quinta-feira, 31 de maio de 2007

LUA

BRAVO TOTINHA


Abate jacaré com tiro na cabeça e adiciona foto em álbum no Orkut com a seguinte legenda:

- O ultimo que comeu dos meus marrecos sem autorização Vai virar um belo par de sapatos. hehehehe

João Tota era do governo da floresta. É advogado, pecuarista e filho do ex-deputado João Tota.

AMEAÇA FEDERAL

Governo finaliza projeto de
mineração em área indígena


Marcos de Moura e Souza


O governo brasileiro está na fase final de elaboração de um polêmico projeto pelo qual pretende mudar radicalmente as relações entre empresas e povos indígenas no país. A proposta de projeto de lei, redigida pelos ministérios da Justiça e das Minas e Energia e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), prevê a abertura de todas as terras indígenas para a exploração das mineradoras. As empresas pagariam royalties sobre o faturamento para as comunidades.

O texto vem sendo discutido desde 2004 pelo governo. Nas próximas segunda e terça-feira, informou a Fundação Nacional do Índio (Funai), o documento será apresentado na primeira reunião da recém-criada Comissão Nacional de Política Indigenista, formada por representantes do governo e por 20 lideranças indígenas. Após a reunião, o texto poderá sofrer alguns ajustes. O Ministério das Minas e Energia espera aprontar a versão final ainda neste semestre para encaminhá-lo à Casa Civil. A expectativa do governo é que o texto seja finalmente enviado ao Congresso no segundo semestre.

Embora defendam a iniciativa, mineradoras queixam-se por não terem sido convidadas a participar da discussão sobre os detalhes do projeto. O setor tem intensificado a pressão sobre parlamentares e sobre membros do Executivo para que a regulamentação da atividade seja apresentada e aprovada de uma vez. Atualmente, mineradoras só podem explorar terras adjacentes às dos índios.

A discussão inquieta lideranças indígenas e entidades ligadas aos povos. O temor é que a extração extensiva do subsolo provoque danos irreversíveis ao já frágil modo de vida dos índios e ao meio onde habitam. Davi Ianomâmi, de 58 anos, um dos líderes dos povos indígenas da Amazônia diz claramente que é contra [ver matéria abaixo], uma posição que coincide com a de fóruns e organizações desta população. Por isso, o governo deve se preparar para resistências fortes ao projeto.

O argumento central do governo é que a regulamentação é necessária para que se estabeleçam regras e controle sobre a exploração das terras indígenas, que hoje ocorre de forma desordenada por mãos de garimpeiros, provocando alto impacto ambiental e social e convertendo as áreas em terreno fértil para conflitos sangrentos. Além disso, o governo argumenta que o Estado deixa de arrecadar sobre a exploração dos recursos nacionais. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, existem hoje 192 garimpos ilegais em terras indígenas. Se realmente abrir as terras dos índios, o país adotará uma fórmula já em vigor na África do Sul, Austrália, Canadá e EUA.

Para companhias nacionais ou estrangeiras que atuam no Brasil, a exploração das terras indígenas significará um incremento de sua capacidade de produção, num momento em que a demanda global por recursos minerais é crescente. Significará também um aumento dos investimentos. É o caso, por exemplo, da empresa júnior Aura Gold, de capital canadense, que prevê investir de US$ 2 milhões US$ 3 milhões só numa fase inicial de pesquisa na terra dos índios, vizinhos a uma área onde a empresa explora ouro no Pará.

A Amazônia (onde 25% do território é dos índios) é a região mais cobiçada pelas mineradoras. Estudo de 2005 preparado pelo Instituto Socioambiental (ISA), organização não-governamental de defesa dos direitos dos índios, mostra que existem 4.821 processos de requerimento de pesquisa e lavra na região feitos por 367 pessoas e empresas, como Odebrecht, C. R. Almeida, Vale do Rio Doce e Anglogold Ashanti. Os pedidos incidem sobre 123 terras indígenas.

Segundo levantamentos parciais do governo e das próprias companhias, o subsolo amazônico tem um enorme potencial para extração de minério de ferro a ouro, de cobre a diamante, de bauxita a cassiterita. "Não há nenhuma dúvida sobre jazimentos na Amazônia. Podemos atuar nessas áreas com ganhos para as empresas e para os índios", diz Paulo Camillo, diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

A entidade, que tem no seu conselho representantes de grandes empresas como a Anglogold, Vale e Samarco, lembra que 25% (ou US$ 11 bilhões) do saldo da balança comercial brasileira vem hoje da mineração. "O Brasil está perdendo oportunidades justamente numa fase de alta demanda mundial por minérios", continua Camillo, que nos últimos meses tem falado com autoridades do Ministério das Minas e Energia, com o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e com membros da comissão de Minas e Energia da Câmara sobre a regulamentação. Considerando que o primeiro projeto de lei para a atividade em terras indígenas foi apresentado em 1991, Camillo argumenta que há pelo menos 16 anos o Brasil vem deixando de ampliar ganhos por não explorar ter- ras dos índios.

A Constituição de 1988 diz que as terras indígenas poderão ser exploradas por empresas, mas exige a aprovação de uma lei que regulamente a atividade. Nesses 19 anos, alguns projetos tramitaram pelo Congresso. Dois tiveram mais destaque: um, de 1991, assinado pelos então deputados Aloizio Mercadante, Fábio Feldman e Nelson Jobim, ao qual foram apensados outros 18 projetos; e outro, de 1996, do senador Romero Jucá. Nenhum dos dois chegou a ser aprovado. Por quê? Em parte por falta de consenso, em parte pela sensibilidade do tema e em parte porque nenhum governo se empenhou de fato em regulamentar a exploração.

O projeto do Executivo prevê a abertura de licitações para projetos de mineração nas terras indígenas e o pagamento de royalties de no mínimo 3% do faturamento bruto dos empreendimentos a um futuro Fundo de Compartilhamento de Receitas sobre a Mineração em Terras Indígenas.

Cada licitação terá de ser aprovada pelo Congresso e, como determina a Constituição e uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as comunidades afetadas terão de ser consultadas, embora sem o poder de veto. "Se houver uma reação muito intensa de um determinado povo indígena, é claro que a decisão política levará em conta essa posição. Assim como levará em conta também pareceres antropológicos sobre cada processo", diz o procurador-geral da Funai, Luiz Fernando Villares e Silva.

O texto mexe numa questão delicada para muitas companhias: desconsidera a validade de requerimentos de pesquisa ou lavra em terras indígenas encaminhados por elas ao longo de anos ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Ministério das Minas e Energia. Os projetos anteriores previam que as empresas que apresentaram requerimentos antes de 1988 teriam prioridade. Agora, o governo diz que abertura de licitações colocará todas as empresas em condições de igualdade. Pelo levantamento do ISA, dos 4.821 requerimentos feitos ao DNPM, 1.835 são de antes da Constituição.

Segundo dados de 1998, também recolhidos pelo ISA, algumas terras indígenas têm quase toda sua área já requerida por mineradoras. Exemplos: TI Mekragnoti, no Pará, (75,97%), Vale Guaporé, em Rondônia, (92,39%) e Panará, no Pará e Mato Grosso (92,81%).

"Certamente haverá muitas disputas jurídicas sobre esse ponto. Há quem diga que o requerimento é mera expectativa de direito. E há quem diga que os requerimentos devem gerar o direito de prioridade", diz o advogado Carlos Vilhena, sócio do escritório Pinheiro Netoe responsável pela área de mineração.

Mas se as licitações e a anulação dos requerimentos desagrada a alguns, agrada a outros. Empresas novatas no Brasil, como a Aura Gold, há apenas um ano aqui, costumam ter de negociar transferências de concessão de exploração dada a escassez de terra disponível. "É um recurso investido em negócio e não em pesquisa. A disponibilização de terras indígenas aumentaria a possibilidade de pesquisa e levaria a uma corrida das empresas para as áreas do índios", aposta Carlos Bertoni, da Aura Gold, que explora ouro na região de Cumaru, Pará. Bertoni diz que a empresa se interessa em explorar uma terra indígena vizinha e faz as contas. "Se tivéssemos a chance de fazer pesquisa, o investimento inicial seria de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões só nessa área indígena vizinha, que tem aproximadamente 30 mil hectares."

As mineradoras costumam insistir na questão dos investimentos. "A proibição de acesso às terras indígenas impede o capital sério", diz Sérgio Aquino, diretor da Serabi Mineração. "O problema é que em qualquer lugar onde tenha riqueza natural há garimpeiro que quer lucrar de qualquer forma, poluindo, agredindo, corrompendo os índios". A Serabi, que extrai ouro e cobre na região do Tapajós, também no Pará, tem interesse no potencial mineratório das terras dos índios Tapajós e dos índios que vivem na região de Aripuanã, no Mato Grosso e fala em disputar o acesso a essas terras numa eventual regulamentação da atividade. A diferença das empresas, completa Aquino, é que estão sempre mais sujeitas a fiscalizações e controle do que qualquer garimpeiro que se aventure em terras indígenas em busca de riquezas.

