sábado, 30 de maio de 2009

DERCY DERROTA O PT E O GOVERNO



Dercy Teles Cunha foi reeleita neste sábado para a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Derrotou Francisco Assiz Monteiro e toda a estrutura do PT e do governo estadual, que chegou a destacar cinco secretários para o município. Nem mesmo uma liminar deferida pela Justiça do Trabalho para que votassem os inadimplentes foi capaz de permitir a retomada do sindicato pelos petistas. Dercy, ligada ao PV, venceu com 321 votos contra 315 votos de Assiz Monteiro. Venceu até na urna dos inadimplentes.

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VENDEDOR DE BANANA COMPRIDA


É melhor vender banana ou ser infrator nas ruas?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

BIENAL DA FLORESTA DO LIVRO


Embora louvável a iniciativa da Bienal da Floresta do Livro e da Leitura, realizada pelo governo estadual, pode-se considerar um fracasso a forma como o evento foi organizado.

Livro exige sombra e água fresca.

Como no Acre os dias são de sol ou chuva, nessas condições é praticamente impossível alguém abrir um livro a céu aberto.

Lançada na manhã desta sexta-feira, na Praça da Revolução, com a presença do governador Binho Marques (PT), promotores de cultura e escritores, horas depois não havia uma alma sequer por causa da chuva fina que começou a cair. A maioria das barracas foi fechada.

As feiras de comidas típicas são bem mais atraentes, interativas e confortáveis. Ao tratar o livro como bribote, o evento dificilmente seduzirá o leitorado.

Essa é a minha versão talvez mais realista. A versão oficial pode ser conferida no site da Agência de Notícias do Acre.

TRANSPARÊNCIA FLORESTAL DO IMAZON

Desmatamento consumiu 178 km² da Amazônia nos últimos dois meses da estação de chuvas


O desmatamento detectado na Amazônia Legal, em março e abril deste ano, foi de 57 km² e 121 km², respectivamente, o que significou uma redução de 50% em relação a março e de 22% em relação a abril do ano passado. O desmatamento acumulado de agosto de 2008 a abril de 2009 totalizou 927 km². Em relação ao desmatamento ocorrido no mesmo período do ano anterior (3.849 km²) houve uma redução de 76%.

Os dados, da organização não-governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), são gerados a partir do Sistema de Alerta ao Desmatamento (SAD) para o boletim Transparência Florestal, assinado pelos pesquisadores Carlos Souza Jr., Adalberto Veríssimo e Sanae Hayashi.

Em março de 2009, o desmatamento foi maior em Mato Grosso (39%) e Roraima (34%), seguido de Rondônia (13%), Acre (7%), Amazonas (6%) e Pará (1%). Em abril, 45% do desmatamento ocorreu em Mato Grosso, seguido do Pará com 32% e Roraima com 14% e o 9% restantes no Amazonas, Rondônia e Acre.

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

TORRE EIFFEL DE NEW YORK


A invenção é do colunista social Gigi Hanan, também conhecido como Kara de Kombi. O bichinho sempre se supera.

CASSOL RECORRE EM SILÊNCIO


O governador de Rondônia Ivo Cassol (sem partido) decidiu silenciar a respeito da decisão do juiz substituto Flávio da Silva Andrade, da 2ª Vara Federal de Rondônia, que determinou nesta quarta-feira o afastamento cautelar dele do cargo, por 90 dias.

Segundo a assessoria do governador, Cassol pretende se pronunciar após o resultado de um recurso que será impetrado em Brasília contra a decisão da Justiça Federal em Rondônia. A defesa está ingressando nesta quinta-feira com Agravo de Instrumento, enquanto Cassol despacha na residência oficial.

O governador é alvo de uma ação civil na qual é acusado de crime de improbidade administrativa pelo Ministério Público Federal. A ação decorre da compra de votos apurada nas eleições gerais de 2006, que teria beneficiado, entre outros, o governador reeleito e o senador Expedito Júnior (PR-RO).

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POBREZA POLÍTICA

"Caro Altino,

Vendo os jornais de hoje dá vontade de rir, ou de chorar. Todo mundo quer ser o pai da criança em relação à retomada do vôo diurno da TAM para o Acre. Estão no páreo os deputados Perpétua Almeida (PC do B) e Gladson Cameli (PP), além do senador Tião Viana (PT).

Realmente a nossa política e os nossos políticos estão muito pobres. Tanta coisa importante para discutir e dar encaminhamento, ficam tentando se projetar em cima de migalhas.

Meu Deus, até quando vamos suportar essa mediocridade?


Bom trabalho

Lindomar Padilha

Caro Lindomar, coodenador do Conselho Indigenista Missionário no Acre: a nota mais hilária que li a respeito está no jornal A Tribuna, intitulada "Questão resolvida". É feita na ânsia de, digamos, agradar. Mas expões o senador, que não necessita desse tipo de mimo. Eis a nota:

"Foi preciso a intervenção do senador Tião Viana (PT) para o restabelecimento do voo diurno da TAM, do Acre para São Paulo via Brasília. A direção da empresa lhe comunicou ontem que, como já tinha pedido o cancelamento à Anac, refez o pedido e, daqui no máximo 20 dias, voltará operar normalmente durante o dia, atendendo dessa maneira à sua reivindicação. Espera-se que não surjam outros pais dessa criança no meio político, porque o filho já foi batizado e crismado."

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ELEIÇÃO NO SINDICATO DE XAPURI

Mensagem de Francisco Assiz Monteiro, candidato a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri:

"Caro Altino,

Sobre a disputa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e sabendo de sua disposição de garantir o debate democrático, gostaria de pontuar algumas questões.

A atual presidente do STRX, Dercy Teles, tenta desqualificar todas as pessoas que não estão do seu lado. O que dizer dos comentários que dão conta que ela formou um grupo com inúmeros apoiadores que não tem absolutamente nada de honesto e o que é pior, nada com a história do sindicato? O que sabemos é que são pessoas que estão pensando as eleições do Sindicato como a antesala das eleições do ano que vem.

O fato é que a disputa democrática de um Sindicato Rural como o de Xapuri não pode ter na pessoa de sua presidente a única que pode falar pela entidade. Dercy quer tratar o Sindicato como sendo somente dela. Não é. Construímos esta história com muitas mãos e, queira ela ou não, exigiremos que a disputa seja dentro do que a lei determina como forma de coibir seu ímpeto autoritário.

Com relação a eu ser cargo comissionado do Governo, para mim não é nenhum demérito, uma vez que considero uma honra participar do governo do companheiro Binho Marques, que em muito ajudou na construção desta história do nosso Sindicato. Quando formos eleitos, sairei do governo para poder participar na proposição de políticas públicas através de nosso Sindicato.

É uma pena que a atual presidente do STRX me trate apenas como comissionado do Governo do Estado. Para refrescar sua memória, ela deveria lembrar que participei dos primeiros Empates junto com muitos outros companheiros, fui Professor do Projeto Seringueiro, Agente de Saúde nas Comunidades Rurais, Presidente da CAEX, Presidente do STRX, Vice-Presidente da Associação dos Moradores do Seringal Equador, Secretário Municipal de Saúde de Xapuri, Coordenador do Programa Adjunto da Solidariedade em Xapuri e muitas outras atividades relacionadas busca de melhoria de vida para nossos associados.

Sem contar que Dercy sai acusando todo mundo de desonesto. Pois que prove o que afirma. Se algum dos nossos companheiros tiver alguma ação transitada e julgada que lhes impeça de participar do pleito, que a atual diretoria demande na justiça a impossibilidade de suas participações. O que nossa chapa quer é concorrer e, se os trabalhadores acharem que somos o que devem representá-los não será a atual diretoria que nos impedirá.

Altino, o problema é que a atual gestão não apresentou nenhuma proposta nova. Por isso, passo para seus leitores um pouco do que estamos pensando para nosso sindicato. Entendemos que são vários os desafios, porém o maior e mais urgente é o de puder compatibilizar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental, principalmente nas unidades de conservação entendidas como: reservas-extrativistas e os projetos de assentamentos agroextrativistas. Bem como ampliar a luta por educação, saúde, ramais, escoamento da produção, energia, créditos, organização comunitária e outros. As nossas principais bandeiras de luta são:

1. Discutir com os trabalhadores e os governos a implementação dos projetos de manejo florestal comunitário de uso múltiplo (madeireiro e não madeireiro) e alternativas de geração de trabalho e renda.

