quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O CRIME COMPENSA



Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto (foto) é oficial da Polícia Militar do Acre, odontólogo, possui uma caminhote de luxo e vários imóveis, entre os quais, fazenda, casa e prédio de quatro andares numa das avenidas mais movimentadas de Rio Branco.


O irmão do ex-deputado Hildebrando Pascoal foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público do Acre no dia 10 de outubro de 1999 por dois assassinatos, ambos por motivo torpe, perpetrados há 13 anos, mediante o emprego de tortura, que impossibilitou a defesa de suas vítimas - um mecânico fatiado com motosserra e o filho deste, uma criança excepcional de apenas 13 anos de idade, sobre o corpo da qual jogou ácido após seqüestro e tortura.

Desde a segunda-feira, 28, Pedro Pascoal está confortavelmente "preso" no quartel da Polícia Militar do Acre, onde tem direito a TV, geladeira, sala climatizada e uso de notebook para acessar a internet. Em outra oportunidade, quando esteve preso mais tempo sob a proteção de seus colegas de farda, chegou a instalar uma antena parabólica para assistir a programação de TV por assinatura.

Pedro Pascoal está "preso" por ordem do juiz Leandro Gross, da Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, porque tentou de modo descarado impedir por quatro vezes a realização do julgamento dele por participação no crime da motosserra, afetando gravemente a possibilidade da instrução processual e o esclarecimento do caso.

- Chega ser afrontoso o comportamento do acusado (...) tentando promover o adiamento dos julgamentos e a busca pela prescrição e extinção da punibilidade. O Poder Judiciário não pode tolerar conduta eivada de má-fé e totalmente perturbadora da instrução processual. Como medida legal e aplicável ao feito, justamente pelo suporte factual, imprescindível aplicar a prisão preventiva do acusado - justificou Gross em sua decisão.

Ao prender Pedro Pascoal, Gross determinou prazo de cinco dias úteis para o acusado constituir novo advogado. Mas não foi necessário esgotar o prazo nem o juiz tomar a iniciativa de designar alguém para a defesa do réu.

No dia da prisão, o defensor público Gerson Boaventura de Souza deixou de comparecer a uma audiência no júri porque, não se sabe como, já havia assumido compromisso com uma causa inadiável: elaborar um habeas corpus em favor de Pedro Pascoal, impetrado oito horas após a prisão do réu.

Tanto servilismo da Defensoria Pública de Boaventura é criminoso e injustificável. Não esperou Pedro Pascoal provar que realmente não dispõe de condição para pagar advogado, assim como não esperou que o juiz designasse um dos defensores que atuam na Vara do Tribunal do Júri.

Diariamente, centenas de pessoas realmente pobres e com sede de Justiça deixam a Defensoria Pública do Acre. Saem de lá sem que consigam ter acesso à defesa judicial ou extrajudicial. A maioria não consegue provar que não pode pagar honorários de advogado sem prejuízo de seu sustento por ganhar menos de dois salários mínimos.

O crime ainda compensa para torturadores e assassinos como os que emergem dos autos do crime da motosserra.

Foto: A Gazeta

CINEMA, GIBIS E AVENTURAS

José Augusto Fontes

Era tempo de ver filmes e trocar gibis pela Getúlio Vargas, avenida e cenário principal da minha infância. O percurso dos cines e das trocas de gibis iniciava no Cine Acre, na primeira sessão matinê. Giuliano Gemma dava tiros para todo lado e a pipoca se transformava em refúgio. Sabe-se lá, tanta bala, melhor encher a boca de pipoca. A meninada batia nas cadeiras de madeira, torcia e gritava, quando “o artista” vencia os bandidos, os mexicanos, os índios e tudo que não fosse mocinho. Nenhum tinha tempo para ver que não poderia ser diferente. Meninos que seguem lembrando a música do Django. Mesmo estando hoje distantes e calados, como esquecer?

Naquele tempo, apesar de furado, o dólar já fazia sucesso. Bang-bang era o apelido do filme, uma espécie de rótulo, de senha, para todo mundo entender do assunto e acessar os próprios registros de alguma cena espetacular. O genérico era faroeste, tão longe oeste. Enquanto Fernando Sancho ia perguntando: “como te llamas, Chico?”, os gibis do Tex, Fantasma. Tio Patinhas e Zé Carioca já estavam separados para a troca. Compondo o ato, o Chico respondia: “Miguel, señor...”. Era o fim dele e a confirmação da fama de mau do “bandido”. Ouvia-se o tiro. Bum! “Llamavas!”...

Outro “bandido” mau, pouco falante, era o Klaus Kinsky, com olhos que jamais poderiam ser de “artista”, de bom moço. Ninguém torcia por ele. Quem imaginaria que dali viria a Natascha? Dos gibis, Mandrake, Lothar, Zorro, Tonto, Silver, todos ouviam os gritos do Tarzan vindo das telas dos dois cinemas, enquanto a Chita comia bananas, que já eram exportadas a preço peculiar. O Acre era terra fértil para investimentos. O país parecia que ia endurecer, era amar ou deixar. Ninguém queria saber disso. Exceto um ou dois, todos iam ficar por aqui. Mudando a conversa, hoje, quase ninguém fala disso.

Por onde andam aqueles meninos, que seguiam adiante, com os gibis empilhados no braço? Havia a Praça do Hotel Chuí, também chamada de Praça do Quartel, de Praça da Escola Normal, ou de Pracinha. Dali pra frente, a gente dizia que “ia descer”. “Você já foi lá embaixo hoje?”, “vou descer agora”... Descia-se para o Cine Rio Branco, para o comércio, para o Palácio, para a loja Pernambucanas, para o rumo da ponte. De volta, subia-se, na direção do Cine Acre. Parece que ninguém notava que, logo depois, vinha a Ladeira da Maternidade. E, nesse rumo, primeiro vinha a descida.

Mas o subir ou descer concentrava-se no trecho entre a Pracinha e as imediações do Palácio Rio Branco. A conversa descia beirando a Casa Zeque, abicorando A Garota, mas ela nem notava. Era fácil chegar à Esquina da Alegria. Ir adiante, para o Cine Rio Branco, onde Dio Come Te Amo passou mais que gente pela roleta. O gordo, na entrada (até hoje ele é porteiro, lá pelo 14 Bis), fingia que era mau, mas sempre foi mole, coração mole. Era da turma que gostava de livrinhos sem gravuras, só texto de fantasia abundante. Hoje, a gente sabe, fantasia não é imaginação, Popeye não é Asterix.

A Pracinha rendia, entre as sessões, depois delas, antes da missa e na saída, até a hora da boateca e no intervalo, até a tentativa de entrar na boate do Rio Branco, que não era para fedelhos. Mas a gente tentava, de três ou quatro, uma dava. “Esse cara, até pra cá traz gibi...”. “Será que não sabe dançar? Tem que chegar junto!”. Mas era assim, os mais tímidos insistiam em algo que pudessem participar, comentar, fazer afirmação. Dançar é diferente de ler, e nosso assunto é gibi, é cinema, sem esquecer alguma aventura. Hum, que saudade, O Último Tango em Paris tinha cenas raras, mas a idade não permite revelar.

Quem imaginaria? Olhar pra frente e fantasiar, mas fantasiar muito, ainda não chegaria no que chegou. Não estava escrito em nenhum gibi. Agora, a gente vê que só é fácil olhar para trás. E mesmo olhando, ficam poucos para dizer, do muito que havia, que há para lembrar. Mas fantasiar não é lembrar. Assim, a gente imagina, finge que lembra, às vezes, até acerta. Tanta fita, rolos e rolos, mas nenhum Ben-Hur trilhou essa fantasia. Ninguém mais diz que vai descer, os cines já não existem, e ainda há quem fale nisso, mesmo sabendo que o tempo dos gibis era outro.

A vida veio contando esses quadrinhos, veio criando essas tantas cenas e enredos, que a gente não pode mais reproduzir. Quase nem é possível imitar. Ficaram poucos meninos. As muitas lembranças, a gente faz-de-contas que são relatadas para outros meninos, mesmo sendo ditas para dentro de nós. Quem iria esquecer? Se fiquei falando quase só, é porque não pude ver olhos calados, até distantes, quem sabe? Se não for assim, finjo que falo para mim, vou imaginando. A vida encena cada coisa. A gente vai duelando, a lembrança contra o tempo, mesmo sabendo que o tempo dos meninos era outro.

José Augusto Fontes é poeta, cronista e juiz de direito em Rio Branco. Autor de "Páginas da Amazônia - Proseando na Floresta", comemora por ter ultrapassado a marca de mil exemplares vendidos, após a obra alcançar grandes livrarias e lojas virtuais, como Saraiva, Submarino, Cultura e Americanas. É um feito inédito para uma publicação regional, sem apoio governamental ou privado e sem a carga publicitária de grandes editoras. Ao contrário de alguns imortais, Fontes escreve e não participa da Academia Acreana de Letras.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

HONDURAS

Um menino contra o golpe



Oscar David Montesinos, um menino de 10 anos, tornou-se um símbolo da resistência ao golpe que derrubou o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya.

PEDRO PASCOAL

Arquilau Melo nega habeas corpus a irmão de Hildebrando

O desembargador Arquilau Melo, da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre, indeferiu nesta manhã o pedido de liminar do habeas corpus impetrado pelo defensor público Gerson Boaventura de Souza em favor do dentista e tenente da Polícia Militar Pedro Pascoal, irmão do ex-deputado Hildebrando Pascoal, réu no processo que apura o crime da motosserra.

Pedro Pascoal está preso preventivamente, por ordem do juiz Leandro Gross, do Tribunal do Júri de Rio Branco, sob o argumento da necessidade da garantia da instrução criminal, em razão de que haveria, por parte do dentista, tentativa de obstruir o julgamento de sua participação no crime de Agilson Firmino dos Santos, o Baiano.

O defensor sustentou a ilegalidade da prisão pela ausência dos requisitos justificadores da medida, vez que o acusado procedera, nos autos, segundo ele, de acordo com as exigências da legislação pertinente.

O desembargador Arquilau Melo indeferiu a liminar ao considerar que no caso não se verificam os requisitos necessários para concessão da medida pleiteada, pois, à primeira vista, não se confere a verossimilhança das alegações da defesa.

Assim, Pedro Pascoal permanece detido no Quartel da Polícia Militar, no centro de Rio Branco, onde aguardará o julgamento final do habeas corpus na próxima sessão da Câmara Criminal.

Pedro Pascoal será submetido à júri popular no dia 3 de novembro deste ano por causa do crime da motosserra. No dia 23 de novembro também será submetido à júri pela tortura e assassinato de Wilder Firmino, de 13 anos, filho de Baiano.

OPERAÇÃO ABATE

Justiça Federal bloqueia bens dos envolvidos

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal em Rondônia determinou o bloqueio de bens de empresas e de pessoas envolvidas na Operação Abate, realizada pelo MPF e Polícia Federal em junho deste ano.

A decisão da Justiça, proferida na ação de improbidade administrativa movida pelo MPF, abrange cinco frigoríficos, um laticínio, um curtume, dez empresários e funcionários das indústrias, além do deputado federal Ernandes Santos Amorim (PTB).

A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens imóveis e veículos dos frigoríficos JBS Friboi (em Porto Velho), Cear ou Quatro Marcos, Amazon Meat ou Santa Marina, Frigopeixe e Margen; o curtume Nossa Senhora Aparecida; e o laticínio Três Marias.

Não houve decretação de bloqueio de valores existentes em instituições bancárias. A Justiça entendeu que isto iria gerar “danosa repercussão social” porque as empresas exercem atividade econômica na região.

Leia mais no Blog da Amazônia.

JULGADOR E TESTEMUNHA

O dilema do desembargador Arquilau Melo


Preso preventivamente por ordem do juiz Leandro Gross, da Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, o dentista e tenente da Polícia Militar do Acre, Pedro Pascoal, irmão do ex-deputado Hildebrando Pascoal, impetrou novo habeas corpus na tentativa de não ser submetido ao júri popular por homicídios, nos dias 3 e 23 de novembro.

Distribuído por sorteio às 15h35 desta segunda-feira, o habeas corpus foi parar nas mãos do desembargador Arquilau Melo, titular da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre. O desembargador está arrolado como testemunha do ex-deputado e ex-comandante da Polícia Militar do Acre Aureliano Pascoal, primo de Hildebrando.

Arquilau Melo terá que decidir nas próximas horas se se considera impedido ou não para julgar o habeas corpus de Pedro Pascoal.

Leia mais no Blog da Amazônia.

ÉTICA E CULTURA

No tempo e no espaço


Professor Marcos Afonso vai conduzir na próxima semana (dias 6, 7 e 8 de outubro, das 17 às 19 horas), no auditório da Biblioteca da Floresta, uma oficina sobre "Ética e Cultura no Tempo e no Espaço".

Evento aberto a todos, independente de idade e escolaridade. Inscrições através do e-mail biblioteca.floresta@ac.gov.br ou pelo telefone 68 3223-9939, informando nome completo e telefone para contato.

- É uma gota de esperança e sensibilização. Independente de partido, religião, ideologia, sempre é bom refletir sobre nossos sonhos - afirma Marcos Afonso.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

VAI JORRAR PETRÓLEO NA MÍDIA

Nos próximos dias vai jorrar na mídia local novas manifestações em defesa da prospecção e exploração de petróleo no Acre.

A Província Petrolífera de Urucu (AM) está sendo visitada pela terceira vez por uma delegação de empresários, parlamentares e jornalistas acreanos.

Faz parte do esforço do senador Tião Viana (PT) para aplainar o terreno rumo ao governo estadual em 2010, tendo como principal bandeira os royalties.

A prospecção e exploração de petróleo e gás acontecerá mesmo sem consulta prévia e sem respaldo no Zoneamento Ecológico-Econômico e no plano estratégico do governo estadual.

A exploração, com sísmicas e perfuração, vai começar em breve. Apesar disso, os Ministérios Públicos Federal e Estadual e órgãos ambientais como Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Meio Ambiente do Acre em nenhum momento se posicionaram.

Desde fevereiro de 2007, jamais solicitaram informações a respeito dos atos administrativos que resultaram no início da prospecção de petróleo e gás no Estado, das atividades em curso e planejadas e da legislação pertinente a essa atividade.

Tampouco cumpriram papel de informar à sociedade sobre essas questões.

SEPARADOS PELA MOTOSSERRA


O dentista Pedro Pascoal e o secretário de Comunicação Aníbal Diniz. Já presenciei um homem se dirigir ao jornalista para elogiar a valentia do dentista.

PEDRO PASCOAL ESTÁ PRESO

O dentista e tenente da Polícia Militar do Acre, Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto, irmão do ex-deputado Hildebrando Pascoal, foi preso preventivamente na manhã desta segunda-feira, 28, por ordem do juiz Leandro Gross, da Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, e será submetido a júri popular nos dias 3 e 23 de novembro.

- A conduta do acusado Pedro Pascoal revela intenção deliberada de impedir a realização do julgamento, afetando gravemente a possibilidade da instrução processual e a resolução do caso. Chega ser afrontoso o comportamento do acusado (...) tentando promover o adiamento dos julgamentos e a busca pela prescrição e extinção da punibilidade. O Poder Judiciário não pode tolerar conduta eivada de má-fé e totalmente perturbadora da instrução processual. Como medida legal e aplicável ao feito, justamente pelo suporte factual, imprescindível aplicar a prisão preventiva do acusado - afirma Leandro Gross em sua decisão.

Pedro Pascoal deveria ter sido julgado junto com Hildebrando na semana passada, mas se internou numa clínica particular de Rio Branco e no dia julgamento, para escapar do júri, apresentou um atestado médico alegando problemas de saúde.

O julgamento dele fora remarcado para ser realizado nesta segunda-feira, mas teve que ser adiado porque, na sexta-feira, 26, o advogado Anderson Ribeiro comunicou à Justiça a desistência da defesa do réu.

Diante da renúncia do advogado, o juiz decidiu por decretar a prisão preventiva do acusado, com base no artigo 312 do Código de Processo Penal, e designar novas datas para seu julgamento.

Nesta manhã, ao apresentar-se na Vara do Tribunal do Júri, Pedro Pascoal foi comunicado sobre a decisão do juiz e conduzido por um oficial de Justiça até o quartel da Polícia Militar, no centro de Rio Branco, onde deverá cumprir a prisão preventiva.

Leia mais no Blog da Amazônia.

JAEL BIMI


A Bíblia narra (Juízes 4-22) como Deus humilhou Jabin, rei de Canaã, diante dos israelitas. O exército de Jabin era chefiado por Sísera, que tinha 900 carros de ferro e oprimia duramente os filhos de Israel já fazia 20 anos.

Naquela época, a profetisa Débora era juíza em Israel. Ela mandou chamar Barac para ordena-lo, em nome do Senhor, que arregimentasse 10 mil homens para enfrentar Sísera com seus carros e tropas.

Barac exige a companhia de Débora. Ela aceita, mas profetisa que a glória da expedição não será dele, porque o Senhor entregará Sísera nas mãos de uma mulher.

Sísera com todos os seus carros e todo o seu exército caíram ao fio da espada, sem escapar um só homem, diante de Barac. Sísera, saltando do seu carro, fugiu a pé e chegou à tenda de Jael, mulher de Heber.

Jael, saindo ao encontro de Sísera, disse-lhe:

- Entra, meu senhor, em minha casa, e não temas.

Ele entrou na tenda e ela o ocultou sob um manto. Ele disse à mulher:

- Peço-te que me dês um pouco de água, porque tenho sede.

Jael abriu um odre de leite, deu-lhe de beber e recobriu-o. Sísera disse-lhe ainda:

- Põe-te à entrada da tenda, e se qualquer pessoa te perguntar se há alguém aqui, responderás que não.

Jael tomou um prego da tenda juntamente com um martelo. Aproximando-se devagarinho, enterrou o prego na fonte de Sísera, pregando-o assim na terra enquanto ele dormia profundamente por causa da fadiga. O opressor morreu.

A Bíblia registra ainda (Juízes 5-32) o cântico, de Débora e Barac, onde Jael é enaltecida como bendita entre as mulheres.

A história de Jael fascinou-me, bem como à Kátia, em meados dos 1980, também pela sonoridade do nome, quando estava para nascer nossa primogênita. E ficamos acertados que se chamaria Jael, mas inventei de consultar meus amigos kaxinawá sobre nomes que também fossem curtos e sonoros.

Siã sugeriu, entre outros, "bimi", que significa o broto que se converte em flor e fruto, tudo aquilo que medra. Estava formada a confusão em casa por causa do nome. O jeito foi decidirmos que se chamaria Jael Bimi Jaccoud Machado.

Parabéns filha, mulher do Beto, mãe do neto Samuel, nascida no dia dos aniversários do avô materno e da cidade que originou este pai coruja que vos escreve.

Te amo, sempre.


domingo, 27 de setembro de 2009

SENHORINHA



(Guinha - Paulo César Pinheiro)

Senhorinha
Moça de fazenda antiga, prenda minha
Gosta de passear de chapéu, sombrinha
Como quem fugiu de uma modinha

Sinhazinha
No balanço da cadeira de palhinha
Gosta de trançar seu retrós de linha
Como quem parece que adivinha (amor)

Será que ela quer casar
Será que eu vou casar com ela
Será que vai ser numa capela
De casa de andorinha

Princesinha
Moça dos contos de amor da carochinha
Gosta de brincar de fada-madrinha
Como quem quer ser minha rainha

Sinhá mocinha
Com seu brinco e seu colar de água-marinha
Gosta de me olhar da casa vizinha
Como quem me quer na camarinha (amor)

Será que eu vou subir no altar
Será que irei nos braços dela
Será que vai ser essa donzela
A musa desse trovador

Ó prenda minha
Ó meu amor
Se torne a minha senhorinha

AS DONAS DAS RECEITAS

Ribamar Bessa


Existem plantas cujas flores são comestíveis: brócolis e couve-flor, por exemplo. Agora, levanta a mão aí quem já comeu flor de pupunha? A época é essa, setembro, quando as pupunheiras começam a florir. É quando dona Maria Martins Lana, índia Kubeo do Alto Rio Negro (AM) coloca balaios embaixo das palmeiras para colher as flores que caem. Ela retira as pétalas, deixando-as descansar por três dias num paneiro, pra ficar “no ponto”. Depois disso, já pode preparar uma torta de flor de pupunha.

Nascida no rio Uaupés, dona Maria, 47 anos, dona de uma receita refinada de peixe com flor de pupunha, nos aconselha:

- No dia de preparar o peixe, lave as flores e coloque numa panela com água para cozinhar por uma hora. Depois de cozidas, deixe esfriar. Aí soque as flores no pilão. Leve a massa pilada ao fogo para cozinhar por mais uma hora. Não esqueça de temperar com sal e pimenta. Ao final, você terá uma pasta para temperar o peixe, mas que também pode ser comida pura.

Ora, direis, comer flores! E eu vos direi, no entanto, que para comê-las é preciso ir buscá-las entre dezenas de receitas do livro “Comidas Tradicionais Indígenas do Alto Rio Negro” (EDUA-FioCruz), lançado nessa quinta-feira, dia 24, no Museu do Índio, Rio de Janeiro, por duas pesquisadoras: a professora da Universidade Federal do Amazonas Luiza Garnelo, médica e antropóloga, e a índia baré Gilda Barreto, coordenadora da Wariró – Casa de Produtos Indígenas do Rio Negro. Fui até lá para conferir.

Leia mais no Blog da Amazônia.

BEM-TE-VI NO AÇAÍ

TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO

Ricardo Brandt - O Estado de S.Paulo

A sala do tribunal do júri não é das menores: tem 14 metros por 8. Mas o teto rebaixado e as colunas aparentes passam a ideia de que nos esprememos num porão. Além de jornalistas, os familiares do acusado e das vítimas, vários curiosos e muitos estudantes de direito lotam os 40 bancos de madeira. Há policiais por toda a volta. Hildebrando continua impávido. Como de hábito, fita de cima a baixo qualquer um que se aproxima. Com Evanilda não é diferente.

Beira o meio-dia em Rio Branco quando ela se senta em frente do juiz Leandro Leri Gross para falar sobre o passado que esconde desde 1996. Segunda testemunha a ser ouvida no julgamento do crime da motosserra, um dos assassinatos mais brutais da década de 90 no Brasil, Evanilda entra escoltada por policiais e por ovalados óculos escuros. Exibe pele morena, anca de mulher brasileira e cabelos encaracolados amparados por uma faixa rajada. A menos de dois metros do seu antebraço esquerdo está Hildebrando, deputado cassado em 1999, o homem acusado de ter comandado a operação criminosa de vingança familiar que resultou na morte do marido e do filho dela. Encolhida na cadeira, como se quisesse fundir-se a ela, a ex-cozinheira Evanilda se expressa com voz sôfrega. A impressão é de que a lembrança da tragédia representa um novo perigo para ela e para os dois filhos que sobreviveram.

Ainda assim, os detalhes do que aconteceu entre os dias 30 de junho e 10 de julho de 1996 brotam no tribunal. Era a hora do almoço daquele último dia de junho quando o telejornal anuncia o assassinato do subtenente da PM do Acre Itamar Pascoal. A baiana Evanilda, nova na cidade, não sabia que Itamar era um dos nove irmãos do poderoso e temido coronel Hildebrando. Já naquela ocasião, antes de ser eleito deputado federal em 1998, Hildebrando estava sob investigação por liderar um grupo de extermínio dentro da polícia batizado de "esquadrão da morte", que o alçava a homem intocável pela Justiça. Ao grupo, o Ministério Público Estadual atribuiu pelo menos 50 execuções cometidas entre as décadas de 80 e 90. Muitas vítimas tinham um traço comum: a cabeça e as mãos eram arrancadas do corpo. "Essa marca cumpria duas funções", explica o procurador de Justiça Sammy Lopes, coordenador do grupo de combate ao crime organizado no Acre. "Primeiro dificultar a identificação dos corpos, impossibilitando exames de digitais e de arcada dentária; depois passar a mensagem de que aquele crime não deveria ser investigado."

Minutos antes da notícia da morte de Itamar, José Hugo chegou à casa de Evanilda. "Ele pediu para usar o banheiro e depois perguntou se o Agilson tinha deixado algum dinheiro para ele", relata a baiana, já sem o escudo dos óculos. "Eu disse que não e ele saiu apressado." José Hugo era um dono de caçambas que chegou a Rio Branco nos anos 80 fugido de processos que enfrentava em Rondônia. Montou o negócio para remoção de entulho em obras públicas, o que o aproximou de políticos. Foram as obras da Rodovia AC-364, que liga Rio Branco à vizinha Sena Madureira e o gosto pela comida baiana os pontos de aproximação entre Hugo e Agilson, também conhecido como Baiano, a partir de abril de 1996. Com suas caçambas locadas para as obras estaduais da estrada, o empresário passou a comprar marmitas no restaurante de Baiano, que ficava ao lado da rodoviária da cidade, com as portas viradas para a pista. À medida que o asfalto evoluía, Hugo sentiu necessidade de um fornecedor de comida em Sena Madureira, onde então passou a existir um grupo de trabalhadores seu. Hugo propôs ajudar Baiano a viabilizar a transferência do restaurante para lá e chegou a comprar comida para que ele cozinhasse.

Naquele dia 30, ambos iriam até a cidade vizinha fechar o aluguel do local onde seria montado o novo restaurante. Num outro canto da cidade, o subtenente Itamar Pascoal dava início aos fatos que atropelariam a vida de Evanilda. O policial retira ilegalmente da cadeia o detento Gerson Turino, condenado por tráfico, e ambos saem pela cidade à caça do homem que recebera de Turino R$ 20 mil para viabilizar, por meio de sua influência com um deputado estadual, um esquema penal "alternativo", no qual o traficante poderia ficar fora durante o dia e passar apenas a noite na prisão. Hugo, porém, usou o dinheiro na compra de um carro e não cumpriu sua parte do acordo. O traficante, então, recorreu a Itamar, que prometeu encontrar o golpista e recuperar o valor.

Pouco antes do horário do almoço, Itamar e Turino encontraram Hugo em um posto de gasolina da cidade. No carro parado, ao volante, estava Baiano. Após uma discussão entre o subtenente e Hugo, o policial desferiu um tapa na cara do caçambeiro, que revidou dando um tiro na cabeça de Itamar. O corpo do subtenente desabou. "Baiano estava com a pessoa errada, na hora errada, no local errado", foi o jargão do promotor Álvaro Pereira, que sustentou a tese aceita pelo corpo do júri para condenar Hildebrando pelas barbaridades que aconteceriam nas horas seguintes. "Após o assassinato de Itamar Pascoal imperou no Estado do Acre a lei do talião e da vingança privada, sendo Agilson Santos Firmino, o Baiano, uma das vítimas inocentes que tombaram frente à nefasta ação criminosa de execução sumária capitaneada pelos acusados." A descrição faz parte da denúncia oferecida pelo Ministério Público e integra o primeiro dos 16 volumes do processo 001.99.010284-0, que engloba mais de 15 mil páginas.

Evanilda teve certeza absoluta de que algo muito grave havia ocorrido por volta das 19 horas daquele mesmo dia, quando seus filhos brincavam na pequena varanda da casa e quatro homens chegaram mostrando uma foto. "A senhora conhece esse homem?" Eram todos policiais, sem identificação oficial. "Esse é o seu Hugo", lembra Evanilda, reconstituindo o passo a passo para o tribunal. Os jurados, 7 homens escolhidos entre a lista de 25 intimados, não tiram os olhos da testemunha.

"Um deles disse que meu marido estava embriagado, que havia acontecido um acidente com ele e que estava detido. Ele disse que precisava de um filho meu para fazer companhia para ele", conta a baiana, com a respiração entrecortada. "Eu disse não, meus filhos são menores, eu vou com vocês." No caminho, quando perguntou o que estava acontecendo, mandaram que calasse a boca. Apenas no quartel da PM ela recebeu a notícia que a levaria ao inferno nas horas seguintes. "Um policial veio e me disse: "Olha, houve um assassinato na cidade, que seu Hugo cometeu; seu marido estava junto dele"."

Evanilda em nenhum momento contorce o pescoço na direção de Hildebrando, que ouve seu depoimento sem esboçar reação. Ela treme como se sofresse de Parkinson. Tem pânico, acima de tudo, dos homens de farda da polícia do Acre. Quando aceitou voltar para a cidade onde prometera nunca mais pisar, a família exigiu que entre seus seguranças não houvesse policiais locais.

O choro interrompe o depoimento. "Quando me levaram de volta pra casa no domingo, vi que o Wilder não estava e perguntei: "Cadê o Wilder?" Minha filha respondeu: "Mainha, ele não está com a senhora?"" Os mesmos homens que a levaram horas antes voltaram até o número 1400 da Rua Rio Grande do Sul para buscar o filho de 13 anos. A filha, Emanuela, hoje com 28, chegou a se oferecer, mas os policiais disseram que era melhor levar Wilder porque havia muitos homens onde o pai estava. Durante toda a madrugada e no dia seguinte, a mãe fez frustradas buscas pela cidade procurando o filho. O marido, que saíra às 6h30 da manhã de domingo, também não dera notícias.

Ela só ficou sabendo da morte de Baiano porque, de segunda para terça, viu no noticiário do jornal que haviam encontrado um corpo mutilado enrolado em pano preto. "Meu Deus, é o Wilder", pensou, já que o marido saíra com uma roupa e o corpo que haviam encontrado estava com outra. Decidiu que tinha de reconhecer o corpo. Chamou um vizinho, mas, no caminho, um outro disse ser melhor procurar um lugar para ficar até que ele entrasse em contato. "Dei o telefone para ele, fui para a casa desse pessoal e fiquei aguardando. Duas horas de relógio depois apareceu o rosto de Agilson na televisão", desaba Evanilda.

Baiano foi espancado (havia várias costelas quebradas), teve pernas, braços e pênis amputados com uma motosserra e um facão (simulações técnicas comprovaram o uso dos instrumentos), os olhos foram arrancados (presume-se que ou foram removidos ou destruídos por tiros) e na testa um prego foi enfiado. O laudo ainda constatou quatro perfurações de bala (outras podem ter sido disparadas via orifícios naturais da cabeça). Seu corpo foi enrolado em um saco preto e jogado na frente do principal canal de televisão da capital. O filho, que nem sequer conhecia José Hugo, também foi torturado antes de ser morto com três tiros na cabeça. Os assassinos queriam informações sobre o paradeiro do assassino de Itamar Pascoal e também vingar-se por seu pai ter acompanhado Hugo naquele dia.

O promotor Álvaro Pereira, um dos três que fizeram parte da banca de acusação do crime, está sentado ao lado do juiz. Com a mão na samarra vermelha, pergunta a Evanilda se ela teve o direito de enterrar o corpo do marido. "Não, não tive. Porque eu sentia medo que meus dois outros filhos fossem sacrificados também. Eu não tive proteção nenhuma, como é que eu iria brigar por um corpo, se eu não tinha nem condição de enterrar?" Ela também não viu o corpo do filho.

A foto do menino Wilder que você vê nesta reportagem é a primeira imagem que a mãe revê do filho nos últimos 13 anos, um retrato 3x4 entregue por ela à polícia dois dias depois de seu desaparecimento. Evanilda saiu de avião do Acre com passagens compradas pela família dela levando algumas roupas num saco preto de lixo. "Fiquei escondida por oito dias na casa de um amigo pobre, dormindo com as crianças no chão." Ela chegou a buscar apoio na Secretaria de Segurança. "Pedi proteção para pegar meus pertences, pelo menos, e a única coisa que me disseram foi: "A senhora não pegue nem roupa, se for possível mande seus filhos na frente e vai depois"".

Entre o primeiro e o segundo dias do julgamento, Hildebrando requereu o direito de fazer autodefesa, uma sustentação oral teatral, em que usou um microfone auricular, gesticulou e mirou os olhos dos jurados para se dizer inocente. "Sou um preso político, vítima da mais sórdida e mentirosa campanha de desmoralização desse País." Para ele, as acusações não passam de uma trama política que tem como autores seus adversários. Ao final do discurso, afirmou que os verdadeiros assassinos de baiano foram dois mortos: o policial e ex-vereador Alípio Ferreira e o ex-deputado Carlos Airton. "Não seria desonra para mim se eu tivesse praticado a morte do Baiano e chegasse aqui na frente e afirmasse: "Matei esse bandido porque ele matou meu irmão". Não seria uma desonra", insistiu.

Às 21h20 da quarta-feira, dia 23, o Tribunal do Júri do Acre condenou a 18 anos de prisão Hildebrando Pascoal Nogueira Neto, de 57 anos. Ele voltou para a cela de número 23 do presídio de segurança máxima Antonio Amaro Alves, em Rio Branco. O ex-parlamentar está preso desde 1999 acusado de assassinatos, tráfico de drogas e formação de quadrilha e ainda será julgado pelo morte de José Hugo, degolado no Piauí em janeiro de 1997. Ao todo, somadas suas penas, ele deveria ficar 106 anos recluso. Pela lei brasileira, cumprirá no máximo 30 anos.

Nos próximos dias, a Justiça do Acre julgará o assassinato do menino Wilder. Evanilda e seus filhos, Emanuele e Eder, voltam ao banco das testemunhas para tentar a condenação dos acusados. O governador do Estado, Binho Marques (PT), afirmou que, após o julgamento do "crime da motosserra", o Acre vira uma página negra de sua história. O filho Eder vira a página do ressentimento. Até o julgamento dessa semana, ele acreditava que o pai tivera participação no crime. Para Evanilda Lima de Oliveira, não há calendário a transpor. O ano de 1996 e sua passagem pelo Estado estão cravados em segredo na sua memória. Aos 53 anos de idade, trabalhando em uma empresa de mão de obra terceirizada, ela parte da capital acreana para um local incerto, em cidade não declarada, de algum Estado deste país.

sábado, 26 de setembro de 2009

HILDEBRANDO AINDA METE MEDO

Hugo Marques



Em Rio Branco, é costume se comparar o ex-deputado Hildebrando Pascoal com o insano assassino Jason, do filme "Sexta- Feira 13". Mas o ex-coronel da PM, preso desde 1999, é acusado de matar mais gente do que o personagem e com uma crueldade de causar inveja ao mais aterrorizante roteiro de cinema. Na quarta-feira 23, Hildebrando foi condenado a 18 anos de cadeia, pela morte do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o "Baiano". A vítima teve braços, pernas e testículos cortados por motosserra e os olhos arrancados antes de ser morto, em 1996, num crime que até hoje apavora a população da capital do Acre. Somando-se as condenações por narcotráfico, formação de quadrilha e compra de votos, a pena acumulada de Hildebrando sobe para 106 anos de cadeia. Mas, graças ao regime de progressão, o assassino poderá deixar o presídio dentro de três ou quatro anos. O que deixa os parentes das vítimas morrendo de medo. "Estou apavorada, extremamente abalada, temo pela vida dos meus filhos", diz a esposa de Baiano, Ivanilde Lima de Oliveira. Ela e os filhos Éder e Emanuele foram testemunhas de acusação. Há 13 anos, Ivanilde fugiu com a família para outro Estado, após matarem seu marido e o filho menor.

Clique aqui para ler a reportagem completa da revista IstoÉ.

SEPARADAS À FOICE


A deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) parece ter sido apartada à foice da Mafalda do cartunista argentino Quino. Boa sacada do Blog do Venícios.

BEM NO EIXO


O secretário estadual de Cultura Daniel Zen tem tido participação ativa no Congresso Fora do Eixo, que reúne em Rio Branco (AC) produtores das regiões Centro-Oeste, Norte e Sul preocupados com os rumos da cultura brasileira.

A imagem de Zen no evento foi
publicada pelo produtor Pablo Capilé no Twitpic, a ferramenta de postagem de fotos no Twitter.

No começo da década dos 1990, o agora governador do Acre Binho Marques (PT) usava vistoso brinco na orelha esquerda.

Jorge Viana foi eleito prefeito de Rio Branco e nomeou Marques como secretário de Educação não sem antes aconselhá-lo a largar o brinco. E assim foi feito.

Agora, é claro, o governador não vai torcer o dedo de seu secretário de Cultura.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PEDRO PASCOAL ESTÁ COM MEDO

Advogado desiste de defesa e adia mais uma vez julgamento do tenente da PM do Acre acusado de tortura e assassinato de uma criança de 13 anos

Marcado para a segunda-feira, 28, o julgamento do dentista e tenente da Polícia Militar do Acre, Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto, irmão do ex-deputado Hildebrando Pascoal, foi adiado nesta sexta-feira, 25, porque o advogado Anderson Ribeiro comunicou à Justiça a desistência da defesa do réu, que agora passa a correr o risco de ser preso.


Pedro Pascoal deveria ter sido julgado junto com Hildebrando nesta semana, mas no domingo, 20, se internou numa clínica particular de Rio Branco. No dia seguinte, para escapar do júri, apresentou um atestado médico alegando problemas de saúde.

O juiz Leandro Gross, da Vara do Tribunal do Júri, determinou que o réu fosse examinado por uma junta médica do Instituto Médico Legal e marcou o julgamento para a próxima segunda-feira.

O tenente Pedro Pascoal é o único acusado no processo que apura o assassinato do adolescente Wilder, de 13 anos, filho do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, que foi torturado, mutilado com uma motossera e assassinado com nove tiros na cabeça.

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o tenente seqüestrou, torturou e matou Wilder, que era excepcional, porque a criança não conseguiu revelar o paradeiro do pai.

Após espancar e quebrar a coluna cervical do garoto, Pedro Pascoal jogou uma grande quantidade de ácido sobre o corpo da vítima.


Além de Pedro Pascoal, falta ser julgado pelo crime da motosserra o coronel Aureliano Pascoal, primo de Pedro e Hildebrando, que comandava a Polícia Militar do Acre quando Baiano e o filho foram barbarizados.

O ex-comandante da PM é acusado pelo MPE de participação na sessão de tortura que resultou na morte do mecânico. Aureliano e Pedro Pascoal respondem por homicídio triplamente qualificado.

O processo contra o ex-comandante da PM foi desmembrado porque era deputado estadual e gozava de foro privilegiado quando foi denunciado pelo MPE.

SANHAÇU-AZUL NO CAJU

LEVANTADO DO CHÃO


Uma boa opção para quem está farto dos detalhes sórdidos das cenas do crime do motosserra: a montagem Levantado do Chão cujo texto dramático é uma adaptação do romance homônimo do escritor português José Saramago, conduzida pelo dramaturgo Juarez Dias.

Numa linguagem forte e poética, Levantado do Chão, com direção de Cida Falabella, traz a saga de quatro gerações da família Mau-Tempo, a realidade e a luta dos camponeses do Alentejo, que se assemelha à luta dos trabalhadores rurais em todo o mundo e dialoga com a questão agrária no Acre.

Em cena, 40 atores e músicos narram a história em clima de cumplicidade com o público, que se torna parte da encenação em vários momentos.

A música original, composta pelo maestro Roberto Bürgel, pontua as cenas e dá origem a movimentações coletivas, orientadas pelo bailarino e coreógrafo Steven Harper. A cenografia de Ed Andrade traz elementos da terra para a cena.

Até o dia 4 de outubro, de quinta a domingo, às 20 horas, no Teatro da Usina de Arte João Donato - Avenida das Acácias, Nº.1 - Zona A (Distrito Industrial) - Fone: (68) 3229.6892.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BROMÉLIA


No tronco do velho pé de mangueira, no quintal da casa. Enquanto isso, vejo o governador Binho Marques (PT) afirmar solene, na TV:

- Nunca na história do Acre houve tanta gente empregada.

Resposta dele sobre se os procuradores do Ministério Público Federal o perseguem:

- Enxergar uma estrela do PT no helicóptero é um problema sério de visão, de miopia. O cara vem de fora, não conhece o Acre, não conhece o agente...

NOTAS SOBRE O JULGAMENTO

Após a condenação de Hildebrando Pascoal, conversei com o pecuarista e sargento aposentado da PM Silas Pascoal Nogueira, irmão do ex-deputado.

Ele é casado com a procuradora de Justiça Vanda Denir Milani Nogueira, que ocupava o cargo de subprocuradora-geral de Justiça do Acre quando aconteceu o crime da motosserra.

Questionamento pertinente de Silas:

- Se todos participaram do mesmo crime, como pode apenas Hildebrando ter sido condenado? Nada disso teria acontecido se o Hildebrando tivesse prendido o Alípio.

Alípio Ferreira, policial já falecido, foi acusado pelo ex-coronel durante o julgamento de ter amputado com um terçado os braços e as pernas de Baiano porque estava sem as chaves e precisava retirar as algemas do corpo da vítima.

Durante sua autodefesa, Hildebrando Pascoal citou de modo breve o currículo de várias gerações de sua família, cujos membros realmente se destacam por mérito na sociedade acreana como professores, médicos, advogados, dentistas e estudantes universitários.

O ex-coronel citou o nome de uma de suas filhas, a advogada Emanuelle Gondim Nogueira. Mas foi comedido no orgulho que deve sentir dela, que atualmente exerce o cargo de juíza leiga do Juizado Especial, após ter sido aprovada em concurso público.

A filha, assim como vários familiares, preferiu não comparecer ao julgamento.

Com a discrição habitual, o ex-vereador e ex-deputado estadual Cosmoty Pascoal, irmão de Hildebrando, acompanhou todo o julgamento e foi quem mais se empenhou em telefonar para atrair os familiares.


A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça soube facilitar o acesso rápido e discreto e a mídia soube respeitar a dor da família.

Ao expor conversas telefônicas de Hildebrando Pascoal com os donos dos veículos de comunicação, gravadas com autorização da Justiça, o Ministério Público contribuiu para provar que a relação do então governador Orleir Cameli com a mídia não era diferente da relação dos governos petistas de Jorge Viana e Binho Marques.

A certo ponto da gravação, Ely Assem, dono do jornal A Tribuna, admite que Cameli está com o pagamento em atraso.

Assem disse nesta manhã ao blog:

- Agora mesmo estamos com dois meses atrasados. Isso só não costumava acontecer durante a gestão do governador Jorge Viana. Quando acontecia, ele cobrava com firmeza de sua assessoria.

Nesse embate um tenta manter o outro com o focinho preso ao cocho.

Ninguém leu jamais reportagens assinadas pelos repórteres acreanos que costumavam acompanhar as execuções do esquadrão da morte no Estado.

Será que escreviam as reportagens e pediam para que Hildebrando Pascoal telefonasse para seus patrões exigindo que textos e fotos fossem censurados?

Verdade ou não, um deles contou que a certa altura da sessão de tortura contra Baiano num galpão pertencente ao policial Alipio Ferreira, teria sido exigida a permanência apenas de membros da família Pascoal.

Daí porque não sabe se a vítima foi mutilada com terçado ou motosserra. Só no Acre mesmo. Silas Pascoal Nogueira tem razão quando questiona que a condenação atinja apenas ao irmão dele.

As atuais queixas dos petistas do governo do Acre contra os procuradores do Ministério Público Federal em nada diferem das contrariedades expostas há 13 anos por Hildebrando Pascoal: são perseguidores, gente estranha ao Acre, empenhada em barrar o desenvolvimento do Estado e que se preocupa com o que não deve.

O dentista Pedro Pascoal, também réu no crime da motosserra, continua internado numa clínica particular de Rio Branco. Ele permanece alegando problemas de saúde para não comparecer ao seu julgamento, marcado para a segunda-feira, 28.

Certo dia, o procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza telefonou para me convidar a comparecer com urgência ao gabinete dele na sede do Ministério Público Federal no Acre.

Ao chegar lá, abriu a gaveta e me entregou um conjunto de fotos, tiradas no Instituto Médico Legal, que mostravam o corpo mutilado de Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, além do filho dele, Wilder, de 13 anos, com sinais de tortura, tiros e queimaduras.

- O que podem ter usado para serrar o corpo do coitado?

Senti repugnância, mas fiquei examinando as fotos por alguns minutos e respondi:

- Luiz, devem ter usado terçado ou motosserra. Parece mais que foi motosserra.

- Muito bem, está na pista certa - respondeu o procurador.

E então escrevi para o Página 20 os primeiros relatos sobre as suspeitas de que a vítima fora fatiada com uma motosserra. Surgiu assim o crime da motosserra. Ou, agora, na versão de Hildebrando, o crime do terçado.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

18 ANOS DE PRISÃO PARA HILDEBRANDO


O ex-deputado Hildebrando Pascoal Nogueira Neto foi condenado pelo pleno do Tribunal do Júri de Rio Branco (AC) a 18 anos de prisão, em regime fechado, por causa do crime da motosserra.

A sentença foi lida às 20h24 local (21h24 de Brasília) pelo juiz Leandro Leri Gross. Os réus Adão Libório (primo de Hildebrando) e o ex-sargento da Polícia Militar do Acre Alex Barros foram absolvidos.

- Quero agradecê-lo. Sei que o senhor fez por mim o que podia. Pela primeira vez fui julgado com imparcialidade - afirmou o ex-coronel ao juiz Leandro Gross, após a leitura da sentença, quando se encontraram rapidamente numa sala reservada do Tribunal do Júri.

Leia mais no Blog da Amazônia.

HILDEBRANDO DEGOLOU JOSÉ HUGO


Acusado de torturar e assassinar o mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, com uso de facão, revólver e motosserra, o ex-deputado e ex-coronel Hildebrando Pascoal, que está no banco dos réus em Rio Branco (AC), também responde na Justiça do Piauí denúncia do Ministério Público Estadual acusado de ter degolado com uma faca José Hugo Alves Júnior, o Mordido.

Leia mais no Blog da Amazônia.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

JUSTIÇA SEJA FEITA

A coligação Frente Popular do Acre, que detém o poder político no governo estadual e na maioria das prefeituras, divulgou nesta noite uma nota contra o ex-deputado Hildebrando Pascoal no julgamento do crime da motosserra.

Durante a autodefesa, o réu se declarou preso político e acusou o ex-governador Jorge Viana, o desembargador aposentado Gercino José da Silva e o procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza como agentes de sua perseguição política. Segue a nota:

“Para garantir as efetivas conquistas de cidadania e desenvolvimento que o Estado do Acre vem alcançando nos últimos anos, a sociedade exigiu profundas mudanças nas práticas políticas e não aceita retrocesso, sobretudo a imposição de poder pela arrogância, o desmando e a violência.

Por isso a Frente Popular, preocupada com a integridade das pessoas e da honra daqueles que se expusarem para a vigência do pleno Estado de Direito aqui no Acre, repudia publicamente as agressões verbais sacadas pelo réu Hidelbrando Pascoal, no julgamento em curso no Tribunal do Júri de Rio Branco, contra cidadãos que, no dever de seus ofícios e obrigações, contribuiram para as investigações que revelaram crimes e para a instauração de processos penais que racaíram sobre o ex-coronel da Polícia Militar.

São inaceitáveis as ilações do réu contra cidadãos honrados como o ex-presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Gercino Silva, o procurador da República, Luiz Francisco Souza, e o ex-governador do Estado, Jorge Viana.

Acreditamos na Justiça e reconhecemos o amplo direito de defesa do senhor Hidelbrando Pascoal, para que responda pela responsabilidade que lhe é atribuída no chamado “Crime da Motoserra”, como ocorrido nos outros julgamentos em que já foi condenado a mais de 80 anos de prisão por dois outros homicídios, narcotráfico, crimes eleitorais e financeiros e formação de quadrilha.

A democracia e a cidadania se fortalecem no pleno funcionamento dos Poderes constituídos, na liberdade de opinião e de imprensa, e também com o reconhecimento de todos aqueles que respeitam e defedem a lei, a exemplo de Gercino Silva, Luiz Francisco Souza, dom Moacyr Grechi e Jorge Viana.

Justiça seja feita!”

BATE-BOCA NO JÚRI

Vídeo com acusação a Hildebrando Pascoal pode acirrar debate no julgamento do crime da motosserra


O juiz Leandro Gross teve que suspender nesta tarde o julgamento do crime da motosserra por causa de um bate-boca entre o promotor de Justiça Álvaro Maia Pereira e o advogado Sanderson Moura, que atua na defesa do ex-deputado Hildebrando Pascoal, com honorários pagos pelo governo do Acre, como indicado da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

O ex-sargento da Polícia Militar, Alex Barros, começou a depor após a autodefesa e interrogatório de Hildebrando Pascoal. Já tendo sido condenado a 60 anos de prisão por outros crimes, Barros assinalou que está preso há 10 anos e é o único réu no julgamento que não pertence à família Pascoal.

- Alguém matou Baiano. Estava esperando alguém assumir que cometeu o crime. Afirmo que foi a família Pascoal - afirmou.

Mas a grande expectativa a partir de agora passa a ser em relação aos debates que vão envolver defesa e acusação. O bate-boca que obrigou a suspensão do julgamento por quase meia hora, ocorreu durante o depoimento do réu Adão Libório, primo do ex-coronel.

Pode ter sido apenas a preliminar de um debate onde parece valer tudo. Técnicos do Ministério Público (MP) do Acre começaram a chegar ao Fórum Barão do Rio Branco com alguns equipamentos. O MP, que dispensou a estrutura oferecida pela Justiça, enviou seus técnicos para que providenciem um telão para exibição de fotos e vídeos durante a sessão do júri.

Fontes do MP revelaram ao Blog da Amazônia que dispõem de um vídeo, gravado em 2005, durante o julgamento de Sete Pascoal, irmão de Hildebrando. Segundo o MP, durante a defesa, o advogado Sanderson Moura tentou convencer os jurados pela absolvição de Sete Pascoal com o argumento de que Hildebrando Pascoal é o responsável pelo crime da motosserra.

Leia mais no Blog da Amazônia.

CRIME DA MOTOSSERRA

Hildebrando Pascoal acusa policial civil e ex-vereador Alípio Ferreira (já morto) de ter usado facão para decepar braços e pernas de Baiano para remover da vítima as algemas


O ex-coronel da Polícia Militar do Acre Hildebrando Pascoal atribuiu ao policial civil e ex-vereador Alípio Ferreira, que não foi levado ao banco dos réus porque já morreu, a autoria do assassinato do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano.

- O Baiano ajudou a matar meu irmão e eu queria o Baiano vivo e não morto. Ele [Alípio] me falou que esqueceu as chaves das algemas. Como as algemas eram conhecidas, ele cortou com um terçado [facão] as mãos e as pernas, para retirar as algemas - afirmou Pascoal durante a autodefesa que já dura mais de oito horas.

Leia mais no Blog da Amazônia.

HILDEBRANDO SE DIZ PRESO POLÍTICO


O ex-deputado Hildebrando Pascoal retoma nesta manhã a sua autodefesa no julgamento como acusado de ter liderado uma sessão de tortura durante a qual o mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, foi mutilado com o uso de uma motosserra e assassinado com tiros na cabeça.

Na noite de segunda-feira, Pascoal demorou quase quatro horas para expor a biografia dele e de familiares e se declarou preso político no Acre.


O ex-coronel da Polícia Militar do Acre responsabilizou o ex-governador Jorge Viana, o ex-procurador-geral da República no Acre, Luiz Francisco Fernandes de Souza, além do desembargador Gercino José da Silva, ex-presidente do Tribunal de Justiça e atual Ouvidor Agrário Nacional, como agentes de sua perseguição política.

Leia mais no Blog da Amazônia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Uma entrevista histórica

Em julho de 1996, estive frente a frente com Hildebrando Pascoal



Nos primeiros dias de julho de 1996 telefonei para a casa do então deputado estadual Hildebrando Pascoal. Como correspondente do Jornal do Brasil no Acre, minha intenção era entrevistá-lo.

Aos 43 anos, Pascoal estava sendo acusado pelo Ministério Público Federal de liderar um grupo de extermínio ligado à Polícia Militar do Acre, responsável por dezenas de assassinatos e com ligações com o narcotráfico, o que motivou um pedido de intervenção federal no Estado.

A situação se tornou insustentável mesmo a partir do dia 30 de junho daquele ano quando, num posto de gasolina, o subtenente reformado Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando, foi assassinado pelo pistoleiro piauiense Jorge Hugo Júnior, o Mordido, por causa de uma negociação que envolvia a libertação de um traficante do presídio estadual.

Hildebrando e o primo dele, o coronel Aureliano Pascoal, que comandava a PM, foram acusados pelos procuradores da República de se servirem da corporação como lideres da vingança da morte de Itamar.

O mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, vítima de uma sessão de tortura, foi assassinado porque ajudou o assassino de Itamar a fugir. Ainda vivo, baiano teve seus olhos perfurados, braços, pernas e pênis amputados com a utilização de uma motosserra, além de um prego cravado em sua testa e vários tiros na cabeça.

Wilder, filho de Baiano, de 13 anos, que era expecional, também foi torturado até a morte para revelar o paradeiro do pai. Clerisnar, mulher do assassino de Itamar Pascoal, chegou a ser sequestrada com duas crianças e levada para São Paulo.

Na ocasião, Hildebrando era o homem mais influente das famílias Pascoal e Bandeira, originárias dos estados do Ceará e Pernambuco e que figuram entre as mais tradicionais do Acre.

Dentro e fora da PM, o carisma do coronel, 1,90m, podia ser medido pela votação que obteve num estado onde com até 600 votos se elegia deputado estadual.

Foi o deputado mais votado da história política acreana com 7.841 votos e se vangloriava de ser, proporcionalmente, o mais votado no Brasil. Após as barbaridades, foi eleito deputado federal após o escândalo e foi cassado, em meio as acusações que pesaram sobre ele, em 1999.

Formado pela Academia do Barro Branco, em São Paulo, com pós-graduação no Recife, Hildebrando Pascoal ingressou na primeira turma recrutada pela PM do Acre, em 1974.

Galgou todas as graduações e postos dentro da corporação. Possui dez irmãos, mas, ao todo, as famílias Pascoal e Bandeira são mais de duas mil pessoas no Acre.

Além de Aureliano e Hildebrando, a PM possui em seus quadros o oficial médico Pedro Pascoal e o sargento Silas, casado com a então vice-procuradora geral de Justiça, Vanda Denir Milani Nogueira, cotada par reassumir o cargo nesta semana.

Naquele dia, quando telefonei, Hildebrando Pascoal não estava em casa. Deixei recado. No dia seguinte, telefonou para mim por volta das 18 horas.

- Você quer falar comigo? Então venha até minha casa.

Confesso que fui rezando, sozinho. Ao chegar lá, o coronel abriu o portão. Logo avistei uns seis policiais armados, postados junto ao muro.

Havia duas cadeiras no pátio, bem perto da entrada da casa, de onde eu avistava a sala e nela as crianças de Clerisnar que eram mantidas em cárcere privado.

O coronel mandou que sentasse numa das cadeiras. Obedeci. Ele permaneceu em pé, dedo em riste. E com o corpo quase colado ao meu, advertiu:

- Você sabia que posso matá-lo aqui, agora? - indagou.

- Eu não quero morrer, coronel. Mas não tenho medo de morrer - respondi.

- Você é mesmo atrevido. Bem que seus colegas me avisaram - retrucou o coronel.

Entreguei-lhe, a pedido do procurador da República que estava preocupado com minha vida, a cópia do relatório. E Hildebrando então se deu conta de que eu não era o autor das denúncias.

- Coronel, estou aqui para que o senhor possa apresentar a sua versão. O jornal exige isso de minha parte - insisti.

- Você sabe como me defender - ele rebateu.

- A melhor pessoa para defendê-lo nesta hora é o senhor mesmo. Trouxe um gravador.

- Tudo bem, pode ligar.

Hidebrando estava na companhia do então secretário de Segurança Pública, o boliviano Ilimani Lima Suarez, além de sete guarda-costas. Ao término, quando agradeci pela entrevista, Pascoal avisou:

- Agora você é um homem vivo.

A entrevista a seguir foi publicada parcialmente no Jornal do Brasil, mas o Página 20, do Acre, a destacou em suas páginas centrais na íntegra. Ainda ao término da entrevista, Hidebrando apoiou seu braço imenso sobre meus ombros e comentou sério:

- Você é um grande filho da puta, Altino.

- Por que, coronel?

- Porque você conseguiu fazer eu falar de algo que eu estava decidido a não falar com ninguém.

Leia a seguir a única entrevista exclusiva de Hildebrando Pascoal sobre a série de crimes que já lhe renderam mais de 88 anos de sentença na Justiça Federal e mais de 68 anos na Justiça Estadual.

O subtenente Itamar Pascoal, irmão do senhor, foi assassinado. O que vai fazer a família Pascoal?

Nós queremos Justiça e estamos pedindo apoio às polícias Civil, Militar e Federal para que coloquemos na penitenciária o bandido Jorge Hugo, que, por onde passou, cometeu assaltos e vários assassinatos. Temos que procurá-lo incansavelmente para colocá-lo atrás das grades.

Caso o senhor tenha a oportunidade de ser o agente da ordem de prisão, como vai agir?

Vou algemá-lo e levá-lo para a prisão.

Existem ou não grupos de extermínio dentro dos órgãos de segurança estaduais, conforme denunciou o Ministério Público Federal ao pedir a intervenção no Acre?

Os três procuradores da República estão procurando chifre na cabeça de cavalo. É um absurdo que atribuam esses crimes à família Pascoal. Somos uma família bem sucedida, que possui médicos, advogados, procuradores e oficiais da Polícia Militar. Acho que estão sonhando, estão loucos. Isso não procede.

Os procuradores atribuíram o agravamento da situação de violência no Estado ao surgimento da Companhia de Operações Especiais (COE) na Polícia Militar.

Toda polícia - e a do Acre não é diferente - possui um pelotão preparado para qualquer missão.

O senhor acha que a COE tem multiplicado práticas ilegais, arbitrárias e de barbárie?

Quem está falando isso é você. Eu desconheço qualquer prática de barbárie. A COE foi criada para defender a sociedade e não causar pânico.

O fato de agirem fortemente armados e encapuzados não dificulta o controle e a repressão de eventuais excessos?

Os policiais realmente agem armados, mas desconheço que usem capuz.

O Ministério Público acusa a família Pascoal de ter controle da Polícia Militar e dos grupos de extermínio. Nesse sentido, afirma que o ex-comandante Aureliano, seu primo, galgou o posto em decorrência de indicação política feita pelo senhor. Qual a influência que os Pascoal exercem na PM?

A família Pascoal é uma família bem sucedida e preparada para exercer qualquer função. Nós nos preparamos para chegar ao poder. Chegamos ao poder, mas não podemos evitar que loucos, como os procuradores do Ministério Público, digam besteiras como as que escreveram em seus relatórios. Acho que eles deveriam fiscalizar os poderes e as leis e não ficar criando coisas como as que criaram.

Qual o erro que cometeu o subtenente Itamar Pascoal para ser assassinado por Jorge Hugo com um tiro na cabeça?


Nenhum. Simplesmente apareceu o bandido Gerson Turino, juntamente com sua esposa Ana Cláudia. Eles procuraram Itamar para dizer-lhes que o deputado José Vieira tinha um segurança e que o segurança estava procurando-a para pegar R$ 20 mil para liberar o marido dela. O Zé Vieira, segundo a Cláudia, teria um amigo, coronel da Polícia Militar, muito poderoso. Aquele coronel a que o deputado se referia era eu, o coronel Hildebrando. O Itamar sabendo disso ficou muito chateado e saiu com o Gerson para dirimir os fatos. O Itamar acabou morto. Acho que tudo isso foi uma armação. Tenho a impressão de que Gerson foi buscar Itamar para matá-lo.

Mas existe a acusação de que sua família, por força da influência que exerce na Polícia Militar, que por sua vez controla a penitenciária, é quem teria favorecido para que Gerson estivesse solto.

Eu desconheço totalmente. Pelas declarações da Cláudia, o deputado José Vieira é quem queria conseguir isso, o que não acredito.

A partir da morte de seu irmão foi desencadeada no Estado uma onda de violência com crimes bárbaros. O senhor tem envolvimento com o assassinato de “Baiano”, que facilitou a fuga de Hugo, cujos pés e mãos foram serrados, os olhos vazados, suspeita-se, ainda quando estava com vida?

Eu não conhecia esse rapaz, que era segurança de Hugo. Quem tinha motivo suficiente para matá-lo era Hugo. Eram da mesma quadrilha. A morte foi queima de arquivo.

E como explicar o desaparecimento de quatro filhos de “Baiano”? Segundo o Ministério Público Federal, Wilder, de 15 anos, foi seqüestrado pela PM. Outras duas crianças de Baiano continuam desaparecidas.

Eu desconheço esses fatos. Nós não somos loucos ou selvagens para agir dessa maneira. Logo, acredito, tudo vai ser esclarecido e os procuradores passarão como mentirosos.

Numa reunião convocada pelo presidente e o vice-presidente do Tribunal de Justiça estadual, na presença do superintendente da Polícia Federal e do juiz da Vara Criminal, e seu primo, o comandante da Polícia Militar, Aureliano Pascoal, ele e o senhor disseram que não tinham como garantir segurança à mulher de Hugo porque os ânimos estavam acirrados.

Eu quero deixar bem claro que fui convidado pelo desembargador Jersey Pacheco Nunes, presidente do Tribunal de Justiça do Acre, para a reunião. A mulher de Hugo estava numa fazenda querendo proteção. As autoridades presentes queriam que a mulher fosse para o quartel da PM. Olha, companheiro, o Itamar era subtenente da PM. Como pegar a mulher de Hugo, um criminoso perigoso, e deixá-la no meio dos irmãos de farda? Isso seria um absurdo, uma loucura. As autoridades não estavam bem da cabeça. Seria uma loucura entregar uma pobre mulher com sei lá quantos filhos no meio dos irmãos de farda de Itamar. Nós dissemos que não tínhamos condições de recebê-los com as crianças porque seu marido havia assassinado um subtenente da Polícia Militar.

O senhor realmente ameaçou matar jornalistas, cinegrafistas ou qualquer outra pessoa que se colocasse em seu caminho?

Eu falei que estava decidido a tudo, que iria procurar o criminoso, que iria colocá-lo atras das grades. Agora quanto a matar, eu não sei se na hora que eu ver esse cidadão eu vou me controlar emocionalmente. Mas tenho certeza de que tenho controle emocional para, nestas ocasiões, agir com frieza: pegar o cidadão, algemá-lo e levá-lo à delegacia para ser autuado.

O senhor sente que o Judiciário, a Secretaria de Segurança e o Ministério Público Estadual estão intimidados por toda a situação?

Mas que situação? É obrigação da Polícia Civil cumprir a lei, prender o criminoso. Com medo de que? Eu tenho informações de que a polícia do Piauí tem medo de Jorge Hugo. Não sei até onde isso é verdade. Não acredito que ninguém esteja com medo. Medo de cumprir a lei? A lei é para ser cumprida.

No entendimento do sr. não existe instabilidade nem a necessidade de intervenção para pôr termo à grave comprometimento da ordem pública e assegurar os direitos do cidadão?

Isso eu desconheço. Acontece que os procuradores da República não gostam do governador Orleir Cameli e querem prejudicá-lo. Mas o caminho não é esse. A nossa polícia está muito bem preparada para cumprir a sua missão. Tenho certeza que, mais cedo ou mais tarde, iremos colocar esse indivíduo atrás das grades.

A Polícia Militar não está insubordinada?

Acredito que não. Está cumprindo a sua missão constitucional.

O que o senhor acha do pedido de uma ação da Inspetoria Geral das Polícias Militares, ligada ao Ministério do Exército?

Volto a repetir: esses procuradores estão sonhando. Intervenção não é brincadeira. Qual o motivo? Qual o fundamento para intervir na Polícia Militar? Isso é loucura ou sonho dos procuradores.

O Ministério Público Federal tem insistido que não vai tolerar desrespeito aos direitos humanos, que o Estado não pode combater a criminalidade cometendo crimes.

Meu filho, as polícias Civil, Militar e Federal estão aí para cumprir a lei. O assassino tem que ser preso. Para que matar? Se matar, não vai sofrer. Ele precisa pagar por todos os crimes que já cometeu.

A família do senhor imprimiu cartazes coloridos de procura do assassino e está oferecendo R$ 50 mil como recompensa a quem fornecer alguma pista.

A recompensa é para que as pessoas nos ajudem. Nós queremos colocar a fera atrás das grades. A melhor maneira para ajudar a colocar o selvagem atrás das grades é oferecendo recompensa. Não para matá-lo, porque nós temos que conversar com o indivíduo para saber quais os motivos que o levaram a assassinar meu irmão. Nós queremos que seja preso, para conversar e esclarecer os fatos.

Qual a sua opinião sobre o papel desempenhado pelo Ministério Público Federal nesse episódio?

Acho que os procuradores estão sonhando. Tudo o que consta no relatório é muita mentira. Mentira demais, porque não aconteceu nada disso. Deveriam se preocupar com coisas mais sérias ao invés de brincar e denegrir a imagem de uma família tradicional como a nossa.

O senhor tem sede de vingança?

Não, porque acredito na Justiça do meu País.

O senhor suspeita que o seu colega de bancada, o deputado José Vieira, posssa ter algum envolvimento com o assassino de Itamar?

Eu não acredito porque tenho convivido bastante com ele na Assembléia. Vieira é sério, íntegro e amigo leal. Não acredito de forma alguma. Ele e meu irmão foram envolvidos. Mas se ele estiver envolvido seria muito bandido. Bandido e muito frio.

O crime não pode envolver o tráfico de drogas?

De jeito nenhum. Nós somos uma família muito séria e íntegra, que detesta as drogas. Detestamos os traficantes, que deveriam ser executados em praça pública. Traficante deve ser executado em praça pública. Esse é o meu ponto de vista.

O senhor acredita em Deus?

Demais. Sou abençoado.

Qual a sua religião?

Sou evangélico da Igreja Batista Regular. Sou muito abençoado por Deus porque nunca fiz nada na vida para não dar certo. O meu coração é puro. Só procuro fazer o bem, tá certo?

Vai continuar candidato vice-prefeito de Rio Branco?

Meu nome está solto, mas o meu objetivo maior é localizar o assassino de meu irmão para colocá-lo atrás das grades.

O senhor é a favor da pena de morte?

Não. A vida é uma dádiva divina.

Qual a sua opinião sobre os “justiceiros”?

Sou contra. Temos a Justiça para colocar quem é bandido atrás das grades.

Qual o sinal de que o senhor não é a favor da pena de morte?

Sozinho, como oficial da Polícia Militar, acabei com o esquadrão da morte aqui no Acre. Enfrentei os bandidos, eles foram embora e acabou a brincadeira de se “desovar” cadáveres nas estradas.

Agradeço-lhe pela entrevista.

Agora você é um homem vivo.

13 APÓS O CRIME DA MOTOSSERRA

Hildebrando Pascoal no banco dos réus


O coronel da Polícia Militar e deputado cassado Hildebrando Pascoal começa a ser julgado nesta segunda-feira em Rio Branco (AC) por causa do crime da motosserra juntamente com o dentista Pedro Pascoal (irmão dele), o fiscal de tributos Adão Libório (primo) e o ex-sargento da PM Alex Fernandes.

Há 13 anos, precisamente no dia 3 de julho de 1996, os quatro participaram de uma sessão de tortura e assassinato de Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, que, em 30 de junho daquele ano, ajudou na fuga após José Hugo assassinar o subtenente Itamar Pascoal, irmão do coronel.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP) do Acre, Sete Pascoal, irmão falecido de Hildebrando, além dos primos Amaraldo Uchôa Pinheiro e o coronel Aureliano Pascoal, então comandante da PM, também participaram da brutal e horrenda sessão de tortura, sob a liderança de Hildebrando Pascoal.

Leia mais no Blog da Amazônia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

LUIZ FRANCISCO FERNANDES DE SOUZA

Do homem que mandou o ex-deputado Hildebrando Pascoal pra cadeia: "Espero que ele leia a Bíblia na prisão"

Na segunda-feira, 21, quando sentar no banco dos réus para ser julgado pelo “crime da motosserra”, o ex-deputado Hildebrando Pascoal haverá de ser atormentado pela lembrança do procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza, 47 anos, principal responsável por desarticular a organização criminosa da qual era o líder e que submeteu o Acre ao terror e barbárie nas décadas dos 1980 e 1990.

Luiz Francisco estava com 33 anos quando desembarcou em Rio Branco para chefiar o Ministério Público Federal no Acre. Obcecado por deter as ofensivas de Pascoal e seu bando, chegava a passar dias e noites sem tomar banho, alimentando-se precariamente. Exausto, se recolhia por no máximo três horas num quarto que se limitava a precário banheiro, minúsculo guarda-roupa, rádio de pilha e colchão no chão.

O procurador nasceu em Brasília, é ex-seminarista da Ordem dos Jesuítas, ex-bancário e ex-sindicalista. Dias antes de ingressar no Ministério Público Federal, em 1995, cancelou a filiação ao PT, fez as malas e veio para o Acre para a sua primeira e mais espetacular ação como símbolo de uma geração de procuradores destemidos que despontava no país.

Luiz Francisco, como é mais conhecido, continua o mesmo: solteiro, mas há dois anos deixou a casa dos pais, financiou a compra de uma casa e pilota o terceiro fusca (dois foram roubados) de sua vida. Continua desengonçado, não suporta gravata e seus ternos pedem socorro.

Na segunda-feira, a partir de seu escritório em Brasília, o procurador regional do Distrito Federal estará antenado no andamento do julgamento do ex-deputado que mandou para a cadeia.

Diz que não guarda rancor de Hidebrando Pascoal e espera que seja condenado mais uma vez.

- Espero também que ele, na prisão, pegue a Bíblia, leia, se acerte com Deus direitinho e possa até cuidar melhor da esposa e dos filhos dele. Ele e eu, quando morrermos, vamos nos encontrar com Deus. É bom que a gente tenha coisas boas para poder mostrar a Deus. O “diacho” é que foram muitos crimes que ele praticou. Claro que não tenho a menor raiva de ninguém, graças a Deus, e torço para que não aconteça nada de mal com ele. Eu só não gosto da impunidade. Quando uma pessoa é serrada viva, neste caso não pode ter impunidade.

O procurador sempre esteve envolvido em diversas polêmicas, mas registra em sua carreira um fracasso nas denúncias que lançou contra Eduardo Jorge Caldas Pereira, secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique.

Eduardo Jorge foi absolvido das denúncias e o Conselho Nacional do Ministério Público reconheceu que ele fora alvo de perseguição política. Condenado a 45 dias de suspensão, Luiz Francisco recorreu, alega que o caso está prescrito, mas não se dá por vencido.

- Na verdade Eduardo Jorge não foi inocentado porque ele nem chegou a ser investigado. Quebrei o sigilo dele três vezes. A investigação dependia disso, mas todas às vezes ele conseguiu suspender a quebra do sigilo.

Leia os principais trechos da entrevista com Luiz Francisco no Blog da Amazônia.


CNJ CONTROLA AÇÃO DA IMPRENSA

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) manifestou-se sobre um pedido de providências do juiz Leandro Leri Grossa insurgindo-se contra a possibilidade de que a imprensa atue no interior do Tribunal de Júri durante o julgamento do "crime da motosserra", marcado para segunda-feira, em Rio Branco.

O conselheiro Jefferson Kravchychyn deferiu parcialmente a medida liminar para permitir que a captação interna de imagens, por meio de filmadoras, máquinas fotográficas, celulares ou qualquer outro meio capaz de reproduzir conteúdo visual, seja feita apenas pela TV Justiça, bem como pelo CNJ, que promete atuar com todo o aparato técnico necessário à produção visual no interior do Tribunal de Júri.

Os profissionais da TV Justiça repassarão o conteúdo a todos os veículos de comunicação que tiverem interesse.

As filmagens e fotografias serão divulgadas sem que se torne visível ou identificável qualquer testemunha ou jurado.

Na decisão, Kravchychyn assegura a participação e permanência da imprensa local, nacional e internacional no interior do plenário, nos locais designados pela direção do Foro, onde será permitida a captação integral de áudio e acompanhamento completo da sessão.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PATÉTICO PT


A direção nacional do PT condenou nesta quinta-feira o deputado Henrique Afonso (AC) por se manifestar publicamente contra a descriminalização da interrupção da gravidez e por liderar movimentos e manifestos contra o aborto no país.

Para o diretório nacional do PT, o deputado teve "atitudes desrespeitosas e ofensivas à ética partidária em relação a militantes e parlamentares petistas que defendem a descriminalização do aborto, nos termos da resolução aprovada no 3º Congresso".

Penas: suspensão por três meses, a contar da data do julgamento, das atividades partidárias e a proibição de participar, pelo período de dois anos consecutivos como representante do partido, como membro titular ou suplente, da Comissão de Seguridade Social Saúde e Família da Câmara dos Deputados.

O processo disciplinar movido pela Secretaria Nacional de Mulheres do partido durou 10 meses. Máxima tolerância do PT apenas para com a pluralidade do bando de mensaleiros, aloprados e usuários de cuecas borradas de dólares.

Henrique Afonso informou que se manifestará sobre o assunto na próxima semana, depois de ouvir a sua família, lideranças ligadas ao mandato e seus companheiros do PT do Acre.

Clique aqui e leia mais no site do patético PT.