segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

POBRES MENINOS RICOS

Kemis Viana

Nesta vida, há uma meia dúzia de coisas que já jurei a mim mesmo que vou parar de fazer, mas não consigo. Tomar Coca-cola, fazer fezinha na Megasena, acreditar em vendedora que diz: "ficou ótimo em você", e por aí vai. Mas acho que uma coisa eu não faço mais. Assistir ao Oscar.

Acompanhei pela metade a premiação de ontem, e confesso que não perdi (e nem ganhei) nada. Longe de qualquer revolta, mas eu penso que o caso é um pouco perturbador. Parece que o cinema perdeu sua inspiração, pelo menos nos filmes do circuito Hollywood, que no último caso, são os que nós mais consumimos.

Já faz algum tempo que venho sofrendo de uma enorme falta de entusiasmo em alugar ou baixar filmes, algo que sempre esteve na ordem do dia do meu fim de semana. É triste, mas não se encontra nada que valha a pena ser visto, nem nas prateleiras nem nos sites de download.

E para celebrar esta ausência crônica de criatividade, anualmente o mundo assiste a este evento sultuoso e cheio de spots e badalação que, na minha hulmilde opinião, somente tem servido para reafirmar uma incômoda suspeita sobre nossos brothers ianques: os EUA já não têm mais dúvida, eles juram que são o umbigo do mundo, quiçá do universo inteiro.

Para eles, futebol é aquele negócio que junta duas dezenas de brutamontes se espancando atrás de uma melancia ao longo de 120 jardas. O nosso futebol, aquele da ginga no pé, eles chamam de soccer, e não se fala mais nisso. Assim como eles consideram o time de basquete que ganha a NBA como o campeão mundial, já que para eles não existe no planeta quem jogue basquete melhor ou comparável ao deles.

Enfim, para mim, o Oscar entrou para o hall daquelas coisas que só servem para inglês, ou melhor, para americano ver. A Academia, conhecida por seus casos de corrupção e suborno, relatados inclusive em alguns filmes, adora rasgar seda e premiar as grandes produções de Hollywood, por mais bobas ou desconexas que possam parecer, sobretudo quando o tema envolve ratos, galinhas, periquitos e toda sorte de animal, sem incluir o diretor.

A cerimônia ano após ano, vem repetindo seu pobre e manjado espetáculo de caras e bocas de atores, que como bons fingidores, fingem até ser dor a grande surpresa após ouvirem seus nomes sendo anunciados depois do dizer que já virou jargão: "The Oscar goes to...". Como se alguém ainda acreditasse.

Mas para não entrar em terreno perigoso, e evitar de ser confundido com o típico exemplar de revolucionário cubano, só preciso dizer que essa onda de Oscar é mais jogo de cena mesmo. É moda, como calçar um Nike, quando um All Star resolve.

Não me baseio em Oscar para escolher um bom filme faz tempo, até porque, o que de muito bom pode-se esperar de uma produção cultural produzida e distribuída por um país que tem como líder um cara unanimemente reconhecido ao redor de todo o globo como uma legítima besta quadrada? God bless America! Afinal, ela está precisando.

3 comentários:

sérgio de carvalho disse...

Caro Amigo,

Concordo com suas críticas em relação
a cerimônia do Oscar, este show promovido pelas grandes distribuidora, o happy hour dos magnatas da indústria cinematográfica.
Porém, discordo de que estamos passando por uma crise de criatividade. Tenho visto experiências audiovisuais interessantíssimas, filmes belíssimos...
O próprio filme ganhador do Oscar, apesar que torcia para o "Conduta de Risco", mostra o que eu estou falando. O filme dos irmãos Cohen trnsborda criativida, um roteiro muito bom, distante de clichês, merecido oscar a Javier Barden como ator coadjuvante.
Assisti recentemente outro filme que veio nesta criativa fase do cinema: paranoid park, de gus van sant, o cinema no mais puro poder narrativo e de imagem.
outro filmão dos bons desta fase é o Gangster, denzel whashingon brilha no filme magistralmente dirigido por ridley scott, cinema dos bons, boa história, boas reflexões.
claro que no meio da onda boa as porcarias estão presente,como o presunçoso A lenda, fico com Exterminio, de danny Boyle, sobre o mesmo tema.
Só acho equivocado falar deste tempo nosso de cinema, até mesmo o cinema nacional com ótimo filmes com uma linguagem nova, como o excelente Cheiro do Ralo.
È isso amigo, uma dica, recorra sim aos downloads e cinema e locadoras, e , também, aos camelôs. Muita coisa boa tem sido feita e o Oscar realmente não deve ser encarado como um guia paa bons filmes.