2. Fazer parcerias com instituições de pesquisas para o uso racional de produtos florestais de forma sustentável.

3. Lutar pela desapropriação, demarcação e legalização fundiária para os trabalhadores de áreas ocupadas que ainda estão irregulares;

4. Promover a capacitação dos trabalhadores para enfrentar as novas tecnologias e os novos desafios do mercado de trabalho.

5. Apoiar o planejamento do desenvolvimento econômico da unidade de produção, de forma a garantir renda para a geração presente e futura, no espaço do produtor (colocação, colônia e outros)

6. Lutar pelo avanço na qualidade da educação rural e ampliar para os locais onde ainda não existe.

7. Lutar por um serviço de saúde preventivo adequado para as populações rurais com ampliação onde não existe.

8. Lutar pela abertura e conservação dos ramais para todas as comunidades.

9. Lutar para que o Programa Luz no campo atenda a todos os produtores da região.

10. Apoiar os trabalhadores para que possam ter acesso a crédito e financiamento com assistência técnica

11. Lutar pela organização das comunidades criando novas delegacias Sindicais ou organização similar.

12. Melhorar a comunicação na zona rural.

13. Sensibilizar os sócios para a participação ativa nas ações do Sindicato e a importância da contribuição Sindical.

Abraços,

Assiz Monteiro"

AFASTAMENTO CAUTELAR DE IVO CASSOL


A pedido do Ministério Público Federal, o juiz federal substituto Flávio da Silva Andrade, da 2ª Vara Federal de Rondônia, determinou nesta quarta-feira o afastamento cautelar, por 90 dias, do governador Ivo Cassol (sem partido) e dos delegados de Polícia Civil Renato Eduardo de Souza, Hélio Teixeira Lopes Filho, Gilwelkison Pedrish de Castro e Nilton Vieira Cavalcante. Ele também determinou que fosse dado ciência ao presidente da Assembléia Legislativa, Neodi Carlos, e deu prazo de 48 horas para que o vice-governador João Aparecido Cahula assuma o governo do Estado.

Cassol está sendo alvo de uma ação civil na qual é acusado de crime de improbidade administrativa pelo Ministério Público Federal (MPF) no Estado. A ação decorre da compra de votos apurada nas eleições gerais de 2006, que teria beneficiado, entre outros, o governador reeleito e o senador Expedito Júnior (PR-RO).

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CU DE MOÇA



UM ANO DEPOIS O RISCO PERMANECE



Um ano após a publicação exclusiva em Terra Magazine das fotos dos índios isolados da fronteira do Acre com o Peru, um novo relatório da Survival International revela as cinco tribos isoladas em maior risco de extinção hoje: os índios do Rio Pardo, no Mato Grosso, os Awá, no Maranhão, os índios que vivem entre os rios Napo e Tigre, no Peru, no rio Envira, também no Peru, além dos Ayoreo-Totobiegosode, no Paraguai.

- Esses grupos estão vivendo a invasão de suas terras por madeireiros, fazendeiros, colonos, grileiros e petrolíferas e todos eles enfrentam grande risco de serem dizimados por doenças as quais eles não tem imunidade - adverte a Survival International, organização sediada em Londres.

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terça-feira, 26 de maio de 2009

DISPUTA NO SINDICATO DE XAPURI

Mensagem de Dercy Teles Cunha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri:

"Caro Altino Machado,

Escrevo para deixar informado aos seus leitores a respeito do processo eleitoral no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, que acontecerá no sábado.

A chapa adversária é encabeçada por Francisco de Assis Monteiro de Oliveira, funcionário do terceiro escalão do governo do Acre

Ele, que representa a Secretaria de Floresta aqui no município, está acompanhado de Luiz da Silva Pereira, ex presidente da Cooperativa Agroextrativista, sendo um dos responsáveis pela inadimplência da mesma em R$ 1 milhão junto ao governo federal.

Também faz parte da chapa adversária o ex-verador petista Raimundo Mendes de Barros e Osmar Facundo, um marreteiro arrojado, que neste ano já explorou bastante os trabalhadores comprando castanha abaixo do preço.

Também está na chapa adversária Júlio Barbosa de Aquino, ex prefeito de Xapuri, que foi condenado pelo Tribunal de Contas do Acre a devolver dinheiro desviado do erário.

Portanto, trata-se do grupo que, após a morte de Chico Mendes, comandou todas as entidades por 17 anos e nada fez em beneficio dos trabalhadores.

Fizeram, sim: encaminharam um documento ao Ministério Público Federal solicitando a operação Resex Legal, que criminalizou um grande número de agricultores e seringueiros, que foram multados e estão respondendo judicialmente por crimes ambientais.


Esse é o grupo que, derrotado nas urnas na eleição do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, em 2006, quer retomar o controle da organização a qualquer custo, sem respeitar os procedimentos legais do processo eleitoral.

Eles estão transgredindo o artigo 10º do Estatuto Social do Sindicato sobre os deveres dos associados(as):

1) Cumprir e fazer cumprir o presente estatuto;

2) Participar de assembléias gerais e eleições do sindicato;

3) Cumprir e fazer cumprir as decisões da diretoria das assembléias geral e das instâncias deliberativas das entidades do MSTTR;

4) Manter-se em dia com as suas contribuições financeiras devida ao sindicato, bem como o artigo que trata das penalidades para o associado que desrespeitar assas normas, que é ter seus direitos sindicais suspensos voltando a redquiri-los no momento que quitar o que deve.

Diante dessas normas, o que é que esse grupo está fazendo?

Tem divulgado na emissora de rádio e nos quatro cantos da cidade que os sócios inadimplentes podem vir pra cidade no dia da eleição que o direito deles votarem, mesmo estando inadimplentes, está garantido pelo advogado da Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Acre. Dizem que isso é garantir o exercício da democracia.

Na opinião da atual diretoria do Sindicato, esse grupo confunde democracia com corrupção, irresponsabilidade, incompetência e falta de compromisso com a causa dos trabalhadores.

O grupo está deixando claro os objetivos para os quais quer ter o sindicato em suas mãos: agir em benefício de seus interesses pessoais. Ainda bem que uma parcela significativa dos trabalhadores já entendeu e está revoltada.

Mais uma vez, deixam de ganhar a adesão dos trabalhadores e perdem a credibilidade."

Para saber mais sobre Dercy, leia "O extrativismo está faldio".

ALÉM DA PICHAÇÃO

Marina Silva

No Acre, nos idos dos meus 20 e poucos anos, participei de um grupo de teatro amador chamado Semente. Eu era figurinista e fazia algumas outras tarefas da nossa modesta produção. O nome da peça era "Toda noite tem pichação" e o atual governador do estado, Binho Marques, um dos atores. O primeiro ato começava com um foco de luz sobre a mão de Binho, que pichava um muro com a frase "Abaixo a Ditadura".


Hoje, pichar tem outras conotações mas ainda guarda algo do sentido de ocupar a cidade com gritos interditos, transmutados em letras, signos, símbolos.

Lembrei-me disso no início deste mês, em uma quarta-feira movimentada, como muitas na comissão de Constituição e Justiça do Senado, quando fui chamada para apresentar meu relatório sobre o projeto de lei do deputado Geraldo Magela (PT-DF) que proíbe a venda de tintas e embalagens do tipo aerossol aos menores de 18 anos.

Para alguns, aquele projeto poderia parecer iniciativa de importância menor, diante da urgência de tantos projetos que às vezes ficam na fila das comissões à espera de apreciação. Mas não era.

Meu lado professora talvez tenha sido decisivo para o significado que aquela tarefa assumiu para mim. O próximo passo foi convencer os demais senadores de que estávamos diante de um tema relevante, maior do que a simples proibição da venda de spray a menores, com a qual concordei em meu voto, por entender que a lei proposta pelo deputado pode dificultar a poluição visual urbana, embora não a impeça totalmente, uma vez que o produto pode ser comprado por um adulto e repassado ao menor.

O que torna o tema ainda mais relevante é sabermos do enorme número de jovens, a maioria menores de idade, que picham logradouros públicos, residências ou qualquer espaço onde possam deixar suas marcas, mesmo que à custa de riscos sérios à sua integridade física, além do dano causado.

Penso neles não como delinquentes, mas como quem, de algum modo, tenta "uma audiência" para poder expressar suas alegrias, medos, desejos e incertezas, por meio de uma espécie de escrita, que em nada ou quase nada se espelha nas nossas formas corriqueiras de comunicação.

