sexta-feira, 29 de julho de 2016

Estamos no limite, alerta Depasa sobre abastecimento de água na capital do Acre

Estas são imagens da torre de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA I) de Rio Branco. O Rio Acre amanheceu esta sexta-feira (29) com apenas 1,49m de profundidade.

É a menor cota já registrada pela Defesa Civil Estadual desde o início da série histórica em 1970. Até então, a menor cota era de 1,50m, registrada em 11 setembro de 2011.

— Alerta total. Nosso esforço cotidiano é manter o abastecimento. Hoje estaremos instalando mais um flutuante com bomba para fazer frente a perda de vazão. Estamos no limite - afirma Edvaldo Magalhães, diretor presidente do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento do Acre.


Nível do Rio Acre mede 1,49m de profundidade e bate recorde histórico


Rio Acre amanheceu nesta sexta-feira (29), em Rio Branco, com apenas 1,49m de profundidade. É a menor cota já registrada pela Defesa Civil Estadual desde o início da série histórica em 1970. Até então, a menor cota era de 1,50m, registrada em 11 setembro de 2011. A culpa não é do acaso ou da natureza. E o governo federal ainda não reconheceu até agora o Estado de Emergência editado no Acre desde o início de julho.

Leia mais:

Após cheia histórica, Rio Acre pode sofrer maior seca e comprometer abastecimento

Governo pode declarar situação de calamidade por causa da seca do Rio Acre 

Obra de contenção no Rio Acre tenta evitar desabastecimento de água em Rio Branco

Veja o nível do Rio Acre na capital acreana em 29 julho dos últimos 13 anos:

2016 (1,49m)

2015: 2,91m

2014: 2,67m

2013: 2,17m

2012: 2,31m

2011: 1,91m

2010: 2,40m

2009: 3,15m

2008: 2,20m

2007: 2,42m

2006: 2,26m

2005: 2,08m

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Acre institui como gentílico oficial do Estado o termo acreano

Edição do Diário Oficial do Estado do Acre desta quinta-feira (28) traz a Lei 3.148 que autoriza o uso do gentílico acreano e acreana nos documentos públicos estaduais. É o reconhecimento da Assembleia Legislativa e do governo do Acre à história de nossos antepassados, aos nossos costumes e autoestima. 

— Nos livramos de invasores ignorantes e inconvenientes da nossa maneira de falar - comentou o governador Tião Viana. 


segunda-feira, 25 de julho de 2016

domingo, 24 de julho de 2016

Kenana ikinai: a luta de resistência yawanawa para resolução de conflitos

De acordo com o líder indígena Tashka Peshaho Yawanawa, trata-se de um espaço aberto por sua etnia no meio do círculo de mariri para resolução de conflitos, tendo a comunidade como testemunha - conflitos secundários que se acumulam durante o ano.

Durante a roda de mariri os yawnawa aproveitam para passar a limpo os sentimentos negativos acumulados. Por exemplo: quando dois jovens estão apaixonados pela mesma amada.



Os cantos de mariri incentivam os participantes a entrarem no círculo. Na medida em que o círculo vai se formando, é preciso ter coragem e disciplina para entrar nele.

E Tashka acrescenta:

 — É uma demonstração da resistência humana, na qual a dor não tem efeito quando o coração é forte e valente. A cada batida, pulsa o coração, levanta a moral e a autoestima do participante. Não existe ganhador e nem perdedor. Depois que terminar, todos estarão reafirmados ainda mais em sua amizade e irmandade.

Este não é o Acre da pata do boi.

sábado, 23 de julho de 2016

Obra de contenção no Rio Acre tenta evitar desabastecimento de água em Rio Branco


O Rio Acre amanheceu neste sábado (23), em Rio Branco, com apenas 1,59m de profundidade, de acordo com medição da Defesa Civil. As previsões meteorológicas indicam a vazante poderá superar a marca histórica de 1,51m, registrada durante o verão amazônico em 11 de setembro de 2011.

O Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) começou a fazer contenção no entorno da Estação de Tratamento de Água (ETA-1), a mais antiga, com sacos de areia.

