A Polícia Federal identificou a
participação de um empresário e de um sobrinho do governador do Acre,
Tião Viana (PT), nos preparativos para fraudar um processo licitatório
destinado à contratação de uma clínica de exames médicos criada para
desviar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal.
A partir de interceptações telefônicas, a PF monitorou a atuação do
diretor de Análise Clínica da Secretaria de Saúde, Tiago Viana Neves
Paiva, sobrinho do governador, e do empresário Narciso Mendes de Assis
Junior. Os dois estão entre os 15 réus presos pela PF na semana passada
durante a Operação G-7.
Ao pedir à desembargadora Denise Bonfim, do Tribunal de Justiça do
Acre, a prisão preventiva do diretor de Análise Clínica e do empresário,
a PF afirmou que não restam dúvidas acerca das irregularidades para
contratação da empresa Centro Medicina Diagnostica Ltda Centro. Narciso
Júnior revela durante as conversas que abriu a empresa a pedido do
governador Tião Viana.
A empresa foi a vencedora de um certame licitatório realizado pelo
governo estadual no dia 14 de maio do ano passado. Ela foi contratada
por R$ 2,6 milhões para realizar radiologia médica, com atividade em
diagnósticos por imagem e tele radiologia, além fazer a implantação do
sistema de digitalização de imagens radiológicas na Fundação Hospital
Estadual do Acre, Hospital Geral das Clínicas de Rio Branco e Centro de
Controle de Oncologia do Acre, bem como ser responsável pelos laudos
médicos dos respectivos exames.
A movimentação do empresário e do sobrinho do governador foi
identifica quando a PF, desde 2011, investigava secretários de estado,
empreiteiros e servidores públicos envolvidos com um grupo de sete
empresas de construção civil que atuavam em conjunto para fraudar
licitações de obras públicas no Acre.
De acordo com a PF, as conversas interceptas provam que houve
direcionamento do processo licitatório em favor da empresa, que contou
com a participação decisiva de Tiago Paiva e Narciso Junior,
responsável, de fato, pela Centro Medicina Diagnista Ltda. O sobrinho do
governador chegou a ser nomeado gestor para atuação no pregão
presencial, com responsabilidade para emissão de laudos.
A PF diz que existem fortes indícios de que a empresa, ao começar a
prestar os serviços, utilizar-se-ia de expedientes criminosos para
causar prejuízo ao erário, pois emitiria laudos de exames clínicos de
forma desnecessária.
Tiago Paiva foi indiciado pela PF por formação de quadrilha e fraude à
licitação. O indiciamento de Narciso Júnior é por corrupção ativa,
falsidade ideológica, peculato, formação de quadrilha e fraude à
licitação.
Entenda a trama
O quadro societário da empresa é formado por Paulo José Tenello
Mendes Ferreira, Ronan Zanforlin Barbosa, Gerival Aires Negre Filho e
Ricardo Alexandre de Deus Domingues, cada qual com 25% do capital
societário da empresa. Porém, a Polícia Federal constatou que quem atua
como verdadeiro administrador é o empreiteiro Narciso Mendes de Assis
Junior. Ele é filho do empresário e ex-deputado Narciso Mendes, dono do
jornal O Rio Branco e da TV Rio Branco, afiliada do SBT.
A empresa teve o atestado de capacidade técnica assinado por um de
seus próprios sócios. Ronan Zanforlin Barbosa é cunhado de Narciso
Junior .
Antes da licitação ser lançada, já havia articulação para que a
Centro Medicina Diagnista Ltda fosse a empresa responsável pela prestação
dos serviços que viriam a ser objeto da licitação.
No dia 30 de setembro do ano passado, Narciso Júnior telefonou para o
pai, Narciso Mendes, para comentar sobre uma suposta reunião no
gabinete do governador Tião Viana, onde teriam tratado da montagem de
uma clínica em Rio Branco.
A família de Narciso Mendes era a principal adversária do PT quando
Jorge Viana, atualmente senador, governou o Acre durante dois mandatos.
Os veículos de comunicação o atacavam com virulência diariamente. A
família mudou a partir da gestão do governador Binho Marques (PT),
quando voltou a ganhar obras no Estado, e ampliou sua influência no
governo estadual com a partir da posse de Tião Viana.
Veja a transcrição que a PF da conversa de Narcisinho com o pai dele, interceptada no dia 30 de setembro de 2011:
NARCISO JÚNIOR: Oi pai.
NARCISO MENDES: Oi, liguei só pra testar. Já chegamos no Rio, tá?
NARCISO JÚNIOR: Papai, deixa eu contar uma coisa pro senhor. Quando
dá quatro horas da tarde (16:00 hs), quem me liga? É… do gabinete do
governador. Aí o
governador querendo falar comigo.