Como bem disse Chesterton, um grande pensador cristão, em "Ortodoxia", um de seus livros mais conhecidos: "de alguma forma obscura, essas coisas eu pensava antes de saber escrever e sentia antes de pensar..." Talvez esses jovens só estejam expressando em ato aquilo que ainda não conseguiram transformar em palavras. No fundo, uma busca de interlocução.

Alertei, em meu relatório, para o fato de que o delito da pichação, por suas peculiaridades, não se enquadra no Código Penal, mas sim na Lei nº 9.605/98 - chamada Lei de Crimes Ambientais - que, em seu artigo 65, prevê que pichar, grafitar ou, por outro meio, conspurcar edificação ou monumento urbano, é passível de pena de detenção de três meses a um ano e multa.

Mesmo concordando que a pichação é, efetivamente, um desrespeito ao direito coletivo de se ter um ambiente visualmente limpo, também acredito que não devemos vê-la como objeto de mera repressão. É imprescindível que a tratemos a partir de uma visão socioeducativa, empenhada em entender a necessidade que tem esses jovens de dar vazão às suas necessidades de expressão.

Concordo com a educadora e psicanalista Maria Augusta Spiller quando diz que "pichar pode ser interpretado não como vontade de destruir, mas como reconhecimento de identificação, numa sociedade que só produz anonimatos".

Por isso mesmo é preciso que se criem espaços de realização e autoria, afim de que muito desses jovens possam transitar da mera pichação para outras formas de criação, que lhes permitam dar sentido e significação àquilo que registram nas paredes, fachadas e muros.

Quem sabe essa primeira inscrição precise apenas ser reescrita, instando-nos a aprender a lê-la e decifrá-la antes de querer destruí-la. A não vê-la preliminarmente como delinquência ou mera repetição carente de sentido, mas talvez como pedido de socorro ou apelo ao encontro.

Devemos fugir de posturas simplistas, do tipo estigmatizar ou "passar a mão na cabeça" e justificar tudo o que os jovens fazem. Entre um e outro extremo há um grande espaço educativo e de diálogo. Se não fosse assim, não teríamos hoje, numa linha limítrofe com a pichação, a vitalidade artística da grafitagem, com importância social e estética crescente nas periferias das cidades. Quantos, que antes eram considerados apenas "vândalos", hoje são grafiteiros reconhecidos e respeitados?

Embora grafitti e pichação não sejam a mesma coisa, a sensibilidade e o talento que desabrocham em uma podem estar contidos na agressividade e na falta de limites da outra. Para criar a oportunidade de trânsito entre esses territórios da juventude é preciso antes haver a disposição da sociedade em abrir o caminho. O que jamais ocorrerá se, a despeito das inúmeras condições adversas de vida que ajudam a compor o complexo quadro comportamental da maioria dos jovens envolvidos em pichações, eles forem julgados e taxados como vilões. Talvez venham a ser mesmo, levados pela inflexibilidade e pela atitude acomodada de lavar as mãos e punir. Que, aliás, nunca deu bons resultados.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre, ex-ministra do Meio Ambiente e colunista da Terra Magazine.

COMPRAS RESPONSÁVEIS DE MADEIRA


As experiências ligadas às compras responsáveis de madeira em diferentes regiões do Brasil e as perspectivas de implantação de políticas similares no Acre serão debatidas hoje em Rio Branco, a capital do Estado, num evento com participação do poder público, empresas e organizações não-governamentais de São Paulo, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e do próprio Acre.

O principal objetivo é a apresentação de casos de cidades e estados que têm programas de compras responsáveis de madeira, bem como experiências de empresas e organizações não-governamentais envolvidas com a adoção de políticas voltadas para o consumo responsável de produtos madeireiros.

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

GRIPE SUÍNA NO PERU

Já foram registrados 25 casos de gripe suína no Peru e o Ministério da Saúde reconhece que não pode impedir, em que pese o controle, o ingresso da doença no país.

O governador do Acre Binho Marques (PT) viajou de avião na manhã de domingo para Cusco comandando uma delegação de quase 50 pessoas, especialmente políticos, empresários e assessores.

Serão feitas apresentações da Rota Turística Internacional Amazônia-Andes-Pacífico durante a Semana da Amazônia. O evento se destina a promover na região as rotas turísticas do Acre, Mato Grosso e Rondônia.

A comitiva retorna nesta terça-feira. Boa oportunidade para uma ação da Vigilância Epidemiológica.

Do médico acreano Natal Santos, que mora em São José do Rio Preto (SP), ligado ao Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

"Há um sistema de vigilância para a gripe que acontece em vários países da Europa. Atualmente, um grupo de pesquisadores da Fiocruz, do Rio de Janeiro, através da Drª Cláudia Torres Codeço, está implantando esse sistema no Brasil. O objetivo dessa vigilância não é competir contra os dados oficiais do Ministério da Saúde, mas possuir dados adicionais e em tempo real de sintomatologias associadas à gripe. Como estamos já entrando no período de maior endemicidade de gripe no Brasil, a implantação desse sistema irá , com certeza, tornar-se proveitoso para a vigilância dessa patologia. A inscrição no sistema é totalmente gratuita. Pode ser feita por qualquer pessoa no Brasil que tenha acesso à internet e possua e-mail. Para realizar o cadastro e conhecer melhor o projeto basta entrar no site Vigilância Participativa da Gripe no Brasil.
A saúde e a ciência agradecem."

domingo, 24 de maio de 2009

SUSAN BOYLE ARRASA NOVAMENTE



Susan Boyle não decepcionou os fãs que aguardaram a segunda apresentação da artista no reality Britain's Got Talent. Com um vestido marrom escuro e cabelos devidamente escovados, a escocesa soube escolher uma música que valorizasse sua voz: brilhou, desta vez, com Memory.

FRONTEIRAS DO PROGRESSO

Morte e roubo marcaram viagem de negócios da comitiva do governador de Rondônia ao Peru; comitiva do governador do Acre seguiu hoje para Cusco

Saqueadores bolivianos roubaram um dos veículos que fazia parte da comitiva “Fronteiras do Progresso”, dirigida pelo governador de Rondônia Ivo Cassol (sem partido), que foi ao Peru em busca de novas oportunidades de negócios. Eles tomaram uma camionete Toyota, modelo SW4, na manhã deste sábado, a 30 quilômetros do município de Concepcion, na Bolívia, próximo à cabeceira de uma ponte de uma estrada de barro, quando a comitiva retornava para Rondônia.

O veículo estava no seguro e pertence ao empresário Olino Neri Zoche, de Vilhena (RO), que estava acompanhado do empresário Altair Curtz, de Porto Velho. Ambos não sofreram qualquer tipo de violência física e foram até o posto fiscal de Santa Rosa, próximo à fronteira do Brasil, ainda em território boliviano, para denunciar o ocorrido. Segundo o governo de Rondônia, testemunhas contaram que o veículo dos empresários seguia alguns metros à frente do comboio quando foi abordado por seis bandidos armados que os renderam.

Há duas semana, o governador Ivo Cassol (sem partido) liderou uma comitiva de político e empresário até o Peru. No primeiro dia de viagem, o chefe do Núcleo de Operações da Polícia Rodoviária Federal em Rondônia, Itamir Ferreira Marques, morreu no Acre depois de perder o controle da moto que pilotava como batedor.

No Peru, as autoridades sanitárias confiscaram 50 quilos de picanha que o governador levava para saborear com a comitiva. Cassol abandonou a comitiva e retornou para Porto Velho de avião.

Começa neste domingo, na cidade peruana de Cusco, a Semana da Amazônia, destinada a promover na região as rotas turísticas do Acre, Mato Grosso e Rondônia. Tendo como palco um dos maiores centros receptivos de turistas internacionais da América Latina, o evento em Cusco será marcado por atividades culturais e exposições de fotos sobre a diversidade natural, cultural e econômica do Acre.

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

SEMÁFORO E CHAMPANHE


A cena política de Macapá, a capital do Amapá, foi marcada na quarta-feira por uma festa inusitada: no cruzamento da avenida FAB com Leopoldo Machado, no centro da cidade, o prefeito Roberto Góes (PDT) reuniu secretários, assessores, aliados e a imprensa para inaugurar com champanhe a instalação dos novos semáforos adquiridos pela Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU).

