quinta-feira, 18 de outubro de 2007

BRIGUENTAS E VALOROSAS

Leila Jalul

Sinto enorme admiração pelo trabalho de algumas mulheres que ocupam lugares no cenário político. Duas, no entanto, causam furor, ou frisson (para ser mais amena), por onde passam: Naluh Gouveia e Heloisa Helena. Elas, sozinhas, fazem um carnaval, invertem a ordem natural das coisas, desprezam conceitos machistas e preconceitos moralistas.

Duas feras, pode-se dizer. Ambas, não por acidente, nasceram em berço petista. Não o PT de hoje, PT poder, PT de mensaleiros, PT do Zé Dirceu, do Delúbio e Genoino. Não, elas nasceram no PT do tempo antigo. Aquele que não admitia pouca vergonha de espécie alguma, não deste que aí está, de alianças escusas e comportamentos sórdidos.

Respeitadas as exceções, hoje, não dá mais para, de relance, apontar os petistas de fé, os irmãos camaradas. Não dá. No entanto, a compreensão das boas políticas deve pesar, como também devem ser entendidas as distorções que o poder impõe, seja lá qual seja o partido que ao poder ascende. Como dizem, faz parte.

A trajetória de Heloísa, menina pobre das Alagoas, professora militante, não sem antes ter sido estudante militante, em nada difere da de Naluh. A carga hormonal que dispuseram para os embates, também é a mesma.

Quando discursavam, deixavam sempre a impressão de que, a qualquer momento, o coração saltaria de suas bocas. São indignadas, inquietas, acusadoras de dedo em riste, deixam de ser "mignons" quando afrontadas pelos gigantes. Ficam parecendo duas mulheronas de 1,60 m de altura. E muito verbo.

Em muito são parecidas, mas têm lá suas diferenças. Heloisa foi expulsa do partido como cão sarnento, chorou, descabelou, amargou o sentimento que só os traídos conseguem experimentar. Foi linchada pelos antigos companheiros, mas não desistiu. Fundou seu próprio partido, disputou a presidência da República, perdeu, volta pras Alagoas, reassumiu seu antigo cargo de professora universitária e, caladinha, tomou sua maior atitude: derrubar o vilão-mor, na base da canetada.

Quem, insano, não entender que a morte de Renan foi decretada por Heloisa Helena, após trazer ao conhecimento público a podridão do cabeça de cocô e suas mutretas, deveria pegar o boné, pedir desculpas e voltar para sua base, até conseguir, um dia, beijar os pés da Heloisa Helena. Poucos conseguirão.

Naluh, no dia de ontem, desfiliou-se do PT. Chorou, ganhou uma placa de bronze dos companheiros, e, muito em breve, assumirá uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. Como lhe é próprio, chorou mas declarou que o seu PT é o outro, não o que está aí.

Agora é esperar, deixá-la assumir e ver se o TCE é, como dizem, uma gaiola de ouro, como tanto já se falou pela imprensa. Agora é esperar que, embora com final feliz, mantenha as semelhanças com Heloisa Helena. Tomara.

11 comentários:

Terra disse...

Leila Suindara para Deputada...

Anônimo disse...

E Alceu Geoglifos para Senador. Não vai dar certo, meu querido amigo. Vossa Excelência não é da turma do barulho. Vossa Excelência , concessa maxima venia, é da pesquisa. É homem da ciência.
E eu, bem, não passo de uma língua de trapo, quase sempre indignada. Meu lugar é em casa, de preferência calada.
Um abração
Leila
(se não foi do Alceu Rancy este comment, mil perdões.)

Anônimo disse...

Querida Leila, deixa o Exelência prá lá. Grato pela bondade de me ter em consideração.
Não vou usar "data venia" pois não sou do ramo, mas aproveito para dizer que te prefiro indignada e escrevendo. Não fique calada, como a Naluh e a Heloisa, tens muito a nos dizer.
Um abraço fraterno, Alceu

Anônimo disse...

Alceu, afinal, o que quer dizer essa frase?
"Não fique calada, como a Naluh e a Heloisa, tens muito a nos dizer."

Anônimo disse...

Acho que o nobre colega Alceu não é o autor da melhor frase do dia. Espernear mais do que a Heloisa esperneou, é humanamente impossível. A Naluh foi e continuará sendo respeitada por seus patrícios e correligionários. Mesmo assim, também fez umas declarações da pesada, no tempo do mensalão.

Nos últimos anos, ou sempre, não posso afirmar, as vagas do TCE foram concedidas como prêmio. Nada me diz que o Governador pense assim, embora se questione o fato dela ser professora e não economista ou advogada. Ou pelo fato de ser mulher, quem sabe?
No que acredito, de verdade, é que Naluh, pelo seu espírito combativo e sem o uso de meias palavras, poderá, e como, descerrar as cortinas de qualquer órgão público. A garantia da vitaliciedade até propicia essa liberdade. Meu sentimento não é o mesmo com relação ao ex- Deputado Polanco, mesmo sem duvidar da sua seriedade. O que dá nó é a falta da tribuna.
É aguardar.
Leila

Anônimo disse...

heloisa helena - Presidente
Nalu - Vice

Anônimo disse...

...mas a Heloísa não recebeu nenhum presente, tipo emprego vitalício bem remunerado - e bota bem remunerado nisso!

Anônimo disse...

Anônimo querido, esse negócio de grana, é muito relativo. E não se avexe. A Heloisa, pelo simples fato de ser presidente e fundadora de um partido, não está ao Deus dará. Nesse mundinho, quem ganha pouco, ganha demais. O que nos diferencia deles são as mídias e multi mídias que os acoberta e promove, quando é de interesse das mídias. As antenas midiáticas não diminuem nem a Naluh, nem a Heloisa, muito embora as possam engolir, quando conveniente. O tempo de fabricar heróis e heroínas é um tanto ultrapassado, mas não está passado o tempo de reservar espaço para quem tenta deles se distinguir na força e na marra.
Leila

Anônimo disse...

Heloisa não poderia estar ao Deus dará, mesmo. É professora universitária concursada, com excelente nível de qualificação e muito melhor nível de desempenho profissional, uma liderança docente.

Anônimo disse...

É verdade. Existe alguma difeença nessa história. A professora Heloísa para exercee uma função não dependeu de suas relações políticas. Estas, aliás, trouxeram-lhe complicações a vontade.

Anônimo disse...

A professora Heloisa helena vive dos ganhos que a presidência do P-SOL lhe concede? Olha, sei não viu? Ela custeia suas viagens em aviões de carreira ou conta com apoio, que se sabe, limitados, principalmente, quando se trata de um partido em formação. Os deputados com mandato, atualmente, são os principais financiadores da organização partidária. Algunes militantes fundadores detacam partes dos seus salários para montar um fundo de apoio. Uma coisa é certa, Heloísa não vive às custas do partido em formação, vive com seus salários de professora universitária.