- Estamos aprofundando o canal do Rio Acre para tentar reter mais volume de água. Atingimos a fase de alerta total - disse o diretor presidente Edvaldo Magalhães.

O Depasa quer evitar redução do volume da captação, que atualmente é de 580 litros por segundo na ETA1.

- Por causa de sua eficiência, nós estamos empenhados em ampliar o máximo de tempo possível com captação de água na torre.


Na ETA-2, que é a maior, atualmente estão sendo captados apenas 830 litros por segundo.

A capacidade é de 1000 por segundo, mas a redução deriva do uso de bombas flutuantes que tiveram que ser improvisadas por causa da baixa do leito do rio.

O governador Tião Viana cogita assinar decreto declarando situação de calamidade na região ante a possibilidade de incêndios e implicações da seca sobre a produção rural do Estado.

Por causa da intenta estiagem, no começo do mês o governador decretou situação de emergência nos municípios de Rio Branco, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Porto Acre, Bujari, Plácido de Castro (Vila Campinas) e Acrelândia.

De acordo com as previsões meteorológicas, a situação de escassez de chuvas vai perdurar nos próximos 90 dias. Existe risco de colapso no sistema de abastecimento de água nos municípios das regionais do Alto e Baixo Acre.

Nível do Rio Acre em Rio Branco em 21 de julho nos últimos 12 anos

2016: 1,59m

2015: 3,17m

2014: 2,92m

2013: 2,43m

2012: 2,40m

2011: 2,02m

2010: 2,58m

2009: 3,36m

2008: 2,19m

2007: 2,94m

2006: 2,31m

2005: 2,13m


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Germano do Carmo Brandão, ciclista de 83 anos

Germano do Carmo Brandão, 83 anos, é um dos moradores mais antigos do bairro Irineu Serra, a 10 quilômetros do centro de Rio Branco. Ciclista há 40 anos, não se locomove de carro nem de ônibus. Vai e volta do centro da cidade em sua bicicleta. Conheço seu Germano há mais de 32 anos e o admiro pela simplicidade, sabedoria e saúde. Ele e sua irmã Veriana se juntaram ao mestre Irineu quando ainda eram crianças. Tomam daime desde então. Alguém conhece ciclista mais longevo nesta cidade?




quinta-feira, 21 de julho de 2016

Pôr do sol no Alto Santo, em Rio Branco (AC)



Governo pode declarar situação de calamidade por causa da seca do Rio Acre

Rio Acre em Assis Brasil (AC), na fronteira com Peru e Bolívia - Foto: Alexandre Lima
Nível do Rio Acre, em Rio Branco, às 6h desta quinta-feira era de 1,65m, de acordo com medição da Defesa Civil. As autoridades do governo do Acre e de prefeituras lidam com o prognóstico de que a seca poderá superar a marca histórica de 1,51m, registrada  no verão amazônico em 11 de setembro de 2011.

Por causa da intenta estiagem, há 15 dias o governador Tião Viana decretou situação de emergência nos municípios de Rio Branco, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Porto Acre, Bujari, Plácido de Castro (Vila Campinas) e Acrelândia.

De acordo com as previsões meteorológicas, a situação de escassez de chuvas vai perdurar nos próximos 90 dias. Existe risco de colapso no sistema de abastecimento de água nos municípios das regionais do Alto e Baixo Acre

O diretor presidente do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento, Edvaldo Magalhães, disse que o abastecimento de água de Rio Branco já foi reduzido em 20% por causa da estiagem que dificulta a captação no Rio Acre, que é a única fonte da capital acreana.

O decreto do governador que declara situação de emergência ainda não foi reconhecido pela Defesa Civil Nacional. Em estágio de análise, pode ser reconhecido a qualquer momento.

O decreto tem relação com a seca do Rio Acre e os problemas decorrentes para o abastecimento das cidades ao longo de sua calha.

O governador Tião Viana já cogita assinar decreto declarando situação de calamidade na região ante a possibilidade de incêndios e implicações da seca sobre a produção rural do Estado.