- Recebi várias ligações de pessoas me dizendo que estavam se sentindo em Sucupira e pra ser sincera, eu também me sinto assim. O interessante é que os novos semáforos estão sendo instalados em locais que já comportavam o mesmo tipo de sinalização - criticou no mesmo dia a blogueira Luciana Capiberibe, filha do ex-governador e ex-senador João Alberto Capiberibe e da deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP), os principais adversários do prefeito.

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quinta-feira, 21 de maio de 2009

ERA PURÍSSIMA


A Polícia Federal em Epitaciolândia (AC), na fronteira com a Bolívia, apreendeu na terça-feira 10 quilos de cocaína puríssima durante fiscalização rotineira num ônibus que tinha como destino Rio Branco, a capital do Acre.

Os agentes da PF utilizaram o cão farejador Eno, que apontou duas malas pertencente ao casal R.A.L., mototaxista, de 23 anos, e J.F.S., 19 anos, garçonete, residentes em Ipatinga (MG).

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"DALAI LAMA DA FLORESTA"

Espanha prepara homenagem à luta de Davi Yanomami


O líder indígena Davi Kopenawa Yanomami receberá na Casa de América, no próximo dia 2 de junho, uma menção honorífica outorgada pelo jurado do prêmio Bartolomé de las Casas, como reconhecimento à sua destacada liderança em defesa dos direitos da sua etnia yanomami, bem como de outros povos indígenas brasileiros.

Davi Kopenawa, que é uma das lideranças indígenas mais famosas mundialmente, foi apelidado pela imprensa alemã de "Dalai Lama da floresta". Na sua primeira visita a Madri, o yanomami abordará questões relacionadas à mudança climática e ao uso insustentável dos recursos naturais.

- Escutamos o grito da terra pedindo socorro. A terra não tem preço. Não pode comprar nem vender ou trocar, porque não tem dinheiro para comprar. É muito importante para os brancos, os negros e os índios lutar juntos para salvar a vida da floresta e da terra. Se não lutamos juntos qual será o nosso futuro? Seus filhos precisam da terra e da natureza viva e em pé. Nós índios queremos respeito para nossos direitos. Vocês podem aprender junto com nós e nossos pajés. Isto é importante não só para nos yanomami, mas para o futuro de todo o mundo - afirmou Davi Yanomami ao pessoal da organização Survival International.

Chico Mendes

A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) apresentou um projeto declarando o acreano Chico Mendes Patrono do Meio Ambiente Brasileiro.

- Precisamos trazer à memória do povo brasileiro a luta atual de Chico Mendes em defesa da Amazônia, do desenvolvimento sustentável e da sobrevivência da humanidade - disse.


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quarta-feira, 20 de maio de 2009

MAURA DE OLIVEIRA

"A Justiça do Estado do Acre fez a mulher que eu sou hoje”


Quem observa a felicidade de Maura de Oliveira, 40 anos, nem desconfia de seu passado soturno: ex-menina de rua, sem referência familiar, vítima de maus tratos e pedofilia.

Aos 6 anos de idade, foi retirada das ruas por um comerciante português, no Rio de Janeiro, para sua primeira casa. Mas o que seria o ambiente de amor, acolhimento e proteção contra os perigos do mundo, revelou-se hostil. Ao invés vez de contar com o amor de adultos responsáveis, Maura enfrentou o abuso sexual. No lugar do cuidado que a sua fragilidade física e emocional exigia, ela foi confrontada com surras e violência psicológica para ficar calada e continuar a ser violada.

Aos 10 anos, foi para o Rio Grande do Sul, com a filha e genro do pedófilo para ser, novamente, abusada. Desta vez, sofria as vilezas de um militar que a bolinava e a ameaçava até os 13 anos, quando a família foi transferida para Rio Branco (AC).

A vida de Maura seria apenas mais um dado nas estatísticas de violência e abuso sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil, não fosse por um detalhe: a intervenção da Justiça.

- Posso dizer que nasci de novo em Rio Branco, conquistei minha liberdade por meio da Justiça, que fez valer meus direitos quando nem existia o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Não acredito em destino traçado, construímos nossa própria história, mas não sei se a minha vida teria o mesmo fim, se estivesse em outro Estado. Graças a Justiça do Acre, minha vida mudou completamente.


Maura explicou que conheceu os seus direitos por meio do hábito da leitura. Procurou, então, sem que ninguém da família soubesse, a OAB do Acre, cujo Presidente era Adherbal Maximiano e a Vice-presidente, Élia Castelo da Silva, que a direcionaram à Segunda Vara Criminal, na época integrada com a Vara de Menores. A advogada Élia Castelo salientou que ficou sensibilizada quando ouviu a história de Maura e que procurou ajudá-la de todas as formas possíveis, principalmente conduzindo-a aos órgãos competentes.

O titular da Segunda Vara Criminal era o atual Desembargador Francisco das Chagas Praça, que, de acordo com o depoimento dela em seu livro Menina de ontem, demonstrou total atenção e sensibilidade a sua dor. O magistrado, em 9 de maio de 1985, por meio de decisão sumária, concedeu a guarda provisória de Maura a uma amiga, visando sua proteção (veja o resumo da decisão abaixo):

“... o Dr. Francisco da Chagas Praça... deferiu, sem dolo nem malícia, a Guarda Provisória da menor Maura de Oliveira à primeira qualificada Marisa Molina de Melo... do que, para constar, lavrei o presente termo...”

Maura definiu esse documento, em seu livro, como mais importante do que a certidão de nascimento ou o bilhete da sorte premiado.

De acordo com Francisco das Chagas Praça, é gratificante quando a Justiça cumpre o seu dever com presteza e responsabilidade.

- Cumpri apenas com minha obrigação, apesar de que, na época, uma decisão dessa era uma exceção à regra, mas era o melhor a ser feito - ressaltou

Para o desembargador, o juiz deve sempre estar aberto às necessidades e problemas da população, não podendo se esquivar de sua principal missão: ser um servidor público.


Francisco Praça comentou, também, acerca da influência de sua decisão à mudança de vida de Maura de Oliveira.

- Fico feliz em saber que essa moça superou todos os obstáculos e venceu na vida.


Maura de Oliveira se formou em História, fundou a ONG Life, no Rio de Janeiro, voltada para crianças, jovens e adultos que estejam de alguma forma excluídos socialmente (seja pelo desemprego, violência, abuso sexual, preconceito etc.). As principais áreas de atuação são: cidadania, saúde, educação e meio ambiente. Também escreveu os livros "Menina de ontem" e "1º emprego já".

Na noite de ontem, 19, na Biblioteca Pública Municipal, Maura de Oliveira lançou sua obra em Rio Branco, por meio do Projeto Sempre um Papo. Durante o evento, Maura disse que seu retorno ao Acre representava um grande momento em sua vida.

- É uma noite muito especial, pois retorno ao lugar onde alcancei minha libertação, onde pude acreditar que a Justiça é para todos, pois lutou pela minha dignidade e me projetou para o futuro”, ressaltou.

"A Justiça do Estado do Acre fez a mulher que eu sou hoje”

Maura agradeceu, principalmente, ao Desembargador Francisco das Chagas Praça, a Adherbal Maximiano (Ex-Presidente da OAB) e à advogada Élia Castelo da Silva.

- Quero agradecer de forma especial a essas pessoas que fizeram parte da etapa mais importante da minha vida. A Justiça do Estado do Acre fez a mulher que eu sou hoje - salientou.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Tribunal de Justica do Acre.

LEI FLORESTAL PERUANA

A Comissão de Constituição do Congresso do Peru declarou inconstitucional o Decreto 1090, mais conhecido como Lei Florestal e de Fauna Silvestre do país. O decreto foi promulgado pelo presidente Alan Garcia para viabilizar o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos.

Há mais de 40 dias um pacote de decretos legislativos tem gerado uma série de protestos dos povos indígenas que não aceitam a exploração de petróleo, gás, madeira e mineração na Amazônia peruana.


As lideranças de 56 etnias exigem que sejam anulados ao todo nove decretos legislativos que consideram como violações aos direitos sobre os seus territórios. Ambientalistas e bispos católicos dizem que o aumento da exploração irá devastar o meio ambiente e a cultura existente na região.

O governo peruano anunciou que está mobilizando o Exército para retirar os bloqueios existentes nos rios e estradas da Amazônia peruana. Os militares foram autorizados a moverem-se até as áreas onde foi declarado estado de emergência por conta dos conflitos entre os índios e a polícia.