Para além do investimento, o que está em jogo para Cláudio Scliar, secretário de mineração e geologia do DNPM, é a condição de vida dos índios. "Neste momento, mineração (em terra indígena) é caso de polícia. O que existe é invasão, garimpo ilegal, crimes." Scliar contesta quem argumenta que a presença das empresas poderá trazer mais problemas do que soluções aos povos indígenas. "Nada pode ser pior do que a situação que se vive hoje. Qualquer forma de regularização será melhor."

Marcos de Moura e Souza é repórter do Valor Econômico

DAVI IANOMÂMI


Empresas vão estragar terra, diz líder ianomâmi

"A mineração em área indígena não é bom. Sou contra. As máquinas são muito grandes. Vai estragar o coração da terra. Vai derrubar muitas florestas, poluir rio, trazer violência, matança". Foi assim que Davi Ianomâmi, de 58 anos, um dos líderes do povo que vive na no norte da Amazônia brasileira na fronteira com a Venezuela definiu para a reportagem sua posição em relação à abertura das terras indígenas para as mineradoras.

As terras dos ianomâmi são ricas em ouro. E segundo Davi, hoje existem cerca de mil garimpeiros na área. O afluxo teria começado há cinco anos e a malária parece ter voltado às aldeias. "O governo não está conseguindo tirar os garimpeiros de lá", disse ele.

Mas será que os royalties não ajudariam o povo ianomâmi? Davi - que estava em Brasília para uma série de atividades do Dia do Índio - respondeu: "Precisamos da nossa terra, da caça, do rio. O dinheiro não dura. O índio da cidade pode gostar. (Mas) o dinheiro não vai salvar a vida dos índios."

A reação de Davi coincide com a de fóruns e organizações indígenas, segundo Raul Telles, advogado do Instituto Socioambiental (ISA). O temor, de modo geral, é com os prejuízos ambientais, sociais e sanitários que a exploração causaria. O ISA também tem grandes restrições à entrada de mineradoras em terras indígenas. "A mineração é sempre impactante."

Ainda assim, Telles avalia que o projeto do governo - cujo esboço foi apresentado no ano passado na Conferência dos Povos Indígenas e será debatido em junho - tem alguns avanços. Um deles é o fato de anular as antigas requisições feitas pelas mineradoras. As licitações poderiam abrir espaço para as melhores propostas, diz o advogado.

Mas ele também avalia que existem pontos a serem melhorados na proposta. O texto, por exemplo, não confere aos povos indígenas o direito de dizer se aceitam ou não a entrada das mineradoras. A Constituição prega que os povos devem ser consultados, mas não fala em poder de veto. "Não é a questão de permitir que os índios digam 'não', mas seria importante que o projeto permitisse a eles dizerem 'como' minerar tal área." E acrescenta: "Se há alguma restrição em relação a, por exemplo, uma área sagrada de um povo, as mineradoras não poderiam atuar nesse ponto." (MMS)

quarta-feira, 30 de maio de 2007

SIBÁ, Ó


Do blog do Josias:
Sibá Machado (PT-AC), eis o nome do senador que foi guindado nesta quarta-feira (30) à presidência do Conselho de Ética do Senado. Sibá, unha e carne com Renan, será o responsável pela condução do processo aberto contra o presidente do Congresso a partir de uma representação do PSOL.

Suplente de Mariana Silva (PT-AC), que se licenciou do Senado para tornar-se ministra do Meio ambiente, Sibá, um ex-agricultor, chegou ao Congresso sem amealhar um mísero voto. Agora, tem diante de si o caso da vida dele. Dependendo de como se comportar, pode plantar em sua biografia um abacaxi ou uma videira.

Do blog do Noblat:
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o senador José Nery (PSOL-PA) deram com a cara na porta ao tentar entregar para o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), um ofício pedindo agilidade na representação contra Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado.

É de bom tom que todo parlamentar receba um colega que vá procurá-lo. Sibá sequer botou a cara para fora do gabinete. Mandou uma assessora dizer que não os receberia, porque estava conversando com a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

- Isso mostra que a isenção dele é tênue. É o cúmulo. Nós queríamos apenas dois minutos! -, reclamou Chico Alencar.

- Isso é no mínimo má vontade para não dizer que é uma tentativa de não permitira a apuração dos fatos -, reclamou José Nery.

O documento foi entregue para uma secretária de Sibá.

LOBBY NO BLOG DOS BLOGS

O Blog dos Blogs, de Helena Chagas, editora regional do SBT em Brasília, e Tales Farias, diretor das sucursais de Brasília do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, além de titular da coluna InformeJB, faz a seguinte indagação:

- Terá o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) virado lobista?

E reproduz o post "Lobby politicamente correto", publicado aqui, ontem. Leia o Blog dos Blogs.

MERCADO FLORESTA


Imagem do Mercado Floresta no Mercado Municipal do São Paulo, também conhecido pelos paulistanos como Mercadão. É a primeira vez que produtos oriundos dos biomas brasileiros estão sendo disponibilizados para o varejo.

Chefs de renome se revezam em testes, degustações e palestras no espaço gastronômico criado recentemente como postal da capital paulista, que registra visitação diária de 10 mil pessoas.


A experiência anterior do Mercado Floresta, em novembro de 2005, visava apenas o atacado. Saiba mais nos sites Amazônia e Marcado Floresta.

BESAME MUCHO

Caetano Veloso & João Gilberto ao vivo em Buenos Aires

terça-feira, 29 de maio de 2007

LOBBY POLITICAMENTE CORRETO

Está faltando no Acre alguém para defender os interesses do movimento social com a mesma energia com a qual o ex-governador Jorge Viana passou a defender os interesses da iniciativa privada.

É impressionante como os governos e os políticos gostam de servir à iniciativa privada falando em nome da política pública. Esse não parece ser o caso de nosso ex-governador, que nunca escondeu a disponibilidade de toda a sua influência política.

Que a nova atividade de Viana não venha a ser interpretada como lobby - aquela atividade de pressão, segundo o Houaiss, de um grupo organizado sobre políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu alcance, mas sem buscar o controle formal do governo.

Seria uma pena definitiva para o movimento social acreano, mas sou capaz de apostar uma moedinha como logo o engenheiro florestal vai criar gosto e se revelar também próspero empresário. Veja o que publicou hoje o jornal A Tribuna a respeito do presidente do Fórum Empresarial do Acre:

Em um escritório simples, com decoração rústica, bem regional, o ex-governador Jorge Viana trabalha no centro de Rio Branco. Sua prioridade tem sido as ações do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre, do qual é presidente. Lá, articula reuniões, conversas com políticos e empresários com um objetivo central: trazer para o Acre grandes investimentos industriais que garantam uma possibilidade de crescimento da economia regional desvinculada do apoio estatal.

Alguns desses investimentos de grande porte já estão a caminho, graças à articulação de Viana. Um deles é a vinda do grupo Bertin [veja], dos maiores do país na área de agroindústria e pecuária do país.

Viana também tem dedicado boa parte de seu tempo a um novo projeto: viabilizar investimentos no Acre na área de energia limpa. Ontem, por exemplo, esteve visitando a Funtac com o professor Expedito Parente, considerado o pai do biodiesel no país e que veio ao Acre conhecer a estrutura da Funtac na área de biodiesel e as experiências locais no setor de energia limpa.

Em conversa com um repórter da Tribuna ontem, Jorge Viana dizia que o seu trabalho tem sido intenso, mas com uma prioridade: não interferir no governo, na prefeitura ou mesmo na classe empresarial, mas apenas intermediando conversas e garantindo oportunidades de negócios no Estado.

Sobre política, Viana disse que pretende continuar distante, por enquanto, das articulações, pois sua prioridade são alguns projetos de trabalho na área de consultoria, mas quem o conhece sabe que a política lhe corre forte nas veias.

NOTÍCIAS DE SAPPORO

Ivone Belém

Puxa, Altino, que bacana o post! Falei para o João assim: "Pelo menos no Acre estao sabendo que você está aqui, no Japão".

- Quer mais o que, Ivone? É de lá que saem as notícias.

O João nunca se desconecta do Acre. Ele está sempre com a camisa, com o boné. Entre nove pianistas vestidos de black-tie, ele é o único que usa paletó, camisa colorida e boné do Acre, do Brasil ou do Japao.

Por baixo de tudo, quando está frio, como aqui em Sapporo, camiseta do Acre. Ao final dos números todos os pianistas voltam para o palco e lá está o João batendo palmas e tentando bailar, como na festa do Daime.


A vegetação aqui é muito diferente - de maneira geral - da do Brasil, terras vulcânicas... Mas o João sempre enxerga o Acre nas pontezinhas e nos bosques. Hoje mesmo, aqui em Sapporo, passamos em um lugar que de fato lembra o Parque da Maternidade, só que com prédios muito modernos costeando o rio que passa no meio da cidade e com uma ponte bonita como aquela que foi recentemente inaugurada aí.

- Vou contar para o Jorginho [o ex-governador Jorge Viana] que um dia o Acre vai ser assim. Ele que começou essa história de levar o desenvolvimento para o Acre sem agredir a floresta, igual ao Japão. É por isso que eu digo que o Acre é moderno. Acho que é por isso que dizem que a minha música é moderna.

