

Segundo a lenda, como um cavalheiro, o boto conquista e encanta a primeira jovem bonita que encontra e a leva para o fundo do rio. A pesonagem de Giovanna, Delzuita, usará a lenda para justificar sua gravidez, fruto do envolvimento com Tavinho (Paulo Nigri), um morador da região e filho do dono do seringal, que ela conhece logo que chega ao Acre.

A atriz, que está com uma forma física impecável, após ter engordado 20 quilos na gravidez, contou que com a ajuda de um nutricionista, muita ginástica e uma lipoaspiração, conseguiu recuperar e até melhorar seu visual. Livre das longas madeixas ruivas que estava usando para as gravações do longa “Caixa Dois”, de Bruno Barreto, a atriz também revela que o novo amor contribuiu para toda essa transformação.

Sobre os rumores de que estaria de mudança para os Estados Unidos e que se casaria em breve com o empresário americano Robert Locascio, com quem está namorando, a atriz desmentiu os boatos e garantiu que seu lugar é aqui ao lado da família e perto do trabalho.

- Tenho o sonho de me casar sim, mas é apenas um sonho, por enquanto. E não existe a menor possibilidade de eu me mudar para Nova York, meu lugar é aqui, meu país é aqui. O namoro está entre aeroportos mesmo e está ótimo assim - garantiu.

Giovanna já foi casada duas vezes, com o empresário Ricardo Medina e com o ator Murilo Benício, com quem teve seu primeiro filho, Pietro, de um ano. Porém, não oficializou o relacionamento com nenhum dos dois. O romance com o empresário americano começou durante o último carnaval carioca, dois meses depois da separação de Murilo Benício.

Roberta Pirro é repórter do Globo.

O CLIMA NA GLOBO

ENQUANTO A VIAGEM À FLORESTA NÃO VEM

Lilian Fernandes

Projac, 9h40m de terça-feira. Cerca de 25 jornalistas estavam lá, para a cobertura do workshop da minissérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes" (título provisório), mas nem todo o elenco tinha chegado. O grupo foi convidado, então, a degustar um bufê acreano (com bolinhos de guaraná, tapioca, café com leite gelado), ao lado dos atores já presentes, como Irene Ravache. Um dia normal se, entre a chegada e o convite para tomar o café da manhã, um homem seminu, armado, não tivesse entrado na Central de Produção de Rede Globo. Caramba! O homem, soube-se depois, era Ricardo Dualibi, ex-integrante do elenco de apoio de "Cobras & Lagartos", que foi dominado e levado para a delegacia.

Ufa! Eis, então, que todos se concentraram no motivo de sua presença ali: a minissérie.

Juca de Oliveira, Vanessa Giácomo, Christiane Torloni, José de Abreu, Caio Blat e grande parte do elenco de quase cem pessoas participou do evento. O workshop sobre temas como a formação do povo acreano e o cotidiano dos seringueiros começou segunda-feira, com palestras da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do governador do Acre, Jorge Viana, e de outros três acreanos, cidadãos comuns que falaram de suas vidas.

Na terça-feira, foi a vez de o diretor Marcos Schechtman e a autora Glória Perez abrirem caminho para os jornalistas Armando Nogueira, acreano, e Zuenir Ventura, autor de um livro sobre o líder seringueiro Chico Mendes, que morreu assassinado. Não sem que antes todos os presentes recebessem a bênção do índio Benki Pianko, da tribo Ashaninka. Os filhos de Chico Mendes, Sandino e Elenira, também estavam lá.

- A minissérie é uma chance de retratar bem a vida do meu pai, o que até agora não foi feito - disse Elenira.

"Amazônia" estréia em janeiro. Em 47 capítulos, narrará da formação do Acre, no início do século XX, ao surgimento da consciência ecológica, nos anos 80, através da saga de duas famílias, a de um seringueiro e a de um seringalista. Cássio Gabus Mendes será Chico Mendes:

- Não sou de me emocionar, mas me assustei quando recebi o convite.

Giovanna Antonelli, que fará a filha de um seringueiro, estava ansiosa pela viagem para Manaus e Rio Branco, marcada para o dia 20 de agosto:

- Eu me emocionei com as palestras de pessoas que dão valores às coisas simples. Agora quero ver tudo de perto. E vou ter aulas com um adestrador de botos!

Na hora das perguntas, Letícia Spiller quis saber de dona Martinha, parteira e palestrante do primeiro dia:

- Que plantas se usava para aliviar as dores do parto?

Martinha respondeu, e aproveitou para pedir votos para o marido, candidato a deputado. Gargalhada geral.

Lilian Fernandes é repórter do suplemento Revista da TV, do jornal O Globo. Na verdade a parteira Martinha pediu votos para Raimundo Mendes de Barros, primo de Chico Mendes, candidato a deputado estadual pelo PT. Não são casados. Pedido inoportuno, pois a maioria dos presentes no workshop vota no Rio. Como Raimundão indicou o nome dela para participar do evento...

sábado, 29 de julho de 2006

SÍNTESE DA EUFORIA

Estamos tão bem que não necessitamos de "salvador da pátria", vamos eleger Binho Marques governador, reeleger o senador Tião Viana e, no próximo dia 2 de janeiro, data da estréia da minissérie "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes", da acreana Glória Perez, o ex-governador Jorge Viana estará nomeado ministro de Lula, o presidente reeleito.

É o PT do Acre.

SANHAÇU, CAJU, PIPIRA

sexta-feira, 28 de julho de 2006

FALA, BRENDHA HADDAD

Desde que começou a pesquisar e a compor a trama da minissérie "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes", que vai expor ao país a história do Acre, a novelista Glória Perez defendeu junto à Rede Globo que as gravações acontecessem no Estado e que fosse concedido espaço no elenco para a participação de talentos da região. A modelo, estudante de jornalismo e direito Brendha Prata Haddad, 20, é uma das cinco acreanas selecionadas para a minissérie. Brendha, que sempre sonhou ser atriz está feliz e preparando-se para aproveitar a oportunidade que terá.

Glória Perez, que acompanhou no blog a euforia acreana com a escolha de Brendha Haddad para o elenco, enviou mensagem enquanto estava a redigir este texto.