O presidente Alan Garcia disse que o Estado tem o direito e a responsabilidade de desenvolver atividades de exploração mineral e de hidrocarbonetos para beneficiar todos os peruanos.

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BLOG DA BRENDHA HADDAD



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terça-feira, 19 de maio de 2009

VIGÍLIA PERMANENTE PELA AMAZÔNIA

Marina Silva

"Me sinto impotente e imensamente triste com o desmatamento nas áreas de preservação deste país. Não existe nenhum respeito pela natureza. Abram os olhos e trabalhem. Salvem nosso país, senhores".

Essa mensagem de Jussara Renaux, de Brusque, Santa Catarina, foi uma das mais de oito mil enviadas, por meio do serviço "Alô Senado" e por correio eletrônico, durante a Vigília pela Preservação da Amazônia, realizada na noite do último dia 13, no Plenário do Senado.

Artistas, ambientalistas, senadores, deputados, representantes de organizações não governamentais e de comunidades indígenas, quilombolas e seringueiras, ficaram até as duas horas da manhã do dia 14 dialogando sobre a Amazônia, sua importância para o País e o planeta, as ameaças que a atingem, suas potencialidades, as dificuldades e os avanços em termos de gestão pública e atividades sustentáveis.

A história dessa noite memorável começou com a angústia expressada pela atriz Cristiane Torloni, diante das dificuldades para sensibilizar o governo para o Manifesto Amazônia para Sempre, encabeçado por ela, Vitor Fasano e Juca de Oliveira, que alcançou mais de um milhão de assinaturas. Daí veio a ideia do senador Cristovam Buarque de fazer a Vigília, encampada por um grupo de senadores e concretizada pelas comissões Mista do Aquecimento Global, de Direitos Humanos e Legislação Participativa, e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização.

A própria origem - uma demanda de cidadãos encampada pela representação política - ajuda a explicar a enorme vitalidade sentida naquelas horas. Fazia um profundo sentido estar ali. Era unânime o reconhecimento da urgência de dar consistência aos esforços já feitos para proteger um patrimônio incomparável e, ao mesmo tempo, denunciar e impedir iniciativas que possam resultar em desastre ambiental e social na Amazônia.

Por coincidência, na mesma noite a Câmara dos Deputados aprovou um exemplo dos equívocos que podem se constituir em riscos irreparáveis à população e ao meio ambiente amazônico: a Medida Provisória 458, que acelera a regularização fundiária na região. O que em princípio seria desejável foi aprovado com tantas brechas para mais concentração fundiária, destruição ambiental e incentivo a novas grilagens que se tornam imperiosas correções, agora a cargo do Senado.

A coincidência funcionou até mesmo como demonstração da premência de uma vigília ativa e permanente pela Amazônia, como insistiram vários dos presentes. E durante sete horas o evento acabou se tornando a maior oportunidade que a sociedade brasileira já teve para afirmar aos senadores e deputados a sua determinação de participar e exigir dos poderes públicos políticas claras e integradas para a região, orientadas pelo interesse nacional, o que significa dizer com justiça social e proteção ambiental.

A Vigília foi aberta com as presenças dos presidentes do Congresso Nacional e da Câmara, senador José Sarney e Deputado Michel Temer, e do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Seguiram-se apresentações de representantes de ONGs, de comunidades indígenas, quilombolas e de seringueiros; de cientistas de instituições públicas como o INPE e a EMBRAPA, além do comovente apelo de Cristiane Torloni, Vitor Fasano e da amazônida Myrla, de 13 anos, ativa participante da conferência nacional infanto-juvenil de meio ambiente. Ela pediu aos parlamentares coerência para que as futuras gerações possam também desfrutar de uma Amazônia íntegra e conservada.

Foram expostas iniciativas positivas e os entraves à implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável na região. O Brasil, lembrou Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), precisa "inventar" um modelo de desenvolvimento que valorize sua condição de país tropical e saiba utilizar os recursos da floresta. Milton Kanashiro, da Embrapa, destacou a necessidade de a agropecuária na região considerar o manejo florestal adequado, de forma que os processos biológicos continuem acontecendo.

Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, listou um conjunto de projetos de lei que podem ajudar a proteger a Amazônia. Entre eles, o chamado "projeto FPE Verde", que compensa com repasse maior dos recursos do Fundo de Participação dos estados e do distrito federal (FPE) os estados que tiverem em seus territórios unidades de conservação ambiental e terras indígenas demarcadas. Falou também do projeto do ex-senador Waldeck Ornelas que permite a dedução, no valor devido do Imposto de Renda, de parte dos recursos doados a projetos de preservação do meio ambiente, entre outros.

Num painel sobre as ameaças à Amazônia, falaram Sérgio Leitão, do Greenpeace; Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM); Muriel Saragoussi, do grupo de trabalho Amazônia e do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais; padre Nelito Dornellas, da Comissão Pastoral da Terra; e Sônia Guajajara, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

A Vigília se transformou, afinal, numa grande síntese que deixou muito claro que o privilégio de ter a Amazônia exige de todos nós ousadia, conhecimento, criatividade, visão abrangente e uma profunda noção do bem público, que permita entender o alcance da tarefa de inventar, como disse Nobre, um desenvolvimento com base na existência da floresta e não em sua destruição.

É preciso que a sociedade continue em estado de vigília para não permitir que sua vontade, expressa em tantas pesquisas e manifestações - a exemplo do Manifesto Amazônia para Sempre - seja desrespeitada por aqueles que insistem em um modelo predatório de crescimento. O primeiro passo será barrar os inúmeros retrocessos que estão em curso, em setores do governo, do Congresso e da sociedade.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre, ex-ministra do Meio Ambiente e colunista da Terra Magazine.

HUMANIZAÇÃO DO NASCIMENTO

Dani Franco


Parir de cócoras ou na água. Esperar o trabalho de parto em casa. Ter uma doula… Até pouquíssimo tempo, ideias como essas eram vistas com estranhamento e, muitas vezes, desdém, pela maioria das grávidas e seus parceiros. Algumas até já tinham “ouvido falar” de parto natural ou humanizado, mas encontrar, em Belém (PA), obstetra que colocasse os conceitos em prática era uma luta árdua e praticamente impossível.

Informações sobre o assunto? Só via internet e nunca na região Norte. Uma realidade que, aos poucos, vem sendo modificada, graças à iniciativa da Rede Parto do Princípio, um grupo que se reúne via internet e que mobiliza hoje 250 mulheres, mães e profissionais que buscam e levam informações sobre o parto humanizado e ativo.

Leia o artigo da jornalista paraense Dani Franco no Blog da Amazônia.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

BREVE COMO A VIDA


Ele visita dezenas de vezes o galho florido que avança mais de um metro sob a varanda. Fica bem pertinho deste blogueiro feliz, mas nem sempre dá tempo pegar a máquina, acioná-la e mirar com a lente em zoom. Dessa vez quase deu certo. Clique na imagem.

GLADSON CAMELI

Ricardo Augusto França da Silva, homem da “máfia das ambulâncias”, chefia gabinete de deputado do Acre

O chefe de gabinete do deputado Gladson Cameli (PP-AC), Ricardo Augusto França da Silva, é um dos 81 envolvidos no escândalo das sanguessugas, também conhecido como máfia das ambulâncias, uma quadrilha que desviava recursos do Orçamento da União por meio da venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país. Todos foram denunciados pelo Ministério Publico Federal à Justiça, entre outros, por crimes de corrupção ativa, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Ricardo Augusto França da Silva era funcionário da Câmara dos Deputados até dezembro de 2005 como assessor do ex-deputado federal Ronivon Santiago (PP-AC). De acordo com a investigação da Polícia Federal, ele tinha interação com a organização criminosa, com contatos freqüentes principalmente com Luiz Antônio Trevisan, um dos sócios da empresa Planam, e se beneficiava com pagamentos indevidos.

A PF deflagrou a Operação Sanguessuga em 4 de maio de 2006. Foram presas, na ocasião, 48 pessoas e cumpridos 53 mandados de busca e apreensão por 250 policiais. Todos foram soltos e respondem a processos em liberdade.

O esquema, que contava com um integrante ocupando cargo no Ministério da Saúde, manipulava as licitações valendo-se de empresas de fachada. Os preços da licitação eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de mercado.