PAI: Hã.
NARCISO JÚNIOR: Aí eu vou lá. Quando chega lá. O Rico da Uninorte…
tinha levado lá ele um radiologista, de Rondônia, que o cara tava
querendo montar uma clínica aqui.
NARCISO MENDES: Hã.
NARCISO JÚNIOR: Aí o governador falou "oh, eu, há uns trinta dias
atrás, o Narciso me trouxe um grupo de gente e tal, o Narcisinho, tal. E
eles compraram já um prédio, tudo. É… converse com eles, porque meu,…
eu tenho compromisso com eles." Aí bicho, me chamou lá, queria conversar
com os caras. Quando eu cheguei lá "olha, Narciso, esse aqui é um
radiologista que quer montar uma clínica aqui e tal, mas eu quero dizer
já, pra todo mundo aqui, que eu já empenhei apoio pra você. Agora veja
se tem alguma coisa que vocês não vão montar que interessa pra ele, mas
eu quero deixar (inaudível) que a gente tem um compromisso…" É… é um
cara muito fudido né pai?
NARCISO MENDES: Narcisinho, um cara desse aí a gente não tem que brigar por ele? Não tem, não tem Narcisinho?
NARCISO JÚNIOR: Aí o cara mesmo já disse. Aí eu falei "não, as
propostas que a gente tá fazendo com o governador…" aí depois ele saiu,
foi atender outras pessoas "… é o negócio do embrionário…" ele falou
"não, não, mas eu já entendi. Pra montar uma clínica aqui, o governo vai
trabalhar com vocês" aí o cara, o cara mesmo já falou "não, eu não vou
mexer em nada aqui não.
NARCISO MENDES: (risos). Narciso eu… (risos) eu não entendi…
NARCISO JÚNIOR: Ele me chamou, me botou na sala com o cara…
NARCISO MENDES: Eu quero saber que amor é esse. Eu quero saber que… de onde é que nasceu isso né Narcisinho.
NARCISO JÚNIOR: Pois é.
PAI: Ninguém dispensa esse tipo de consideração a ninguém né?!
NARCISO JÚNIOR: Pois é, eu sei que é um tal de Dr. Eduardo não sei o
que. Tem uma clínica lá em Rondônia, quer montar uma ressonância.
NARCISO MENDES: E olha que ele foi acompanhado com uma ordem do governador né doutor(?).
NARCISO JÚNIOR: É, com o Rico.
Dias depois, Narcisinho entrou em contato com Paulo José, que a PF
acredita seja Paulo José Tenello Mendes Ferreira, um dos sócios da
empresa. Na ligação, percebe-se que Narcisinho está montando as
planilhas de custos e os projetos referentes aos serviços que serão
prestados pela clínica ao Estado do Acre. Os dois discutem acerca dos
preços que serão cobrados pelos exames e das propostas que serão
apresentadas ao governo.
Transcrição da conversa gravada pela PF no dia 4 outubro de 2011
PAULO JOSÉ: Oi Narciso.
NARCISO JÚNIOR: Parceiro, deixa eu te falar uma coisa.
PAULO JOSÉ: Oi?
NARCISO JÚNIOR: Aquela hora, eu tava aqui com o Thiago. É, eu, ele
vai tentar na secretaria, fazer o contato lá com a secretaria de
Barretos. Aquele negócio do ônibus que
agente viu.
PAULO JOSÉ: Hã?
NARCISO JÚNIOR: O, parece que a secretária falou com o Fábio, que é o
cara que botou lá o negócio dos ônibus daqui dessa parada. Parece que o
cara se interessou em comprar e montar um ônibus daquele.
PAULO JOSÉ: É mermo (sic)?
NARCISO JÚNIOR: É. Só que, só que isso ai tá muita conversa. A gente
tem que marcar pra ver esse ônibus, ver o valor do investimento. Vê se
agente consegue fazer igual ao da Tele radiologia ai e da digitalização.
Se agente consegue fazer isso por locação. Que a gente não teria que
fazer investimento de 2 milhões. Entendeu? A gente só assumiria pra
gente protocolar uma proposta disso dai também. Isso tem que girar
nessas, nesses próximos dez dias, no máximo. Aquela proposta da
digitalização, é, o que, o que aconteceu. Eu conversei muito com o
Ricardo quando tu viajou. Qual é o problema? A gente tem que fazer SUS.
Tem que fazer com o preço de SUS. Não tem aquele negócio de 80% de SUS.
Faz pelo SUS. Só que com uma, com uma, com uma coisa boa: ninguém vai
dar o desconto de 20%. Uma coisa ruim é que vocês pegaram a melhor
raio-x (sic) que é o que pagava 15 e pouco e botaram 20%. Tem raio-x de 5
reais, entendeu?