- Altino, Brendha está na minissérie: na segunda parte! É linda realmente.

Vale a pena assistir ao vídeo abaixo, gravado no Horto Florestal de Rio Branco, a menos de cem metros da casa de Brendha Haddad.

BELEZA ACREANA













Daqui a pouco vou publicar o vídeo da entrevista que fiz hoje com a Brendha Prata Haddad, que é uma das cinco acreanas que vão participar da minissérie "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes, da novelista Glória Perez. Por enquanto, apenas algumas fotos.

ACREANA

Meu caro Altino. Acabei de escrever mais uma letra. Está pronta para virar canção. Tem a nossa cara, a nossa cor, o nosso cheiro e o nosso jeitin bunitin de ser. Digitalize suas impressões e envie-me por fax. Te abraço!

Sérgio Souto


Das entranhas da floresta
Sou uma cunhã faceira
Fui batizada num rio
Por uma nação guerreira.

Cresci correndo barrancos
Bebendo água na cuia
Nadando pelos remansos
Deslizando de bubuia.

Com os cabelos ao vento
Feito um redemoinho
Me balançava na rede
Cantava com os passarinhos.

Voava com as juritis
Pegava a fruta com a mão
Preparava o açaí
Debulhava o feijão.

Colhi castanha no mato
Também sangrei seringueira
Sou da labuta, da estrada
Da Amazônia brasileira.

Sou Acreana da Silva
Tez de morena ribeira
Não conheço a capital
Iara é minha padroeira.

Sou Acreana dos Santos
Soy muchacha, soy hermana
A pura essência da mata
Sou a garapa da cana.

Cabocla do pé rachado
Do corpo esculpido sim
Do beiço carnudo
Pintado de carmin.

Cabocla do olhar encantado
E doce feito alfenim
Do peito empinado
Num transparente morim.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

MERGULHO NO DESCONHECIDO

Após décadas de “apartheid”, o estado do Acre elege suas raízes e sua cultura como estandartes para atrair a atenção – e os visitantes – do resto do país.

“SE QUERES SER ORIGINAL, canta tua aldeia.” A récita de Fernando Pessoa cai como uma luva no atual momento do mais isolado – cultural, econômica, politicamente – estado brasileiro. Encravado entre o Amazonas, a Bolívia e o Peru, o Acre (700 mil habitantes) sempre foi uma espécie de “patinho feio” da nação. Pior: dono de história folhetinesca, digna de roteiros hollywoodianos, nas últimas décadas celebrizou-se mesmo nas páginas policiais, em imbróglios como a morte do líder sindical Chico Mendes, o assassinato não esclarecido do governador Edmundo Pinto (em São Paulo, 1992) e a tétrica folha corrida do ex-deputado Hildebrando Pascoal, episódios que reforçaram o clima de “apartheid”. Agora, no momento em que as obras do brilhante pintor acreano Hélio Melo (1926-2001) são escaladas para a próxima Bienal de São Paulo, uma releitura mais atenta mostra que esse estado de coisas evoluiu radicalmente. Para melhor.

Artes, moda, música, cinema, gastronomia, patrimônio histórico, religião, desenvolvimento auto-sustentável, ecoturismo, biodiversidade in natura, a herança e as tradições dos seringais e das etnias indígenas: hoje, sobram razões para um mergulho na até então desconhecida cultura acreana. Inclusive na TV: a autora Glória Perez, acreana, está escrevendo uma minissérie que conta a história do estado, com estréia prevista para janeiro de 2007.

Leia a reportagem completa de Carlos Eduardo Oliveira, em Raiz - Cultura do Brasil.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

BRENDHA PRATA HADDAD

Essa é a acreana Brendha Prata Haddad, 20, modelo, estudante de jornalismo e direito, mas que sempre sonhou mesmo foi com uma carreira de atriz.

O nome dela consta do elenco divulgado pela assessoria da Rede Globo para a minissérie "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes", da acreana Glória Perez, cuja estréia está marcada para o dia 2 de janeiro de 2007.

Brendha enviou a seguinte mensagem a este modesto blog:


- Querido Altino! Acompanho seu blog sempre que posso e foi através dele que vi a divulgação do meu nome no elenco da minissérie. Estou muito feliz com o resultado e espero compensar esta confiança que a Frida, o Marcos, a Gloria, a Carlinha e todas as outras pessoas responsáveis pela minha aprovação, depositaram em mim. É gratificante poder mostrar meu trabalho para o Brasil através desta minissérie que retrata o nosso Acre. Estou me empenhando ao máximo para dar o melhor de mim, lendo, pesquisando... Você, a imprensa acreana em geral, a Jackie Pinheiro, com o reconhecimento do talento acreano, nos motiva a sempre continuar batalhando, buscando nossos objetivos! Grande beijo, com Carinho!

Brendha, saiba que muita gente e eu ficamos felizes com a sua escolha para o elenco. Além de bela, você é uma das acreanas mais inteligentes que conheço nessa terra. E uma pequena prova disso é o texto de sua mensagem. Confesso que preferia vê-la fazendo reportagens ou assinando uma coluna. Talento nunca lhe faltou como modelo, atriz ou jornalista. Esteja onde estiver, estarei torcendo por você. Já sei da alegria de Marly, a sua mãe, e posso imaginar a de Jack Pinheiro. Vou procurá-la para uma entrevista em vídeo. Um beijo e boa sorte.

Do poeta Sérgio Souto:

Brendha é neon, luz de fresta
É "prata" que vale ouro
É mata fechada, é floresta
Um amazônico tesouro.

Os teus olhos negros
Mágicos e ardentes
Tímidos, secretos
O lado oposto ao sol poente.

Os teus olhos negros
A noite incendeiam
Dois cristais de breu
A confundir a lua cheia.

Ébano olhar
Cigana luz
Elipse na tua íris
Chuva de astros
Um turbilhão
Teu negro olhar me guia.

Luz guardiã do amor
Fonte de poesia
Por teus olhos negros
Quem não se apaixonaria?