— Temos uma sala de situação funcionando em tempo integral. Aguardamos ansiosos o governo federal reconhecer a situação de emergência. A baixa do rio passou de um centímetro ao dia para quatro centímetros ao dia. Com nível baixo como esse, nunca registrado antes no mesmo período, o aumento dos pontos de calor pela seca e a ameaça real ao abastecimento, estamos, sim, com a Defesa Civil, avaliando sobre a adoção de medidas mais amplas. O pico da seca será por volta do dia 11 de setembro - disse Viana.

Nível do Rio Acre em Rio Branco em 21 de julho nos últimos 12 anos

2016: 1,65m
2015: 3,12m
2014: 2,94m
2013: 2,49m
2012: 2,47m
2011: 2,10m
2010: 2,65m
2009: 3,45m
2008: 2,18m
2007: 2,68m
2006: 2,30m
2005: 2,18m

segunda-feira, 18 de julho de 2016

domingo, 17 de julho de 2016

Receita do bolo de macaxeira do Acre

Prima-irmã Maria Mafalda aprendeu com minha mãe a preparar o velho bolo de macaxeira, sem confeite, que alegrava aniversários quando a família morava em Cruzeiro do Sul. Não conheço quem faça mais delicioso. Eis a receita: Para as duas formas foram 5 kg de macaxeira ralada, uma lata de manteiga (500 gramas) de primeiríssima qualidade, uma dúzia de ovos caipira, seis latas de leite condensado e duas latas de creme de leite. Após ralar a macaxeira, adiciona-se uma pitada de sal, os demais ingredientes, misturando-os com uma colher grande, de pau. Em seguida, ao forno, até assar a gosto. 

 
 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Dona Linda exibe pescada branca

Peixeira do Mercado Elias Mansour, em Rio Branco, dona Linda exibe pescada branca de 5 kg, pescada no Rio Iquiri, na divisa dos estados do Acre e Rondônia

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Oi, Amazônia, muito prazer

POR MARIA FERNANDA RIBEIRO

Abdallah e o melhor biscoito de goma do Brasil.

Prometi a mim mesma que iniciaria o processo de me desconectar no momento em que pisasse na sala de embarque. E assim foi ontem no aeroporto de Congonhas. Encontrei um canto vazio e me acomodei. Tirei o Kindle da mochila e elegi um título para iniciar minha jornada. Fui de Eliane Brum e ‘Meus Desacontecimentos.’ Guardei o celular na bolsa e iniciei a leitura. Li. Li muito. Li até ouvir o meu nome ser anunciado lembrando que aquela era a última chamada para o embarque. E foi assim que quase perdi o voo que me trouxe até Cruzeiro do Sul, no Acre, porta de entrada para o início da minha jornada Amazônia adentro e a segunda maior cidade do Estado depois da capital Rio Branco.

Ao entrar no avião, já toda esbaforida, pensei que era preciso encontrar um ponto de equilíbrio para um dos principais conselhos que recebi: respeite o tempo da Amazônia, lá (agora aqui) é diferente. Eu já queria me preparar, mas decidi que o próprio tempo se encarregará disso, mas desconectar, ao menos um pouco, será obrigatório. Mesmo porque, se você reclama do seu 4G, é porque tem navegado pouco por aí.

Cheguei. Começou o que até então eram apenas planos e suposições. Cheguei, mas não sem antes chorar por três dias consecutivos. Choros compulsivos, convulsivos e impulsivos. Em alguns momentos o choro parecia riso e o riso parecia choro. O dilema de rir ou chorar. O final de semana que antecedeu o início da viagem foi uma mistura de sufoco com euforia, ambos em doses cavalares e igualitárias. Além dos últimos preparativos, uma dúvida me assombrava: Como minha vida iria se transformar a partir do momento em que eu embarcasse no primeiro avião? E quem seria a Maria que se olharia no espelho daqui um ano? E então o assombro cedia espaço para uma satisfação plena de ter a oportunidade de viver essa transformação. Saber que minha vida está resumida em uma mochila de 50 litros é de uma felicidade sem precedentes. Pois, uma coisa é certa: se dói partir, permanecer imóvel pode estraçalhar muito mais.

