sábado, 20 de outubro de 2007

FRUTOS DA ESCOLA DA FLORESTA

A carta foi enviada originalmente para um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Acre por duas jovens formadas pela Escola da Floresta Roberval Cardoso, em Rio Branco (AC). Eis a carta:

"Estimadas Ana Euler e Elsa Mendonza,

Estamos aqui para lhes pedir ajuda. Sou a Juceli, ex-assistente de campo da Amy Duchelle. Não sei se ainda lembram de mim, mas Amy já me apresentou a vocês.

Eu e Marciane, a outra ex-assistente de campo da Amy, também já apresentada a vocês, fomos aprovadas em agronomia pela Universidad Earth, na Costa Rica. Porém, trata-se de uma faculdade privada, e ganhamos apenas 50% da bolsa.

Não temos condições de financiar nossos estudos. A Marciane é filha de agricultores, que vivem somente da agricultura de subsistência. Meus pais, infelizmente, encontram-se desempregados. Ambas as famílias não têm condições de pagar uma faculdade aqui, muito menos fora.

Então seria uma grande oportunidade em nossas vidas: conseguirmos um curso superior, especialmente na área que tanto gostamos e trabalhamos com prazer. Já sou técnica agroflorestal e a Marciane técnica florestal, formadas pela Escola da Floresta Roberval Cardoso.

Porém, o que gostaríamos de saber é se vocês conhecem alguma empresa, organização não governamental, ou algum órgão que possa financiar nossos estudos.

Nos comprometemos, ao término do curso, prestar nossos serviços a quem possa nos ajudar agora, pelo período em que durar o financiamento. Já procuramos alguns órgãos do governo estadual, prefeitura e Embrapa. Infelizmente não fazem esse tipo de trabalho. Não percebi interesse deles em nos ajudar. Foi mais ou menos isso o que senti da parte deles.

Estamos enviando em anexo as condições de pagamento que a faculdade nos propõe.

Desde já ficamos agradecidas.

Abraços.

Juceli e Marciane"

A carta das duas técnicas foi enviada ao blog pelo pesquisador acreano Carlos Valério Gomes, 38, que já obteve seis bolsas de estudo no decorrer de sua carreira. Durante a semana, a proeza do acreano foi destaque na Folha de S. Paulo. Não deixe de ler aqui. A Universidad Earth ocupa o terceiro lugar na lista de 15 universidades “verdes” publicada pela Grist, revista eletrônica independente de jornalismo ambiental. Veja a resposta que o pesquisador enviou às duas jovens:

"Estou aqui, em Belém, pensando em possibilidades de como ajudar voces para conseguir a bolsa para a Costa Rica. Muito legal que as duas, como ex-estudantes da Escola da Floresta, esteajm correndo para continuar a formação. Acho que vale a pena pensar em buscar apoio do governo, para os passos seguintes de ex-estudantes da escola que o governo criou.

Vou enviar a mensagem para o blog do jornalista Altino Machado, que é muito sensível para questões assim. Quem sabe, caso ele decida divulgá-la, alguém se sensibilize com o esforço de duas estudantes da Ecola da Floresta aprovadas em um programa na Costa Rica, com a metade dos custos pagos. Isto talvez sensibilize setores do governo da floresta. Enfim, quando chegar em Rio Branco, na segunda-feira, a gente pode conversar mais. Abraços e parabéns."

7 comentários:

Anônimo disse...

Poxa vida... quando me lembro que tem filho de político estudando no Canada e EUA com 100% das despesas pagas me dá uma pena. Porque nunca nenhum voltou formado.

Anônimo disse...

Olá Altino!
Fico feliz que tenha divulgado a carta! De fato, dar continuidade a formação escolar/acadêmica não é algo fácil. Espero sinceramente ver o desfecho "feliz" da história dessas alunas...
Abraços!

Anônimo disse...

Espero que esta carta tenha outra finalidade, além de atender os objetivos das duas garotas. Espero que sirva de alerta para os docentes e administradores da Universidade Federal para a necessidade de que a UFAc velha de guerra venha a se converter numa referência de ensino, quando o assutno for florestas ou outros temas ligados a preservação, conservação e sustentabilidade. Tomara!

Anônimo disse...

A velha UFAC não se converte nem à pau, tem cabeça de burro enterrada por lá.

Anônimo disse...

Converte, sim! Chegará o momento em que as experimentações nas escolhas dos dirigentes ceda lugar a uma escolha racional, apoiada na discussão em programas científicos consistentes. Chegará o momento, quando o amdurecimento dos quadros docentes permita que tome para si a responsabilidade de conduzir a Universidade entendendo seu verdadeiro papel na dinãmica universitária. Ainda há uma certa confusão na compreensão dos verdadeiros papéis de cada segmento dentro da UFAc. O grupo profissional sob o qual se deposita a responsabilidade pela efetivação do conceito de Universidade é formado pelos docentes. Estes contam com segmentos auxiliares nas áreas administrativas, por exemplo. Isso deve ficar claro e quando fica estabelece padrões de comportamento mais adequados para o avanço da instituição. A montagem de procedimentos para a aescolho dos quadros dirigentes crieou certas confusões e perdas de direção naquilo que devemos entender como realização do conceito de universidade. A luta eleitoral que se instalou na UFAc levou a determinados grupos de docentes a cederem espaços que são próprios da carreira docente e a formulação dos planos de longo prazo cedeu lugar a um pragmatismo burocrático.

Mas, apesar das dificuldades, há sinais de mudanças, sim. O corpo docente amadureceu, formou uma massa crítica mais ampla e mais bem preparada. Resta torcer para que não embarquem em canoas que podem gerar mais desvios como, por exemplo, as idéias da mercantilização que os tucanos se esforçaram em por em prática e que o atual governo em nada demonstra interesse em mudar. Há, certamente, muito mais a discorrer quando se trata de compreender a realidade do ensino universitário no país e, em partiuclar, em nosso estado. Entreanto, esses são pontos focais.

Anônimo disse...

Puxa vida!
Vou fazer faculdade de medicina, direito, letras, pedagogia, engenharia e tantas quanto eu puder.
Aí depois de formado, vou procurar um professor para ensinar como eu devo aprender.
Legal né?

Anônimo disse...

Tão vendo? O Anônimo das 8:23 está entendo tudo o que se fala. A gente é que não entende o que ele quiz dizer...