Meu apreço e meu abraço

Sérgio Souto


De Brendha Haddad:
Altino, estou emocionada com tantas demonstrações de carinho que venho recebendo... Você pode imaginar a repercursão que tem seu blog? As pessoas estão me telefonando, mandando mensagens de carinho e admiração. Confesso que me emociono a cada instante. Uau! Essa composição foi feita especialmente para mim? Sergio Souto é um profissional maravilhoso, se não há melodia para poesia, podemos pensar em uma de agora em diante, que tal? Está confirmada a entrevista amanhã, será uma honra! Um grande abraço!

O ADEUS DA AVER AMAZÔNIA

A empresa Aver Amazônia, da designer Etel Carmona, está se retirando do Pólo Moveleiro de Xapuri, e vai quebrar o relacionamento com 150 trabalhadores da comunidade do Seringal Cachoeira, que estavam diretamente envolvidos nas oficinas com a produção de peças em madeira.

A Aver Amazônia fez bastante propaganda de que surgia com nova mentalidade ambiental. Ela começou a operar no Acre a partir de um convite do governador Jorge Viana, em 1999, para que Etel Carmona, uma designer produtora de peças de madeira valiosas no mercado da decoração, e Virgílio Viana, engenheiro florestal, fundador da Imaflora, e atual secretário de Meio Ambiente do Amazonas, trabalhassem com uma comunidade no Acre.

A empresa se instalou com subsídios para não pagar imposto, contratou empregados supostamente sem pagar o que deveria e é por isso que eles decidiram recorrer coletivamente à Justiça do Trabalho para exigir seus direitos. A fiscalização Ministério do Trabalho, que está hoje em Xapuri para produzir um laudo a respeito da situação, encontrou na oficina da Aver Amazônia uma placa com a mensagem "entrada proibida".

Etel Carmona é dona de outra empresa, a Etel Interiores. Através da Aver Amazônia, estave envolvida em projetos sustentáveis com madeira de manejo florestal na região. Etel Carmona e Virgílio Viana, que chegaram ao Acre com a idéia de implantar uma fábrica de móveis com madeira certificada, diziam que era uma oportunidade para divulgar as coisas da floresta e ajudar na preservação com a extração responsável.

O Projeto Aver Amazônia tinha o compromisso de valorizar a arte milenar da marcenaria e do design, confeccionando peças com madeira e outros produtos da floresta, retirados de reservas extrativistas certificadas e com o selo verde do FSC (Conselho de Manejo Florestal).

Esses compromissos, além de todos os benefícios para o meio ambiente, eram estratégias para incentivar e construir a cidadania. A empresa entendia que a Amazônia era viável economicamente como floresta, e que sua iniciativa deveria servir como exemplo de negócio sustentável com a preocupação social, ambiental e econômica.

A Aver Amazônia confeccionou os móveis para o Palácio Rio Branco, sede do governo estadual, quando o mesmo foi restaurado por Jorge Viana. O governador costuma assinalar que o Acre possui o único palácio do mundo com móveis de madeira certificada. A empresa não se manifestou até agora sobre os motivos que a levam a se retirar de Xapuri.

AMEAÇADO DE MORTE

O secretário de Meio Ambiente do Acre, Carlos Edegard de Deus, está sendo ameaçado de morte supostamente pela quadrilha de madeireiros, funcionários públicos e despachantes desarticulada pela operação Novo Empate, em junho, nos estados do Acre e Rondônia.

Desde que as ameaças começaram, Edegard de Deus e família andam sob discreta proteção policial. Ele é biólogo, presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e professor da Universidade Federal do Acre.


O secretário de Segurança Pública, Antonio Monteiro, disse que as ameaças estão sendo investigadas pelas polícias Civil e Federal.

- Já chegamos a realizar acareação entre dois suspeitos de autoria das ameaças contra o secretário, mas ambos negaram tudo. Queremos manter os nomes dos envolvidos em sigilo para não atrapalhar as investigações - afirmou Monteiro.

Edegar de Deus colaborou com as investigações da Polícia Federal contra a quadrilha que comercializava madeira extraída ilegalmente na Amazônia. O grupo viabilizava a extração ilegal de madeira e obtinha elevado lucro. Fraudava o sistema de controle de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), utilizando empresas fantasmas e empresas legalmente estabelecidas.

A quadrilha, segundo a PF, "esquentava" o estoque de madeira dos estados do Acre e de Rondônia. Das 15.812 ATPFs expedidas em 2004, 7.540 estavam destinadas a uma mesma pessoa que servia de elo entre os funcionários do Ibama e Imac com os madeireiros.

As ATPFs eram expedidas em nome de madeireiras legais ou "fantasmas", que operavam vendas fictícias de madeira para outros Estados. A madeira não saia do Acre, mas as guias eram usadas para "esquentar" o produto retirado ilegamente nas florestas de Nova Califórnia, Nova Mamoré, Guajará-Mirim, Cujubi e Buriti, em Rondônia. Cada ATPF custava em média de R$ 4 mil.

Ao todo foram feitas 33 prisões temporárias, no Acre (23), Mato Grosso (1), Rondônia (8) e Amazonas (1). Em três anos, segundo cálculo do Ibama, a quadrilha comercializou ilegalmente 150 mil metros cúbicos de madeira, avaliados em R$ 45 milhões.

Edegard de Deus, que não foi encontrado para se manifestar, teria recebido carta e telefonemas com ameaças de morte.

Mais informações sobre a operação Novo Empate podem ser obtidas no site da Secretaria de Meio Ambiente do Acre. Crédito da foto: Sérgio Valle.

terça-feira, 25 de julho de 2006

ALEGRIA DOS AVÁ-CANOEIRO



Mara Moreira

Altino,

Cheguei, depois de um estirão de 2.050 quilômetros, em dois dias, até a Ilha do Bananal, no Tocantins, onde vive um dos grupos sobreviventes da nação Avá-Canoeiro. Foi uma viagem tão boa que parece que fui só ali.

Você sabe: eu havia prometido a eles que iriam vê-lo quando o documentário ficasse pronto. A promessa aconteceu numa conversa no período das gravações.

Davi e Angélica me disseram que gostariam muito de ver o resultado do que fora gravado lá. Reclamou que quando participou de encontros, fora da aldeia, deu muitas entrevistas e nunca soube o que aconteceu a elas, como foram escritas, o que diziam. Essas coisas. Considerei que eles tinham toda razão, e combinamos.