Teve também a mudança do Leandro para a minha casa. Ele vai ficar lá até eu voltar, zelando pelas minhas plantas e livros. Leandro levou na mudança 26 caixas de seus próprios livros e uma estante de 3m x 3m que ocupou uma parede inteira da sala e trouxe uma nova e cortante realidade: a casa aos poucos deixava de me pertencer e minha identidade vagava por ali, um pouco perdida entre os novos móveis e objetos. Minha identidade já era metade fantasma. E a outra metade se desfazia enquanto o tic-tac do relógio evidenciava que o dia se aproximava.

Tratei logo de aproveitar o momento para doar o que eu ainda nutria certo apego e jogar o que eu ainda teimava em acumular. Liberei gavetas da cozinha e do banheiro. Guardei os porta-retratos. Um com a foto da minha avó e o outro com uma imagem em que estou abraçada com o meu pai. Minha avó morreu. E meu pai também. E agora aquelas imagens permanecem em minha memória, junto com todas as outras cores e sons que a eles pertencem. Eu olhava para aquelas fotos todos os dias. E até cumprimentava os dois quando chegava da rua e dava de cara com eles. Bom dia, pai. Bom dia, vó. Mas o Leandro não conheceu o meu pai e nem mesmo a minha avó. Acho que ele não daria a eles a mesma atenção que eu. Pior, talvez até os ignorasse. Foi melhor deixá-los na companhia dos casacos de frio.

Agradeço ao Leandro. Pelo compromisso em regar as minhas plantas e por ter sido pivô, junto comigo, do meu processo de limpeza, que apesar de material, tem muito mais a ver com a alma do que com aquele saco de farinha de mandioca pela metade vencido desde janeiro que eu nem sabia que estava no fundo do armário. Chorei ao me despedir dele. Nem sei bem porquê. Assim como caí no choro ao falar com meus irmãos ao telefone, ler as mensagens carinhosas dos amigos que foram deixadas em todas as redes sociais e ao me despedir da minha mãe no aeroporto. Chorei de São Paulo a Brasília, cidade da primeira conexão, olhando o tempo todo pela janela do avião. Agora estou aqui, já de pranto encerrado, numa das cidades localizadas mais a Oeste do país, mais perto do Peru do que de São Paulo, num quarto de hotel que custa R$ 70 a diária. Setenta reais. É ou não é uma mãe esse Acre?

É piada recorrente dizer que o Acre não existe. Suponho que os acrianos não devem gostar nada disso. Já imaginaram eles duvidando da existência de algum estado do Sudeste? Que infâmia seria. É bem verdade que demora para chegar, mas cá estou. Saí de São Paulo às 18h30 e pousei em Cruzeiro do Sul às 0h30 no horário local, com conexão em Brasília e escala em Rio Branco. Aqui são duas horas a menos. Sendo assim, foram necessárias quase nove horas voando pelos céus brasileiros. Como é que dizem que o Acre não existe se aqui tem até fuso próprio? Eu nunca duvidei.

Mas agora preciso parar de escrever. Disseram que por essas bandas tem o melhor biscoito de goma do mundo – sim, do mundo – e uma farinha de macaxeira de tirar o chapéu. E um igarapé bom para tomar banho depois de suar em bicas pelas ladeiras que te fazem perder o ar antes mesmo de dar o primeiro passo. Sem contar as variedades extraordinárias de feijão que só Cruzeiro do Sul tem. Mas o Jean, o taxista, já me adiantou que por aqui o produto também anda caro e a tendência é piorar. De cinco para dezesseis reais o quilo, vejam só. Mas eu, que sou dessas viajantes obedientes e repórteres inquietas, vou sair para andar por aí e checar mesmo se é tudo verdade.

