terça-feira, 31 de julho de 2007

CHARLES C. MANN NO ACRE

O escritor Charles C. Mann, autor do livro "1491 - Novas revelações das Américas antes de Colombo", estará em Rio Branco na sexta-feira.

Historiador com alma de jornalista investigativo, Mann colabora com as revistas "Science" e "Atlantic Monthly". Virá ao Acre para conhecer os geoglifos.

A edição americana de "1491" ficou 28 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times. A edição em português, da editora Objetiva, traz fotos dos geoglifos do Acre.

Quando o livro foi lançado nos EUA, o paleontólogo Alceu Ranzi escreveu para o autor, que logo informou a intenção de conhecer o Acre.

Mann estará acessível ao público às 18 horas, no Pavilhão da Integração, na Expoacre, onde fará uma palestra.

COWBOY VIADO

Para quem "senta" na Expoacre

CANSEI DE "BASTA!"

O que mais deseja a riqueza do país, além das condições inigualáveis que o governo Lula lhe proporcionou?

Jânio de Freitas

O odor exalado pelo movimento "Cansei", ainda que nem todos os seus fundadores tenham propósitos precisamente iguais, é típico do golpismo que sempre foi a vocação política mais à vista na riqueza, não importa se cansada ou não. A fonte de onde surge não lhe nega a natureza pressentida: um escritório de negócios em São Paulo, tal como se identificaria nos primórdios de todos os golpes e tentativas de golpe desde 1944/1945, pelo menos.

Também denominada "Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros" -batismo que os padrinhos relegaram, por considerarem o apelido "Cansei" mais representativo dos seus propósitos- o que a iniciativa sugere, de fato, é uma interrogação.

O que mais deseja a riqueza brasileira, além das condições inigualáveis que o governo Lula lhe proporcionou? O fim da inflação, o emudecimento do sindicalismo e das reivindicações sociais; concessões transgênicas para todos os tipos de grandes empresas e negócios, Bolsa farta e imposto baixinho ou a zero; e, sobretudo, a transferência gratuita de um oceano de dinheiro dos cofres públicos para os da riqueza privada, por intermédio dos juros recordistas concedidos pelo próprio governo aos títulos de sua emissão. Ainda não basta?

O que deseja a riqueza não pode ser a correção das deformidades socioeconômicas, institucionais e políticas que refreiam o Brasil, enquanto países do seu aparente status desenvolvem-se a níveis exuberantes. É da não-correção que vem grande parte das facilidades pelas quais a riqueza se multiplica sem cessar: a fraqueza ética do Congresso, a corrupção administrativa que só tem o corrupto e não o corruptor, as eleições movidas a marketing endinheirado, e por aí.

Além disso, nunca se viu a riqueza movendo-se, de fato, por correções e reformas a serviço do interesse do país. Os seus lobbies e outros meios só se movem, historicamente, por alterações que privilegiem os interesses da própria riqueza privada. Assim é a história parlamentar e administrativa do Brasil, para dizer o mínimo, do último meio século.

O governo Lula deu e dá à riqueza privada a situação que a ela deu o "milagre econômico" da ditadura, porém, agora sem os inconvenientes produzidos pela força. A quem vive no Brasil em nível de primeiríssimo mundo, conviria, portanto, demonstrar um pouco mais de compostura. Se não para aparentar recato que lhe falte, por um grão a mais de esperteza.

"Cansei" -e daí? Vai fazer ou, pelo menos, propõe o quê, de objetivo, prático e necessário? Disse um dos "cansados": "Queremos despertar em cada indivíduo o que ele pode fazer para mudar o país". Pois façam isso no seu próprio movimento. Sem que, para tanto, o seu alegado cansaço exale sentidos que, intencionais ou não, negados ou não, vão até onde não devem.

Jânio de Freitas é articulista da Folha de S. Paulo

segunda-feira, 30 de julho de 2007

ALAN GARCIA

Deputados federais e senadores do Acre não demonstram a menor sensibilidade para a questão da invasão de nosso território pela máfia peruana da madeira. Isso todo mundo sabe. Leia a nota do jornalista Tales Faria, do Informe JB:

"A denúncia de que o presidente do Peru, Alan García, pode ser sócio de madeireiras daquele país que entraram ilegalmente no Acre - conforme relatou o superintendente no Estado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) - vai acabar sendo investigada pelo Congresso brasileiro.

- Essa questão envolvendo o presidente de outro país não é o nosso alvo prioritário. Na verdade, tem que ser tratada com cuidado. Mas não podemos deixar passar em branco a invasão de território brasileiro para a extração de nossas madeiras. Estou preparando requerimentos à Comissão de Meio Ambiente e à Comissão de Relações Exteriores da Câmara para que tenhamos todos os dados sobre o assunto, depoimentos e investigações - explica o deputado Sarney Filho (PV-MA).


Leia mais no site Amazônia: "Madeira roubada de terra indígena no Brasil pela empresa Forestal Venao ganha certificação SmartWood-FSC no Peru".

domingo, 29 de julho de 2007

NOVO PROTESTO ASHANINKA

Carta dos índios ashaninka, da comunidade Apiwtxa, publicada hoje sobre as invasões na fronteira Brasil-Peru, critica duramente o Programa SmartWood, da Rainforest Alliance, que desconsiderou ilícitos cometidos pela madeireira Forestal Venao nos últimos anos, e, em abril de 2007, certificou a empresa com o padrão FSC.

"No nosso ponto de vista, essa foi uma decisão equivocada, pois as atividades da Forestal Venao há vários anos vêm causando graves problemas ambientais em nossa fronteira, colocando em risco de extinção vários povos nativos, rios de água doce, animais e a biodiversidade da floresta. E tem, em várias ocasiões, invadido nossa terra indígena e agora a Reserva Extrativista do Alto Juruá.

Para tomar a decisão de certificar a Forestal Venao, o Programa SmartWood deveria ter feito uma consulta à população do entorno, para saber quais têm sido as práticas e as verdadeiros impactos ambientais, sociais e culturais da Venao, inclusive em território brasileiro".

Visite o blog da Apiwtxa para ler a carta na íntegra.

Reportagem da Ucayalina TV, de Pucalpa, endossa a posição brasileira sobre o roubo da madeira do lado brasileiro.

ETANOL NA FLORESTA

Dados oficiais mostram que cana avança na Amazônia apesar de governo federal negar

Liana Melo

A euforia do etanol já chegou à região amazônica. Projetos sucroalcooleiros instalados no Acre, Maranhão, Pará e Tocantins estão vivendo um momento de expansão acelerado, apesar da afirmação peremptória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a Amazônia não se presta à cultura da cana-de-açúcar e da proibição de plantio anunciada este mês pelo Ministério da Agricultura. A região não só é fértil como é competitiva. Não bastassem os projetos de expansão confirmados pelo setor privado, dados oficiais indicam que Lula estava equivocado quando afirmou, recentemente, que a cana "fica muito distante da Amazônia". O comentário foi feito em Bruxelas, no início do mês, na Conferência Internacional de Biocombustíveis.

Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, a safra de cana na Amazônia Legal - que compreende estados como Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins -, aumentou de 17,6 milhões de toneladas para 19,3 milhões de toneladas no período 2007/2008. Em Mato Grosso, por exemplo, foi registrada expansão da área plantada de 10%, enquanto no Tocantins esse aumento foi de 13% e no Amazonas, de 8%.

O balanço da Conab não inclui a previsão de safra do Acre, em 2008. É como se o estado estivesse fora do alcance da cana. Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Judson Ferreira, porém, a produtividade média local é de 80 a 100 toneladas de cana por hectare, igual a de tradicionais estados produtores, como São Paulo e Pernambuco. Dados da Embrapa indicam ainda que 3% do estado são propícios à plantação de cana. Hoje, 11% do Acre estão totalmente desmatados, sobretudo devido ao avanço da pecuária no passado.

É nesse potencial econômico do Acre que o grupo pernambucano Farias está apostando. Tradicional plantador de cana e responsável por uma produção anual de nove milhões de toneladas, o grupo pretende quintuplicar esse volume até 2015. O objetivo de Eduardo Farias, presidente do grupo, é lançar mão do projeto Álcool Verde, instalado no município Capixaba, no Acre, para atingir essa meta.

- Vamos colher nossa primeira safra no Acre em maio de 2008. Será uma safra tímida, de 400 mil toneladas, mas já estamos prospectando novos mercados para expandir ainda mais nossa produção na região da Amazônia Legal. Estamos de olho no Maranhão e no Tocantins - afirmou Eduardo Farias, sócio majoritário da Álcool Verde.

O grupo detém 70% do capital da empresa, empresários locais ficaram com 25% e os 5% restantes estão nas mãos do governo do estado. Farias mantém segredo sobre o investimento feito na Álcool Verde. Sem derrubar uma única árvore, já que a área está degradada, é possível, segundo ele, atingir uma produção de 3,5 milhões de toneladas num futuro próximo. Como o estado não tinha clones de cana em grande escala nem variedade, o grupo importou mudas de Pernambuco, onde fica a sede da empresa.

- A Álcool Verde vai viabilizar um combustível limpo para uma população de 32 milhões de pessoas que vivem na região e também nos países vizinhos, Peru e Bolívia - comentou Eduardo Farias, afirmando que a queima de óleo diesel é uma prática corriqueira na Amazônia.