Fofo, né?

Um beijo

JOÃO NO JAPÃO


Mensagem da jornalista Ivone Belem, mulher do músico João Donato:

"Altino, estamos no Japão desde o dia 20 de maio. Ficaremos por aqui até o dia 20 de junho. Vou contando, sem compromisso de fazer um diário, no blog João Donato".

Nosso João Donato participa de 15 concertos no Japão, juntamente com outros nove pianistas da décima edição do seleto “100 Goldfingers”.

Donato atuará, a partir do dia 11 de junho, em cinco shows como convidado da cantora japonesa Noriko Ito, com quem gravou no Brasil o CD “A paz”, lançado apenas no Japão e com músicas de Donato e seus parceiros.

Além disso, o jornalista Antonio Carlos Miguel vai escrever a biografia do compositor e Tetê Moares fará um documentário sobre ele. O filme, que retrata a trajetória de Donato, ja teve algumas cenas gravadas no Acre, a terra natal do músico.

Abaixo, um improvisado vídeo de uma improvisada interpretação da canção A Paz por João e seus irmãos Eneyda e Lisyas. Gravado em abril do anos passado na beira do rio Acre.


Para assistir a mais vídeos de João Donato no Acre, clique aqui e aqui.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

QUESTÃO ACREANA

Assista ao filme do sequestro da Minie por homens do Movimento Acre é Brasil (MAB) e a libertação dela por uma tropa do Movimento Acre Não é Brasil (MANB).

SEVERN CULLIS-SUZUKI


Discurso da garota Severn Cullis-Suzuki na ECO-92.

Transcrição do discurso de Severn Cullis-Suzuki, de junho de 1992:

"Olá! Eu sou Severn Suzuki. Represento, aqui na ECO, a Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 e 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir. Vanessa Sultie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Foi através de muito empenho e dedicação que conseguimos o dinheiro necessário para virmos de tão longe, para dizer a vocês, adultos, que têm que mudar o seu modo de agir.

Ao vir aqui, hoje, não preciso disfarçar meu objetivo: estou lutando pelo meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores. Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças que passam fome pelo mundo e cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome das incontáveis espécies de animais que estão morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais aonde ir. Não podemos mais permanecer ignorados!

Eu tenho medo de tomar sol, por causa dos buracos na camada de ozônio. Eu tenho medo de respirar este ar, porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver, com meu pai, até que, recentemente, pescamos um peixe com câncer. E, agora, temos o conhecimento que animais e plantas estão sendo destruídos e extintos dia após dia.

Eu sempre sonhei em ver grandes manadas de animais selvagens, selvas e florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas. E, hoje, eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso. Vocês se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade?

Tudo isso acontece bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções. Sou apenas uma criança e não tenho todas as soluções; mas, quero que saibam que vocês também não as têm.

Vocês não sabem como reparar os buracos na camada de ozônio. Vocês não sabem como salvar os peixes das águas poluídas. Vocês não podem ressuscitar os animais extintos. E vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram onde hoje há desertos. Se vocês não podem recuperar nada disso, por favor, parem de destruir!

Aqui, vocês são os representantes de seus governos, homens de negócios, administradores, jornalistas ou políticos; mas, na verdade, vocês são mães e pais, irmãs e irmãos, tias e tios. E todos, também, são filhos.

Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 bilhões de pessoas; e que, ao todo, somos 30 milhões de espécies compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade.

Sou apenas uma criança, mas sei que esses problemas atingem a todos nós e deveríamos agir como se fôssemos um único mundo rumo a um único objetivo. Estou com raiva, não estou cega e não tenho medo de dizer ao mundo como me sinto.

No meu país, geramos tanto desperdício! Compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora... E nós, países do Norte, não compartilhamos com os que precisam. Mesmo quando temos mais do que o suficiente, temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las. No Canadá, temos uma vida privilegiada, com fartura de alimentos, água e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV.

Há dois dias, aqui no Brasil, ficamos chocados quando estivemos com crianças que moram nas ruas. Ouçam o que uma delas nos contou: "Eu gostaria de ser rica; e, se o fosse, daria a todas as crianças de rua alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho". Se uma criança de rua, que nada tem, ainda deseja compartilhar, por que nós, que tudo temos, somos ainda tão mesquinhos?

Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde nascemos faz uma grande diferença. Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio. Eu poderia ser uma criança faminta da Somália, ou uma vítima da guerra no Oriente Médio; ou, ainda, uma mendiga na Índia.

Sou apenas uma criança; mas, ainda assim, sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais, que lugar maravilhoso a Terra seria!

Na escola, desde o jardim da infância, vocês nos ensinaram a sermos bem-comportados. Vocês nos ensinaram a não brigar com as outras crianças, a resolver as coisas da melhor maneira, a respeitar os outros, a arrumar nossas bagunças, a não maltratar outras criaturas, a dividir e a não sermos mesquinhos. Então por que vocês fazem justamente o que nos ensinaram a não fazer?

Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências e para quem vocês estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Vocês estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes: "Tudo vai ficar bem, estamos fazendo o melhor que podemos, não é o fim do mundo". Mas, não acredito que possam nos dizer isso. Nós estamos em suas listas de prioridades?

Meu pai sempre diz: "Você é aquilo que faz, não o que você diz". Bem... O que vocês fazem, nos faz chorar à noite.

Vocês, adultos, dizem que nos amam... Eu desafio vocês: por favor, façam com que suas ações reflitam as suas palavras.

Obrigada!"

PETROBRAS NO PERU

Da agência Reuters:

A Petrobras informou no domingo que investirá 70 milhões de dólares neste ano em um campo petrolífero na costa norte do Peru para aumentar o volume de produção.


O investimento no lote X se destinará à perfuração de 103 poços de desenvolvimento, que aumentarão a produção a 14.500 barris por dia (bpd), ante os atuais 13.100 bpd, informou a Petrobras à agência estatal de notícias local.

O lote X, localizado na região Piura, a aproximadamente 1.038 quilômetros ao norte de Lima, é um campo maduro explorado pela Petrobras desde 2003. O local tem a extensão de cerca de 470 quilômetros quadrados.

A Petrobras vem aumentando anualmente seus investimentos nesse campo.

LOJA AMBULANTE

domingo, 27 de maio de 2007

CHICO MENDES

PATO SOCIAL


Na casa da Leila Jalul, o papo e o pato no tucupi estavam no ponto. Além de mim, Mônica França, Bruno, Aurélia Hubner e Letícia Mamed, Leila Jalul, Fernando França, Toinho Alves, Selma Cunha e Francisco Viana como fotógrafo.

sábado, 26 de maio de 2007

SEX CRIMES AND THE VATICAN

Um documentário da BBC



Antonio Mello

Caro Altino,

Não deixe de ver este documentário de quase 40 minutos exibido pela BBC em 1° de outubro de 2006. É devastador. Conta histórias de padres pedófilos (inclusive um brasileiro) e do acobertamento dos crimes feito pela Igreja Católica Apostólica Romana, com um documento – chamado Crimen Sollicitationis - assinado pelo então cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, ameaçando com excomunhão quem denunciasse os padres criminosos.

A BBC já retirou o vídeo do Youtube. A qualquer momento pode fazer o mesmo com este link do Google postado aqui. Na página da BBC que comenta o vídeo, há um link para ele, mas não estava funcionando, nas vezes em que tentei assisti-lo.

Portanto, se este link do Google cair também, por favor, avise-me pelo e-mail aí ao lado, para que eu possa providenciar um caminho alternativo – que, preventivamente, deixei de stand by.

Antonio Mello é dono do Blog do Mello.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

OUVIDORIA DA AGÊNCIA BRASIL

Diferente da maioria das ouvidorias dos veículos de comunicação, a Ouvidoria da Agência Brasil funciona com agilidade, sem burocracia. Leia a resposta que recebi por ter indicado nesta manhã a inclusão errônea, na lista do TCU, da obra do Tabuleiro Martins como sendo no Acre e não em Alagoas:

"Prezado Altino Machado,

A Agência Brasil agradece a sua participação e o seu pedido de corrreção. A informação foi retificada e a Agência Brasil publicou uma errata. Leia aqui.

Atenciosamente,

Helder Nozima
Assessor da Ouvidoria"

GEOGLIFOS

Parceria entre Brasil e Finlândia estuda
estruturas arqueológicas no Acre


Fabio Reynol

O tamanho impressiona. O quadrado escavado de 215 metros de lado, 15 metros de largura e quatro de profundidade e com cantos arredondados é apenas uma dentre cerca de 100 estruturas semelhantes que vem sendo descobertas no estado do Acre desde 1977. No final do mês de junho, trinta anos após sua descoberta, os geoglifos acreanos - como são chamadas essas estruturas - serão revisitados pela ciência. Uma equipe multidisciplinar formada por pesquisadores brasileiros e finlandeses irá estudá-los. Essa parceria internacional envolve a Universidade de Helsinque, a Universidade Federal do Acre e o Museu Paraense Emílio Goeldi.

