terça-feira, 16 de outubro de 2007

O CUSTO DE VIDA NO ALTO ENVIRA

José Carlos dos Reis Meirelles

Estou acompanhando o debate sobre salários de professores e custo de vida no Acre e em São Paulo. No alto Envira um isqueiro custa 7 "real" . Um quilo de pólvora (no câmbio negro) é R$ 200,00. Óleo diesel, 6 "riau" o litro. Mas tem o outro lado. Com um cartucho velho a gente pode matar uma anta.


O preço de uma lata de leite em pó varia de 10 a 15 reais. O sal é apenas 3 reais o quilo. A lata do óleo de cozinha varia de 8 a 10 reais.

Mas tem macaxeira de graça, peixe farto e caça. Um cartucho pode se transformar em 50 quilos de carne. Essas coisas são difíceis de quantificar.

Já vi, em Santa Rosa, o cara chegar no final da tarde com um veado nas costas. Leva para casa e come. Em "Sumpaulo", o cara só leva 50 quilos de carne se assaltar o supermercado.

Mas é município. Prefeito, secretário, vereadores etc. Se tivesse um administrador competente, três ou quatro ajudantes, o dinheiro público poderia ser investido em professor, escola , saneamento e saúde. Aí dava.

Mas o FPM só dá pra pagar salários. Existem algumas cidades, no norte do Canadá, longe de tudo, pequenas, que são assim. Só um administrador. Tudo é investido em educação e saúde e lazer. Mas vai falar isso pros políticos...

José Carlos dos Reis Meirelles era paulista formado em engenharia. Está há quase 20 anos na Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira. É o defensor dos bravos índios isolados, que têm resistido ao contato com os brancos há mais de 500 anos, na fronteira do Brasil com o Peru.

12 comentários:

Anônimo disse...

Vida longa ao Meirelles que era paulista (gostei do era paulista). Vida longa também aos arredios e isolados.
Meirelles era paulista, virou acreano, mas agora acho que é um arredio/isolado.

Anônimo disse...

Por conta da visão como a expressa pelo Meireles, muitos fazendeiros, seringalistas ou outro tipo de dono dos meios de produção se acham no direito de usar mão de obra apenas pelo prato de comida. As sedes de empreendimentos nessas paragens são cheias de "agregados" que trabalham feito mulas de carga, o fazem por um prato de comida ou um e outro agrado. Acha-se que o trabalho tem custo zero. Mas não é assim. Aqueles que só tem o trabalho como meio de sobrevivência não pode ser convertido para uma situação de quase servidão.

O Meireles disse que "tem macaxeira de graça, peixe farto e caça". Pois é. E o valor da força de trabalho que põe na mesa esses produtos? Quanto custa formar os imensos roçados nas sedes dos seringais ou nas fazendas? Na época de "pôr roçado", essas pessoas trabalham o dia inteiro. Alguém dirá que os roçados são das famílias. Tudo bem, e quanto se deveria atribuir à força de trabalho familiar usada para alcançar tudo o que necessita para alimentar a todos os membros da família?

Mesmo assim, Meireles, ainda sobram motivos para defendermos a formação de uma base produtiva apoiada na organização familiar. O "valor ficaria inteiro com a família". Com o devido cuidado de lembrar que o excedente que as famílias levam para o mercado deve ser bem remunerado. Normalmente, esse excedente serve de base para os ganhos de atravessadores - que compram barato para vender caro na área urbana.

Anônimo disse...