A Álcool Verde é o que restou da falida Alcobrás (Álcool Brasileiro, S/A), iniciativa financiada há quase 20 anos com recursos públicos para produzir álcool combustível na região. Só que o projeto acabou se tornando um dos maiores escândalos financeiros da historia do país, cujo rombo, junto à extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), foi estimado, na época, em R$150 milhões.

Investidores estão de olho na região - A movimentação de executivos e investidores, nacionais e estrangeiros, pela Amazônia Legal joga por terra o falso mito de que "se a Amazônia fosse importante para plantar cana-de-açúcar, os portugueses que introduziram a cana no Brasil, há tantos séculos, já o teriam feito na Amazônia", como disse Lula, em sua viagem à Bruxelas.

"Nós estávamos produzindo cana na Amazônia Legal quando achavam que isso não era possível", declarou a um jornal do Pará, o presidente da Pagrisa (Pará Pastoril e Agrícola S.A.), Marcos Villela Zancaner. A empresa tem hoje uma área plantada de cana-de-açúcar de 11,6 mil hectares. Na safra passada, produziu 720 mil toneladas. No início do mês, a Pagrisa recebeu a visita de fiscais do Ministério do Trabalho, que chegaram à empresa por denúncias de trabalho escravo. A própria Petrobras tinha a Pagrisa como fornecedora de álcool e cancelou o contrato que tinha com a usina por não se relacionar com empresas acusadas, condenadas ou investigadas por trabalho escravo.

A região vem atraindo até investidores estrangeiros. O fundo de investimento Cooper Fund, de aposentadas americanas, virou sócio do grupo TG Agro Industrial/Costa Pinto, que produz álcool em Aldeias Altas, no Maranhão. No município de Campestre do Maranhão, o empresário Celso Izar, da Maity Bioenergia, tem quatro projetos engavetados, cada um orçado em US$130 milhões, para produzir 1,2 milhão de tonelada de cana e já negocia com investidores estrangeiros. A empresa produz atualmente um milhão de toneladas.


Ministro nega evidências e insiste que
cana não chegou à Amazônia


Potencial para cultivo no Pará é superior à área total plantada no país

Liana Melo

Apesar das evidências em contrário, apresentadas pela própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada à sua pasta, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, insiste em afirmar que a cana-de-açúcar ainda não chegou à Amazônia.

— Não existe cana na Amazônia.

Não temos conhecimento de nenhum projeto na região, nem recente nem antigo — disse o ministro, dando respaldo à tese de que a cana se mantém longe da floresta, como quer fazer crer o presidente Lula.

Interessado em transformar o etanol numa futura commodity, o governo decidiu proibir por lei o plantio em território amazônico, para responder a questionamentos internacionais. Em um ano, deverá ficar pronto o mapa do zoneamento agrícola para a cultura de cana. O país será dividido em três regiões: onde é possível plantar cana, onde o plantio está terminantemente proibido e onde o governo pretende criar incentivos federais específicos para estimular à plantação em áreas degradadas, com pastagens.

— O zoneamento vai proibir qualquer possibilidade de plantação de cana no bioma amazônico e no bioma do Pantanal — afirmou Stephanes.

O governo está trabalhando com o conceito de bioma amazônico, já que, segundo o ministro, a Amazônia Legal é apenas uma mera figura administrativa para viabilizar financiamento da Superintendência de Desenvolvimento Amazônico (Sudam) à região.

Estudos confirmam vocação econômica do Pará
Perguntado se o zoneamento iria incidir sobre projetos já existentes, Stephanes negou, mais uma vez, a existência de cana na Amazônia. Não bastassem os dados oficiais da Conab indicarem crescimento do plantio em áreas de floresta, pesquisas acadêmicas confirmam a vocação de estados, como o Pará.

O estado tem potencial para ser um dos maiores produtores de etanol do Brasil, concluiu a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade São Paulo (USP). Só na terra já desmatada, a área própria ao cultivo pode chegar a nove milhões de hectares. A título de comparação, o país possui hoje 6,6 milhões de hectares plantados de cana.

— A produção no Pará tem boas condições de produtividade, custos de mão-de-obra, de terras e de logística, com potencial para tornar-se uma das mais competitivas plataformas de exportação. O Pará, com um única usina, apresenta uma produtividade de cana mais compatível com o CentroSul do que com o Nordeste, o que evidencia o potencial do estado — analisou Catarina Rodrigues Pesso, coordenadora geral da pesquisa “Produção de Etanol: Uma Opção Competitiva para o Aproveitamento de Áreas Plantadas no Leste do Pará”.

Cana-de-açúcar da Amazônia é para exportação
A cana do Pará tem condições de aumentar a produção brasileira de álcool em 136%. Não é à toa que a era dos biocombustíveis chegou com força total na Amazônia Legal.

A quantidade de distribuição das chuvas foi apontada como um dos fatores mais relevantes para a avaliação do potencial de desenvolvimento da cultura da cana no estado.

— Não temos dúvidas de que o Pará provavelmente terá a plataforma de exportação do etanol mais competitiva do Brasil, que propiciará os maiores lucros para os investidores — concluiu a pesquisa da Esalq. Não temos conhecimento de nenhum projeto de cana-de-açúcar na Amazônia.

No exterior, etanol tem imagem comprometida
Governo tenta blindar o produto contra possíveis acusações

O governo Lula tem pressa em limpar a imagem dos canaviais brasileiros. A cana-deaçúcar está associada a trabalho degradante, de um lado, e a desmatamento, de outro.

Com predicados como esses, o temor do governo é de que os países ricos inviabilizem o projeto nacional de transformar o Brasil num dos maiores celeiros de biocombustíveis do mundo. O cenário internacional é propício para isso: petróleo caro, temor com a segurança energética e preocupação com o aquecimento global.

Ao afirmar que a cana não chegou à Amazônia, o governo tenta blindá-la contra possíveis barreiras não-tarifárias — limitações impostas por alguns países para brecar a entrada de produtos no seu mercado.

As primeiras barreiras já começam a ser levantadas. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou recentemente que a segurança alimentar será ameaçada com o avanço da cana no território nacional. (Liana Melo)


PAULO ADÁRIO

‘Proibir é fácil, difícil é fiscalizar’

O avanço da cana sobre a Amazônia Legal está deixando os ambientalistas em estado de alerta. A preocupação do coordenador da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, é que o governo vem negando a existência de canaviais na região só para evitar pressões internacionais ao etanol verde-amarelo.

Liana Melo

O GLOBO: O governo federal insiste em negar a existência de cana na Amazônia. Como o senhor avalia esse tipo de estratégia?

PAULO ADÁRIO: O temor do governo Lula é de que o mercado internacional levante barreiras não-tarifárias ao etanol brasileiro, caso o produto seja confundido com a Amazônia, considerada a jóia da coroa ambiental do planeta. Isso é totalmente equivocado.

Mas não é isso que os países ricos fazem para proteger suas economias?
Só que a afirmação de que não existe plantio na Amazônia demonstra uma intenção precipitada de dissociar a cana e, conseqüentemente, o etanol, do desmatamento. Com isso, o presidente Lula acabou incorrendo em dois erros ao mesmo tempo. O primeiro deles foi demonstrar total falta de conhecimento da realidade brasileira. O segundo é que ele deveria estar preocupado em evitar o avanço, não em negá-lo.

Mas o senhor considera que a cana já é hoje uma ameaça à floresta amazônica?
Ainda não é, mas pode vir a ser muito rapidamente até porque estamos falando de um país com sérios problemas de governança. Hoje, a cana é apenas uma ameaça indireta. A febre do etanol vai, num primeiro momento, provocar uma expansão mais acelerada na região Centro-Sul. Com isso, será inevitável que a pecuária migre ainda mais para a Região Norte aumentando a pressão sobre a floresta. O desmatamento hoje já é de 70 milhões de hectares. Nosso desmatamento já é do tamanho de países como a França.

O senhor acredita que a expansão da cana pode provocar problemas de segurança alimentar?
Não tenho a menor dúvida. O Brasil está correndo o sério risco de virar um país dividido entre a soja e a cana. A intenção do governo é proibir a plantação de cana no bioma amazônico. O senhor acha que esse tipo de medida é suficiente? ADÁRIO: Não sei se o governo tem condições de fazer valer a proibição do plantio de cana. Criar leis novas é fácil, difícil é fazêlas serem cumpridas. Como ele pretende fiscalizar? Não basta proibir, é preciso inibir o plantio. Acredito que seria bem mais eficiente se o governo fechasse a torneira dos bancos públicos e parasse de liberar financiamentos. Só assim seria possível inibir novos projetos. Além do mais, como nega a existência de cana na Amazônia, o governo não disse ainda o que pretende fazer com a cana que já está lá.