Angélica não estava lá. Mudou-se com o marido, um índio karajá, para a aldeia Tiuri, do outro lado da Ilha. Tem uma filhinha de um mês, que recebeu o nome da Tatia, a tia-avó, xamã que faleceu em março desse ano, enquanto editávamos o documentário. Deixei lá uma cópia pra ela.

Fomos, Andiara Maria, roteirista e diretora-assistente, o produtor Rodrigo Santana e eu. Carregamos uma tralha. Caixas e mesa de som, amplificador, telão, projetor, um tanto de cabos, coisas. Uma expectativa deles e minha. Uma insegurança. Um medo. Uma alegria.

Assistir ao documentário junto com eles foi além do que consigo descrever. O Tutau, que enxerga pouco, e é o pai de Macaquira, se divertia cada vez que ouvia as conversas da Matxa e da Nakwatxa do grupo de Minaçu. Reconhecia as palavras, falava junto.

Quando ouvia a si próprio morria de rir. E repetia as histórias outra vez. E ouviu o canto xamântico da Tatia. Se emocionou. Foi um momento difícil para todos. E o Tutau querendo entender como funcionava aquilo tudo. As imagens, a voz dele e dos outros, como é que os de Minaçu estavam lá, falando... Ih! Você nem sabe.

A Macaquira, avó de sete netos, está grávida. Diego, (todos tem nomes indígenas, mas só dizem se a gente pergunta, nomes difíceis de gravar) o seu filho caçula, tem 12 anos. Ela diz: “Ah! Todo mundo grande. Fiquei querendo outro. Arrumei.” Simples assim.

Os irmãos, todos satisfeitos, já pensam em pegar no colo. Durante a exibição fiquei sentada ao lado dela. Ela me botou lá. E foi comentando tudo. Não se continha com as falas e as imagens da Angélica: “É minha filha. Minha filhinha, lá”. Mas ria na seqüência por algum outro motivo que lhe interessava. Assim como todos, aliás.

Dos mais jovens tive a grata surpresa de ouvir que aprenderam sobre a história do seu povo. Que agora os índios javaé, da aldeia onde foram colocados há quase trinta anos, quando foram capturados, iam respeitá-los mais. E outras observações assim.

Muita coisa mudou por lá. Menos a alegria, o riso fácil, a generosidade, a facilidade em arrumar o cabelo da gente, mexer em tudo, perguntar do restante da equipe (pelos apelidos que eles deram, claro). As brincadeiras, a gozação com todos nas dezenas de fotos feitas pelo Eraldo Peres, still do documentário, que levei para eles.

Uma travessia sossegada, à remo, no rio Javaé. Davi e Diego, afinal, são canoeiros. O céu de Lua Nova era só estrelas.

A jornalista goiana Mara Moreira, que mora em Brasília, é diretora do documentário "Avá-canoeiro - a teia do povo invisível". Ela será entrevistada no programa Charme, do SBT, no dia 1 de agosto, que começa às 17h30 (15h30 horário do Acre). O filme narra o drama da nação indígena ameaçada de extinção. Temido e respeitado por todos os outros povos indígenas no passado, o povo avá-canoeiro tem resistido a um dos massacres mais covardes e cruéis promovido pelo branco contra os nativos brasileiros. Clique aqui para saber mais a respeito do documentário.

BLOGS DA AMAZÔNIA

Nunca é tarde para agradecer. O meu agradecimento é dirigido ao pessoal da redação do prestigioso site Amazônia.org.br, que fez a gentileza de criar, na página inicial, chamadas para a seção "Blogs da Amazônia", na qual incluiu o de Mary Allegretti e o meu. Amazônia.org.br, que dispõe de um banco de dados formidável sobre a região, tem quase 10 mil acessos diários. Grato ao diretor Roberto Smeraldi (foto) e ao editor Maurício Araújo pela deferência que fez aumentar a audiência deste modesto blog.

NO ACRE

DERRUBAR PODE, QUEIMAR TALVEZ

Decisão do MP aceita derrubadas de até um hectare; queimadas estão permitidas a partir de outubro, quando chove no Estado

Evandro Ferreira

Assim pode ser interpretada a decisão do Ministério Público do Acre publicada no site Notícias da Hora. O anúncio foi feito ontem, na sede do Ministério Público Estadual, pela promotora do meio ambiente, Mery Cristina, diante de autoridades ligadas à área ambiental do Estado.

A decisão permite que pequenos agricultores de subsistência de Acrelândia, Rio Branco, Sena Madureira, Epitaciolândia, Brasiléia, Capixaba, Senador Guiomard, Porto Acre, Plácido de Castro e Assis Brasil recebam licenciamento para realizar queimadas somente a partir do mês de outubro. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Edgar de Deus, a decisão foi tomada após diversas reuniões e consulta aos próprios produtores.

- Nós conversamos com os pequenos produtores e ficou acertado que eles aproveitem esses dois meses para se prepararem para a queima. O acordo estabelecido permite praticar o fogo em até um hectare.

Os fazendeiros estão proibidos de queimar pastagens, como tradicionalmente fazem todos os anos. Considerando que o preço da arroba de carne está valendo cerca de R$ 35, contra R$ 45-50 do ano passado, é de se esperar que a maioria deles sequer derrube novas áreas de florestas, como tradicionalmente faziam. Pelo menos até o preço da carne se recuperar.

A determinação do Ministério Público, enviada aos órgão ambientais, não foi, segundo o mesmo, unilateral:

- Foi de todos que lidam com a questão do meio ambiente, inclusive com a aprovação da sociedade - disse a procuradora Patrícia Rego.

Em teoria as queimadas em 2006 não deverão ocorrer
Se cumprida à risca, a decisão significa que derrubadas ocorrerão, mas o fogo talvez não venha a consumir as árvores derrubadas. Como sabemos, para queimar é necessário, obviamente, derrubar a floresta. Assim, estimamos que até o final de agosto milhares de pequenos agricultores deverão por abaixo milhares de hectares de florestas primárias na região. Depois disso, deverão aguardar algumas semanas para que as árvores sequem no solo, até atingir o estágio onde o fogo possa queimá-las por completo. Árvores recém-derrubadas, muito úmidas, não pegam fogo. A determinação do MP só permite queimar depois do início de outubro.