Maria Fernanda Ribeiro escreve no blog Eu na floresta, do Estadão. Veio passar uma temporada na Amazônia, chegou nesta terça-feira a Cruzeiro do Sul e deve perambular na região cerca de um mês.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Arraial do Alto Santo


Panorâmica do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal (Ciclu - Alto Santo), fundado pelo mestre Raimundo Irineu Serra (1892-1971), origem da doutrina do daime, dirigido atualmente por sua esposa e dignitária Peregrina Gomes Serra. Irineu Serra se estabeleceu nesta localidade em 1946, mas a Casa da Rainha da Floresta já existia desde a primeira década do século passado. Em quase todas as cidades, o ponto mais elevado é ocupado por alguma igreja católica. O ponto mais elevado de Rio Branco, denominado Alto Santo, inclui o centro, a casa (memorial) onde viveu Irineu Serra, a casa de dona Peregrina, o túmulo do mestre, além da casa onde viveu Leôncio Gomes da Silva, um de seus principais seguidores, presidente de honra do centro. Nos dias 5 (sexta) e 6 (sábado) de agosto, a comunidade do Ciclu - Alto Santo realiza um arraial cuja arrecadação financeira será destinada à reforma da casa de Leôncio, que passará a funcionar como memorial. E eu moro cá, neste pedacinho abençoado por Deus e bonito por natureza, no bairro Irineu Serra.

Garça na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra

Garça em açude na margem esquerda da Estrada Raimundo Irineu Serra

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Com 1,83m, Rio Acre atinge nível mais baixo registrado em julho nos últimos 12 anos


Acertada a decisão do governador Tião Viana ao decretar no 1° dia de julho situação de alerta em Rio Branco por causa da seca do Rio Acre. O nível do manancial, única fonte de abastecimento da capital acreana, atingiu 1,83m na manhã desta segunda-feira, de acordo com a Defesa Civil de Rio Branco. É o nível mais baixo registrado em julho nos últimos 12 anos. O nível mais baixo (1,50m) foi registrado em setembro de 2011. Por causa da intensidade do verão amazônico, a Defesa Civil lida com o prognóstico de que a lâmina de água seja inferior à daquele ano no mesmo período. Na cheia histórica de março do ano passado, o Rio Acre atingiu a marca de 18,40m. Mais do que nunca é hora de economizar água. Veja o nível do Rio Acre em Rio Branco nesta segunda e a série histórica de julho: 2016 (1,83m); 2015 (3,51m); 2014 (2,97m); 2013 (3,26m); 2012 (2,87m); 2011 (2,29m); 2010 (2,40m); 2009 (5,56m); 2008 (2,39m); 2007 (2,55m); 2006 (2,43m) e 2005 (2,21m).

Leia mais: Após cheia histórica, Rio Acre pode sofrer maior seca e comprometer abastecimento

Rio Branco vista da parte alta da cidade

Vista parcial de Rio Branco a partir do Alto Santo, localidade a 10 Km do centro da capital do Acre

domingo, 10 de julho de 2016

Conheça como funciona os fluxos de usuários com indicação de cirurgia no Acre

POR LUCIA CARLOS PAIVA 



Tornou-se elementar constatar que, em todas as épocas e em todos os tempos, as águas do revolto mar da política nunca foram muito limpas. Há sempre alguém ou grupo específico a turvá-las. É praça de guerra e de escaramuça em defesa, busca e manutenção no poder. É um jogo muito sujo. Maquiavel já definiu como jogo de aparências, como a mistura da força do leão com a sagacidade da raposa. Aristóteles, por sua vez, sentenciou: somos animais políticos em essência, desde sempre.

Conceituações à parte, fato é que não podemos ficar alheios ao processo político, até porque uma postura totalmente apolítica não chega sequer a ser uma opção, não passa de abstração desprovida de sentido. É preciso ficar atento neste período, todavia, muito raramente leio matérias jornalísticas impressas ou assisto jornal.

Não quero, de modo algum, insinuar que não admiro ou respeito a imprensa. Muito pelo contrário, tenho total respeito e a considero crucial, desde que utilizada de forma imparcial, pautada na verdade. Tenho uma boa relação com todos esses profissionais e estou sempre à disposição quando solicitada para qualquer informação.

Não há profissão livre de falhas, e no contexto jornalístico não é diferente, talvez até mais desafiador, e ouso dizer que mais recorrente, já que precisam lidar com a rapidez da notícia. Justamente por isso, é indispensável, antes de construir e publicar uma matéria verificar questões essenciais como: Qual a fonte? Ela é segura? Qual o objetivo e interesse social dessa notícia? Averiguei bem antes de publicar? Mensurei o quão problemático pode ser a publicação não suficientemente apurada?