Liana Melo é repórter do jornal O Globo

BRAVURA

Da esquerda pra direita: deputado estadual Juarez Leitão (PT), deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) e o marido dela, o presidente da Assembléia Legislativa do Acre, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B). O trio percorreu a Transoceânica e desfraldou a bandeira acreana em território peruano. O fato histórico exigiu a presença de repórter e fotógrafo da assessoria de imprensa da Assembléia para assinarem reportagem especial (paga) no jornal A Tribuna, de onde essa foto foi "surrupiada". Brava gente brasileira, que se faz de desentendida quando ocorre a invasão do Acre por madeireiras peruanas ou quando autoriza pagamento de salário a deputado que se diz doente, mas que é visto pelo público cavalgando num alazão.

sábado, 28 de julho de 2007

LEI, ORDEM, JUSTIÇA


Imitando a imprensa, que ganha prêmios pelas reportagens positivas que produz sobre o evento: Como acontece todos os anos, a Feira Agropecuária do Acre começou em absoluto clima de paz e amor.

O filho do comandante da Polícia Militar levou uma chicotada de um peão, o amigo dele chamou a polícia e ambos findaram sendo confundidos com o agressor. Foram espancados pelos homens da Companhia de Operações Especiais (COE).


- Infelizmente numa guerra morrem muitos inocentes - disse o comandante da PM, coronel Célio Romário.

O lema da PM do Acre é "lei, ordem, justiça", que é berrado ao amanhecer, enquanto fortalecem a musculatura. Eles se julgam a lei, a ordem e fazem justiça com as próprias mãos. A COE é cria dos primos Aureliano Pascoal e Hildebrando Pascoal.

Leia mais no Acre 24 Horas.

APARTAMENTO DE TIÃO VIANA PEGA FOGO

Do portal G1:
Incêndio no imóvel funcional de Tião Viana (AC) assustou os demais senadores. Ninguém ficou ferido, mas bombeiros farão perícia no local.

O apartamento funcional do senador Tião Viana (PT-AC) pegou fogo na manhã deste sábado (29). O incêndio causou susto na quadra onde moram os senadores em Brasília. Ninguém ficou ferido.

Um dos quartos ficou completamente destruído. O fogo danificou móveis, colchões e o aparelho de ar condicionado.

O Corpo de Bombeiros fará perícia no local ainda nesta tarde para identificar o que causou as chamas.

CAVALGADA


Governador Binho Marques, crítico da pecuária na região, se absteve da cavalgada na abertura da Feira Agropecuária do Acre. Desengonçado, dando a impressão de que iria desmontar a qualquer tempo, o senador Tião Viana (foto) fez parelha com o pecuarista e vice-governador César Messias.

A combalida pecuária acreana, que tenta se impor como nosso símbolo cultural, se estabeleceu por aqui às custas de centenas de assassinatos, da expulsão de milhares de índios e seringueiros, dos crimes ambientais e da impunidade.


As ruas da cidade, sobretudo do centro, estão fétidas. Quem transita por lá não tem como deixar de inalar cocô de cavalo, que seca e sobe em pó, verdinho.

AIOU, N. LIMA


O galã acima é o deputado estadual Nogueira Lima (PSC). Está licenciado da Assembléia Legislativa por 120 dias para tratamento médico de crise renal. Do alto de seu alazão, esbanjava vitalidade invejável duranta a cavalgada de abertura da Expoacre. Enquanto isso, o contribuinte paga o salário dele e do suplente.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

quinta-feira, 26 de julho de 2007

POVOS SEM DIREITOS

A expansão da indústria de hidrocarbonetos em territórios da Amazônia peruana põe em perigo a cultura e a subsistência dos povos indígenas dessas zonas. As companhias se aproveitam de um marco legal que favorece vulnerabilidade desses povos, ao restringir o exercício de seus direitos como demonstra o caso da Repsol YPF. A empresa espanhola opera em sete lotes localizados na Amazônia peruana, onde se localizam cinco áreas protegidas, e vivem seis povos indígenas e um em isolamento voluntário. A incapacidade da Repsol YPF de estabelecer um verdadeiro processo de consulta dos povos indígenas para obter o consentimento tem se traduzido na perda de recursos econômicos e naturais para algumas das comunidades mais castigadas do Peru.

Essas são algumas das prinicpais conclusões do estudo "Pueblos sin derechos. La responsabilidad de Repsol YPF en la Amazonía peruana", divulgado em 25 de julho pela Interomón Oxfam. O estudo está disponível na íntegra, em castelhano,
aqui.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

MACAQUEANDO


Na terra famosa internacionalmente como sendo de Chico Mendes e da florestania, a grande vitrine do setor produtivo é a Feira Agropecuária do Acre. Todos os anos os acreanos se reunem em seu maior evento bizarro para macaquearem a farra dos boiadeiros de outras regiões do país. No dia da abertura, seja qual for o governador de plantão, ele põe um chapéu e lidera até o parque a cavalgada que deixa as ruas cobertas de mierda. Por que derrubaram aquela árvore que simbolizava o "governo da floresta"? Visite aqui o site da Expoacre.

FESTCINE AMAZÔNIA


Festival de Cinema e Vídeo Ambiental será realizado em Porto Velho (RO), no período de 13 a 17 de novembro. A finalidade é divulgar e exibir obras audiovisuais, curta e média metragens, de ficção, documentários, animações e experimentais, com temática ambiental, produzidas em qualquer parte do mundo. Clique aqui para obter informação.

GEADA DE ERROS

Jornal A Gazeta na edição de hoje tem a manchete "Avião da FAB faz pouso forçado em Cruzeiro do Sul", complementada, em página interna, com título de uma grande descoberta de sua reportagem: "Pista de Rio Branco é maior que a de Congonhas".

Como tudo no Acre é maior, melhor ou referência, a repórter Marcela Barrozo abre o texto da reportagem assim:

"Em meio ao caos que se instalou no setor aéreo brasileiro, um dado é, no mínimo, curioso. A pista de pouso do Aeroporto Internacional de Rio Branco é maior que a de Congonhas (SP), onde aconteceu o mais grave acidente aéreo do Brasil há uma semana. Enquanto a pista acreana mede 2.158m², Congonhas, aeroporto que tem intenso tráfego aéreo, mede 1.940m²".

"De acordo com a Infraero, a Capital [Rio Branco, bem entendido] é uma cidade que não sofre muito com fortes neblinas ou geadas", diz a reportagem mais adiante.

A Gazeta inventou nova medida para o comprimento de quatro pistas de pouso no país:

Galeão (RJ): 4 mil m²
Cumbica (SP): 3.700 m²
Rio Branco (AC): 2.158 m²
Congonhas (SP): 1.940 m²

Existem erros até quando o jornal cita e copia:

"De acordo com reportagem publicada na revista Veja desta semana, Congonhas funciona “no limiar do que é considerável aceitável para pousos e decolagens de aviões de grande porte, como o Air Bus A320 da TAM”.

terça-feira, 24 de julho de 2007

OLÁ!

"Olá!

Informamos que banner e link de acesso ao seu site estão em "Os Verdes de Tapes" desde o dia 15 de julho e permanecerá até o dia 15 de agosto. Agradecemos a amizade e contamos com seu ativismo em defesa do Planeta de todos nós!

Abraços

Julio Wandam"


"Olá Altino!

Acabei de ler um post de janeiro sobre o meu querido avô João Barros. Fiquei muito comovida e agradeço a você por postar e ao Walmir Lopes pelo carinho e afeto ao retratar meu avô. Sou a neta paulista. Não conheço o Acre, apenas as muitas histórias. Via meu avô no Rio de Janeiro ou em Sampa. A história da música no barco "Guadalupe" me foi contada por ele. Acrescento que algumas moças cortavam e jogavam a alça do sutiã como presente pela música ouvida. Minha mãe, que é filha dele, também ficou muito feliz e comovida com a crônica. Ele, mesmo velhinho, era um galanteador divertidíssimo que encantava as enfermeiras do Hospital do Coração com docinhos de castanha e cupuaçu. Mais uma vez, obrigada. Foi uma alegria pros Barros de Sampa.

Abraços,

Helga"

A NOVA ONDA NA AMAZÔNIA

Bancos financiam trabalho escravo em usina de etanol

O caso da usina de etanol Pagrisa ganhou mais um capítulo, com a participação de bancos como HSBC, Bradesco, Banco do Brasil, BASA e, indiretamente, BNDES. A usina de etanol foi autuada no início do mês pelo Ministério do Trabalho por supostamente manter 1.108 trabalhadores em regime análogo à escravidão em sua fazenda no município de Ulianópolis (PA), em plena Amazônia.

Por serem signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, Petrobras, Esso e Texaco anunciaram a interrupção de suas compras de etanol, em volume aproximado de 5 milhões de litros mensais, até que o caso se esclareça. "Sem essa receita, corremos o risco de fechar", diz Marcos Zancaner, um dos proprietários da usina.

O risco de colapso da empresa não agrada aos bancos, que podem perder seus créditos e danificar suas reputações por fazer negócios com uma empresa de práticas trabalhistas deploráveis, em uma região de rica biodiversidade como a Amazônia, onde a expansão do setor de biocombustíveis está associada ao desmatamento. Na mesma semana da autuação da empresa, o presidente Lula estava em Bruxelas alegando que não haveria etanol na Amazônia e muito menos com trabalho escravo.

No momento, o banco em maior apuro é o HSBC, que repassou recursos do BNDES à Pagrisa (linha Finame), destinada à compra de máquinas e equipamentos, contando com juros subsidiados e prazo longo. Segundo a própria empresa, há operações também com Banco da Amazônia, Bradesco e Banco do Brasil, com os quais mantém conta-corrente.