Tem apenas um detalhe. Historicamente, as derrubadas no Acre são realizadas até o final de julho, no auge do período seco, e as queimadas - em sua maioria - são realizadas na primeira semana de setembro. A razão? É que depois da primeira semana de setembro sempre acontecem chuvas, que vão ficando mais frequentes até o final do mês. No início de outubro, além de chuvas frequentes, acontecem os "tornados acreanos", as famosas chuvas com ventania que costumam causar muitos prejuízos. Esperar até o fim de setembro para queimar aumenta as chances das árvores estarem encharcadas na hora que se puder fazer a queima. Quem tiver sorte vai queimar, mas a maioria provavelmente não vai ter este previlégio.

Ano político influenciou a decisão
Considerando que 2006 é um ano político e que as eleições acontecem exatamente no início de outubro, é fácil entender que a decisão do MP foi política. É que, se as coisas fossem acontecer como no ano passado, haveria uma grande probabilidade da eleição acontecer em meio a um intenso fumaceiro. Eleitores tendo que votar usando máscaras podem se rebelar e votar impensadamente.

Quem diria que um dia derrubadas, queimadas e fumaça poderiam ter tanta importância política! É torcer para que os ventos não tragam para o Acre a fumaça da Bolívia, Rondônia e Mato Grosso exatamente neste período.

Evandro Ferreira é pesquisador do Inpa e do Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre. Ele escreve no blog Ambiente Acreano.

SIBÁ MACHADO

Se é verdade que o PT quis o jornalista Antonio Alves como suplente da senadora Marina Silva, Sibá Machado poderia estar livre do inferno astral que atravessa. Veja o que escreveu a respeito dele o colunista Jânio de Freitas, da Folha de S. Paulo:

- O senador petista Sibá Machado já devia estar expulso da CPI dos Sanguessugas, por levar a um depoimento secreto um assessor da senadora petista Serys Slhessarenko, que figura entre os denunciados. Mas não só. Já devia estar sob processo por falta grave de ética: mesmo depois de constatada a presença irregular, Sibá Machado tentou ludibriar a CPI de que é membro, com a reiteração da mentira de que o intruso era assessor seu.

Sibá passou a argumentar que a audiência na capital mato-grossense tinha caráter reservado, mas não secreto e, portanto, servidores da Casa poderiam acompanhá-la.

Enquanto isso, no Correio Braziliense, a nota da colunista Denise Rothenburg expõe a diferença entre os senadores Tião Viana e Sibá Machado:

- Elenira Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, entrou com afinco na campanha do PT no Acre. Além de coordenar uma fundação social no estado, Elenira trabalha para a reeleição do deputado Chico [o correto é Zico] Bronzeado (PT), em Xapuri. Além de Bronzeado, Elenira pede votos para o senador Tião Viana (PT) que também tenta renovar o mandato.

Lembram que pedi outro dia pro Sibá olhar pro céu? Quando fizer isso, nosso senador se sentirá do tamanho certo.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

"CHICO" GABUS MENDES



A coluna de fofoca Zapping, da Folha Online, publicou hoje uma nota assinada por Fabíola Reipert, dizendo que "nem começou a gravar "Amazônia", da Globo, e Glória Perez já está se desentendendo com um dos diretores da minissérie. O motivo das discussões é escalação de elenco". E acrescentava: "Em "América", Glória pediu a cabeça de Jayme Monjardim".

Escrevi para Glória Perez, a quem pedi que conferisse a nota antes de enviar uma boa notícia aos leitores do blog. Ela respondeu o seguinte:

- Altino querido, nem sei o que dizer de um absurdo desse. A informação não tem pé nem cabeça! Eu e o Marcos Schechtman estivemos sempre em perfeita harmonia, unidos nesse projeto tão bonito de contar a história do Acre ao Brasil. E estamos hoje especialmente felizes com o resultado do nosso primeiro dia de workshop. O Jorge [Viana, governador] vai te contar como foi emocionante! Estou mandando para você a fotografia do nosso Chico Mendes (Cassio Gabus Mendes), junto com os filhos [Elenira e Sandino] do Chico Mendes real. Filhos do Chico Mendes real.

Beijo

Gloria

Elenco
A assessoria da Globo revelou o elenco da minissérie "Amazônia", que estréia dia 2 de janeiro de 2007.
A acreana Brendha Haddad já está escalada. Outros atores ainda devem ser escalados para compor a trama.

Entre os atores escalados estão Alexandre Borges, Ângelo Paes Leme, Antonio Petrin, Antônio Pitanga, Betty Gofman, Brendha Haddad, Bruno Abrahão, Cacau Melo, Camila Rodrigues, Cássio Gabus Mendes, Christiane Torloni, Cláudio Marzo, Dan Stulbach, Debora Bloch, Denise Milfont, Diogo Vilela, Eduardo Galvão, Fernanda Paes Leme, Franciely Freduzeski, Giovanna Antonelli, Irene Ravache, Jackson Antunes, Jandira Martini, João Signorelli, José de Abreu, José Wilker, Juca de Oliveira, Julia Lemmertz, Leona Cavalli, Leopoldo Pacheco, Letícia Spiller, Livia Falcão, Malu Valle, Marcelo Faria, Murilo Grossi, Mussunzinho, Neusa Borges, Paula Pereira, Paulo Goulart, Paulo Nigro, Roberto Bomfim, Roberto Frota, Silvia Buarque, Suzana Faini, Tânia Alves, Vera Fischer, Virginia Cavendish e Werner Schunemann.

TIRANDO DA BOCA



Na Europa, multinacionais prometem não comprar
soja ilegal da Amazônia, afirma The Guardian


No Brasil, associação de exportadoras divulga comunicado em que se compromete a não comprar soja de origem ilegal; Greenpeace trabalha com prazo de dois anos para que fiscalização seja possível


As principais redes de supermercados da Europa, fabricantes de comida e redes de fast-food - entre elas o McDonalds - devem firmar hoje um compromisso de não comprar soja de origem ilegal da Amazônia Brasileira, afirma a reportagem especial publicada no diário britânico the Guardian. O acordo foi motivado pelo relatório publicado pelo Greenpeace em abril deste ano, intitulado "Comendo a Amazônia".