Reitero, precisamos ficar atentos a tudo que é noticiado, e ainda mais neste período, onde há um aguçamento de múltiplos interesses. Assim como os homens da mídia tem o dever de vigiar quem governa, o povo todo deve vigiar quem dá as notícias. É a velha e instigante questão: quem vigia os vigilantes? Pois bem, para toda e qualquer matéria falsa ou frágil é preciso que haja mecanismos de correção com a verdade já na edição seguinte.

Se a notícia e o furo jornalístico correm contra o tempo, porque a retratação não segue a mesma velocidade? Sinto certa estranheza quando me mostram uma matéria estampada em um blog, com título em destaque dizendo: “Mulher com hemorragia intensa, cansada de aguardar na fila de cirurgia vai procurar atendimento na Bolívia”.

Novamente, qual a fonte? Alguém procurou saber o tempo exato ou sequer aproximado de espera dessa senhora na fila da Central de Agendamento de Cirurgia no Hospital das Clínicas, ou a inexatidão é oriunda de uma investigação rasa? Não seria interessante conhecer como ocorre o processo de cirurgia eletiva no Estado?

Vejam, hemorragia intensa, como assim estampado, não é caso de cirurgia eletiva e sim, procedimento cirúrgico de urgência, a ser realizado na Maternidade Bárbara Heliodora ou referenciada com prioridade para a Fundação Hospital do Acre (Fundhacre).

Ademais, nenhum ser humano consegue aguardar um tempo de cirurgia prolongado com “hemorragia intensa”. Esse termo na medicina é sinônimo de “choque hipovolêmico seguido de morte”. O atendimento deve ser imediato. Ela não conseguiria chegar na Bolívia. Se querem conhecer como funciona o sistema de regulação de cirurgia no Estado, que considero uma pauta riquíssima para a sociedade, me procure que darei todas as informações precisas. Temos fila de espera? Antecipo que sim.

Toda unidade de saúde que trabalha de forma organizada tem que ter todos os seus pacientes cadastrados com indicação de cirurgia e prioridade clínica justificada pelo médico, é um modelo organizacional necessário, visa eficiência e eficácia. Ora, a burocracia, em seu âmago, visa equidade e celeridade, embora corriqueiramente esqueçamos disso. É desta fila de espera que sai os mapas cirúrgicos com dias e horas estabelecidas no bloco cirúrgico. Atualmente temos pacientes sendo operados na Fundhacre, no Hospital Santa Juliana, Hospital Ari Rodrigues em Senador Guiomard e, alguns mutirões agendados nas Regiões de Saúde, evitando assim o deslocamento do paciente para Rio Branco.

Trabalhamos com a maior transparência e limpidez. Todo processo organizacional de regulação de cirurgias está sendo acompanhado pelo Promotor de Justiça Glaucio Ney Shiroma Oshiro, que participou de todas as discussões de fluxos e protocolos de cirurgia segura e é pleno conhecedor de toda nossa lista de espera. O nosso objetivo é único: melhorar a vida do paciente e seguir os princípios da equidade.

É preciso esclarecer que na indicação de uma cirurgia eletiva, de sua indicação até a realização da mesma, ocorre um tempo de espera para realização dos exames (risco cirúrgico), que a depender da idade do paciente ou de algumas doenças prévias existentes pode aumentar, significativamente para que ocorra de forma segura. Esse tempo decorre de variáveis que não cabem num título jornalístico.

Permita-me um questionamento: alguém sabe quantos médicos nas diversas especialidades cirúrgicas atendem no ambulatório do Hospital das Clínicas? Então, são 20 especialidades médicas, a saber: Cirurgia Geral, Cirurgia Ortopédica, Cirurgia Urológica, Cirurgia Oncológica, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Ginecológica, Cirurgia Mastologia, Cirurgia Plástica, Cirurgia Cabeça e Pescoço, Cirurgia Proctológica,, Neurocirurgia, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia vascular, Otorrino, Cirurgia Bariátrica, Transplante de Fígado, Transplante de Córnea e transplante de Rim.