PAULO JOSÉ: Foda cara. Por isso, por isso que é foda isso. (sic)
NARCISO JÚNIOR: Ai, eu to digitando uma planilha, algumas no Excel,
eu vou te passar. O que acontece? O raio-x vai pra faixa de 8 reais o
exame. A tomo vai fica na faixa de 30…, a mamo 30 e pouco e a outra, e
aoutra 110. Agente já fez essa conta aqui. Imprime a (inaudível –
entendo expecta) SUS inteirinha.
PAULO JOSÉ: Não. A tabela do, da mamo é 45 reais.
NARCISO JÚNIOR: É. A de dois peito (sic), né? Um peito só é vinte, a metade.
PAULO JOSÉ: Não existe um peito só. É sempre dois peitos.
NARCISO JÚNIOR: É sempre dois peitos, né (sic)?
PAULO JOSÉ: É. Só se a mulher operou, mas isso ai é minoria.
NARCISO JÚNIOR: Tá, mas, mas deixa eu te falar, o… Essa, deixa eu recuperar…
PAULO JOSÉ: O seu raciocínio.
NARCISO JÚNIOR: Sim. Ai, o, o, essa questão dos exames, é, trazer
para o SUS e fazer. Ai eu conversei com o Ricardo, o Ricardo falou:
"Não, Narciso. O problema é o seguinte. A gente pra contratar médico
agente tem que pagar 500 reais num turno de cinco horas. É o que se
paga, por menos que isso, eu não consigo". Ai eu fiz uma conta com ele.
Tá, e esses quinhentos reais seria como? Ele falou ó: Num turno de 5
horas, o cara faz 40 raio-x a 5 reais, vai 200 reais; faz 4 tomos, e 4
mamo a 20 reias e 50 reais. Eu sei que dava 500 reais certinho. Ele
falou: "Por essa produtividade, abaixo disso ninguém consegue contratar
médico". Ele falou: "Por isso, nem eu, nem o Paulo, nem o Gerival, nós
nem vamos ter interesse da gente laudar. Agente só vai contratar mão de
obra de recém formado pra laudar pra gente. Mas por baixo disso ninguém
lauda". Ai eu falei: "Então tudo bem". Ai eu peguei, ai eu fiz a conta
de traz pra frente. Cheguei. Se for acima do (inaudível) laudo, eles não
vão contratar, não vão contratar.
PAULO JOSÉ: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Entendeu? Ai eu fiz. Se tá 5 reias e nós vamos
receber 7, 8. Tá. Ai, você vai tá tendo uma margem de lucro. Eu sei que
tava dando pra salvar uma margem de lucro ai de uns 30%, fazendo isso.
Só que quando bateu na secretaria, a secretária pegou enfiou e falou:
"Não, mas essa outra planilha de 65 mil dos custos fixos tem que estar
dentro dos procedimentos". Eu falei: "Impossível". Porque se tu jogar 65
mil por 4 mil exames dá 16 reais. Ai, como é que nós vamos fazer um
raio-x pra receber 5 e pagar 21. Dezesseis mais cinco. Dezesseis da
planilha do custo fixo mais cinco reais do que agente vai pagar pro
médico. Que conta é essa que agente recebe cinco e paga vinte e um?
PAULO JOSÉ: Não tem lógica.
NARCISO JÚNIOR: Então, então isso dai vai ter que ir pra mesa do
Governador. Porque? Porque a secretária é aquela mesma má vontade como
sempre, sabe? Não, não dá.
PAULO JOSÉ: Sei.
NARCISO JÚNIOR: Porra gente (sic). Sessenta e cinco mil reais pro Estado ter um serviço desse não é nada. Não é nada.
PAULO JOSÉ: Não é nada.
NARCISO JÚNIOR: Não é nada. 65 mil reais para uma empresa é muito
dinheiro, mas pro Estado não é nada pra resolver o problema de
radiologia dele. Então é esse negócio. Essa palavra final vai ser dada,
agora pelo Governador. Até porque, quem chamou pra fazer esse serviço
não foi ela, foi ele. Falou: "Olha, tentem viabilizar um serviço desse,
que é interessante para o Estado". Então, então, o que acontece, eu to,
eu to, eu to fechando, eu e o Ronan, hoje ainda. Informalmente, ela já
viu a planilha. Todo mundo já viu. Só que ela quer que jogue uma
planilha dentro da outra. Se eu jogar isso, ela vai ter argumento pra
foder (sic) com a gente. Pra chegar e falar:"Não, olha. Como é que eu
vou fica recebendo 5 reais do SUS e pagando 20 e tantos reais pra tá
(inaudível – entendo: embicando) uma empresa?" Quando na verdade não é
isso. Entendeu?