O objetivo do trabalho é responder, pelo menos em parte, as perguntas que envolvem essa descoberta arqueológica: por que, como e quando foram feitos e que civilização está por trás de sua construção? “Por enquanto, os geoglifos são apenas perguntas”, admite o paleontólogo Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre, que integra a equipe que começará os estudos em junho. Ranzi participou como estagiário nos primeiros estudos dos geoglifos liderados pelo arqueólogo Ondemar Dias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, logo após sua descoberta no final da década de 1970.

O atual grupo de pesquisa obteve autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para explorar cinco sítios arqueológicos dentre 60 conhecidos. Ranzi conta que foi somente após o desmatamento da floresta para dar lugar aos pastos e fazendas que as estruturas foram encontradas. São quadrados e círculos perfeitos, às vezes concêntricos, com dezenas de metros de extensão, de modo que só são vistos do alto. A terra retirada foi cuidadosamente colocada nas bordas de modo a formar um perímetro gigante feito de uma depressão ao lado de uma elevação de terra. A precisão dos formas geométricas chama a atenção dos pesquisadores, que consideram pouco provável que elas tenham sido construídas dentro da floresta. “Essa região já foi uma grande savana com lhamas e outros animais”, explica Ranzi. “Ainda não sabemos se os geoglifos são dessa época ou se ainda foram feitos durante um breve período de alteração climática, por exemplo”, afirma.

Os sítios do Acre lembram os desenhos esculpidos a 700 quilômetros dali no deserto peruano de Nazca e descobertos em 1927. No Peru, as escavações tomam a forma de imensos animais só visíveis a grandes alturas. Essas obras ganharam fama depois que o livro {Eram os deuses astronautas?}, do escritor suíço Erich von Daniken, tornou-se um best-seller. Inspirado nos megadesenhos peruanos, Daniken teceu a teoria de que certas civilizações teriam sido visitadas por seres extraterrestres inteligentes.

De qualquer forma, os especialistas não acreditam que Nazca e o Acre tenham uma civilização ancestral em comum. Essa é a opinião de Ranzi e da arqueóloga Denise Schaan, da Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi. Denise também está entre os pesquisadores que estudarão os geoglifos no mês que vem.

A arqueóloga acredita que as enormes valetas no Acre ajudam a quebrar um paradigma da arqueologia: o de que as grandes civilizações estariam instaladas apenas nas margens dos grandes rios. “Essas construções mostram que havia grandes sociedades também longe dos rios,” afirma a pesquisadora.

A idade das escavações continua sendo uma das maiores dúvidas. Duas amostras retiradas de sítios revelaram datações diferentes: 1.260 anos e 2 mil anos. Um dos objetivos do estudo em parceria com a Universidade de Helsinque é aprofundar o trabalho das datações nos sítios estudados.

A exemplo das figuras peruanas, o governo do Acre já estuda um meio de transformar os geoglifos em fonte de atração turística. Um encontro realizado no último dia 3 de maio reuniu autoridades e especialistas para discutir o tema. Tanto Denise Schaan como Alceu Ranzi vêem o turismo arqueológico como benéfico para a preservação das estruturas. “Desde que exista uma infra-estrutura que ofereça proteção ao turista e ao sítio e que dê ao visitante informações sobre o que ele está vendo, todos só têm a ganhar”, acredita Denise. “Foi por causa do desconhecimento que muitos geoglifos foram danificados. Conhecer é uma maneira de preservar”, afirma Ranzi.

O pesquisador ainda aposta que o Acre pode pegar carona no tráfego turístico já estabelecido em Nazca. “Cerca de 35 mil turistas visitam anualmente o deserto peruano. Se apenas 10% deles vierem ao Acre para conhecer os geoglifos, já serão 3,5 mil pessoas por ano incrementando a economia do estado”, calcula Ranzi. Com o término da construção da rodovia Pan-Americana que ligará o Brasil ao Peru, ainda mais turistas poderão viajar no tempo ao apreciar essas intrigantes e milenares obras.

Fabio Reynol é da revista ComCiência

LIÇÕES DO IMPASSE NO RIO MADEIRA

Roberto Smeraldi

O impasse que caracteriza a maior obra do PAC — o complexo hidroviário e hidroelétrico do Rio Madeira — foi até agora pouco compreendido. O risco é que não se aprenda com os erros desse processo, assim inviabilizando ou dificultando qualquer projeto de infra-estrutura de grande porte. Debates extremados (“ou é agora e assim, ou nunca”), ideologizados (“energia boa versus energia ruim”) e impregnados de chantagem (“ou engole isto, ou o país pára”) não removem entraves. Ainda menos quando tratar-se de obras de grande porte, que requerem um consenso amplo perante investidores, atores sociais e judiciário quanto a seus principais pontos críticos.


O festival de equívocos nesse debate deveria levar a uma reflexão para que problemas semelhantes não se repitam no futuro, no interesse de todos. Pois, caso fosse verdade que do Rio Madeira depende o desenvolvimento nacional — por nossa sorte não deve ser — os que trataram dessa questão teriam prejudicado o país sobremaneira.

A primeira lição diz respeito ao fato de que os problemas enfrentados pelo complexo Madeira não têm nada de trivial. A banalização dos bagres está longe de retratar até mesmo os problemas de ordem ambiental, que por sua vez nem são os principais. Parece que ninguém leu, inclusive no governo, a singela conclusão do tão comentado relatório do Ibama que levou a negar a licença: a “configuração da área de influência dos empreendimentos demanda do licenciamento, segundo a Resolução nº 237/1997, o estudo dos significativos impactos ambientais de âmbitos regionais. Nesse sentido, considerando a real área de abrangência dos projetos e o envolvimento do Peru e da Bolívia, a magnitude desses novos estudos remete à reelaboração do Estudo de Impacto Ambiental”.

Isso leva à conclusão de que é “imperiosa a realização de novo Estudo de Impacto Ambiental, mais abrangente, tanto em território nacional como em territórios transfonteiriços, incluindo a realização de novas audiências públicas”. Em suma, o problema não são os bagres, e sim a necessidade de focar a área real de impacto, de acordo com a lógica e com as normas vigentes, refazendo estudos e consultas de vez. Paradoxalmente, o que foi feito antes limitou-se ao município de Porto Velho e todos sabem de tamanho descompasso desde final de 2005. Havia tempo suficiente para fazer o estudo de toda a área, mas preferiram fazer cabeça de avestruz e apostar que daria certo mesmo assim. Não deu, e gastaram 18 meses. Agora, provavelmente, terão de voltar à estaca zero, mesmo que os dirigentes políticos do Ibama tenham curiosamente se recusado a acatar o parecer de sua própria área técnica.

A segunda lição é, sem dúvida, a mais importante: os orçamentos começaram, em 2003, na faixa dos R$ 12 bilhões (inexplicavelmente sem linha de transmissão) e hoje já chegaram aos R$ 40 bilhões (com linha de transmissão). Frente à falta de competidores para o leilão, Lula precisava justificar o impasse da jóia do PAC, e habilmente jogou a isca do bagre: todos morderam, aparentemente. Mas a piada presidencial é eficaz só no curto prazo: sendo que o problema é de ordem econômica — com preços estimados de até R$ 180 por kw/h — apontar o Ibama como bode expiatório não vai mesmo ajudar a superar o entrave. Os investimentos maciços em energia que são vitais para o país não podem ser concentrados apenas em nova geração (que tende a ser mais cara) e sim deveriam focar eficiência (na geração, transporte e uso) o que ofereceria de três a quatro vezes a energia do Madeira por um preço mais barato.

As alternativas que o governo está cogitando em relação ao congelamento do projeto Madeira (Belo Monte no Xingu e São Luiz no Tapajós) parecem ter riscos semelhantes; inclusive, mais uma vez, pela forma apressada em que isso está acontecendo. O escândalo que envolveu nesses dias a empreiteira que liderava um dos consórcios do Madeira — a Gautama — chama a atenção sobre a fragilidade de um setor elétrico que costuma vincular decisões a demandas de construtoras, invariavelmente com dinheiro de bancos estatais.

Com orçamentos transparentes e completos, estudos ambientais estratégicos e abrangentes, regularização fundiária prévia para evitar especulação oportunista e justificativas cabíveis para investir recursos do contribuinte, até mesmo algumas megaobras poderiam se tornar viáveis. Mas a tendência parece a de ignorar as lições do fracasso, apostando que tudo dará certo da próxima vez.

Roberto Smeraldi é jornalista, diretor da OSCIP Amigos da Terra — Amazônia Brasileira

TUPI AQUIRI TUPI


O blog passa a publicar o "poema do dia". A ativista cultural Silene Farias inaugura a novidade declamando a poesia dela "Tupi Aquiri Tupi". Aquiri é o nome original do Acre. Outros virão.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

OS NOVOS HERÓIS AMBIENTAIS

Marc Dourojeanni

“Chico” Mendes e Dorothy Stang foram brutalmente assassinados porque os interesses que defendiam se opunham frontalmente aos de fazendeiros locais com poucos escrúpulos. O que estava em disputa era, incontestavelmente, o direito ao uso e usufruto de uma porção de terra. Então, cabe perguntar se o uso a ser dado a essa terra e aos seus recursos, por ambos os grupos de interesse, teria sido tão diferente, transformando uns em protetores da natureza e os outros nos seus inimigos. Qualquer resposta honesta a essa pergunta é que pouca coisa mudaria no destino final da floresta, ou seja, a exploração da madeira seguida por sua conversão a usos agropecuários. Então, porque Chico Mendes virou um herói ambiental de tanta significância no seu país e no mundo e a irmã Dorothy Stang é proclamada, até na CNN e na BBC, como defensora da floresta amazônica?