Segundo o jornal inglês, as empresas não negociarão com as quatro gigantes (Cargill, ADM, Bunge e Amaggi) que dominam a produção no Brasil, a não ser que estas demonstrem que não estão vendendo soja colhida em áreas onde houve desmatamento ilegal.

A Cargill, apontada no relatório como "Maior Culpada" entre as gigantes, não se pronunciou oficialmente hoje. Mas sua assessoria de imprensa indicou que a empresa adotará o posicionamento divulgado no comunicado distribuído esta tarde pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiovi) em conjunto com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), das quais faz parte.

O comunicado informa que as associadas da Abeovi e da Anec, "estão comprometidas em implantar um programa de governança, que objetiva não comercializar a soja da safra que será plantada a partir de outubro de 2006, oriunda de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma Amazônico". No comunicado, as associações afirmam que as empresas incorporam aos contratos cláusulas de rompimento caso seja constatado trabalho análogo ao escravo.

Segundo Paulo Adário, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, a ONG formará um grupo de trabalho, em conjunto a outras instituições, com o objetivo de levantar dados precisos sobre as áreas de soja e o desmatamento, além de definir procedimentos e critérios, de forma a tornar possível o cumprimento do compromisso da Abeovi e Anec.

- Eles assumiram o compromisso de não comprar soja de áreas desmatadas a partir da data do comunicado. Mas nós não sabemos exatamente qual a área desmatada pela soja até essa data. Ainda teremos que produzir esses mapas. Outros pontos, como o reflorestamento e adequação ao Código Brasileiro de Florestas nas propriedades produtoras de soja, ainda precisam ser acertados. Como isso vai ser feito cabe ao grupo de trabalho indicar - explica o ambientalista.


Grande sucesso ou grande fracasso?
A declaração de intenções é fruto de intensa negociação por parte do Greenpeace, que em princípio defendia um acordo mais elaborado com dez pontos fundamentais. Para Adario, o avanço é significativo, mas ainda demanda muito trabalho:

- É um avanço importante porque pela primeira vez essas empresas estão juntas em torno de mudanças para produção e comercialização de soja na Amazônia. Mas dentro de dois anos, esse acordo pode signicar um grade sucesso, como também um grade fracasso.


Até o fechamento desta edição, não foi divulgado nenhum comunicado sobre o acordo do McDonalds, de redes de supermercados ou de fabricantes de alimentícios na Europa. Segundo a assessoria de imprensa do McDonalds no Brasil, a empresa irá divulgar uma nota de esclarecimento amanhã.

O texto acima é de autoria de Carolina Derivi e Maurício Araújo, da redação do Amazonia.org.

SITE DO BINHO MARQUES

Está no ar o site do candidato ao governo, Binho Marques (PT), cujo slogan é "O Acre não se troca".

Visualmente bem concebido, o senão é a seção de notícias. Os textos causam gastura, visto que são quilométricos, em fonte de tamanho e cor que dificultam a leitura. Existe a informação de que hoje acontece a inaguração do comitê central do candidato, mas não há indicação de hora e local.

Para conferir, clique em "13inho".

sábado, 22 de julho de 2006

DANIELA ASSAYAG

A repórter que o boto revelou



A alegoria de um boto que mergulhava nas profundezas do Rio Amazonas trazendo uma cunhã-poronga, em 1992, é considerada marcante na história do festival do boi de Parintins (AM).

A cunhã-poronga era Daniela Assayag, que virou a repórter reconhecida nacionalmente pela elegância em mostrar histórias da Amazônia, a partir da Rede Amazônica de Televisão, afiliada da Rede Globo.

Ela é repórter de TV há 11 anos, mas antes disso brincava no boi Caprichoso, dos 11 aos 21 anos, sendo os últimos cinco anos como cunhã-poronga. Nesse período, Daniela viajou bastante pela Europa, EUA e Coréia.

- Foi um período muito bom da minha vida. Como a vida é feita de ciclos, ele também passou.

Ingressou cedo na TV, quando ainda estava no segundo período da faculdade. Ela não esconde que o convite da TV Amazonas decorreu da beleza física e da facilidade para se comunicar que a cunha-poronga eventualmente exibia na mídia.

Daniela Assayag chegou a cursar psicologia durante dois anos. Decidiu cursar jornalismo quando se deu conta de que preferia falar a ouvir.

Fez jornalismo porque sua intenção era trabalhar em televisão. Já se hospedou num hotel de selva disfarçada de intérprete para mostrar o Rei e a Rainha da Espanha como se fossem plebeus, subiu e desceu rios e montes.

Mas o que mais comoveu Daniela Assayag até hoje foi ser procurada por um pintor de parede cuja mulher havia perdido o filho porque as fichas para fazer uma cesária em hospital público haviam sido todas distribuídas.

- Aquele pai novo me disse uma frase que acho que nunca vou esquecer na vida: "O meu filho não tem o direito de viver só porque eu sou pobre?" Essa é uma questão que fica no ar.

Daniela Assayag e eu participamos do simpósio internacional sobre religião, ciência e meio ambiente, em Manaus. Conversamos bastante sobre Amazônia e comunicação, mas ainda assim esqueci de perguntar se a Globo alguma vez reclamou do charmoso sotaque dela.

Um pouco desse longo bate-papo está registrado no vídeo abaixo, gravado a bordo da lancha Hélio Gabriel, deslizando sobre as águas do Rio Negro, no Parque Nacional do Jaú.


PAREM!



Você pode fazer alguma coisa. Nos últimos dias, intensos bombardeios sobre o Líbano ceifaram as vidas de centenas de pessoas inocentes. Algumas dessas pessoas eram brasileiros que tentavam pacificamente conduzir suas vidas.

Entre os mortos, há dezenas de crianças indefesas, entre elas um menino brasileiro de oito anos. Clique aqui para ter acesso às fotos que mostram de que maneira a população civil tem sofrido barbaramente.

Nada temos em favor da milícia Hizbollah, cuja violência condenamos. Nada temos contra o Estado de Israel e contra o valoroso povo judeu.

No entanto, é inadmissível que os militares deste país executem ações indiscriminadas, que não poupam civis indefesos e que apenas contribuem para disseminar o ódio.