PAULO JOSÉ: Não, mas tem imposto, tem um monte de coisa. Senão, vai, vai, vai… É perigoso agente quebrar.
NARCISO JÚNIOR: Não. É por isso que o que eu to fazendo aqui agora é o
seguinte. Eu vou fechar essa planilha. Vou te passar. Tu vai dar uma
lida. Tu vai ver se concorda ou não concorda. É bom que tu chegou e o
Gerival e o Ricardo, eles estão almoçando junto, ai em Brasília.
PAULO JOSÉ: É. Eu falei com eles já.
NARCISO JÚNIOR: Ai tu dá, ai tu dá. Vocês dão uma lida e fala:
"Narciso, pode protocolar que agente assina em baixo". Pode protocolar?
Então tudo beleza. Agente vai protocola e ai, e ai eu, e ai eu vou dar
um jeito de sentar com o Governador pra defender isso. Porque isso só
vai vir do gabinete dele pro dela. Porque dela pro dele, não vai não.
PAULO JOSÉ: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Entendeu?
PAULO JOSÉ: Entendi. Entendi. É porque isso ai é o mínimo, tipo
assim, é o mínimo que agente consegue de gente pra trabalhar, entendeu
Narciso?
NARCISO JÚNIOR: Não. É. Não. É, quando falou que tem que (inaudível).
Eu liguei pro Ricardo, falei: "Ricardo,bora bicho, agora tu vai ter que
abrir pra mim o que que eu vou pagar pra cada médico?" Ele falou:
"Bicho, dá pra fechar…". Se eu não me engano, era 5, 20, 50. Era 5
raio-x, 20 mamo, 50 tomo. Se tu fizer 5, 20, 50, nessa proporção, eu
consegui pagar 500 reais num turno. Por 500 reais num turno, eu consegui
contratar, é, é, é radio, médico pra trabalhar pra ti.
PAULO JOSÉ: É. Não. Agente não pode fazer um valor arriscado. Ah, vamos tentar na sorte conseguir.
NARCISO JÚNIOR: Não. Não. É por isso que eu falei. Nos dois
procedimentos, numa planilha e na outra, agente tem que botar uma margem
lucro de 30%, Paulo, porque agente não tá vendendo para um cliente
particular que paga direito. Agente tá vendendo pra um cliente que
enrola pra pagar, que enche o saco. Agente tá vendendo é, pra um cliente
complicado. Você não pode trabalhar com. Por exemplo, supermercado eles
trabalham com margem de lucro de 3, 4, 5%. Mas vende pra pobre e recebe
dinheiro a vista. Ai você é diferente. Quando se faz pra Estado, o
Estado atrasa, o Estado só te paga mediante certidão, meu irmão, é um
rolo do caralho.
PAULO JOSÉ: Não. Eu to vendo isso. Eu tenho um convênio lá também do
estado aqui lá de (inaudível – entendo Luziânia), do estado do Goiás.
Qualquer merda, eles deixar de te pagar. Eles não te avisam. Não tão nem
ai. Foda-se (sic). Agente tem que correr atrás. Uma cagada.
NARCISO JÚNIOR: Então, então, eu to fechando aqui.
PAULO JOSÉ: Agora, o que você tem que mostrar pra ele é o seguinte.
É, ele tá ganhando, ele tá ganhando uma puta (sic) estrutura lá no
Estado, que não era pra ter.
NARCISO JÚNIOR: Paulo, Paulo, eu peguei aquela tua planilha, joguei uma planilha do Excel.
PAULO JOSÉ: Agora a mulher quer fazer isso de graça?
NARCISO JÚNIOR: Fiz um negócio filé bicho. Fiz um negócio. Tu vai
ver. Eu peguei aquela tua planilha, arredondei para uma outra. E eu vou
melhorar ela hoje ainda. Porque eu fiz uma pra mostrar informalmente.
Agora eu vou ter que protocolar. Só pra tu ter uma ideia, nossa proposta
vai ter mais de 100 folhas. Eu imprimi…
PAULO JOSÉ: Sério Narciso?
NARCISO JÚNIOR: Eu imprimi procedimento por procedimento de raio-x,
tudo. Vou fazer uma folha de rosto, uma planilha mostrando cada um
daqueles procedimentos, o quanto que é. Eu vou mostrar. Tem uma
radiografia de laringe, que o SUS paga um e setenta e oito. Eu vou
chegar: "Governador, a sorte é que não tem muito dessa. Porque essa aqui
eu vou pagar 5 reais pro médico laudar e vou receber 1,78 de vocês".
PAULO JOSÉ: Não. Mas você não vai falar que vai pagar 5 reias pro
médico laudar. Você não vai pagar 5. Você vai pagar mais de cinco.