O Banco do Brasil é o responsável pelo processamento da folha de pagamento da empresa, que antes do caso estourar tinha quase 1700 funcionários, um serviço geralmente rentável para os bancos. Os três bancos brasileiros, além do HSBC, afirmaram por intermédio de suas assessorias de imprensa, que não poderiam comentar o caso em função da legislação sobre sigilo bancário. Negaram-se até a confirmar se mantêm ou não a conta-corrente da empresa.

De acordo com o Pacto Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, instituições financeiras signatárias deveriam cortar o crédito de clientes autuados pelo Ministério do Trabalho. Todos os bancos citados estão de alguma forma envolvidos com o Pacto: de forma direta os signatários Banco do Brasil e Banco da Amazônia e, de forma indireta, todos os bancos filiados à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que se comprometeu a disseminar as idéias do Pacto para seus associados.

"Esta é uma oportunidade para os bancos refletirem sobre a implementação de suas políticas socioambientais na área de crédito. Especialmente em setores e regiões de alto risco, tais como o etanol e Amazônia, não pode haver vacilo, ou a sociedade irá cobrar", afirmou Gustavo Pimentel, gerente de Eco-Finanças na Oscip Amigos da Terra - Amazônia Brasileira.

Leia mais no artigo "Amazônia-Etanol-Escravidão é combinação explosiva para bancos", de Gustavo Pimentel, gerente do projeto Eco-Finanças da organização Amigos da Terra. Clique aqui.

INVASÕES MADEIREIRAS E DIPLOMACIA

Marcelo Piedrafita Iglesias

Conforme noticiado na imprensa de Rio Branco, no último dia 18 de julho, equipes do Ibama, Exército e Polícia Federal deram início a mais uma operação de fiscalização na fronteira internacional Brasil-Peru, desta vez nos altos rios Amônia e Juruá, visando coibir as atividades de retirada de madeira feitas por peruanos na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia e, mais recentemente, na Reserva Extrativista do Alto Juruá.

Desde então, nenhuma outra notícia foi divulgada nos jornais acreanos sobre os resultados da operação. À procura de notícias, me surpreendi ao ver a matéria de capa do La República, jornal de Lima, no Peru, do dia 20, com direito a ampla foto: "Brasileiros seqüestram três peruanos". No dia seguinte, outra matéria no mesmo jornal: "Denunciam hostilização do exército brasileiro na fronteira". Ambas reproduzem denúncias da liderança Ashaninka da Comunidad Nativa Nueva Shahuaya, feitas em Pucallpa, em entrevista coletiva, em que estava acompanhado de um engenheiro da empresa madeireira Forestal Venao SRL.

Segundo a liderança Ashaninka, no dia 20, um "corpo militarizado" do governo brasileiro, chegada de helicóptero, teria invadido sua comunidade, situada na margem direita do alto rio Amônia, em território peruano, queimado um acampamento madeireiro construído com a Venao e "seqüestrado" dois Ashaninka e um funcionário da empresa, que, presos, foram levados à sede de Marechal Thaumaturgo. As matérias ressaltam que a denúncia já fora encaminhada ao Instituto Nacional de Recursos Naturales (Inrena), à Marinha de Guerra, à Polícia Nacional e à Presidência Regional do Departamento do Ucayali. E, ainda, que a Chancelaria peruana iniciaria investigações junto com à contraparte brasileira e que fontes do Ministério da Defesa do Peru acreditavam se tratar de ações do governo brasileiro no combate à atividade madeireira ilegal. Nova notícia publicada no jornal La República, no dia 23 (leia), reproduzindo denúncias do "gerente geral" da Forestal Venao, dá conta que os peruanos presos (agora quatro, dois Ashaninka e dois empregados da empresa) já haviam sido liberados, após serem submetidos a maus tratos. Integrantes do Exército e da Polícia Nacional peruanos, diz o jornal, foram deslocados até a comunidade de Nueva Shahuaya para investigar a "suposta invasão territorial promovida por integrantes de um corpo militar do Brasil".

Ainda que com base nessas parcas informações iniciais, tenho convicção de que a nova operação do Ibama, Exército e Polícia Federal primará pelo estrito respeito às suas atribuições legais, à soberania do país vizinho e aos direitos das comunidades indígenas que vivem na fronteira internacional. Assim tem acontecido desde 2004. Todavia, quando constatadas invasões do território brasileiro, as operações têm resultado na apreensão de equipamento e da madeira, a destruição das toras, a queima dos acampamentos e a prisão dos envolvidos, geralmente peões de grande madeireiros.

Neste nova operação, flagrada em atividades em território brasileiro, a Forestal Venao opta por uma campanha de desinformação na imprensa peruana e junto às autoridades de governo na tentativa de ocultar o que há vários anos é de amplo conhecimento: trabalha madeira ilegalmente em vários pontos da fronteira Acre-Ucayali com grande contingente de trabalhadores e maquinário pesado; construiu uma estrada ilegal desde a localidade Nueva Itália, no rio Ucayali, até a fronteira, com ramificações até a margem direita do Alto Juruá; mobiliza mão de obra indígena também em suas atividades ilegais (e não apenas nas desempenhadas em Sawawo Hito 40 e Nueva Shahuaya, onde as comunidades têm planos de manejo aprovados pelo Inrena e a Venao como "regente florestal"); e esquenta madeira não contemplada nesses planos para inseri-la no mercado formal e inclusive exportá-la para vários países.

O que realmente importa ao governo brasileiro, e que tem sido o foco das operações de fiscalização e policiamento, é que a empresa há anos tem invadindo a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia e, mais recentemente, expandiu suas atividades para a Reserva Extrativista do Alto Juruá, ambas no Estado do Acre. Essas atividades ilegais haviam sido contatadas pelo Ibama já em final do ano passado e tornaram a ser denunciadas pela Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) em começo deste mês de julho, após novo sobrevôo realizado por técnicos do órgão (ver aqui).

Novamente as lideranças de Nueva Shahuaya vêm a público defender a empresa madeireira com a qual trabalham nos últimos anos. Tornou a acontecer em meados de 2006, durante o processo de certificação da Forestal Venao, quando lideranças Ashaninka que com ela trabalham, para questionar copiosas informações sobre as atividades ilegais da empresa, mobilizaram, nas sedes de órgãos de governo e na imprensa de Lima, ampla campanha de difamação contra representantes da Defensoria del Pueblo de Pucallpa, que então faziam criteriosa investigação.

Assim é a Forestal Venao, empresa que manipula lideranças indígenas de acordo com seus próprios interesses, tem estreitos contatos políticos nos âmbitos regional e nacional e livre acesso à imprensa de Pucallpa e Lima. E desde abril de 2007, por incrível que pareça, atua legitimada por questionável certificação, sob o padrão Forest Stewardship Council (FSC), concedida pelo Programa SmartWood, da Rainforest Alliance, fazendo vista grossa aos vários ilícitos cometidos pela Venao, dos quais tivera conhecimento com anterioridade, com base em informações fundamentadas fornecidas por diversos especialistas.

Visando tirar o foco das novas invasões promovidas em território brasileiro, a Florestal Venao prefere neste novo contexto, tentar criar constrangimentos ao governo brasileiro e gerar um incidente diplomático com o governo do Peru.

Ao exigir negociações e entendimentos binacionais, este novo cenário pode ajudar a esclarecer fatos e permitir avanços. Espera-se que, de mão de informações colhidas ao longo das operações realizadas na fronteira Acre-Ucayali desde 2004, e especialmente esta última na região nos altos rios Amônia e Juruá, o governo federal possa convencer o governo peruanoa a efetivamente fiscalizar as atividades madeireiras em curso na faixa fronteiriça e, assim, interromper, definitivamente, as invasões promovidas pela Forestal Venao e outras empresas em terras indígenas e unidades de conservação do lado brasileiro.

É desejável, ainda, que o governo do Estado do Acre também reforce essa posição junto aos governos peruano e do Departamento do Ucayali. A definitiva paralisação das invasões causadas pelas atividades madeireiras ilegais na fronteira deveria figurar como condição ao prosseguimento e bom desenrolar das negociações em torno da "integração regional". Repito, esta não pode ficar restrita à discussão monocórdica sobre as possibilidades abertas com a pavimentação da Rodovia Transoceânica.

Péssimo momento para a Forestal Venao, que, espero, terá suas atividades ilegais expostas e discutidas em fóruns diplomáticos, como talvez o principal exemplo das madeireiras peruanas que, nos últimos anos, têm causado graves prejuízos ambientais e sociais em terras indígenas e unidades de conservação no lado brasileiro da fronteira internacional.

Mal momento também para o Programa SmartWood, que terá de explicar por que, em abril de 2007, certificou uma empresa que continua cometendo amplo conjunto de ilegalidades. A realização de uma auditoria local para avaliar se a Venao está cumprindo com as obrigações assumidas quando da certificação está prevista para acontecer no mês de agosto vindouro. É de se esperar que o SmartWood seja mais criteriosa desta vez em sua avaliação, sob risco de comprometer sua própria credibilidade no mercado da certificação e a confiabilidade internacional do padrão FSC.