Chico Mendes não era, nem pretendeu ser, um “ambientalista” até que seus assessores intelectuais (norte americanos e brasileiros) descobriram ser essa a melhor tática a empregar na sua luta contra os fazendeiros, que reclamavam a mesma terra e recursos, para assim receber o apoio das autoridades do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que financiava a construção de uma estrada no Acre. A justificação era curta e grossa: Naqueles dias, onde trabalhavam os seringueiros existia mata, consequentemente “ficava demonstrado que eles a exploravam, conservando-a”. A diretoria do Banco, acusada de contribuir para o desmatamento da Amazônia, favorecer os seus depredadores e preocupada com a sua imagem, decidiu ameaçar o governo com a paralisação do empréstimo se não se atendesse os reclamos. Constatado o sucesso da ação, Chico Mendes, que era um orador notável, passou a explorar o tema ambiental em todas suas intervenções públicas, aportando muito à mitologia da intimidade harmoniosa entre o ambiente e o desenvolvimento social.

O resultado prático da luta de Chico Mendes foi a adoção no Brasil de uma nova categoria de “unidade de conservação”: as reservas extrativistas. Em honra à verdade, as reservas extrativistas não se iniciaram como unidades de conservação. Era uma alternativa tecnocrática que resolvia o conflito, legalizando o uso da terra pelos seringueiros, transformados em “extrativistas”. A idéia, então já aplicada em outros países da América do Sul, era que sob circunstâncias especiais populações indígenas e tradicionais poderiam, com planos de manejo de aplicação supervisada por entidades especializadas do governo, explorar com exclusividade os recursos naturais renováveis diferentes da madeira (por exemplo, borracha e castanha do Pará) e/ou caçar e pescar em áreas públicas definidas e demarcadas, próximas a suas comunidades. Essas áreas eram conhecidas como reservas comunais e nelas não se permitiam populações residentes. Era reconhecido que o outro objetivo dessas reservas era ampliar o espaço vital à disposição de comunidades pobres, garantindo exclusividade de uso dos recursos naturais para elas e, por isso, essas áreas não eram consideradas “unidades de conservação” e, sim, apenas um insumo a mais de uma estratégia de conservação da natureza.

Leia a íntegra do artigo de Marc Dourojeanni no site O Eco.

PROTESTO NA FLORESTA


Imagem do protesto dos servidores do Ibama na estátua do líder sindical e ambientalista Chico Mendes, na Praça dos Povos da Floresta, em Rio Branco. Enviada por Felipe Mendonça.

ESCASSEZ EM ABUNDÂNCIA

Mário Menezes

Este ano, o Brasil está colhendo nova safra recorde de 130 milhões de toneladas de grãos e produzindo em torno de 22 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de aves. Respondemos por 6,5% da colheita mundial de grãos e 8,5% da produção de carnes, mas não chegamos a 3% da população do planeta. Nossa produção é bastante para alimentar os 188 milhões de brasileiros e muito mais gente mundo afora.

Entretanto, esse quadro não é tão auspicioso quanto parece ser. Há 72 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, entre nós, 14 milhões das quais passando fome (IBGE, 2006). Somos líderes em produção de alimentos e campeões em desnutrição endêmica. Qual a explicação para essa tragédia nacional?

Esses milhões de brasileiros sofrem de escassez crônica de poder aquisitivo, condicionada pela falta de oportunidades de emprego e baixa renda, para comprar o que nós mesmos produzimos.

Apesar disso - ou por isso mesmo -, somos o país que mais exporta a maioria dos produtos agrícolas, e a participação do agronegócio na balança comercial brasileira denota essa incongruência: de março de 2006, a fevereiro de 2007, gerou superávit da ordem de US$ 44 bilhões, ou nada menos que 95% (!) do saldo comercial do Brasil com o resto do mundo.

Mas, nossas mazelas não se resumem ao baixo poder aquisitivo da população. Temos escassez de legalidade no modo de apropriação e uso de terras e de recursos naturais. A grande maioria dos proprietários rurais não respeita o Código Florestal brasileiro, e nossas florestas estão desaparecendo, com boa parte da produção agrícola se dando à custa da exploração insustentável de nosso patrimônio natural, em detrimento das gerações futuras. Trabalho forçado e trabalho infantil também são chagas renitentes: há 163 fazendeiros na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho, que empregam mão-de-obra em condições semelhantes às do trabalho escravo, 1/3 dos quais aqui do Pará, e pelo menos 13 cortadores de cana morreram de exaustão nos canaviais paulistas, desde 2004.

Também temos escassez de produtividade, que leva ao uso extensivo das terras e a maiores custos socioambientais da produção. Possuímos um rebanho bovino de 207 milhões de cabeças, ocupando 220 milhões de hectares. Menos de uma cabeça por hectare, portanto, quando países há com 5-6 cabeças nessa mesma unidade de área. Nas pastagens brasileiras caberia todo o rebanho mundial de bovinos, de 1,4 bilhão de cabeças, ou o nosso poderia estar ocupando menos de 50 milhões de hectares de pastos. Metade do desmatamento na Amazônia teria sido evitada.

É evidente que a produção agropecuária é importante para o país, mas o fato de não alimentar de forma adequada 40% de nossa população, não atender às demandas socioambientais requeridas pelo mundo contemporâneo e ser tão ineficiente no uso das bases de recursos naturais, teria que ser motivo de mobilização transformadora da sociedade, em geral, e dos governantes, empresários do setor e parlamentares brasileiros.

O Brasil deveria aproveitar a corrida aos biocombustíveis para reduzir os passivos ambientais e trabalhistas da atividade agropecuária. Entretanto, a incontornável dimensão ética que envolve essa questão pode ser ainda mais aviltada nesse processo, pelo qual enorme energia está sendo mobilizada – inclusive, literalmente - no âmbito do governo e do setor agropecuário brasileiros para garantia de maior volume de produção, não necessariamente sustentável.


A sociedade civil organizada, em parceria com parcela importante do setor privado, está construindo a Iniciativa Brasileira para Verificação da Atividade Agropecuária, que visa à melhoria da qualidade socioambental da produção agrícola brasileira. Todavia, será necessário controle social efetivo para viabilizá-la, já que vontade política para mudar o perfil do Brasil socioambientalmente arcaico é o produto mais escasso e mais determinante do estado de coisas que vive este país do agronegócio e das commodities.

Mario Menezes é diretor-adjunto da entidade Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

FRIAGEM

A temperatura em Rio Branco chegou ontem a mais de 35°C. No final da tarde, o tempo começou a mudar e chagamos à boca da noite com menos de 20°C. Clique aqui para ver as condições atuais.

MERCADÃO FLORESTA

Durante dez dias, serão vendidos produtos de diversas regiões. Chefs vão dar aulas e testar ingredientes

Lucinéia Nunes

Os produtos ao lado são uma pequena amostra do que o consumidor encontrará, a partir de amanhã, no Mercadão Floresta, evento organizado pela ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, que segue até o dia 3 de junho, no Mercado Municipal de São Paulo, das 8 às 17 horas. O objetivo do evento, além de promover e vender produtos dos diferentes biomas brasileiros, como Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pampa, é testar o mercado de varejo. 'Vamos observar a aceitação das pessoas e o quanto elas incluiriam esses alimentos no seu dia-a-dia', explica Roberto Smeraldi, diretor da entidade. 'A partir dessa análise, a Prefeitura de São Paulo deve criar um modelo de entreposto para comercializar esses produtos na cidade, de forma permanente.'

O creme e o azeite de castanha-do-Pará, feitos no Mato Grosso, o mel de abelhas indígenas sem ferrão, da Amazônia, o café Ghini Certificado, de Itu (SP), e a farinha de mandioca, do Acre, estarão ao lado de tantos outros produtos, como baru, vinagre de mel, pirarucu, tambaqui, feijão azuki, cagaita, pequi, farinha de mandioca, geléias, polpas e sorvetes de frutos nativos como cupuaçu, taperebá e muruci. A feira, instalada no Salão de Eventos, terá ainda artigos de mobiliário, cosmética e artesanato.