NARCISO JÚNIOR: É. Eu vou pagar mais caro.
PAULO JOSÉ: Você tem que mostrar pra ele o seguinte. Que o valor que
ele recebe do SUS não paga o custos dele dos médicos que ele tem ai. Não
paga o custo dele dos técnicos, não paga nada. Esse valor do SUS é
deficitário. Ele não se paga. Ele não se paga. Ele tá tomando prejuízo.
Agora, ele não pode querer transferir o prejuízo pra gente.
NARCISO JÚNIOR: Certo. Porque o estado pode tomar prejuízo porque é função dele prover saúde. Agora a empresa não.
PAULO JOSÉ: Exatamente, a empresa não. Com certeza.
NARCISO JÚNIOR: Então. Eu to fechando isso. Hoje eu vou sentar com o
Ronan no inicio da tarde pra gente fazer isso. E assim, eu te mando um
email pra que você, estão o três ai, que vocês analisem, que ai eu
preciso do aval de vocês.
PAULO JOSÉ: Tá.
NARCISO JÚNIOR: Pode protocolar que por isso dai agente responde. Mas
eu acho que da forma como agente ta conduzindo, tá bem conduzido pra
gente. Agora a secretária, a má notícia é que ele chegou: "Eu não quero
pagar nada de consulta, não tenho a ver com cotação, eu tenho nada, eu
quero saber quanto que vai custar o procedimento".
PAULO JOSÉ: (risos)
NARCISO JÚNIOR: (…) pra viabilizar isso.
PAULO JOSÉ: Dá opção. Se eles quiserem comprar, eles tem opção de comprar também.
NARCISO JÚNIOR: Não, é. Ou então se eles quiserem continuar com o
serviço bosta deles (sic), eles continuam. Fazer o que? Agora não dá.
PAULO JOSÉ: Não dá pra fazer milagre. O cara quer ter uma radiologia toda digitalizada e não quer gastar, não tem jeito.
NARCISO JÚNIOR: (inaudível) por mês. Paulo, pra mim cara. Chegaram
pra gente e falou: "mudem a proposta". Eu prefiro não prestar o serviço.
Vamos voltar só pra nossa clinicazinha mesmo (sic). Que era nosso
projeto original. Agora prestar um serviço pra ficar arriscando, se
agente vai quebrar ou não. Não vou fazer graça de jeito nenhum.
PAULO JOSÉ: Ah não. Isso também eu não quero montar. Negócio pra
ficar tomando susto, pra ficar perdendo dinheiro ai, a toa, precisando
fazer graça pros outros. Isso ai eu não vou fazer não.
NARCISO JÚNIOR: Assim que eu fechar eu te ligo. Vou falar: "Paulo, abre teu email, olha, analisa".
PAULO JOSÉ: Tá.
NARCISO JÚNIOR: Porque eu queria protocolar isso hoje ainda. Se não der, no máximo amanha.
PAULO JOSÉ: Se você fizer isso agora, to voltando, já te retorno daqui a pouco.
NARCISO JÚNIOR: Então beleza. Valeu.
PAULO JOSÉ: Valeu fi (sic), abraço.
Ainda no dia 4 outubro de 2011, Narcisinho voltou a falar com Paulo
José avisando que encaminhou as planilhas, segundo a PF, provavelmente
as planilhas para prestação de serviços de exames clínicos ao Estado do
Acre, que ainda seriam objeto de licitação. O relatório observa que
Narcisinho encaminhou as planilhas para Paulo José Gerival, Ricardo e
Rona os sócios da empresa Centro.
Nas tratativas de como seria prestado o serviço ao Estado do Acre,
Narciso e Paulo se articulam em como levar vantagem na prestação dos
serviços, definindo uma forma de atuação criminosa e com prejuízo ao
erário. De acordo com os interlocutores, a clínica iria “laudar” exames
realizados pela rede pública de saúde, mesmo que não houvesse
necessidade de fornecimento do laudo, pois a forma de pagamento pelos
serviços seria realizada por laudo, ou seja, a empresa prestaria um
serviço desnecessário e cobraria por este serviço, em claro prejuízo ao
erário.
PF considera a fala de Narcisinho esclarecedora
PAULO: Ô Narciso.
NARCISO JÚNIOR: Tava falando com o Genival.
PAULO: Ah tava falando com ele?
NARCISO JÚNIOR:Esse homem só faltou me convidar pra cuidar das coisas dele lá.
PAULO: risos.
NARCISO JÚNIOR: Ele se amarrou nas planilhas bicho, disse que porra…
PAULO: Tão boas "mermo".