Marcelo Piedrafita Iglesias é antropólogo

segunda-feira, 23 de julho de 2007

SE O ÁLCOOL É VERDE, O CAPIM TAMBÉM É

Écio Rodrigues

Ressuscitar a Alcoobrás, no Acre, talvez tenha sido uma opção razoável, não correta, mas apenas razoável do ponto de vista econômico e social. A região de influência da indústria, que engloba o município de Capixaba e porções das cidades localizadas em todo vale do alto Rio Acre, é pobre e carente. Sem entrar no mérito da qualidade dessas ocupações, o elevado contingente de desempregados ali existentes demandam a geração de emprego e renda.

Mas o tripé da sustentabilidade inclui, além das análises sociais e econômicas, o equilíbrio ambiental. E sob esse aspecto ressuscitar a Alcoobrás foi uma idéia terrível. O cultivo de cana, biopiratiada junto com o café pelo português Francisco Palheta, da Guiana Francesa para o Brasil - por isso a denominação de cana caiena, ou seja, que veio de Caiena - foi o maior responsável pela destruição dos ecossistemas litorâneos do Nordeste ao Sul do país.

Restaram somente 5% da Mata Atlântica, um dos mais ricos e belos ecossistemas brasileiros. O plantio de cana contribuiu para destruir 95% das florestas existentes nessa extensa região. Não há razões para crer que, na Amazônia, será diferente.

A cana se alastra pelo meio rural acreano e altera a paisagem antes degradada pela nefasta pecuária. De Rio Branco a Assis Brasil, o novo dilema ambiental, triste, diga-se, encontra-se em plantar cana ou capim. Se antes a discussão se concentrava na disputa entre gado e floresta, duas alternativas produtivas excludentes entre si, isto é, que não podem ser realizadas na mesma área, atualmente esquece-se a floresta. A alternativa à pecuária é o álcool.

Pela simples razão de substituir a era do petróleo (que vai acabar apesar de alguns acharem que não), um combustível que é o principal responsável pelo aquecimento global, que, por sua vez, coloca em risco a vida no planeta, o álcool foi elevado à condição de biocombustível interessante para o meio ambiente.

Por essa equivocada análise, a produção de álcool, no que se refere ao tema das mudanças climáticas, seria menos ofensivo que o petróleo, ao recuperar, pela fotossíntese realizada pela cana, a fumaça colocada na atmosfera pelos veículos e indústrias. O ciclo se fecharia com o carbono atmosférico indo e vindo, respectivamente, na queima e na produção do álcool.

Todavia, a contradição ambiental do álcool se acentua quando o plantio da cana traz outras graves conseqüências para o ecossistema. Trata-se de uma cultura do agronegócio que precisa ser produzida em áreas enormes, grandes quantidades e com mínimos custos de produção. Exige o emprego intensivo de maquinários e de mecanização, em todas as fases, do preparo do solo até a colheita da cana.

Por sinal, a colheita é outro dilema ambiental que promete. Ocorre que se a cana for queimada pode ser retirada por trabalhadores, ampliando em muito as ofertas de emprego, mas, somente na safra e em condições agressivas à saúde. Por outro lado, se a cana não for queimada, a colheita é mecanizada e não gera emprego algum.

Além, claro, do fato grave de que a indústria, para transformar cana em álcool, gera resíduos químicos que comprometem o lençol freático e a qualidade da água. Nesse caso, o álcool é bom para o ar e muito, mas muito ruim para a água.

Foi-se o tempo que o problema real para a Amazônia era o gado. Nós, a humanidade, sempre conseguimos inovar e criar mais.

O engenheiro florestal Écio Rodrigues escreve no site Kaxiana

XINGU - A TERRA AMEAÇADA

ÁLCOOL VERDE SEM LICENÇA AMBIENTAL


A promotora de justiça Meri Cristina Amaral Gonçalves, da Promotoria Especializada de Defesa do Meio Ambiente, disse que a usina Álcool Verde não se submeteu a processo de licenciamento ambiental para a produção de açúcar e etanol no Acre.


Ao tomar conhecimento do conteúdo deste blog, a promotora decidiu pedir a manifestação do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac). Os aspectos ambientais decorrentes dos impactos das atividades de produção de açúcar e álcool no Acre têm sido desconsiderados pelo empreendimento.

Até agora, o que o Imac fez foi solicitar ao Grupo Farias, dono da Álcool Verde, um mero Plano de Controle Ambiental. Trata-se de um documento irrisório exigido para atividades que causem médios e baixos impactos sócio-ambientais, como serrarias, postos de gasolina, indústrias de transformação.

A legislação exige Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de usinas como a Álcool Verde, com capacidade de moagem anual acima de 500 mil toneladas de cana. A Álcool Verde, que planeja o cultivo de 30 mil hectares de cana, terá capacidade instalada de moagem de 3 milhões de toneladas.

O Ministério Público Estadual até aqui se mantinha distante do caso. A Álcool Verde pertence a um consórcio do "governo da floresta", empresários locais e o Grupo Farias.

O DINHEIRO DO BID

Deputados da oposição ao "governo da floresta" começam a fazer ilações de que o volume de recursos do contrato de US$ 64,8 milhões de contribuição do BID e US$ 43,2 milhões de contrapartida do Estado do Acre seriam superiores ao volume de obras já realizadas.

Eles deveriam ler com atenção o último relatório do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre, onde se constata que mais ou menos metade dos recursos vão para estradas, e a outra metade para supostas boas ações picadas de florestania e manutenção da burocracia, com destaque para diárias e combustível.

No ano passado, o então governador Jorge Viana promoveu um novo arranjo entre as categorias de gasto: administração e supervisão tiveram uma redução de US$ 7,3 milhões para US$ 6,2 milhões, em função dos recursos remanescentes do componente "elaboração de estudos e desenhos".

Na categoria "custos diretos" há um incremento de 4,6%, passando de US$ 87,1 milhões para US$ 91,1 milhões, principalmente em função do subcomponente de "transportes terrestre".

Entre os subcomponentes as variações ocorreram em função da disponibilidade de recursos de cada co-executor. Co-executores que apresentaram fontes complementares para a realização das atividades, liberaram os saldos para aplicação em outros subcomponentes, sempre procurando equilibrar o tempo de execução do programa com a capacidade operacional de cada co-executor.

O prazo requerido para executar as atividades do programa foi ampliado para 30 de junho de 2008, ou seja, mais 24 meses do prazo original de julho de 2006.

Ao invés de ficar falando trivialidades, os deputados deveriam ler, ainda, além do Relatório de Revisao do Meio Termo, do ano passado, as aquisições e ações previstas para 2007. Existem até relatórios semestrais de 2003 e 2004 e um de 2005.

O plano de aquisição para 2007, por exemplo, prevê R$ 640 mil para construção de infraestrutura para acesso e escoamento de produção de madeira da Floresta Estadual do Antimary. O governo contratou por US$ 2,6 milhões, em março de 2004, uma "empresa gerenciadora".

A "gerenciadora" mantém a disposição do programa uma equipe técnica de especialistas em gestão de projetos, meio ambiente, comunicação, finanças e licitações/contratos, além de seis assistentes técnicos para as áreas de finanças, informática, contratos, licitação e patrimônio.

Foi até bom os deputados tocarem no assunto, embora o espaço do blog esteja cada dia menor. Vou providenciar uma reportagem sobre a questão.

NO CIRCUITO CINEMATOGRÁFICO

Veja sinopses de dois dos 28 longa-metragem contemplados na edição 2006-2007 do programa Petrobras Cultural.

1) Do documentário "Sertanistas", do diretor Sílvio Da-Rin, da produtora Diálogo Comunicação Ltda (RJ):

"Na fronteira do Acre com o Peru, zona historicamente marcada por conflitos étnicos, situa-se a Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, chefiada pelo sertanista José Carlos Meirelles. Sua equipe cuida de uma ampla área de floresta que foi demarcada para usufruto exclusivo de índios sem contato com a sociedade nacional. Nos últimos anos, estes "isolados" por diversas vezes atacaram aldeias indígenas, seringais e postos da Funai, deixando mortos e feridos. O filme registra o trabalho dos sertanistas, acompanha Meirelles em expedições de vigilância próximo à linha da fronteira, trava contato com habitantes regionais e visita aldeias dos desassistidos índios Ashaninka e Madijá, que se ressentem da perda de áreas de caça, pesca e extração para seus rivais seculares. No meio de interesses conflitantes, Meirelles luta para preservar o patrimônio cultural dos isolados, mas não deixa de ser um dos alvos das agressões desses índios "brabos".

2) Da ficção "Nervos de aço", do diretor Maurice Capovilla, da produtora Saturno Produções Artíticas Ltda (RJ), que trabalha atualmente na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco:

"Desde a primeira seqüência vai se colocar o conflito entre os três personagens principais, Marcelo, o pianista arranjador da banda que ensaia o show, Zuza, o diretor do espetáculo e Maria Rosa, a cantora. O clima do ensaio e a irritação entre Zuza e Maria Rosa deixam claro que há um dilaceramento na relação dos dois. Zuza como diretor da cena exerce também o poder de marido e o conflito se estabelece quando Marcelo surge como o amante inesperado. A banda funciona como pano de fundo, cenário bem humorado e elenco de apoio para que o conflito não termine em pancadaria. Em meio a esse clima um quarto personagem surge com uma função fatal para o desenlace da história".