Chefs de cozinham também marcam presença no Mercadão. Batizados de 'alquimistas da floresta', eles vão realizar aulas, palestras e degustações com os ingredientes, no Espaço Gourmet, no mezanino. O chef José Barattino, do Emiliano, por exemplo, vai mostrar a versatilidade do queijo Serra da Canastra, em uma entrada que leva sorvete, musse e tortinha quente à base do queijo. A aula, com vagas limitadas, será segunda-feira, das 15 às 17 horas. A chef Lucia Sequerra, do Santa Madalena, usará derivados de castanha-do-Pará, frutas como cajá e cupuaçu, mel de engenho e queijo de coalho, durante sua apresentação, na quarta, das 10 às 12 horas. A programação inclui ainda nomes como os chefs Mara Salles, Paulo Martins e Fabrice Lenud, entre outros. Confira a agenda completa e receitas no portal do Estadão. Outras informações pelo tel. 3887-9369.

Lucinéia Nunes é do jornal O Estado de S. Paulo. Clique aqui para ver receitas.

AMAZÔNIA TRANSFRONTEIRIÇA

"Declaração de Pucallpa" faz recomendações aos governos e aos movimentos sociais sobre mudança climática nas regiões MAP e Ucayali

Cientistas e representantes de organizações do movimento social de três países manifestam "profunda preocupação" com os impactos da mudança climática na Região MAP (Madre de Dios-Perú, Acre-Brasil e Pando-Bolivia) e Ucayali, no Peru, assim como pelo ecossistema amazônico como um todo. "Reconhecemos a urgência de implementar mecanismos que permitam a diminução das emissões de gases do efeito estufa e que, de forma simultânea, promovam o desenvolvimento sustentável regional", afirmam os signatários do documento "Declaração de Pucallpa Sobre Mudança Climática e Amazônia Sudocidental".


Os cientistas prevêem que a temperatura média anual da Amazônia poderá elevar-se entre três e sete graus centígrados antes de 2010. Redução significativas da chuvas poderão colocar em risco a biodiversidade regional e inviabilizar o modo de vida e a cultura de grande parte da população que depende das florestas. "Neste sentido, alertamos que o ritmo atual de desmatamento poderá degradar drasticamente as florestas amazônicas dentro de poucas décadas, contribuindo para a aceleração do aquecimento global".

O MAP é um movimento descentralizado e policêntrico da sociedade, que tem como objetivo aumentar a colaboração trinacional para o desenvolvimento sustentável e a conservação regional. Os cientistas das regiões MAP e Ucayali recomendam "a todos os governos dos países do mundo, a todas as esferas de governança multilateral global e a todas as alianças de países de diferentes regiões do globo, que assumam urgentemente, como prioridade, a construção de mecanismos internacionais no âmbito da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que permitam expandir os mecanismos de desenvolvimento limpo que contribuam para o equilíbrio climático da terra".

A "Declaração de Pucallpa" defende que os governos estabeleçam uma aliança amazônica para gerar uma proposta comum com a finalidade de buscar compensação financeira pela redução das emissões de gases do efeito estufa resultantes do desmatamento. "Os governos nacionais e locais, unidos numa aliança amazônica, devem desenvolver sistemas de compensação por serviços ambientais no interior dos países e entre estes, como, por exemplo, os recursos hídricos em bacias transfronteriças".

Segundo os cientistas e as organizações das regiões MAP e Ucayali, as sociedades amazônicas reconhecem que as consequências da mudança climática tornaram mais agudos os problemas de saúde e incrementaram os níveis de pobreza existente, além dos produzidos por desastres. Eles recomendam, ainda, aos governos e organizações não-governamentais, que desenvolvam programas de educação dirigidos aos setores políticos, sociais e econômicos.

No âmbito dos direitos humanos, é destacada a participação dos atores sociais (camponeses, povos indígenas, povos da floresta e grupos urbanos) na tomada de decisões. A declaração também recomenda que os governos e as organizações não-governamentais ajudam as cidades, povos e comunidades, onde se concentra a maioria da população amazônica, a adaptar-se à mudança climática.

Os governos e as sociedades civis da Amazônia são considerados "indicados para desenvolver estratégias transfronteriças de avaliação de vulnerabilidade, de adaptação, de mitigação de desastres e de inovações tecnológicas para manter os ecossistemas, os recursos hídricos, a agricultura e a saúde humana". "Además, deben implementar sistemas de alerta temprana de inundaciones, sequías, incendios y epidemias".

O Comitê Científico da Região MAP e Ucayali, em estrita colaboração com os governos e sociedades civis, universidades e organizações de pesquisa e de de desenvolvimento, quer impulsionar a elaboração de uma agenda comum de pesquisa científica sobre a mudança climática atraves de redes de geração e intercâmbio de conhecimento.

Clique aqui para ler o documento na íntegra.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

ISTO É IIRSA


Mapa produzido pelo Observatório Ambiental sobre a Iniciativa de Integração de Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA), lançado no final de 2006 pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Ele já contemplava o Acre, mas especificamente o Vale do Juruá, além da fronteira com Rondônia e a Bolívia, como áreas para exploração de petróleo. Clique aqui para saber mais e visualizar melhor o mapa.

CÃIBRA, CÂIMBRA

Joffre M. de Rezende

As duas formas coexistem em português. Qual seria a preferível?

Cãibra (ou câimbra), no sentido de contração muscular espasmódica e dolorosa, tem sua origem no germânico kramp, de que resultou krampf, em alemão; cramp, em inglês; crampe, em francês; cambro, em italiano, e calambre, em espanhol.

Em português, a palavra cãibra ter-se-ia formado a partir do francês crampe por metátese, abrandamento da última sílaba e ditongação, na seguinte seqüência: crampe > campra > cambra > caimbra (cãibra).

A forma cambra é encontrada em textos arcaicos e em dicionários do século passado. Sobrevive ainda na linguagem médica popular, na expressão "cambra(s) de sangue", usada como equivalente de disenteria, provavelmente em virtude do tenesmo retal.

Em latim, a contração muscular dolorosa era chamada de spasmus. Segundo Skinner, o texto médico em que aparece pela primeira vez o termo germânico em substituição a spasmus é de autoria de Van Helmont (1577-1644).

Mas voltemos ao português: cãibra ou câimbra?

Consultando-se os principais léxicos da língua portuguesa encontramos as seguintes posições:

1. Registram somente cãibra: Aulete, Moraes (10.ed.), Séguier.
2. Registram somente caimbra (sem acento circunflexo na primeira sílaba): Nascentes, e Silveira Bueno,
3. Registra somente câimbra (com acento circunflexo na primeira sílaba) Luis Rey.
4. Registram ambas as formas Heckler et al. e o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras
5. Registra ambas as formas, considerando incorreta a forma câimbra, Laudelino Freire.
6. Registra, na mesma entrada cãibra, cambra e quembra, mas não câimbra, J.P. Machado.
7. Registram câimbra, como variante da palavra, com remissão para cãibra, o que pressupõe preferência para esta última forma: Cândido de Figueiredo; Prado e Silva, Aulete-Garcia, Michaelis, Aurélio Ferreira, Houaiss, 2001.

Pedro Pinto diz textualmente: "Câimbra é grafia errônea" e Calbucci ensina que "a grafia escorreita é cãibra e não câimbra".

Convém, talvez, rememorar que o til em português nada mais é que a letra n colocada sobre a vogal para indicar o som anasalado da mesma.


Durante o período de formação da língua portuguesa empregava-se indiferentemente m, n ou ~ para indicar o som nasal. A confusão persistiu por muito tempo e podemos encontrar em clássicos da literatura portuguesa e brasileira a mesma palavra grafada de duas maneiras.


Na reforma ortográfica de 1943, o emprego do til foi assim definido: "Usa-se o til para indicar a nasalização e vale como acento se outro acento não figura no vocábulo".

O objetivo da reforma ortográfica foi o de tornar mais fonética a escrita e, assim, a forma cãibra atende melhor a esse propósito.

A melhor opção, por conseguinte, é cãibra e não câimbra.

Reproduzido do livro Linguagem Médica, 3a. ed., da AB Editora e Distribuidora de Livros Ltda. Autor: Joffre M. de Rezende. Leia mais aqui. Portanto, câimbra é tão arcaica quanto chamar os professores de "pessoal da lousa e do giz".

PROTESTO HUNI KUIN

Nota sobre saúde do povo indígena huni kuin (kaxinawá) no município do Jordão

"Nós Huni Kuin das três terras indígenas (Alto Jordão, Baixo Jordão e Seringal Independência), no Rio Tarauacá, estamos todos indignados com a situação da forma como a equipe da FUNASA atende o nosso povo Huni Kui.

Aqui no Jordão, atendimento é muito ruim, as pessoas que trabalham no Pólo Base de Jordão não estão cuidando do seu trabalho e desviado de suas funções, para brincar com nosso povo e nossa saúde.

E muitos do nosso povo estão morrendo de várias doenças, como Malária, Febre amarela, tifóide, viroses, desnutrição infantil, picada de cobra, complicação de partos, etc.

Desde ano passado até este ano morreram mais de 20 Huni Kuin, sem contar os anos retrasados.

Por isso, não queremos mais a saúde do nosso povo nas mãos de pessoas que não têm responsabilidade ou mesmo sem respeito pelo nosso povo Huni Kuin.

O exemplo dessa falta de responsabilidade: ao invés de discutir ou planejar como atender melhor o nossa povo, estão discutindo quem vai assumir a coordenação do órgão, definir quanto vai ganhar salário para comprar um carro novo ou até fazer uma viagem sem necessidade alguma.