NARCISO JÚNIOR: Disse que dá pra ter uma visão de negócio, um um, por
isso que tem que aprovar essa porra né, e ele me falou uma coisa que é
interessante, ele falou: "Narciso, com uma planilha dessa, a gente, a
gente se for contratado nesse esquema a gente não vai laudar 4 (quatro)
mil exames, a gente vai laudar 15, porque entrou no sistema a gente
lauda. Esse exame chegou com 72 horas, se o, se o médico quiser jogar
fora, fazer fogueira, é problema dele do que o hospital vai fazer com o
exame, se tiver uma auditoria do ministério, tá lá o exame laudado, tá
lá no sistema o exame foi laudado, foi feito, foi prestado o serviço, o
que não pode é ter auditoria e você tá dizendo que fez 15 mil laudos e
só fez 14 mil, aí tem mil laudos de graça, mas não vai ser o caso,
entrou no sistema, pode ser de uma perna quebrada, não tem problema,
entrou no sistema você lauda.
PAULO: É que já colocou a "cabecinha" né bicho, o resto já entra, né?
NARCISO JÚNIOR: e outra, pro estado isso não é ruim, porque quem paga isso é o SUS, entendeu?
PAULO: Exatamente.
NARCISO JÚNIOR: Vai só repassar pro ministério, então a diferença é
que a gente tá dizendo que é só, que é noventa e poucos mil, mas na
verdade esse número pode ser 400 mil, por que? Porque entrou no sistema,
precisou ou não precisou de laudo, vai laudar.
PAULO: O Genival falou uma coisa pro Narciso, eu tô com o Ricardo
aqui, deixa eu só passar isso pra ele, interessante. Porque na verdade a
gente não vai usar 4 mil exames, porque se o exame estiver no sistema,
tá no nosso sistema não está laudado a gente lauda, quem vai falar pra
gente não laudar?
NARCISO JÚNIOR: É é até complicado você não laudar, porque aí você
vai tá implicando Ministério Público, e o caramba, "ah esse exame tem
que ter laudo, esse outro não tem que ter laudo", não meu amigo entrou
no sistema sai o laudo, se o laudo, se quando o laudo chegar, 2 dias
depois se esse laudo, se o cara pegar esse laudo e vai arquivar, vai
jogar fora, vai ligar pro paciente, " ó passe aqui pra pegar seu laudo"
isso aí já não é problema nosso, nós prestamos o serviço e entregamos o
laudo, e cobramos por ele.
PAULO: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Entendeu? Aí se o negócio for isso mesmo meu parceiro, aí tu espera faturamento alto pra caralho (sic) disso aí.
PAULO: É, isso é verdade.
NARCISO JÚNIOR: Verdade. Aí meu amigo o seu é o limite disso aí, aí a
gente vai tá faturando ao invés de faturar trinta, sessenta, nós vamos
estar faturando 350, 400 paus
(350, 400 mil).
PAULO: Aí fica bom hein, deixa eu te falar uma coisa, eu tô com o
Ricardo aqui, e a gente tirou uns exames de radiografia que não, que não
vão ser feitos e ele te mandou agora já.
NARCISO JÚNIOR: Eu pedi pro Genival fazer isso ai e ele disse que ía fazer isso agora, pra ver só os que fazem.
PAULO: É a gente cortou, tirou os que não fazem, Ricardo e eu.
NARCISO JÚNIOR: Então beleza.
PAULO: Agora uma coisa que a gente tá em dúvida é o seguinte, o valor pago… (interrompido por Narciso)
NARCISO JÚNIOR: Vocês cortaram, aí a média subiu, desceu ficou mais ou menos?
PAULO: A gente não soube fazer, a gente cortou mas não soube arrumar a tabela.
NARCISO JÚNIOR: Tá lá pô, é só vocês entrar na linha, clica na linha
com o botão direito e dá excluir. (passa instruções de como mexer na
tabela)
PAULO: Tá tá mas já cortou aqui, mas vai baixar a média porque a
gente tirou os exames mais caros, que era os de 40, 24, 40 Reais, tirou
tudo.
NARCISO JÚNIOR: Entendi
PAULO: Outra coisa, Narciso te fazer uma pergunta. Você fez a média é pra mostrar valor né? pra mostrar é…
NARCISO JÚNIOR: É só pra mostrar, quando ela disser pra mim, na
verdade a gente recebe pelo SUS, a gente não recebe por mês…(trecho
inaudível)…quando ela chegar pra mim, e disser que vocês tem que jogar
uma planilha dentro da outra, eu vou falar secretária não dá, porque
recebemos pelo SUS, ai eu só tenho 10% de margem de lucro, aí eu tenho
números pra defender o que eu estou dizendo, entendeu?
PAULO: Entendi, porque, por exemplo, o Ricardo tá falando que é
aquele negócio que a gente te falou, a mamografia bilateral, vai ser 98%
dos exames e dá R$ 145,00.