O "lucro" era distribuído entre os participantes do esquema. Dezenas de deputados foram acusados. Segundo a Polícia Federal, a organização negociou o fornecimento de mais de mil ambulâncias em todo o País. A movimentação financeira total do esquema teria sido de cerca de R$ 110 milhões.

Ricardo Augusto França da Silva trabalhou com o ex-corregedor da Câmara e ex-segundo vice-presidente da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), até um mês antes da PF deflagrar a Operação Sanguessugas. Seu nome e os dados de sua conta bancária (Banco do Brasil, agência 3596-3, conta 266093-8) estão registrados na contabilidade da Planam, empresa que teria chefiado a fraude ao vender os veículos superfaturados às prefeituras.

A atuação do esquema Planam foi detectada pela primeira vez em 2002, no Acre, quando o Ministério Público Federal constatou a existência de manipulação de licitações a fim de desviar recursos do Fundo Nacional de Saúde. O caso foi comunicado à Procuradoria da República no Mato Grosso, onde estavam sediadas as empresas responsáveis pelas fraudes.

A reportagem conversou com o deputado Gladson Cameli. Leia no Blog da Amazônia.

domingo, 17 de maio de 2009

MOVIMENTO MARINA SILVA PRESIDENTE


A senadora Marina Silva (PT-AC) não se opôs à formação do Movimento Marina Silva Presidente, uma campanha apartidária e não-institucional para que a ex-ministra do Meio Ambiente seja candidata à sucessão do presidente Lula. Por enquanto, a primeira providência do movimento foi a criação de um website que está sendo aprimorado e poucas pessoas foram convidadas a conhecê-lo antes do lançamento.

- Estamos iniciando uma campanha aberta de cidadãos para que Marina Silva seja presidente do Brasil. Comuniquei a ela o que estamos fazendo, dizendo que mesmo que fosse contra a vontade dela iríamos iniciar o movimento. Ela nos disse através do assessor Pedro Ivo que não irá se opor, mas que não terá nenhum envolvimento - afirma Eduardo Rombauer van den Bosch, que mora em Brasília.

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sexta-feira, 15 de maio de 2009

RESISTÊNCIA ÉTNICA NO PERU

Indígenas da Amazônia peruana intensificam protestos contra a política do presidente Alan García


Lideranças de 56 etnias da Amazônia peruana estão dispostas a intensificar a greve e os protestos contra o presidente Alan García até que sejam anulados nove decretos legislativos que consideram como violações aos direitos das comunidades indígenas sobre seus territórios. Os protestos, que já duram quase 40 dias, contam com o apoio de estudantes, prefeitos e governadores regionais.

Os decretos permitem a venda e comercialização de terras ricas na produção de petróleo e gás. As leis foram aprovadas pelo Congresso como parte de uma adequação da legislação peruana ao Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, que entrou em vigor em fevereiro.

Há 10 dias, o governo decretou estado de emergência em quatro departamentos amazônicos (Ucayali, Cusco, Loreto e Amazonas) por causa da greve que afeta a produção de petróleo. Durante o estado de emergência, previsto para vigorar por 60 dias, estão suspensos os direitos constitucionais relativos à liberdade e segurança pessoais, inviolabilidade de domicílio, liberdade de reunião e de trânsito.

As comunidades indígenas da Amazônia peruana exigem que haja acordo com o estado peruano para que os decretos sejam revisados. Os indígenas consideram que os decretos abrem portas para que empresas multinacionais se apropriem de seus territórios a partir das concessões para exploração de petróleo e gás.

O governo peruano abriu diálogo nos últimos dois dias, mas não foi capaz de convencer as lideranças do movimento indígena a suspenderem os protestos. O governo não aceita a proposta de anular os decretos, mas manifestou intenção de fazer apenas pequenas modificações.

O Ministério Público apelou ao Congresso para que atenda a recomendação de uma comissão multipartidária que recomenda a anulação dos decretos. O órgão defendeu o direito à consulta dos povos indígenas para contribuir com o cumprimento da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O MP do Peru sustenta que o direito dos povos indígena à consulta está garantido ante o risco de que se adote medidas que possam afetá-los. Trata-se de um direito vigente no Peru há 15 anos.

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

TEMPERATURA BAIXA NO ACRE

Previsão para o Acre feita pelo Centro Regional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam) em Porto Velho:

As altas temperaturas dos últimos dias, que causaram sensação térmica de até 42°C em Cruzeiro do Sul, serão amenizadas nesse fim de semana em todo Acre.

A chegada de uma massa polar, que já baixou em mais de dez graus a temperatura do sul do Brasil desde quarta-feira, começa a mudar o tempo neste sábado no estado. A frente fria avança rapidamente em direção ao norte e oeste, prometendo registrar as menores temperaturas do ano até agora.


As temperaturas mínimas serão registradas na madrugada de sábado para domingo, principalmente em Brasiléia, onde a mínima chegará a 16ºC. Em Rio Branco, a previsão é de mínima de 17ºC e as demais áreas do estado terão baixa em seus termômetros entre 18ºC e 20ºC.

As máximas registradas durante o dia irão variar entre 24ºC e 28°C neste fenômeno que deve durar até domingo. Ventos fortes vindos do sul do continente também serão sentidos, principalmente na porção leste do Acre.

UM ACORDO PERIGOSO NO PERU

A Petrolífera Petroleum, empresa de origem canadense, assinou em abril um acordo com o governo do presidente Alan Garcia, do Peru, que permite a exploração de floresta da Amazônia peruana habitada pelas últimas tribos de índios isolados do planeta.

A empresa tem a intenção de explorar quase 40 mil km² de uma região remota onde os índios isolados cacataibo vivem. Duas organizações, a Federação Nativa de Comunidades Cacataibo (Fenacoca) e o Instituto do Bem Comum (IBC), exigiram previamente que o governo transformasse a área em reserva para os índios.

Ao todo, em abril, a Perupetro, assinou 13 novos contratos de licença para a exploração e exportação de petróleo, como resultado de uma licitação internacional de lotes realizada no ano passado, com o qual se elevará a 92 o número de contratos vigentes no país. São 18 empresas que assinaram contratos, que demanda investimento estimado de US$ 650 milhões a pretexto de se beneficiar e promover o desenvolvimento peruano.

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

A CIDADE QUE ESTÁ AQUI



Um boneco batizado com o nome do prefeito de Porto Velho (RO), Roberto Sobrinho (PT), chama a atenção de quem visita a cidade. É o protesto dos moradores da rua Álvaro Maia, no bairro de São Cristóvão, contra o imenso buraco que transtorna suas vidas.


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AFRICANIZAÇÃO DE RONDÔNIA

Aids e “racismo ambiental” ameaçam quilombolas na Reserva Biológica do Vale do Guaporé



De 150 exames de Aids coletados neste ano no Vale do Guaporé, 80 apresentaram resultado positivo. O governo estadual tentou manter a informação em sigilo até a véspera deste 13 de Maio, data do 121º ano de assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil.

Pode-se dizer que os dados fazem parte daquilo que alguns chamam de “processo de africanização” de Rondônia. O Vale do Guaporé é marcado por uma paradisíaca Reserva Biológica povoada por comunidades ribeirinhas, indígenas e remanescentes de quilombo cuja territorialidade é vital para sobrevivência e organização.

Os dados sobre a elevada incidência de Aids foram coletados pelo Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais (Ipepatro) e encaminhados para a Secretaria Estadual de Saúde. Dois pesquisadores do Ipepatro confirmaram os números à reportagem, porém se recusaram a comentá-los sob o argumento de que a questão é de competência da Secretaria de Saúde.

A coordenadora estadual do programa DST/Aids, Eliana Alves da Silva Mendes, foi procurada com insistência pela reportagem. Ela não atendeu a mais de 20 ligações nem respondeu à mensagem de texto enviada para o celular com pedido para que se pronunciasse a respeito da situação de saúde no Vale do Guaporé.

A reportagem apurou que três prostíbulos funcionaram na região nos últimos anos e que as populações ribeirinhas costumam auxiliar turistas que pescam na Reserva Biológica. Com freqüência, a área também é percorrida por políticos e empresários do Estado, que costumam se relacionar com as mulheres do lugar, a quem chamavam pejorativamente de “piranhas de barranco”.

A Reserva Biológica do Vale do Guaporé foi criada em 1982 e seu plano de manejo elaborado dois anos depois. Com 603 mil hectares, está localizada à margem direita do rio Guaporé, ao sudoeste do Estado.