Se você concorda com isso, copie esta mensagem ou escreva um recado para o corpo diplomático israelense no Brasil, clicando aqui ou aqui.

Paz! Já!

ANANÁ

sexta-feira, 21 de julho de 2006

BOM FIM DE SEMANA

Querido,

Tenho sempre a impressão que as coisas acontecem aí no Acre. Vi as fotos da despedida no blog, a queimada, o desenho do rio, a poesia.

Essa é que é a questão: você vê tanta coisa! Tudo interessa: estrela, por-do-sol, preguiça, ovni, reverendo, e as gentes todas. O que elas fazem e o que deixam de fazer.

Eu vou fazer a minha parte. Viajar oito horas de carro. Chegar na aldeia no fim do dia para mostrar o filme pros meus amigos. Conversar um pouco e voltar na madrugada de segunda.

Lá, está cheio de novidades. A Macaquira está grávida! Já pensou se fosse do Iawi? Teríamos um avá puro nascendo.

A Angélica teve uma menina, tá com um mês. Ainda vou providenciar um monte de coisas pra levar.

Tenha ótimo fim de semana aí na sua terra.

Beijo.

Mara Moreira

A jornalista Mara Moreira é a diretora do filme documentário Avá-canoeiro - A teia do povo invisível. Na quarta-feira, Mara grava participação no programa Charme, do SBT, onde vai falar do filme.

NA VOLTA PRA CASA



Manaus ficou para trás com suas águas e o calor úmido.



Uma coluna de fumaça se ergueu na floresta de Rondônia.



"Acre, rio estranho/ cheio de curvas e barrancos/ um rio torto que não vê o mar"



Nos arredores de Rio Branco e Porto Acre, as cinzas de uma queima aparentemente muito bem controlada. Um manancial a menos na Amazônia.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

POR UM MUNDO MAIS VERDE



O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, encerrou nesta tarde o simpósio internacional de uma semana sobre religião, ciência e meio ambiente.

- Vou sempre rezar para um mundo melhor, mais brilhante e mais verde - afirmou.

Bartolomeu chegou a interromper o final da solenidade para fazer um apelo ao povo brasileiro:

- Hoje com certez vocês terão notícias muito tristes sobre a violência no Oriente Médio. Peço que rezem a Deus, para livrar da morte os inocentes, especialmente as crianças e os velhos.

A mesa da solenidade de encerramento do simpósio contou com a presença do índio Benke Ashaninka, do cientista Philip Weller, do governador do Amazonas Eduardo Braga, do secretário estadual de meio ambiente Virgílio Viana e da secretária de Coordenação da Amazônia, Muriel Saragoussi.

RELIGIÃO E MEIO AMBIENTE

A ministra Marina Silva, a secretária de Coordenação da Amazônia, Muriel Saragoussi, e a ambientalista e física indiana Vandana Shiva






A ministra Marina Silva deixou o simpósio sobre religião, ciência e meio ambiente, realizado em Manaus, com a esperança de que ele possa contribuir para a luta histórica dos amazônidas em defesa da região. Ela lembrou que o Acre foi pioneiro com a Aliança dos Povos da Floresta, evolvendo seringueiros e índios.


- Quando aquilo começou a gente não imaginou onde poderíamos chegar. Passados 18 anos, podemos verificar que aqueles ideais, antes tão aprisionados e desqualificados, hoje o mundo inteiro se dobra a eles.

Marina Silva, que era católica e agora é da Assembléia de Deus, disse que a religião tem tudo a ver com o meio ambiente.

- Ninguém melhor para nos ensinar a cuidar da criação do que o Criador. Se nós dizemos que amamos o Criador e não respeitamos a sua criação, então a nossa declaração de amor é vã.

Ela vai se dedidicar no finais de semana a apoiar a campanha de Binho Marques a sucessor de Jorge Viana no governo do Acre.

- Vou fazer isso porque a alma do projeto do Acre não é pequena e vem sendo construída por muitas mãos ao longo de mais de 20 anos de lutas da sociedade. O Binho é a síntese desse resgate.

Segue o vídeo da entrevista exclusiva que a Ministra do Meio Ambiente concedeu ao blog.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

RIOS DE ESGOTO E LIXO



Voltei ao pier do Hotel Tropical depois de uma viagem ao Parque Nacional do Jau, iniciada no domingo, após a cerimônia da benção ecumênica que reuniu indígenas e líderes das quatro maiores denominações cristãs.

- A destruição ecológica é um pecado contra Deus e a criação - afirmou Bartolomeu I, o Patriarca Ecumênio de Constantinopla.

Naquela manhã, o papa de 250 milhões de cristão ortodoxos, que preside o simpósio internacional de uma semana sobre religião, ciência e meio ambiente a bordo do navio Iberostar, foi saudado pelos pajés Raimundo Dessana, Feliciano Boniwa e Estevão Tucano.

O "pajé" Raimundo Dessana havia varado a noite de sábado até a madrugada do domingo tomando cerveja e cachaça nos bares da Ponta Negra. Ao amanhecer, ficou exaltado e quis brigar ao ser acordado pela tripulação do barco para comparecer à cerimônia.

Raimundo acabou aparecendo para o mundo à frente de uma dança ritual ao som de flautas. Ele abençoou o patriaca, dois cardeais católicos - Roger Etchegaray, enviado do papa Bento XVI, e Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador - o bispo anglicano de Liverpool, James Jones, o reverendo Tor Jorgensen, bispo luterano da Noruega, e os metropolitas ortodoxos de São Paulo, Damaskinos Mansur, e de Buenos Aires, Tarassios.

Quando começou a falar, Raimundo se desculpou por seu português e afirmou que cura todas as doenças que a medicina dos brancos não consegue curar. Mencionou seu nome católico e sua religião indígena e defendeu os direitos dos povos nativos na Amazônia.

Poucos perceberam que o balanço da balsa Lady Irene, no encontro das águas dos rios Negro e Solimões, agravava os passos trôpegos do "pajé". Ele estava zonzo mesmo em decorrência da ressaca. Raimundo chegou até a reclamar do jornalista Humberto Amorim, um dos tradutores durante o evento.

- Não sou pajé. Eu sou líder espiritual.