YES, NÓS TEMOS CANA

O fotógrafo Marcos Vicentti, do Página 20, sobrevoou na tarde do dia 23 de maio a plantação de cana-de-açucar da Álcool Verde, a usina que se prepara para produzir etanol no município de Capixaba, na BR-317. Vicentti, presidente do Sindicato dos Jornalista do Acre, enviou as fotos para o blog porque a divulgação delas não é conveniente para a imprensa local e seus superiores. Dê um clique sobre as fotos.


RIO ACRE



domingo, 22 de julho de 2007

EXTRATIVISMO INSUSTENTÁVEL

Para grupo de especialistas, achar que a floresta em pé, sozinha, vai ajudar os amazônidas é fé romântica

Eduardo Geraque

A visão de que o extrativismo pode ser uma das soluções para o desenvolvimento da Amazônia, segundo alguns especialistas, é "romântica" e precisa ser abandonada. É uma opinião desagradável, num momento em que o governo federal pretende implementar várias reservas extrativistas na região.

"Após o assassinato do seringueiro Chico Mendes, em 22 de dezembro de 1988, criou-se aqui na Amazônia uma falsa expectativa de que o extrativismo vegetal seria a grande solução", explica Alfredo Homma, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. Antes praticamente isolada, a voz do experiente cientista começa a ecoar.

"Temos que ter isso bem claro: o extrativismo sozinho não vai resolver o desenvolvimento do povo da Amazônia", disse à Folha Manoel Sobral Filho, diretor executivo da ONG ITTO (Organização Internacional de Madeira Tropical, em inglês).

Apesar de concordarem com a insustentabilidade do extrativismo vegetal, Homma e Sobral apresentam soluções diferentes para o problema.

"Adão e Eva provaram a primeira maça extrativa do paraíso. Hoje, ninguém mais está comprando banana ou laranja extrativa. Nem fazendo caça de galinha ou de boi", lembra Homma, da Embrapa.

Segundo o pesquisador, o homem conseguiu domesticar mais de 3.000 plantas nos últimos 10 mil anos e tudo indica que esse é um processo que não deverá mudar no futuro.

"Os países desenvolvidos estão apostando no reflorestamento. Japão, França e outros países estão nesse caminho. Em 2006, 77% da madeira veio de florestas naturais. Em 2050, a taxa será de apenas 25%."

Para Homma, em vez de fazer concessões de florestas naturais, por exemplo, o governo deveria investir em reflorestamento, como os países ricos.

Mesmo no caso do açaí -produto que, como o guaraná, vem ganhando cada vez mais espaço tanto dentro quanto fora do Brasil- o pesquisador da Embrapa vê problemas.

"O açaí esconde uma série de riscos ecológicos na sua expansão. O pessoal pega uma floresta heterogênea, mas ela fica homogênea, oligárquica".


Uma das preocupações de Homma é com a reposição dos açaizeiros em duas ou três décadas. "Quando se tira o fruto, o caroço vai junto. Será que haverá reposição nessa população?" Para o pesquisador, o mais fácil seria plantar açaí em terras firmes, onde a floresta não está mais de pé.

"Existe uma grande distância até o pote de ouro no final do arco-íris. Enquanto a madeira responde por 11% das exportações da Amazônia, os produtos da biodiversidade tem uma importância bem menor que 1%".

Segundo Homma, como o processo extrativista segue um ciclo, não se pode achar que ele sempre será sustentável. Por isso, além do reflorestamento, o pesquisador defende ainda que a agricultura seja implantada de forma vigorosa na região.

"Hoje nós temos 71 milhões de hectares de áreas desmatadas na Amazônia. Isso equivale a um território superior aos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná."

A grande questão, explica o pesquisador, é como transformar essa segunda natureza [áreas desmatadas] em uma terceira natureza, bem mais sustentável que a anterior.


A lista de produtos que poderiam ser plantados no Norte do Brasil, segundo Homma, é enorme. Ela passa pela castanha, por exemplo, e chega até ao fruto do bacuri. "A saída é investir em tecnologia para que os pequenos produtores possam entrar no processo."

Extratos agregados
Com base em um estudo publicado nesta semana em um congresso em Rio Branco, no Acre, o representante da ITTO defende uma crença cautelosa no potencial do extrativismo. Para Sobral, é necessário agregar valor ao produto da floresta para que o setor possa continuar almejando bom futuro.

O relatório, que tem 20 estudos de caso em vários países do mundo, aborda dois exemplos de sucesso -pelo menos por enquanto, de acordo com a ITTO- em terras brasileiras.

Um deles é em Manicoré, e outro na Reserva de Mamirauá, ambos no Estado do Amazonas. No primeiro a comunidade se organizou para extrair e vender castanhas. No segundo, o que existe é um extração de madeira sustentável.

"Todos os casos foram escolhidos por causa das estatísticas confiáveis que eles têm" disse à Folha um dos autores do estudo, Andy White.

Mas no caso das castanhas, único caso em que aparece uma medição real de ganho das famílias do projeto, é fácil perceber o problema. Cada núcleo ganhou, em 2005, apenas cerca de R$ 80 por mês.

"Não tem jeito. Se não houver um aumento de recursos para os pequenos produtores, as pessoas vão criar gado ou plantar alguma coisa", afirma Sobral. Para ele, no caso do Brasil, a burocracia também é um problema sério.

Eduardo Geraque é repórter da Folha de S. Paulo

sábado, 21 de julho de 2007

LOS PORONGAS AO VIVO


Neste final de semana tem
Los Porongas em São Paulo. A banda acreana foi convidada para participar do projeto Itaú Cultural Ao Vivo, com três apresentações nos dias 20, 21 e 22 de julho, na sede do Itaú Cultural. Durante o show de hoje, que será transmitido ao vivo, acontecerá a gravação do DVD da banda.

Los Porongas nasceu há quatro anos em Rio Branco. A banda é formada por Diogo Soares (vocal), João Eduardo (guitarra), Márcio Magrão (baixo) e Jorge Anzol (bateria).

Apontado pela crítica como uma das revelações do rock brasileiro, o quarteto se destaca na cena musical independente pelas letras que retratam o cotidiano da floresta e o imaginário, estabelecendo a ligação entre o regional e o universal.

Além de ser destaque em festivais como Mada, em Natal, Bananada, em Goiânia, Se Rasgum Rock, em Belém, e Calango, em Cuiabá, os Los Porongas também organizaram o Guerrilha Rock Festival e realizaram o Festival Varadouro, ambos em Rio Branco.

O último disco, que leva o nome do conjunto, foi gravado e produzido por Philippe Seabra, vocalista da banda Plebe Rude.

Serviço:
Itaú Cultural. Av Paulista, 149 - São Paulo. 20,21 e 22 de julho, às 19h30. Grátis (ingressos serão distribuídos com meia hora de antecedência). Informações: (11) 2168-1777. Assista ao vivo a transmissão do show no site Itaú Cultural. Assista a alguns vídeos da banda no Youtube.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

PEGO NA MENTIRA

Da coluna Claro & Escuro, assinada por Paulo Castro no jornal Diário do Amazonas:

"O jornalista Altino Machado, radicado no Acre, conseguiu desmentir o presidente Lula na sua estratégia de convencer os países ricos de que não havia plantação de cana-de-açúcar na Amazônia. No mesmo dia em que Lula declarou isso na Europa, Altino revelou que só no Acre existem 30 mil hectares de cana plantados na região onde Chico Mendes e os seringueiros enfrentaram os fazendeiros nos anos 70 e 80.

Reação imediata
Diante das notícias do Blog de Altino Machado, o governo federal se apressou, anunciando que vai proibir o plantio de cana na Amazônia e no Pantanal. Só será permitida a plantação em áreas já degradas e desmatadas, sem efeito retroativo."

Meu comentário: na verdade a Álcool Verde plantou até agora pouco mais de 2 mil hectares de cana, que chegará a 3 mil hectares até maio. Mas o plano da empresa é dispor o quanto antes ao menos de 30 mil hectares. E existe a promessa de que mais duas usinas vão se instalar na região: uma na BR-364, na saída de Rio Branco para Porto Velho (RO), e outra naquele trecho da BR-317 batizado como Estrada do Pacífico. Muita coisa está em expansão no Acre, menos empreendimentos que tenham na essência aquilo que um dia chamaram de florestania.

ENCONTRO TRINACIONAL INDÍGENA

Mais de 40 etnias do Brasil, Peru e Bolívia criticam prospecção e exploração de petróleo na Amazônia


O II Encontro Trinacional de Povos Indígenas, que reuniu em Rio Branco mais de 40 etnias do Brasil, Peru e Bolívia, foi encerrado hoje com sessão especial da Assembléia Legilsativa do Acre durante a qual o modelo de ocupação econômica e as agressões socioambientais foram duramente criticadas por gerar marginalização e exclusão social na Bacia Amazônica.