Após anos de intensas pesquisas, o professor Marco Antonio Domingues Teixeira, do Departamento de História da Universidade Federal de Rondônia (Unir), é o maior estudioso no Estado da vida nas comunidades remanescentes de quilombo no Vale do Guaporé.

- As condições de vida da população de Santo Antônio se igualam aos padrões de miséria das regiões mais pobres da África. Casas construídas em palha, absolutamente desprovidas de mobília e de qualquer tipo de conforto, ausência total de acesso aos benefícios da civilização no século XXI. Dentro das casas. começamos a fazer outro tipo de pesquisa, recentemente, junto com pesquisadores do Ipepatro. Foram coletados barbeiros e já há dois casos diagnosticados de mal de Chagas. Há uma possibilidade aventada de que uma parte considerável da comunidade esteja contaminada pela doença. Se isso se confirma, é uma bomba na questão sanitária e médica dentro do Estado de Rondônia - afirma Teixeira.

Leia a entrevista completa ao Blog da Amazônia

terça-feira, 12 de maio de 2009

NÃO DÁ MAIS PARA ESPERAR

Marina Silva

Para quem imagina a Amazônia apenas como expressão de uma grandiosa floresta, o conhecimento de que ela é também a casa de mais de 25 milhões de brasileiros veio de maneira dolorosa, por meio das imagens das enchentes dos últimos dias. Da mesma forma, parece quase incompreensível que o Nordeste, costumeiramente associado à seca, esteja assolado pelo excesso de chuvas.

Até o último fim de semana, segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, os estragos provocados pelos alagamentos já haviam deixado um saldo de 38 mortos, quase 800 mil pessoas afetadas e danos em 287 municípios localizados nos estados do Ceará, Maranhão, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Alagoas, Amazonas e Pará. Os prejuízos ultrapassam 1 bilhão de reais só no Nordeste.

Em novembro do ano passado, o país assistia estarrecido as enchentes e deslizamentos em Santa Catarina. Em menos de um ano, portanto, temos perdas irrecuperáveis em vidas, histórias de vida e bens materiais, além de desequilíbrios econômicos regionais de monta.

A discussão de fundo nesse período tem sido a pertinência de se atribuir esses fenômenos a mudanças climáticas provocadas pela excessiva emissão de gases do efeito estufa em todo o mundo, detectadas pelos especialistas do IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. Para o climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e membro do IPCC, eventos extremos, como chuvas abundantes que quebram recordes históricos na Amazônia e no Nordeste e seca persistente em partes do Sul e no Uruguai e Argentina, fazem parte de um quadro de aquecimento do planeta. Embora fenômenos semelhantes tenham ocorrido no passado, agora estão muito mais intensos e frequentes.

Nas regiões isoladas e carentes da Amazônia e do Nordeste tais ocorrências pioram a já insustentável condição social da população, aprofundam a miséria, solapam os pequenos patrimônios construídos a muito custo, danificam a precária infraestrutura local e afetam sobretudo a produção agrícola de subsistência. Nas cidades, bairros inteiros desaparecem, deixando milhares de pessoas ao desamparo, em abrigos precários, tendo que lidar com o drama da perda ou afastamento de suas casas, ao mesmo tempo em são forçadas a suportar condições muito adversas de alimentação, higiene e riscos de doenças.

A imprensa tem reportado a dificuldade das autoridades para lidar com isso, o que mostra o quanto estamos despreparados para essa nova e preocupante realidade. É urgente o envio de toda ajuda aos atingidos pelas enchentes e pela seca, mas é vital nos prepararmos porque elas acontecerão cada vez com maior intensidade e frequência.

Não podemos continuar olhando esses fenômenos climáticos como fatos isolados ou "acidentes". A comunidade científica alerta que já vivemos sob efeitos das mudanças do clima e isso demanda completa revisão na forma de elaborar e implementar políticas públicas. É imperativo que passem a incorporar o componente da segurança ambiental em seu planejamento, de modo a criar uma nova competência nas estruturas públicas e novos comportamentos preventivos na sociedade. Ao mesmo tempo, é impensável recuar um só passo na aplicação da legislação ambiental. Tentar afrouxar cuidados ambientais é o mesmo que manter permanentemente acesa a chama do caldeirão do caos.

A Convenção do Clima recomenda três eixos de atuação. O primeiro, da mitigação, diz respeito ao que se pode fazer para atenuar o processo. Embora ainda difuso e insuficiente, é possível verificar um esforço nesse sentido, em termos globais. O segundo é o da adaptação às novas realidades, e o terceiro é o do enfrentamento das vulnerabilidades. Esses dois últimos têm um deficit enorme de implementação, com custos altíssimos para a sociedade em geral e insuportáveis para as pessoas diretamente atingidas.

O Brasil tem que começar a conviver com uma agenda sistemática de adaptação, ou seja, montar uma estrutura à altura das necessidades da população, atuando preventivamente para reduzir perdas humanas e prejuízos individuais e coletivos. É urgente pensar em mecanismos adicionais à atuação dos bombeiros e da defesa civil, e em treinamento para a população, de modo a que possa minimamente tomar iniciativas em sua auto-defesa.

Não podemos mais tratar essas situações como parte do processo natural e conhecido de convivência com a natureza. A verdade é que passamos dos limites e, agora, espera-se que tenhamos pelo menos instinto de sobrevivência para reconhecer que é preciso mudar para enfrentar as dificuldades. Por mais difícil que seja essa adaptação, ainda faz mais sentido do que nada fazer e apenas contabilizar seguidas desgraças.


Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre, ex-ministra do Meio Ambiente e colunista da Terra Magazine.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

CLIMA TENSO NO TRIBUNAL DE CONTAS

Os servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Acre foram surpreendidos na sexta-feira com uma comunicação interna inusitada: por determinação do presidente José Augusto Araújo de Faria, o caixa eletrônico do Banco do Brasil, instalado na entrada do prédio, não deve ser utilizado no horário de expediente.

Um servidor distraído, pagando suas contas no terminal eletrônico, não percebeu a presença do presidente, que estava ávido por utilizar o equipamento. Insatisfeito por ter ficado esperando, o presidente resolveu restringir o uso do caixa eletrônico.

Há quem interprete a decisão como uma retaliação aos servidores que estão se organizando para entrar na Justiça a fim de requerer o pagamento integral da produtividade. Eles estão montando um sindicato para também requerer, entre outros pleitos, a volta da jornada de seis horas diárias.

Os servidores, após negativa do pedido administrativo, vão pleitear na Justiça o pagamento de 100% da produtividade, incluindo o retroativo. O TCE continua pagando apenas 50% da parcela variável.

- Será que essa regra também será aplicada aos assessores de conselheiros, procuradores e chefes de setores? A corte quer cercear o direto de ir e vir dos servidores, pôr medo, mantê-los quietos - disse a fonte do blog no TCE.

Nos próximos dias, será criada a Comissão de Avaliação da Produtividade, mas os critérios deverão ser tão rígidos que ninguém conseguirá atingir a cota. Além disso, os servidores também se sentem coagidos com a hipótese de instalação de catracas eletrônicas e câmeras para vigiar a movimentação deles.

Os servidores indagam:


- Diante disso, o que podemos esperar de um Tribunal que oprime por questões menores os servidores que têm por dever fiscalizar a administração orçamentária e financeira do Estado e dos Municípios? Com que autonomia essas pessoas vão apurar denúncias, fazer inspeções e auditorias?

Consultado pelo blog, o presidente José Augusto Araújo de Faria disse que a regra de acesso restrito ao caixa-eletrônico também será aplicada aos assessores de conselheiros, procuradores e chefes de setores.

- A decisão já foi realmente comunicada a todos. Quem quiser usar o caixa eletrônico que o faça durante o horário de folga, sem comprometer a jornada de trabalho. Não faz sentido um servidor permanecer diante de um caixa de auto-atendimento pagando contas pessoais durante o horário de trabalho. Não estamos tomando essa e outras medidas por retaliação. Os servidores têm o direito de se organizarem, de transformarem em sindicato a associacão deles, da qual também faço parte.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

MEGAOPERAÇÃO EM BOM FUTURO


Mais de 200 homens do Exército, Força Nacional de Segurança, Polícia Militar e da fiscalização do Ibama, convocados de diversas regiões do país, estão mobilizados para uma megaoperação de desintrusão da Floresta Nacional (Flona) de Bom Futuro, em Rondônia.