A irresponsabilidade dos coordenadores do órgão, o recurso que é para saúde indígena está sendo guardado para apoiar política, corruptor, isso é um crime.

Enquanto isso, o nosso povo morrendo.

No setor de saúde, os recursos aumentaram e a qualidade do atendimento piorou e muito. Os casos de morte, por doenças evitáveis, se multiplicam nos últimos dois anos.

Muitas coisas foram mal feitas nos últimos anos. As recomendações do nosso povo não foram atendidas nem sequer ouvidas. Essa é a realidade aqui no Município de Jordão. Não só no Jordão, também está acontecendo em todo o Estado do Acre com os povos indígenas.

Por isso estamos cancelando a partir de agora o convênio com a FUNASA, aqui no Pólo Base do Jordão. Estamos fechando o Pólo Base até que as pessoas competentes venham resolver o problema do Pólo Base. Já pedimos muito e até agora ninguém veio. Não queremos mais meninos que brincam com a nossa saúde ou com nosso povo.

A ações de saúde pública indígena devem ser completamente revistas, nos âmbitos municipal, estadual e federal, com extrema urgência: Convênio/Funasa e Conselhos Municipais de Saúde.

Mas, nós continuamos lutando contra a impunidade, a corrupção e a falta de responsabilidade.

Daqui para frente queremos aliados verdadeiros. Quem quiser se juntar é de coração e não para aproveitar apenas a imagem e tirar partido disso.

O caminho de hoje é para melhor. O momento é importante, devemos todos trabalhar com qualidade e responsabilidade nas ações do movimento social. Vamos botar as palavras na prática.

Esse é o tempo da geração da política brasileira: quem está se organizado vai lutar até o fim para sobreviver. Para não se criarem mal entendidos no futuro, estamos afinando a música para seguir para frente e não para trás, como caranguejo. Vamos todos no rumo do poente do sol para conquistar o nosso direito.

O direito de mudar para melhor e não de esperar que mintam para nós. Queremos viver apenas com igualdade, dignidade e liberdade. São direitos humanos universais e básicos. Queremos também garantir o nosso maior tesouro: nossa cultura da floresta, nossos desenhos, nossas terras, nossa natureza. Essa é a verdade da gente. Não queremos ser clones de nós mesmos.

Só assim, daremos valor a nossa continuidade como pessoas da floresta, respeitando e sendo respeitados com liberdade e igualdade, da forma como somos".

Assinado pelas lideranças Huni Kuin.

Adauto Barbosa Huni Kuin.
Sabino Huni Kuin
Nilo Pereira Huni Kuin
Ibã Huni Kuin
João Sales Huni Kuin
Sálvio Alves Barbosa Huni Kuin
Iran Pinheiro Huni Kuin
Pedro Barbosa Huni Kuin
Vigulino Pinheiro Huni Kuin
Elias Paulino Huni Kuin
José Osair Siã Huni Kuin
Fabiano Maia Huni Kuin
Ozélia Sales Huni Kuin

O SUJO E O MAL LAVADO


Colunista político do jornal Página 20 critica o erro do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Acre, que usou "paralizar" no título de uma nota assinada pela entidade.

- E como consultar o dicionário dá câimbra (sic) nos dedos, por que não escrever "grevar"? - indaga a nota "Mau exemplo", que abre a coluna Poronga.

O redator tentou escrever cãibra. Está na hora de "paralizar" como redator ou "grevar" como professor?

terça-feira, 22 de maio de 2007

EXPOSIÇÃO


O artista plástico Fernando França volta ao Acre a convite do governo do Estado, por meio da Fundação Elias Mansour, após sete anos de ausência. Em 2000, o artista nos brindou com a exposição - “20 anos depois”.

Na quinta-feira, às 19 horas, na Galeria de Arte Juvenal Antunes (Calçadão da Gameleira), Fernando França lança “O Diálogo entre Literatura e Artes Plásticas em ‘Arte em Exposição’, de Carlos Drummond de Andrade”.

Colaborador semanal deste blog, Fernando França é desenhista e pintor, mestre em literatura brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele vive atualmente em Fortaleza (CE).


O lançamento acontece com o vernissage da exposição do artista, que reúne 28 telas, principalmente da série "Figuração" (2004) e "Os Meninos" (2005) - exposição inaugurada na Universidade de Fortaleza e que esteve na França em 2006.

FERNANDO FRANÇA


Sânzio de Azevedo

Artista plástico de reconhecidos méritos, com várias exposições de pintura não somente no Ceará mas em outros Estados do Brasil e até no exterior, tendo se demorado algum tempo na Europa, Fernando França é mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará.

Assim, aliando a vocação e a experiência da pintura aos conhecimentos aperfeiçoados em um Mestrado em Letras, ninguém melhor do que ele para discorrer sobre o livro Arte em Exposição, de Carlos Drummond de Andrade, obra de publicação póstuma em que o poeta versifica suas impressões a respeito de quadros ou esculturas de artistas como Tiziano, Michelangelo, Fra Angélico, Modigliani, Rubens, Leonardo da Vinci, Chagal, Velázquez, Matisse, Manet, Munch, Bernini, Portinari e outros.

Discorre o ensaísta a respeito de cada obra e cada poema a ela dedicado, fazendo comentários esclarecedores da maior importância, tanto sobre a interpretação poemática feita pelo autor de A Rosa do Povo quanto sobre aspectos das obras de arte.

Para exemplificar, tomemos A Anunciação, de Fra Angélico, no qual o poeta brasileiro diz: “O anjo desprende-se da arquitetura / para dar a notícia / precisamente conforme a traça / de sublime arquiteto”. O primeiro verso talvez não diga muito a um leitor que seja leigo em arte, mas Fernando França detecta nele um dado de suma importância e que revela, segundo o ensaísta, o “profundo conhecimento artístico” de
Drummond que, “com extrema sutileza, toca, de modo implícito, em um dos elementos estruturais da revolução artística que veio a ser conhecida por Renascimento: a perspectiva”.

À argúcia crítica do ensaísta alia-se o embasamento em rica bibliografia, onde se encontram nomes como os de Giulio carlo argan, Arnold Hauser, Paul Klee, Alberto manguel, Erwin Panofsky, Mario Praz, Herbert Read, René wellek e Austin Warren, sem esquecer Aristóteles, Horácio e Longino.

Enriquece o livro a reprodução dos quadros comentados, além de variantes, o que vem completar essa pesquisa. Com a publicação dessa obra, que mereceu o Prêmio Osmundo Pontes de ensaio em 2006, Fernando França nos presenteia com um trabalho da maior importância, seja para os estudiosos da literatura, seja para os amantes das artes plásticas.

AVIS RARA

O homem que catalogou mais de 2 mil pássaros brasileiros e foi pioneiro na gravação dos piados deixa seu canto: plante árvores frutíferas que atraiam mais aves para viver perto da gente

Eduardo Petta

Quando menino, ele passava os fins de semana pesquisando a vida dos pássaros do interior de São Paulo. “Sonhava com a Amazônia, o Pantanal, as aves que lá habitavam.” Nas poucas festas da turma a que comparecia dava vexames, levando cobrinhas-d’água no bolso ou soltando sapos no meio do salão. Seu olhar era para o alto, para as árvores e para os céus. Onde viviam os pássaros. “Queria ser um deles.”

O menino que queria ter asas hoje é um senhor paulistano de 76 anos, 1,90 metro, com cara de general, jeito de empresário e sotaque dinamarquês, que me recebe em seu estúdio no bairro do Morumbi. Já havia lido um livro seu para identificar e ganhar intimidade com as aves que vivem rondando minha casa. Maravilhado, quis saber qual era a espécie de homem que havia catalogado pela primeira vez 2 mil pássaros brasileiros.

Antes de sentar, Johan Dalgas Frisch me convida à varanda, aponta para as aves que se alimentam em seu quintal e comenta. “Quando nasci, em 1930, havia 200 espécies em São Paulo. Em 1960, a cidade virou uma selva de pedra e o número caiu para seis. Fiquei alarmado. Chamei alguns jornalistas e iniciamos uma campanha nas rádios e jornais para que os paulistanos plantassem árvores frutíferas e atraíssem os pássaros de volta. Hoje existem cerca de 100 espécies na cidade. É o lugar que conheço que mais tem sabiá”, diz.

O início dessa relação de amor com os pássaros começou de forma esquisita. Quando tinha 10 anos, Dalgas matou uma ave a estilingada e levou para seu pai Svend ver. “Meu pai era um grande desenhista, amigo de Pablo Picasso, que freqüentou a faculdade de belas-artes em Paris. Ele me disse: ‘Vamos imortalizá-lo. Nunca mate um igual’. E assim começou nossa história: eu capturava os pássaros, meu pai desenhava e me ajudava a catalogar. Aos poucos fui aprendendo a catalogar sozinho.” Era praxe entre ornitólogos e biólogos matar um exemplar para catalogar as espécies. Mas não demorou muito para Dalgas aposentar o estilingue e começar a curtir os pássaros de forma mais suave: gravando seus cantos. Quando chegou à idade de ir para a faculdade, quis ser ornitólogo. “Mas naquela época era preciso estudar fora e pagar caro.” Dalgas foi estudar engenharia no Mackenzie e virou “passarinheiro” nas horas vagas.