Altino,
Parabéns por abrir espaço sempre ao Meirelles!
Meirelles é a nossa alma crítica, representa o nosso retorno às origens da humanidade, quando a civilização ainda não tinha transformado o homem em lobo do homem.
Meirelles fala do custo de vida nos seringais amazônicos incluindo o componente natural. Se houvesse poder público presente nessas regiões, a vida seria muito, muito melhor do que na cidade. Por isso, o governo Binho Marques decidiu dar prioridade aos homens e mulheres da floresta, dos altos rios, ramais e aldeias indígenas.
Meirelles tem razão! Lá nos altos rios não têm grades nas janelas, dióxido de carbono, prostituição, poeira das ruas da periferia, esgotos... Lá não tem ar condicionado encarecendo as contas de energia. O ar condicionado da floresta é gratuito e puro.
Lá não tem o trânsito estúpido, que passa por cima dos pedestres como se fossem lagartas! Lá tem área verde por habitante que dá inveja aos ricos em seus apartamentos fechados, enjaulados.
Por isso Meirelles é admirado! Por que? Porque ele fala das belezas da vida que nós perdemos. Porque ele defende pessoas que não têm nem como dizer 'bom dia', muito menos se defender... Os índios isolados representam isso, essa vontade de viver como nossos antepassados. Eles significam vida sem lucro e sem morte, lucro para os ricos e morte para os pobres. O capitalismo é uma grande doença, incurável e infecciosa!
Meirelles combate as doenças da civilização com o seu próprio exemplo de vida! Por isso a nossa admiração ao Meirelles!
Vida longa ao Meirelles e aos povos originais!
Dep. Moisés Diniz

Anônimo disse...

Meirelles
Pessoas como vc que fazem com que eu não abandone esse blog, apesar dos insistentes pedidos do Altino.
Vc é o caro, véio. Com poucas palavras mostrou que é bem mais barato viver por aqui. Lá em Sampa, prá dar uma volta vc gasta, no mínimo dez "real".
Vida loga a vc, mano.

Anônimo disse...

OH, Meirelles porque ocê num monta um blog daí e alimenta todos os dias com o cotidiano desse lugar que dá vontade de amanhecer aí todos os dias...

Anônimo disse...

Também já fui paulista (rs) e, durante 15 anos, paulistano. Cheguei ao Acre em 2005 com a ilusão do baixo custo de vida. Posso garantir q é balela. Para viver com menos no Acre é necessário ter casa própria, por exemplo. Se quiser comer as mesmas coisas de lá, é o mesmo preço, ou seja, caro. Por isso já me rendi à pimenta de cheiro, ao jambu, mamãozinho vermelho, às bananinhas, caju, cupuaçu e manga, muita manga boa e de graça nessa época. A gente estica a mão e pega, mesmo em Rio Branco. Isso não tem em SP.

Anônimo disse...

Altino

Se o Meirelles aceitar a sugestão do Platão irei, finalmente, te deixar em paz com meus posts. E não vou ficar reclamando do Meirelles pois ele não me parece truculento como tú.

ALTINO MACHADO disse...

Natinho,

conselho a você mudar o nickname. A sua cota de bobagens abusivas está esgotada. Passar bem.

Anônimo disse...

Esse tal de Natinho não trabalha não? O cara não faz outra coisa a não ser praticar besteira.

Vai procurar uma lavagem de roupa rapaz. Tu só escreve besteira e ainda acha que tá abafando.

Anônimo disse...

Altino, lembra do Festival Varadouro? Aquele que a turma não prestou contas dos cem mil? Pois é agora o Daniel Zen e a Carla Martins, que são sócios do catraia records (a realizadora do evento) e presidente e vice da FEM. Agora é que a festa não tem limites.

Anônimo disse...

será que o Altino está por trás desse natinho para aumentar a frequência do blog?

Anônimo disse...

"O capitalismo é uma grande doença, incurável e infecciosa!
Meirelles combate as doenças da civilização com o seu próprio exemplo de vida! Por isso a nossa admiração ao Meirelles!
Vida longa ao Meirelles e aos povos originais!" (Dep. Moisés Diniz)

Dia desses se falava de um deputado estadual Moisés Diniz atacando a decisão do Ministério Público que cobrava estudos mais consistentes para apoiar a o licenciamento da Alcool Verde. Agora vem ele declarando que o capitalismo é unde doença. Como é deputado, de que lado estamos? Somos a favor, mas nem tanto, não é? Depende.