NARCISO JÚNIOR: Isso beleza, nós não vamos receber pela média, eu tô
colocando aqui, porque pra gente mostrar um número mais baixo, é melhor,
porque quando a gente for fazer, que é 100% do outro beleza.
PAULO: Não eu só liguei pra conferir isso, é isso mesmo Ricardo.
NARCISO JÚNIOR: Não é isso mesmo.
PAULO: Outra coisa, você vai colocar número mínimo de exames?
NARCISO JÚNIOR: Não, não vou colocar número mínimo de exames, sabe
por que? Porque é o que eu estava conversando com o Genival, esse número
mínimo vai estourar, porque a gente é o dono do campo e da bola, Paulo.
Se a gente for contratado nesses termos, é o nosso funcionário do
hospital que digitalizou, ele vai pegar o arquivo e ele vai mandar pra
laudar e ele vai pegar o laudo e vai entregar lá no hospital, então está
na nossa mão fazer com que…(trecho inaudível)
PAULO: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Entendeu a gente é dono do arquivo, a gente
digitalizou, caiu no computador nosso, aí a gente que vai chegar e vai
mandar, aí sim, a gente não vai ter menos de 4 mil exames, vai ter daí
pra mais.
PAULO: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Entendeu, é claro que vai ter variáveis que a gente
só vai saber quando for, mas eu não vejo porque não disso entendeu?
PAULO: O meu medo, é o nosso medo aqui é o seguinte…
NARCISO JÚNIOR: O Ricardo me falou é é é é você se compromete com o
um quadro mínimo de médicos e o cara chega pra produzir 500 Reais, e só
tem 200 Reais pra ele produzir, e vai querer receber os 500.
PAULO: É.
NARCISO JÚNIOR: É o Ricardo me falou isso, só que é o que eu falei,
não dá pra mudar a forma se eu estou defendendo que eu preciso de duas
planilhas, porque eu joguei um custo fixo pra uma, eu não posso dizer
que eu dei um custo fixo em uma e na outra eu também dei um custo fixo,
entendeu? Aí eu fodo (sic) com a minha lógica de apresentação, aí eu
fico sem argumento.
PAULO: Entendi, entendi.
NARCISO JÚNIOR: Mas essa preocupação é a menor de todas, se tiver
menos exames, agente contrata menos médicos, se tiver mais exame, agente
contrata mais médicos. Isso ai, o "feeling" do negócio que vai dizer se
vai ter 4 médico laudando, 5 médicos laudando, 15 médicos laudando, vai
depender do…
PAULO: Rapidão Narciso, só um pouquinho. Oi pode falar.
NARCISO JÚNIOR: Então, então isso aí vai do "feeling" do negócio
…(trecho inaudível)…os caras começar a chiar, nós vamos ter que eliminar
por quadro, aí a gente vai apertando o acelerador ou apertando o freio.
PAULO: Tá.
NARCISO: Tá.
PAULO: Tá bom então.
NARCISO JÚNIOR: Então valeu, falou.
PAULO: Valeu fi (sic), um abraço.
Em outros telefonemas, Narciso revela o receio de que secretária de
Saúde do Acre, Suely Melo, tenha mantido contato com outras empresas,
para prestação dos serviços de exames clínicos, que viriam a ser objeto
de licitação.
Ele chega a telefonar para o sobrinho do governador, preocupado que
outra clínica tenha sido contatada para apresentar cotação de preços em
relação aos serviços de análises de exames clínicos. Segundo o relatório
da PF, a ligação deixa claro que o sobrinho do governador patrocina
diretamente o interesse particular de Narciso Junior junto à Secretaria
de Saúde.
Transcrição da conversa de Tiago e Narciso
TIAGO: Fala bicho.
NARCISO JÚNIOR: Parceiro, beleza?
TIAGO: Bão (sic) e melhorando.
NARCISO JÚNIOR: Deixa eu te perguntar uma coisa. O Paulo me ligou
agora, me dizendo que o cara da AGFA, é, aquele que veio aqui da
digitalização, disse que teve outro grupo daqui ligando pra fazer
cotação de digitalização do governo.
TIAGO: Ele disse quem era?
NARCISO JÚNIOR: Não, ele vai tentar arrancar mais informação do cara.
Mas ai, eu já to, eu como eu sou um cara meio cabreiro com, com, com
coincidência. Como agente protocolou esse negócio ante ontem (sic), é,
lá na mesa da secretária. Deve ter chamado alguém pra cotar isso.
TIAGO: Quem deve ter chamado?
NARCISO JÚNIOR: Eu não sei. Agente, o, o Ronan protocolou pra secretária, a nossa proposta.
TIAGO: Eu sei.