É difícil entender, que com este número de profissionais, gerando em tornos de 30 indicações de cirurgias dias, 600 mês, não vai ter uma fila de espera para programação do procedimento? Claro que vai. É necessário que tenha. Mas, fiquem tranquilos. Esta fila está funcionando sob a égide de uma regulação, e até a data de 30 de julho o mapa será confeccionado pelos médicos reguladores, juntamente com os cirurgiões que realizarão o procedimento.

E a nossa oferta? Produzimos 672 cirurgias mês, entre HC Ari Rodrigues e Hospital santa juliana. Isso é muito. Mas não esqueçam que tem os traumas e a neurocirurgia, referenciadas do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, maioria decorrente dos acidentes de trânsito, majoritariamente sinistros de motocicletas, estes ocupam um número significativo de procedimentos nos blocos cirúrgicos, em torno de 35% a mais na demanda do Hospital das Clínicas. Esse paciente faz o primeiro atendimento na urgência do Pronto-socorro e, a depender do caso, vai para fila dos procedimentos eletivos do Hospital das Clínicas. Com isso, o bloco fica sobrecarregado para as cirurgias indicadas ambulatorial.

Complexo para entender? Não necessariamente, não quando se tem um modelo organizacional a seguir. Em 2014, com a implantação do Sistema de Agendamento na Fundhacre, para podermos conhecer a real fila de espera, telefonamos para todos os usuários com telefone de contato no cadastro, aqueles que atenderam, em torno de 8,5 mil pessoas, em fila de espera há mais de três ou quatro anos, tiveram seus exames preparados e zeramos esta fila.

Eu passaria horas escrevendo e desenhando os fluxos dos usuários com indicação de cirurgia, mas, para não me estender muito a uma matéria que me chamou a atenção pela lamentável superficialidade informativa, vou deixar aqui uma frase de um escritor, padre e muito especial para mim. Assim ele falava: “Um jornalista que extrapola em suas matérias, equivale a um político que desvia dinheiro. O desvio da verdade corrompe até mais do que o desvio de verbas”.

É triste admiti-lo, mas no meio jornalístico com excelentes profissionais, parece não haver fôlego suficiente para a extinção desse tipo de matéria.

A enfermeira Lucia Carlos Paiva é coordenadora estadual da Rede de Urgência

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Mensagem de uma estagiária da Biblioteca do IBGE

É tão bonito receber uma mensagem como esta, de alguém que não é jornalista, mas esbanja simplicidade, esmero e elegância com as palavras. E é bem feio notar que o governo do Acre e as prefeituras não conseguem alimentar as bases de dados de fotografias sobre a região. Eis a mensagem da estagiária:

“Olá Altino,

Sou estagiária do Centro de Disseminação de Informação do IBGE, mais especificamente do setor de acervo fotográfico. Nossa função é catalogar as fotografias enviadas pelas unidades regionais do Instituto em todo Brasil.

No último mês me foi atribuída a tarefa de revisar as fotos de Rio Branco, tarefa esta que consiste em fazer notas explicativas do que é retratado no suporte fotográfico.

Confesso que não tem sido simples achar informações sobre a cidade, pois mesmo tendo sido essencial na construção da história do país, me parece que há uma negligência por parte dos órgãos municipal e estadual na preservação da memória do Acre; salvo monumentos históricos, como o Palácio Rio Branco, por exemplo, muito pouco há documentado oficialmente  e disponível na web.

No processo de pesquisa seu blog nos foi de grande utilidade. Nele encontramos informações que não estavam em lugar nenhum e com o grau de confiabilidade informacional exigida, o que ajudou (e muito!) no processo de conhecimento da Cidade, o que implica no aprimoramento da catalogação, que por sua vez facilita a busca e recuperação da informação pelo usuário.

Agradeço de coração o trabalho que tem feito de resguardo da memória deste Estado tão rico, seja por seus habitantes ou por suas paisagens.

Para nós bibliotecários, a preservação da memória é sinônimo de perpetuação. Nosso trabalho é garantir que outras gerações possam ter acesso à informação de maneira tão íntegra quanto nos for possível, tal qual ao momento de sua criação.

E são iniciativas como a sua que sustentam, são os pilares, dessa missão.

Saudações,

Raquel Teixeira.”