Com o slogan "romper as fronteiras", os índios entregaram ao deputado Edvaldo Magalhães, presidente da Assembléia, um documento no qual criticam as licitações realizadas por empresas e órgãos públicos para a prospecção e exploração dos recursos naturais da superfície e do subsolo dos territórios indígenas. "Facilitar a realização dos levantamentos geológicos básicos e envidar esforços para o seu cumprimento representa o primeiro passo para a destruição da territorialidade indígena, que está baseada na propriedade coletiva de origem ancestral".

Nesse sentido, segundo os indígenas, as iniciativas que têm como objetivo os estudos de exploração de petróleo nas bacias sedimentares dos rios Acre e Madre de Dios, incidem sobre terras e territórios indígenas definidos ou ainda por definir nos três países. As lideranças disseram que Brasil, Peru e Bolívia não tiveram até agora a mínima capacidade de mitigar os impactos sobre terras e povos indígenas decorrentes da abertura das novas estradas.

Os indígenas duvidam da capacidade dos governos dos três países em garantir compensações pelos impactos ambientais e socioculturais causados pela exploração de petróleo. Os indígenas repudiam a integração a qualquer custo como forma de desenvolvimento. Eles mencionaram a extração descontrolada de madeira como iniciativa que dilapida os recursos das florestas e atenta contra a vida dos índios que vivem em isolamento voluntário na região de fronteira dos três países. As atividades turísticas sem controle também foi mencionada como causadora de impactos socioculturais e ambientais.

O documento assinala o papel fragmentador dos agentes socioculturais externos, que estimulam assistencialismo protecionismo, manipulação e controle de projetos em nome das sociedades indígenas, bem como os grupos religiosos que destroem as práticas religiosas tradicionais "em nome de uma religião cristã supostamente superior".

Segundo os indígenas, órgãos e agentes dos estados também atuam de forma fragmentadora, divisionista, controladora e manipuladora e buscam criar as condições para a exploração dos recursos naturais de acordo com os interesses do capital, do mercado e de uma política neoliberal, excludente, e historicamente discriminatória e segregacionista.

Os indígenas dizem que existe por parte dos governos a intenção de desestruturar, limitar e debilitar as entidades indígenas, bem como a negligência das responsabilidades de oferecer asisstência integral de saúde e de educação intercultural bilíngüe.

"Esta omissão histórica é característica do poder publico brasileiro, peruano e boliviano, deixando os povos indígenas a mercê de su própria sorte, do interesse de empresários inescrupulosos, da manipulação po líderes e grupos políticos, da instauração do divisionismo, da aculturação promovida por missionários, da ineficiência e irresponsabilidade dos tutores oficiais, do vai-vem das gestões governamentais e das ONGs a serviço das potências estrangeiras de interesses pouco claros".

quinta-feira, 19 de julho de 2007

30 MIL HECTARES DE CANA NO ACRE

Voltados para o mercado que se abre com a Transoceânica, Grupo Farias e "governo da floresta" formam consórcio na região onde Chico Mendes liderou o movimento dos seringueiros

O presidente Lula se habituou a negar que as terras da Amazônia sirvam ou estejam sendo usadas para a produção de etanol, mas a verdade é que o plantio de cana-de-açucar segue acelerado até no Acre, onde o PT conduz o terceiro mandato consecutivo do "governo da floresta". Quem percorre a BR-317, na região onde o líder sindical e ecologista Chico Mendes foi assassinado por liderar o movimento dos seringueiros em defesa da floresta, pode contemplar a pastagem do gado sendo substituída com pressa pelo plantio da cana.

O engenheiros florestal e ex-governador Jorge Viana, atual presidente do Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável do Acre, é o principal entusiasta do projeto que pretende usar a Transoceânica, a estrada que liga o Brasil ao Peru, como corredor de exportação do etanol que será produzido no Estado. Viana foi o condutor do processo no qual o governo estadual adquiriu do Banco do Brasil, por R$ 3 milhões, a usina Alcobrás, montada com dinheiro público no começo da década de 80 e que nunca produziu álcool.

O empreendimento, que agora pertence a um consórcio formado pelo "governo da floresta", empresários locais e o Grupo Farias, prevê investimento inicial de R$ 50 milhões. A usina foi rebatizada como Álcool Verde. "O nosso investimento será muito alto, pois pretendemos chegar a um plantio de 30 mil hectares de cana em áreas de pastagem, sem derrubar uma única árvore", disse Ezequiel Alves da Silva, diretor de produção da usina.

A Álcool Verde começa a operar em maio, com moagem diária de 13,2 mil toneladas, sendo previsto que a moagem chegará a 3 milhões de toneladas a partir do terceiro ano. "A moagem inicial será de 130 toneladas/hora, mas isso poderá chegar a 500 toneladas/hora", acrescentou o diretor. O governo estadual pretendia envolver seringueiros e trabalhadores rurais da região como mão-de-obra da usina, mas a empresa já decidiu que a colheita da cana será toda mecanizada. Apenas o plantio da cana em novas pastagens continuará sendo manual.

Segundo o diretor da Álcool Verde, recentemente o presidente Lula "falou besteira" em Bruxelas ao dizer que os solos na Amazônia não servem para o plantio de cana-de-açúcar. "Lula é um camarada que já fez besteira suficiente. Ele não entende nada de cana. A cana que temos aqui no Acre tem um excelente grau de açúcar e um crescimento extraordinário, comparável ao que a gente encontra em São Paulo", acrescentou.

O secretário de Agricultura do Acre, Mauro Almeida, costuma citar a Álcool Verde como um exemplo de parceria público-privada. "A indústria é do governo, que se associou ao capital privado ao arrendar as suas cotas usadas na compra dos bens. O governo se associa para dar credibilidade ao negócio e para assegurar o rumo do empreendimento. Temos quase 700 produtores no entorno da usina, sendo que 300 podem plantar cana. Não haverá um plantador único ganhando rios de dinheiro", disse Ribeiro.

Vista grossa
As questões administrativas e burocráticas que envolveram o processo de repasse da usina quase que desconsidera por completo os aspectos ambientais do empreendimento. O licenciamento continua pouco transparente. O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), responsável pela emissão das licenças, sequer possui recursos humanos para a devida análise do processo, muito menos a experiência necessária sobre o que exigir de compensação ambiental como contrapartida do Grupo Farias por impactos causados pelas atividades de produção de açúcar e álcool.

O que foi solicitado pelo Imac ao Grupo Farias foi um mero Plano de Controle Ambiental (PAC), documento irrisório exigido para atividades que causem médios e baixos impactos sócio-ambientais, como serrarias, postos de gasolina, indústrias de transformação. O Imac evitou se instruir com outros órgãos com experiência nesse tipo de licenciamento. A legislação exige Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de usinas com capacidade de moagem anual acima de 500 mil toneladas de cana.

O EIA-RIMA é uma providências mais complexa, abrangente e segura, capaz de identificar quantitativa e qualitativamente os impactos sócio-ambientais causados pelo empreendimento, além de apresentar medidas específicas para mitigação. A Álcool Verde terá uma capacidade instalada de moagem de 3 milhões de toneladas de cana, mas o Imac exigiu dela apenas o PAC. O Ministério Público Estadual se mantém distante da questão.

Planejamento estratégico a respeito do corte manual (cana queimada) ou corte mecanizado (cana crua, sem queima) da lavoura jamais foi previsto, mas o presidente do Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável do Acre continua tentando atrair novas usinas para a região. Seus antigos aliados da "florestania" costumam criticá-lo veladamente pela discrepância que existe entre o que seria a identidade do chamado "governo da floresta" e o fomento desenfreado que vem sendo destinado pelo mesmo governo a empreendimentos nada sustentáveis na região.

A meta do governo federal, de proibir o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal, não terá impacto no Acre. A restrição, que vai fazer parte do novo zoneamento agrícola para disciplinar a cadeia produtiva de álcool, desde o cultivo da cana até a instalação de usinas, paralelamente concede incentivos fiscais aos produtores que derem preferência ao plantio de cana em áreas de pastagem degradadas.

Derrubar a floresta para plantar capim e criar gado continua permitido na Amazônia e no Acre em particular. As usinas de etanol necessitam desse cenário para se instalar, especialmente porque as áreas são destocadas pela pecuária. Além disso, a proibição pretendida pelo governo não terá caráter retroativo. As usinas já instaladas na Amazônia e no Pantanal, como as do Acre e do Mato Grsso, vão permanecer e até serão incentivadas porque plantam cana em áreas de pastagem.

BÓIAS-FRIAS DA "FLORESTANIA"


ONU já prepara ataques ao etanol

Jamil Chade


A 'diplomacia do etanol' do Brasil sofrerá um duro ataque na Assembléia-Geral da ONU. O Estado apurou que um relatório será apresentado aos mais de 190 membros em setembro em Nova York, alertando para o risco de que o crescimento da produção de etanol acabe agravando a situação da fome no mundo. O autor do documento é o suíço Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação. Essa será a primeira vez que um relatório sobre o assunto será apresentado à Assembléia-Geral.

Apesar de não ter o peso de uma resolução, o documento poderá ser seguido por pedidos de estudo mais aprofundado sobre o etanol antes que seja usado como opção sustentável.