Sofista disse...

Bem, discordo de algumas coisas que falastes aí,outras concordo parcialmente.Os americanos esnobam mesmo as outras culturas que eles são acostumado a domesticar.Nossa cultura nada mais é do que um condicionalmente precário da cultura deles,daí vem nosso padrão horrível de rock,nossa industria de cinema falida e horrenda.A nossa cultura mesmo samba,mpb,bossa nova, etc... nem nós gostamos o pior do Brasil é o brasileiro,ninguém gosta de bossa nova,quem gosta é intelectual pobre o povo gosta mesmo e da música carioca funk que vem do funk soul americana misturando músicas alegre com pornografia musicada.Mutantes voltou e não toca no Brasil toca na Europa,a tropicália é homenageada em Londres porque no rio de janeiro só se fala no "ap do latino"(dado que ocorreu em 2007, quando mutantes voltou e só tocou na Europa).Enfim,ninguém liga pra nossa cultura e quem liga nem aqui mora.

O Oscar é um chatice mesmo,mas eu nunca consegui dormir sempre dou um "jeitinho brasileiro"(essa cultura nós gostamos) de ver os filmes antes para torcer pro meu preferido.O Oscar nada mais é do que uma celebração ao cinema “fast food” aquele que visa o lucro e não a qualidade.Sempre há bons filmes no Oscar,este anos tinha um monte "Onde os fracos não tem vez", "desejo e reparação","juno","O escafandro e a borboleta",O demoniáco barbeiro da rua fleet",enfim tinha alguns bons e a maioria bem ruim por sinal.O destaque pra mim foi as injustiças principalmente a parte que diz respeito ao Romance policial "Zodíaco" um filme excelente de narrativa convencional e história fabulosa.Mas como o publico da academia é todo judeu e pudico aos "valores universais" um filme sobre serial killer bem feito sempre pode ser esquecido.Aliás o que mais dá raiva na academia é a academia,por varios anos,premiam filmes medíocres e deixam de premiar seus gênios,vide Kubrick,Scorsese e até Spielberg que mesmo não sendo gênio demorou a ganhar o seu.Enfim, oscar não é uma festa do bom cinema é uma festa do bom lobista.Tudo ali é lobby.

Festa do bom cinema mesmo é Cannes que sempre tem os melhores filmes e sempre premia bem.O passatempo preferido dos americanos agora é pegar os filmes europeu e refilmar ou parafrasear(vida,oldboy,vanilla sky,matrix,amor à flor da pele(asiático), e muitos outros.

Sofista disse...

Com todo respeito a pessoa que escreveu aí em cima.Concordo com muito do que você falou os Coen são realmente fodas,Danny bole apesar de uns filmes horríveis já fez coisa boa como "cova rasa", "trainspotting", "extermínio" e "Alerta solar".Mas o gangster é um filme totalmente fake,a fotografia do filme é chata,pesa nos olhos.O danzel whashington eu nem falo mais, o cara fez 4 papéis seguidos de policial em crise de meia idade e desvio de carater.A atuação dele é só uma caricatura do que ele foi em "philadelphia","hurricane", "Dia de treinamento" e outros.hoje ele não passa de uma fake como o al pacino e como muito tempo o marlon brando foi.Russel Crowe, meu deus,o que é isso no último dele com o ron howard deu pena, "A luta pela esperança".Hollywood é mais precário que o brasil de bons atores, lá só existe personganes de sí mesmo.

Gus Van Sant, é um exceçãoão total À regra,gênio dentro do lixo cultural de hoje.Melhor os tempos do Woody allen que se repete como ninguém.Prefiro o cinema europeu bem mais chato,porém mais filosofico e útil.