A operação será desencadeada a partir de segunda-feira e consiste basicamente em combate ao desmatamento, ao roubo de madeira e na notificação para retirada do gado da área. Os levantamentos realizados indicam a existência de 40 mil cabeças de gado criadas irregularmente na área da Flona.

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VENDA

CHICO TERRA

Blogueiro faz campanha para banda larga chegar ao Amapá


O Amapá é o único estado no país onde a população não dispõe de banda larga para acessar a internet. Como a maioria dos usuários se vale de internet discada, o blogueiro Chico Terra lançou uma campanha para resgatar o Estado do atraso tecnológico por meio de navegação na Internet com alta velocidade.

Terra está recolhendo assinaturas para combater o descaso das autoridades que "acorrentam o Amapá" ao atraso tecnológico.Quando completar 5.000 assinaturas, as mesmas serão enviada para as autoridades em Brasília.

- Se o Brasil, que cobra absurdos em impostos, pode emprestar dinheiro para o FMI salvar bancos estrangeiros, porque não pode dar inclusão digital ao Amapá? Mesmo que você não seja daqui, ajude que a causa é nobre - apela o jornalista amapaense.

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A CÉLULA

Kemis Viana


Mil perdões aos ecumênicos de plantão, pois talvez o que tenho para dizer aqui não seja das coisas mais agradáveis aos ouvidos dos novos cristãos superpops que vêm tomando conta do cenário. Desculpem-me, mas é que o desdobrar dos acontecimentos acabam por revelar novas facetas para situações até então inertes aos nossos olhos quase sempre inocentes e livres de malícia.

Já há pelo menos um ano que um curioso frenesi tem se formado quase em frente à minha casa, numa ruazinha de típica de um subúrbio riobranquense. A vizinhança aqui sempre foi tranquila, tirando os eventuais bafafás característicos de um lugar onde as residências foram construídas uma juntinha da outra, com uma cerca ou um muro entre elas. O fato é que numa escala crescente, aos poucos o burburinho e a barulheira foi se tornando uma constante nos fins de tarde e noites à fora da nossa ruazinha. Mas quem são estes misteriosos elementos que tanto incomodam a vizinhança, com suas correrias, gritarias e cantorias no meio da rua? Como diria minha mãe: Que furdunço é esse?

- Calma, mãe! É a célula!

A célula, pelo que entendi, do alto de meu restrito conhecimento religioso moderno, é uma espécie de círculo de fiéis, encabeçado por um representante da dita igreja, ao qual intitulam líder (de célula, imagino). O líder, tal qual um gerente de empresa de eletrodomésticos, tem a árdua tarefa de aumentar o lucro, digo! De arrebatar o máximo de gente, mesmo que seja um monte de cabeças-ocas (caso do meu bairro), para engrossar o caldo que compõe a bendita célula. Ou seja, bussiness to bussiness e o negócio tem que prosperar.

Sinceramente, não entro nem neste mérito de ética empresarial aplicada ao mundo religioso. Para mim, quem quiser investir seus dízimos ou rendimentos em prol de uma coisa que lhe proporcione algum benefício espiritual ou incremente sua fé, que o faça. Mas o cerne da questão aqui não é este. O problema está na indução que se esconde por trás desta cortina. Senão, vejamos.

Alguns meses atrás, nesta mesma célula, uma garota, de não mais que 13 anos, assídua frequentadora dos cultos, saiu grávida. O pai também é da célula, e o casal provavelmente concebeu a criança em um dos alegres happy hours que sempre ocorrem depois que a célula acaba, em algum cantinho escuro da rua (lembram da barulheira que falei no início do texto?). A criança já nasceu e passa bem. Pudera, foi entregue para adoção a uma família próxima. E a referida garota, ao que parece, já anda à procura de um novo bucho. Não falta a uma célula e nem tão pouco às brincadeirinhas de beira de cerca.

Quanto ao líder, bem, o líder construiu um belo sobrado de dois andares, onde por sinal são realizadas todas as barulhentas reuniões de célula, normalmente às quartas ou quintas-feiras, à noite. Além de incomodar a vizinhança com seus hinos xaropes e "zuadentos", sempre acompanhados em coro pelos jovens que frequentam o local, ainda serve de ponto de encontro para o alvoroço em que se converte a rua, após o fim da reunião.

E o líder, como age diante disso tudo? Assiste compassivamente a todo aquele "frejo", como se tivesse cumprido a maior de suas missões e ignorando que, por causa dele, a vizinhança está incomodada. Vez ou outra, para dar aquele apoio, aparece um outro boy do senhor, num carrão tunado, roda de liga-leve, maior pinta de play, e com o som nas últimas. Som gospel, é claro. Se junta aquela rodinha em torno do carro, do mesmo jeito que acontece no 14 Bis. Só que neste caso, o piseiro é golpel, não confundam!

Enfim, apreciável esta nova configuração de igreja, onde tudo continua torto do mesmo jeito, mas sob o pretexto muito conveniente de que está tudo sendo feito em "nome do senhor".

Glória, irmão!

Kemis Viana escreve no blog Cronicamente Inviável

quinta-feira, 7 de maio de 2009

PIOLHO DE COBRA


Levou uma facada mortal ao tentar atacar o blogueiro. Clique na imagem da centopéia.

A PARTIR DA REDE, NA VARANDA




Melhor clicar nas imagens

MULHERES EM RONDÔNIA

Elas ameaçam fechar quartéis da PM no Estado

Mulheres dos policiais militares de Rondônia ameaçam fechar os portões dos quartéis, como ocorreu no ano passado, caso o governador Ivo Cassol (sem partido) não conceda reajuste do soldo de seus maridos. O ultimato de 72 horas termina no final da tarde desta quinta-feira, mas o governador já mandou o recado de que os policiais não têm motivo para reclamar.

Há um ano, Cassol se reuniu com as mulheres para explicar as dificuldades e pedir prazo de um ano para concessão do reajuste. Segundo o governador, em abril foram adicionados ao soldo dos PMs 11.75% de reajuste.

- Tudo que foi combinado foi cumprido. Quem não cumpriu sua parte foi a Associação das Esposas e Familiares dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Rondônia - disse Cassol.

De acordo com o governador, o que não foi acertado ainda com a PM é a parte que caberá à corporação quando houver o aumento linear de todos os servidores públicos.

Cassol revelou como dificuldade para atender aos policiais uma dívida do Instituto de Previdência do Estado de Rondônia com o Governo Federal no valor de R$ 52 milhões. Segundo ele, a dívida pode tornar Rondônia inadimplente e impedir que o Estado receba os recursos do PAC.

O governo pode adotar medidas drásticas para evitar o colapso de suas contas e manter em dia o pagamentos dos servidores públicos.

- Caso haja necessidade, os vencimentos dos secretários de Estado e de todos os servidores comissionados serão reduzidos em 30%. As gratificações, auxílios, bônu produtividade e outros benefícios extras também serão cortados. O momento é de união e não de baderna ou
politicagem - afirmou Cassol.

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

MPE AMEAÇA POLICIAIS

20 anos de cadeia para quem participou de manifestação contra o governador Binho Marques (PT)


O Ministério Público do Estado do Acre anunciou hoje a disposição de agir com rigor para que sejam punidos mais de 200 homens da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros que acamparam na segunda-feira em frente à casa onde funciona o escritório do governador Binho Marques (PT), no centro de Rio Branco (AC).

- Nós queremos a exclusão de todos eles dos quadros da Polícia Militar por crime de motim. Eles podem pegar até 20 anos de prisão cada um porque sitiaram o poder do Estado representado na figura do governador. Terão que responder por isso - afirmou procurador de Justiça, Sammy Barbosa Lopes, da Coordenadoria do Controle da Atividade Policial,

O MPE quer identificar os manifestantes a partir de imagens que já foram solicitadas a alguns veículos de comunicação. O governador, que chegou a ser impedido pelos manifestantes de sair do escritório em carro oficial, foi obrigado a deixar o prédio a pé quando necessitou se ausentar para participar de um compromisso.

Binho Marques chegou, ainda, a ser vaiado ao caminhar entre os militares e seus familiares, que instalaram mesas e banheiros químicos na rua, além de portarem faixas, cartazes e carros de som. Os militares queriam ser recebidos pelo governador para exigir melhorias salariais. Posteriormente, durante uma solenidade pública, Marques chamou os militares de baderneiros e prometeu punir os que infringiram o estatuto da corporação.

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