Há cerca de um mês, o governo cubano sugeriu à Organização Internacional do Trabalho (OIT) que um grupo de trabalho fosse criado para investigar a situação dos bóias-frias que trabalham em canaviais no Brasil. O governo brasileiro se apressou a reparar os estragos diplomáticos causados pela sugestão de Cuba e fez uma reunião de emergência com embaixadores e ministros de Havana na sede da ONU para tentar impedir que a idéia fosse adiante.

Já Ziegler irá se concentrar no impacto sobre a fome. O documento apresenta como seu argumento principal o fato de que o uso de terras para a produção de combustível já está tendo um impacto direto nos preços dos alimentos.

Em muitos mercados, o milho dobrou de preço por causa da produção de etanol. Ziegler, que já visitou o Brasil em missões oficiais, alerta que o problema não é apenas gerado com o etanol americano, feito a partir do milho. Para ele, o etanol de cana-de-acúcar também gera efeitos 'perversos', já que ocupa terras que poderiam ser usadas para outros cultivos.

Jamil Chade é repórter do jornal O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 18 de julho de 2007

ETANOL NO ACRE

Estou agora em Cobija, a capital do departamento de Pando, na Bolívia, comprando algumas muambinhas.

Acabo de percorrer o trecho da BR-317, entre Rio Branco e Brasiléia, para fotografar o avanço descontrolado da cana-de-açucar na região onde Chico Mendes e os seringueiros enfrentaram os fazendeiros nos anos 70 e 80.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes disse ao jornal O Globo (leia abaixo) que o governo vai proibir o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal.

Veja algumas fotos. Amanhã teremos a reportagem com mais fotos e vídeos.








ETANOL NA AMAZÔNIA

Governo reage a pressões e decide proibir plantio de cana na Amazônia e no Pantanal

Biocombustível será realidade inexorável em 20 anos e terá status de soberania, diz Lula

Eliane Oliveira e Luiza Damé

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que o governo vai proibir o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal. A restrição faz parte do novo zoneamento agrícola, que ficará pronto em um ano e cujo objetivo é disciplinar a cadeia produtiva de álcool, desde o cultivo da cana até a instalação de usinas. Além disso, é uma resposta do governo às pressões de governos e empresas de diversas partes do mundo por causa da forte expansão do mercado de etanol, que o Brasil lidera.

- Vamos proibir qualquer possibilidade de plantação de cana na Amazônia, no Pantanal, e em outras regiões que ainda estamos analisando. Essa é uma decisão de governo - disse o ministro.

Segundo Stephanes, o mapeamento trará também incentivos fiscais aos produtores que derem preferência ao plantio de cana em áreas de pastagem degradadas.

A proibição, no entanto, não terá caráter retroativo. Isso significa que usinas já instaladas na Amazônia e no Pantanal tendem a permanecer. São exemplos uma usina construída no Acre e três em Mato Grosso.

Mesmo assim, os empresários deverão ter dificuldades para obter o certificado socioambiental, acredita o ministro da Agricultura.

Outra medida diz respeito ao controle de toda a cadeia produtiva: só ficará no mercado quem apresentar um certificado socioambiental, comprovando que os negócios não afetam o meio ambiente nem são alimentados por trabalhadores escravos ou que exerçam suas funções na lavoura em condições insatisfatórias. O documento será exigido em todas as etapas de produção e também na exportação.

Lula quer evitar repetição dos erros da exploração da borracha O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o biocombustível será uma realidade inexorável em 20 anos, e que o Brasil estará na liderança desse processo, apesar dos protestos de outros países. Segundo Lula, o governo deverá transformar a política de biocombustíveis numa questão de soberania nacional, para evitar o que ocorreu no auge da exploração da borracha, quando apenas a elite se beneficiou dos lucros.

- Estou pensando até em dar o status de soberania nacional à questão do biocombustível. Não podemos brincar com isso, nem permitir que aconteça conosco o que aconteceu com a borracha - disse. - Como não tinha um projeto estratégico de nação, era apenas uma coisa momentânea daqueles que querem ganhar dinheiro com muita rapidez, a borracha foi embora, e o Brasil perdeu importância, perdeu hegemonia, e ficamos sem tirar proveito daquele momento extraordinário.

O presidente lembrou que apenas a elite se beneficiou do ciclo da borracha, no final do século XIX. E ainda brincou com a situação: - Era uma chiqueza! Hoje ninguém dá importância, mas entre o final do século XIX e o começo do século XX, a elite brasileira, que saía do Sul para tomar conta da borracha no Amazonas, mandava lavar a roupa em Paris. Eram seis meses para ir e para voltar. Imaginem o cidadão ficar esperando uma cueca seis meses, e naquele tempo era ceroulão, era mais complicado, imaginem isso.


Eliane Oliveira e Luiza Damé são repórteres do jornal O Globo.

CARTA ABERTA AO RENAN

João Capiberibe

Caro Renan Calheiros,

Não se aborreça e nem me leve a mal, mas bateu uma vontade incontida de falar um pouco da vida cotidiana do Brasil da planície, que já o aguarda com certa ansiedade.

Continuo tocando com entusiasmo minha militância política. Agora, sem as atribuições inerentes ao mandato de senador, que você ajudou a retirar, de mim, com bastante empenho.

Tendo em vista a situação inusitada da instituição que você preside e levando em conta os acontecimentos nos quais você figura com destaque e excepcional desenvoltura, me pergunto se não seria o caso de agradecer o mal que você me causou.

Talvez você, em função da estressante e diversificada responsabilidade política, empresarial e familiar, tenha apagado da memória qualquer registro a meu respeito.

Portanto, permita, em poucas palavras, dizer em que momentos nossos caminhos se cruzaram.

Sou aquele senador que, antes de completar o 3º ano de mandato, foi expurgado do Senado sem direito a defesa e substituído, com pompa e circunstância por um senador do PMDB, o seu partido. Lembra-se deste episódio?

Pelo sim pelo não, melhor garimpar os labirintos da memória.

O PMDB, vinte dias após as eleições de 2002, impetrou recurso junto ao TRE pedindo a cassação do meu mandato e de minha companheira Janete, pela compra de dois votos por R$ 26 cada, pagos em duas suaves prestações. Acusação sustentada por duas testemunhas, que até hoje sobrevivem por conta deste processo. O feito não prosperou e fomos declarados inocentes.

Mas o PMDB recorreu ao TSE. Entrou com um recurso dito “especial” que foi cair nas mãos do então ministro Carlos Veloso.

Este senhor, como juiz relator, agindo mais como advogado de acusação e menos como juiz, convenceu seus pares de que eu e minha companheira Janete éramos culpados, reformando a sentença do TRE do Amapá, provendo, por inteiro, o recurso proposto pelo candidato derrotado Gilvam Borges.

Por último, relembro um momento raro na história da Casa que você ainda preside e à qual um dia pertenci.

Refiro-me a sessão do dia 25 de outubro de 2005. Naquele dia, você avocou para si os poderes da Mesa, do Regimento Interno, da Constituição Federal e do Plenário, fazendo ouvido de mercador aos apelos de cinqüenta e dois senadores e senadoras que se revezaram na tribuna clamando para que eu tivesse respeitado o direito constitucional de defesa, garantido até mesmo aos que cometem crimes hediondos com requintes de crueldade.

Você manteve-se inflexível e cassou o meu mandato, para em seguida, em clima festivo e triunfante dar posse ao seu então assessor de gabinete Gilvam Borges. Decisão revertida em menos de 24 horas pelo STF, que considerou sua decisão uma afronta à Constituição Federal e determinou minha reintegração. Você acatou a decisão, mas pressionou a Mesa Diretora a criar um rito sumário de cinco dias para a minha defesa, um prazo inexeqüível para uma mínima investigação.

Bem, agora com tudo fresquinho em nossas memórias, vamos ao assunto que gostaria de compartilhar com você.

Não resta dúvida, que se trata de um sentimento que poucos ousam confessar, entretanto, como sou franco, admito que sinto uma ponta de inveja ao comparar sua situação de desassossego, com a que tive de enfrentar.

Não pretendo descer no varejo dos sentimentos, falemos do que é fundamental para esclarecer as acusações que lhe atingem para comparar com as que me atingiram.

A diferença, é que você ganhou o direito de ser investigado pelo Conselho de Ética, pela Polícia Federal e, sobretudo pela imprensa. É sobre esses aspectos que não posso esconder que realmente invejo a sua situação, pois tudo que queria era ser investigado.

No entanto, não me foi dado esse direito. O Ministério Público Eleitoral não investigou por que, segundo ele, não havia crime, o TRE, por isso, declarou nossa inocência e a imprensa não procurou contar o nosso rebanho, para saber se teríamos bois suficientes para pagar os dois votos, que supostamente eu e minha companheira compramos para nos eleger.

No nosso caso, bastou a acusação do candidato derrotado do PMDB para nos cassarem os mandatos. É por isso, que o considero um homem de muita sorte, pois dispõe em abundância de tudo aquilo que você me negou: os meios necessários para provar minha inocência.

Para finalizar, me surpreendo pensando em voz alta - se diante daqueles absurdos, cometidos por você, contra mim, tivesse o Senado agido como determina o exercício do poder republicano, certamente não chegaríamos à situação caótica do presente.

Atenciosamente,

João Capiberibe ex-preso político e exilado, ex-prefeito de Macapá, ex-governador do Amapá (1995-2002), ex-senador da República, 3º vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro.