terça-feira, 30 de outubro de 2007

LOUCURAS NA FRONTEIRA BRASIL-PERU

Agência EFE

O prefeito da província peruana de Tahuamanu, Alfonso Cardozo, acusa índios de uma tribo brasileira de manterem prisioneiros dez peruanos, habitantes da província de Purus. Segundo ele, muitos reféns estão doentes e alguns chegaram a ser amarrados.

Em entrevista à emissora Radioprogramas, o prefeito informou que os peruanos são professores e dirigentes que participavam de uma passeata na região de Iñapari, no Peru. Eles pediam às autoridades uma ligação da sua província com a Estrada Interoceânica, que unirá o Peru ao Brasil.

Segundo Cardozo, a delegação perdeu comunicação seis dias após a partida. Mais tarde, ele descobriu que os peruanos foram detidos no Brasil, em Rio Yaco, no município de Sena Madureira, no Acre, a alguns quilômetros da fronteira com o Peru.

O prefeito explicou que está em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para que os reféns sejam entregues à Polícia Federal Mas os indígenas querem ficar com seus pertences, comentou.

Meu comentário: No dia 29 de setembro passado, uma turma de homens partiu de Puerto Esperanza, capital da Provincia do Purus, no Peru, com destino a Iñapari, na fronteira com Assis Brasil. A caminhada faz parte de uma campanha para a abertura de uma estrada entre esses dois lugares, justificada, segundo seus defensores, pela necessidade de quebrar o histórico isolamento a que está relegada a população de Puerto Esperanza e pelo desejo de acessar benefícios que advirão com a pavimentação da Rodovia Transoceânica. Iniciada há meses, a campanha pró-estrada conta com o apoio da Igreja Católica, parte da população de Esperanza, empresários e políticos locais e regionais. Projeto de lei foi apresentado no Congresso peruano em 2005 propondo a declaração do Eixo Vial Nacional Iñapari-Puerto Esperanza de necessidade e utilidade pública. Mobilizações contrárias têm sido promovidos por organizações indígenas como a Aidesep (Asociación Interétnica de Desarollo de la Selva Peruana), a Fenamad (Federación Nativa de Madre de Dios y sus afluentes) e a Asociación Indígena EcoPurus, pois o traçado previsto da estrada atravessará parte do Parque Nacional Alto Purus e da Reserva del Estado para Pueblos Indígenas en Aislamiento Voluntario de Madre de Dios, em territórios, inclusive, onde índios isolados vivem e transitam ao longo da fronteira com o Estado do Acre. O traçado da estrada acompanha, bem próximo, o trecho da fronteira internacional que coincide com os limites do Parque Estadual Chandless, da Terra Indígena Mamoadate e da Estação Ecológica Rio Acre. Notícias, favoráveis, sobre o início da expedição constam no último boletim da Palabra Viva, publicação da Igreja Católica de Esperanza. Em edições anteriores da revista, há várias notícias sobre a campanha da Igreja. Um dos documentos contrários à construção da estrada, tornado público pela EcoPurus, está disponível em Servindi.

Um comentário:

Anônimo disse...

O prefeito é um bom compositor de "samba de crioulo doido".
Mas a notícia vai rodar o mundo. A "EFE" é uma agência internacional.
Os manifestantes poderiam ter levado um "global star" para falar direto do cativeiro.