A índia yawanawa Kátia Hushahu, na foto ao lado com o ambientalista Fábio Feldmann, se tornou a primeira pajé brasileira, mas teve que se resignar para assistir a cerimônia conduzida pelo velho dessana. Quem convidou Kátia não teve força para assegurar a participação dela na cerimônia de benção das águas.

- Percebi logo que aquele pajé não estava bem, mas não imaginei que fosse por causa de bebida - observou a índia acreana.

Kátia, que está há mais de um ano em abstinência sexual e alcoólica, no domingo permaneceu em jejum e até sonhou com o que deveria fazer durante a cerimônia.


A dimensão religiosa do debate sobre a preservação da Amazônia, tendo como foco a questão das águas, está sendo acompanhada de onze embarcações com dezenas de cientistas, ecologistas e representantes de governo. Todos têm cumprido uma extensa agenda (palestras, passeios) enquanto o gigante navio Iberostar e mais 10 confortáveis lanchas deslizam sobre as águas do Rio Negro.

Todos os barcos dispoem de gente para servir café da manhã, almoço e janta. Entre convidados, guias, tripulação e pessoal de apoio, são mais de 400 pessoas. Dá para imaginar a quantidade de lixo que tanta gente produz.

Dizem que as lanchas possuem equipamento para tratar os dejetos de seus hóspedes. Mas o que é "tratado" é lançado dentro dos rios Negro, Solimões, Amazonas etc. A lancha Hélio Gabriel, na qual tenho viajado, por exemplo, teve que se afastar cerca de 200 metros do pier, durante a manhã de hoje, porque alguém puxou a descarga com papel higiênico e preservativo no vaso sanitário.

A tubulação de esgoto entopiu e os dejetos foram lançados no Rio Negro, durante uma operação típica da navegação amazônica.
Duvido que alguém tenha dito ao Patriarca Bartolomeu que o Rio Amazonas, fonte de vida, funciona também como lixeira e esgoto de todas as cidades da Amazônia.





O AMOR SOB O CÉU



Juarez Nogueira


Registre-se a importância do Simpósio "Amazonas Fonte de Vida" como louvável iniciativa de dizer ao homem humanidade. Que bom, ver o Patriarca Bartolomeu pisar na lama, ver a ministra Marina aí contestar a acefalia da fé, ver gente reunida pelo reconhecimento da obra divina.


Triste, ver o veio aberto pela soja, suja mancha parece no corpo da floresta. Mais triste pensar que isso acontece porque o estômago ronca mais alto que qualquer consciência ou ideologia e porque a Legislação e a Educação vão de passo manquitola contra a tratoragem movida pelo interesse político e econômico - de poucos, para poucos, com poucos.

Mas é sobretudo esperançoso reconhecer, como Einstein, cientista de fé, esse esforço de humanidade para atingir uma consciência de valores e reforçar e ampliar seus efeitos sobre a conduta humana.

Eu já disse neste mesmo espaço: que no sexto dia Deus criou o homem para ajudá-lo a tomar conta da criação. No sétimo, Ele tirou para descansar, e muita gente acha que ainda está no sétimo dia, solta no paraíso (já bastante ameaçado, é necessário lembrar), que o descanso é eterno e que Deus está dormindo...


E pensa, confiante de que a Providência divina atenta e misericordiosa cuidará milagrosamente de tudo, que o bom Pai generoso compreenderá as necessidades e vicissitudes desses seus filhos homens e vai se compadecer com seus rogos apenas.

Cá pra nós, no que é da tarefa humana, de que humanamente devemos dar e prestar conta, Deus não faz cair uma folha de árvore. No máximo, Ele se enternece, se alegra, reconhece que não tem motivos para se arrepender quando deu um sopro divino no fio maculado da natureza, ao ver que uns tantos desses filhos cuidam de viver em equilíbrio com a natureza que, de resto, é viver em equilíbrio com o próprio Deus.

Aí, Ele fica feliz como numa brincadeira de criança: Deus joga a bola do mundo para nós, nós devolvemos para Ele, a brincadeira continua, a Terra por si move, o universo por si tece o amor sob o céu que nos abriga.

Altino, abrace por mim, essa gente daí.

Juarez Nogueira é escritor. Mora em Divininópolis (MG). Tirei a foto acima, às 5h13 da manhã de domingo, no Rio Negro.

sábado, 15 de julho de 2006

BARTOLOMEU EM SANTARÉM



Estimado Altino,


Tenho acompanhado em seu Blog notícias deste importante evento em que nosso patriarca Bartolomeu participa. Sou padre André e administro o site da Igreja Ortodoxa - Patriarcado Ecumênico de Constantinopla daqui de Florianópolis - SC. Gostaria muito de informar nosso povo (cristãos ortodoxos de todo Brasil) sobre esta primeira visita de nosso patriarca ao Brasil mas, infelizmente, as notícias são escassas e demoram tanto a chegar! Peço-lhe sua autorização para a publicação em nosso site de notícias que temos acompanhado através de seu blog. E, se tiver a oportunidade de se comunicar com S. Santidade, transmita-lhe nossa grande estima. Desejo, de todo o coração, uma muito feliz e proveitosa estada na Amazônia neste importante evento. No amor de Cristo, sou, pe. André



Querido André, além de bastante informal, o Patriarca Bartolomeu é um homem com muita disposição para defender o meio ambiente. Passei o dia com o grupo de 190 pessoas que acompanhou o Patriarca numa viagem de avião até Santarém (PA).

Fomos conhecer a irracionalidade que é derrubar a floresta na Amazônia para para plantar no lugar dela a soja que serve para alimentar porcos na China. Tivemos oportunidade de conhecer as experiências de desenvolvimento comunitário das famílias que vivem na Floresta Nacional do Tapajós.

O Patriarca Bartolomeu pisou na lama, colheu flores da floresta, cotemplou com sua vista cansada o horizonte do Rio Tapajós, que mede 15 quilômetros de largura na Vila Maraguary, comeu abacaxi, bebeu suco de cupuaçu, aceitou sorridente um cordão de tucum, ganhou um vidro com óleo de copaíba e embalou bebês nos braços enquanto falava de sua esperança de que as crianças da Amazônia possam crescer num mundo melhor.