Sucesso nas paradas


Passarinheiro é o jargão popular do meio para falar sobre os observadores e apaixonados por pássaros que não têm formação de ornitólogo. “Acordava de madrugada para gravar na represa Guarapiranga e sonhava em fazer o primeiro disco com o canto dos pássaros brasileiros”, diz Dalgas. Sonho ameaçado em 1962, quando um famoso ornitólogo norte-americano chegou ao Brasil disposto a fazer o trabalho.

Usando seu conhecimento de engenharia, Dalgas bolou uma engenhoca parecida com uma parabólica acoplada a um gravador, inventou uma desculpa no emprego e se mandou Brasil afora. Na volta, ficou sabendo que a pomposa expedição estrangeira havia sido um fracasso. Já sua parabólica foi camarada: 90% de fidelidade nos sons gravados.

Com a coletânea debaixo do braço, Dalgas demorou para achar uma gravadora interessada. Quando encontrou uma, ainda teve que pagar do bolso os primeiros 500 LPs. Pagou e comemorou. Ele era o pioneiro. Mas o disco não vingava. O que fazer?

O passarinheiro então recorreu a uma amiga jornalista que iria cobrir o encontro do presidente João Goulart com o presidente norte-americano John Kennedy. Pediu que ela tentasse entregar o disco de presente ao ianque. Aproveitando-se do atraso de Jango, a jornalista fez o serviço. Quando o presidente brasileiro chegou, o aperto de mãos fotografado por toda a mídia foi para as bancas no dia seguinte com a manchete: “Kennedy agradece a Jango o disco de aves brasileiras que recebeu”.

O disco decolou. Aclamado pela BBC de Londres, passou 18 semanas em primeiro na lista dos mais vendidos. Entre tantas cartas de congratulações, até o papa João XXIII mandou sua bênção. E ela seria essencial na empreitada seguinte: gravar o inédito canto do uirapuru.

“Conhece o uirapuru?”, pergunta.

Dalgas levanta, vai até o computador “último tipo” sem fios e mostra a foto da ave no blog da minissérie global Amazônia, de Glória Perez. “Seu canto foi ao ar ontem”, diz. “De todos os que ouvi, foi o mais belo e o mais difícil de gravar.” Também, pudera, o pássaro só canta 15 dias por ano, durante a confecção de seu ninho, de cinco a dez minutos por dia, pela manhã.

Para consegui-lo, Dalgas rodou a Amazônia. Trilhou a inacabada Belém-Brasília, foi à ilha de Marajó, percorreu a serra do Navio, no Amapá, subiu o rio Negro até a divisa com a Venezuela. “E nada do danado”, diz. Finalmente, uma informação de paradeiro no seringal Bagaço, no Acre. Dalgas voou para Rio Branco, entrou decidido na selva na companhia de um índio e dormiu debaixo de um temporal. Na manhã seguinte, ao raiar do dia, o índio lhe disse: o pássaro cantou. “Fiquei procurando-o desesperadamente, quando uma avezinha menor que um tico-tico pousou em minha antena. Tentei afastá-la com a mão, mas o índio me disse: ‘É o uirapuru’. Aí, foi só apertar o botão.”

Símbolo de sorte e amor, reza a crença que quando o uirapuru canta as outras aves silenciam. Quem ouvir seu canto e fizer um pedido terá seu desejo realizado. Dalgas fez dois. O primeiro, rapidamente atendido, foi o nascimento do filho Christian – que hoje faz as fotos de seus livros. O segundo era mais complicado. Um desejo que brotara durante a viagem pela Amazônia: “Preservar para sempre as montanhas do Tumucumaque (região na fronteira do Amapá com as Guianas), o lugar que mais me impressionou pela biodiversidade e beleza das paisagens”, diz.

Mas Dalgas não é do tipo que sonha e espera cair do céu. Bateu na porta do poderoso jornalista Assis Chateaubriand e ganhou sua simpatia. Chatô mexeu os pauzinhos, contatou o americano Nelson Rockfeller e, juntos, foram à Inglaterra, onde convenceram o príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth, e o príncipe Bernard, da Holanda. De volta ao Brasil, nova romaria. Rogério Marinho, Amador Aguiar, Moreira Salles, Omar Fontana... A lista de apoio ficou tão forte que, ao recebê-la, o então presidente Costa e Silva, não teve dúvidas: assinou a papelada. Era julho de 1968, e o Parque Nacional Indígena do Tumucumaque estava decretado. Sonho que ficou completo em 2002, quando a área virou Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. O uirapuru dera sorte.

O último vôo


O senhor dos pássaros hoje dirige uma empresa especializada em despoluir água e ar. “Só a tecnologia pode salvar a natureza. Mas tem que ter luta”, diz. Esse sangue guerreiro ele credita aos ancestrais vikings. “Meu bisavô foi herói na Dinamarca. Reflorestou uma imensa área devastada que hoje é a floresta da Jutlândia.” Ao longo da vida, Dalgas venceu outras batalhas, como decretar o sabiá-laranjeira ave símbolo do Brasil, uma justa homenagem à ave que inspirou Gonçalves Dias, Tom Jobim, Chico Buarque. “Fiz tudo para mostrar ao mundo que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.” Patriotismo que o fez deixar de ganhar muitos dólares ao recusar uma oferta de Walt Disney por suas gravações. “Ele não queria dar os créditos para as aves brasileiras”, recorda.

Depois de catalogar 2 mil pássaros e gravar quase mil, Dalgas diz que tudo que aprendeu na vida se resume num único canto: “Plantem árvores que atraiam os pássaros, que lhes dêem abrigo e alimento. Temos que trazer os pássaros para viver perto da gente. O trinar das aves tem o dom de elevar a alma e abrir as mentes para o amor”.

Se fosse um pássaro, queria ser o falcão-peregrino, “a ave de vôo mais perfeito”, que migra todos os anos do Alasca até a Terra do Fogo. “Mas é muita pretensão minha, né?”, diz. Antes que eu responda, Dalgas levanta, sacode o relógio e encerra a entrevista. Desce pelas escadas voando, entra no carro e desaparece. Breve como um passarinho.

Eduardo Petta é da revista Vida Simples, da editora Abril.

SILAS VAI RODAR


É torcer para que o cabeça-de-bagre Silas Rondeau (ministro de Minas e Energia), defensor a qualquer custo da exploração de petróleo e gás no Acre e das usinas do Rio Madeira, desista do cargo por causa do envolvimento com a quadrilha da Gautama.

Segundo a Folha, o relatório da Polícia Federal relata não só o pagamento de R$ 100 mil de propina como descreve que o dinheiro seria uma contrapartida por um superfaturamento de R$ 2 milhões numa obra do programa Luz para Todos, no Piauí.

Silas seria suspeito de ter orientado a Gautama a fraudar medições técnicas de obras que fizera com o objetivo de receber R$ 7 milhões pelas obras em vez de R$ 5 milhões. O relatório da PF diz que a funcionária da Gautama Fátima Palmeira "efetuou a entrega do dinheiro a Ivo [Almeida Costa, assessor do ministro] e a Silas [Rondeau]" no gabinete do ministro, no dia 13 de março deste ano.

AMAZÔNIA AMEAÇADA


"A atividade de prospecção de petróleo e gás na região do Alto Juruá, no Acre — que concentra uma das maiores biodiversidades da Amazônia brasileira —, relacionada entre os grandes projetos de “desenvolvimento” e “integração regional” no âmbito da Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional da América do Sul (IIRSA) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de enormes impactos socioambientais denota total desconsideração pelas agendas dos povos indígenas e das populações tradicionais.

Nessa região estão situadas 29 terras indígenas e boa parte das áreas de conservação do Acre, como reservas extrativistas, florestas estaduais e o Parque Nacional da Serra do Divisor. Os impactos socioambientais dessa e outras obras, com destaque para o complexo hidrelétrico do Rio Madeira — as usinas de Santo Antônio e Jirau —, e a conclusão da rodovia Transoceânica, que pretende ligar a região amazônica aos portos do Oceano Pacífico, precisam ser mensurados e seus resultados publicizados.

O comprometimento do bioma e das populações tradicionais, que sequer foram consideradas ou consultadas na elaboração dos projetos, reforça a prevalência do econômico sobre o humano, em prol do qual essas ações deveriam estar sendo desenvolvidas.

Nesta publicação, o Inesc coloca uma série de questionamentos ao governo sobre os riscos que essas obras podem representar para a região amazônica e os povos que historicamente ocupam a região".

O editorial é da vigésima edição do Boletim Orçamento e Política Socioambiental, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), que faz uma série de questionamentos ao governo federal sobre a intenção de promover a atividade de prospecção de petróleo e gás na região do Alto Jurúá, no Acre - onde está concentrada uma das maiores biodiversidades da Amazônia brasileira. Leia mais.