NARCISO JÚNIOR: Dessa proposta, ela deve ter pegado e chamado alguém pra cotar.
TIAGO: Aham.
NARCISO JÚNIOR: Tu entendeu, né?
TIAGO: Entendi.
NARCISO JÚNIOR: Como é que faz, como é que faz pra gente ter logo uma
audiência com essa, com a, com a, com a secretária em bicho?
TIAGO: Rapaz, eu estou, eu estou em viagem. Sabe que eu to em Belém, né?
NARCISO JÚNIOR: Ah, tá em Belém, é?
TIAGO: Eu to de viagem (sic). To em Belém. Agora é o seguinte. É,
ela, ela deve viajar, Narcisinho, segunda-feira, duas horas da tarde.
Então, é o seguinte. Sugestão, ligar pra ela hoje. E tentar conversar
com ela. Ligar pra Marise, ou pra ela e tentar conversar com elas ou
hoje ainda, ou amanhã de manhã, ou segunda de manhã. Entendeu?
NARCISO JÚNIOR: Certo.
TIAGO: Agora o seguinte. É bom ir todo mundo logo. É, ir teu pai
junto e todo mundo junto pra pressionar ela no limite. Pra deixar ela
dizer assim: "Olha o governador me chamou e isso, isso, isso…". Pronto e
acabou-se.
NARCISO JÚNIOR: Certo.
TIAGO: Entendeu?
NARCISO JÚNIOR: Pois é.
TIAGO: Eu já andei vendo e o que eu andei vendo. É que não existe, é, nenhum equipamento bom e barato como o da AGFA. Entendeu?
NARCISO JÚNIOR: Sei.
TIAGO: Todo mundo que for cotar alguma coisa fora da AGFA, vai pegar coisa mais cara.
NARCISO JÚNIOR: Certo.
TIAGO: Certo? E outra coisa. Não vai ter estrutura. É como eu te
falei. Uns vão ter máquina mas não vai ter laudo, outros vão ter laudo,
mas não vai ter máquina. Dificilmente alguém vai ter as duas coisas.
NARCISO JÚNIOR: Bom, a, a, a questão é, a questão é que, é que tinha
que sentar, tinha que sentar com essa filha da puta (sic) pra saber
cara. Pra, porque, porque se eu recebo o não dela, agente tem que ir no
Governador. Entendeu? Pra falar: "Governador, com um investimento de 68
mil, o senhor passa a ter todo o seu problema resolvido pelo, dentro da
tabela SUS.".
TIAGO: É, não. Isso ai é uma coisa que, isso ai é uma coisa que vocês vão ter que acochar ela no limite, viu?
NARCISO JÚNIOR: É, né?
TIAGO: É. Porque tu sabe que ela vai dizer pra ti uma coisa. Ai tu
vai com o Governador, ele manda fazer uma coisa. Daqui a pouco ela vai:
"Não, eu já mandei fazer". Tu sabe que não é verdade, né?
NARCISO JÚNIOR: Pois é. Vou fazer…
TIAGO: Não Nasinho. Não te preocupa com isso não. Só, tu tem o telefone dela?
NARCISO JÚNIOR: Da Suley? Eu acho que tenho, cara.
TIAGO: Anota ai 99710685.
NARCISO JÚNIOR: 99710685.
TIAGO: … 85. Eu não faço nem ideia de quem seja, sabia?
NARCISO JÚNIOR: Tu acha, tu acha, tu acha que eu ligo pra ela e tento marcar uma audiência?
TIAGO: Eu acho. Secretária, é o seguinte. Eu conversei com o
Governador. Não olha, eu to lhe ligando porque eu conversei com o
Governador. Sábado o Governador mandou me chamar, porque tinha um grupo
de fora ai, de Porto Velho, assim, assado e cozido (sic), oferecendo
esses tipos de serviço e ele me chamou e disse na frente de todo mundo
que queria que eu entrasse, que eu providenciasse a proposta porque já
tinha resolvido tudo. Pronto.
NARCISO JÚNIOR: Certo. Eu vou. Bom, eu vou. Deixa que eu vou falar com ela agora.
TIAGO: Tu me fala, se tu não conseguir falar com ela, tu me fala.
NARCISO JÚNIOR: Tá. Eu já te ligo. Eu vou tentar falar e já te ligo.
TIAGO: Se ela não atender é porque ela tá na reunião dos 240 dias. São dois dias, tu sabe né?
NARCISO JÚNIOR: Tá.
TIAGO: Ai tu manda uma mensagem: "Secretária, aqui quem tá falando,
é, esse telefone é do Narciso, do Narcisinho, eu preciso falar com a
senhora, assim assado e cozido (sic) referente a isso, isso e isso,
conforme, é, solicitação do Governador". Ponto, só isso.
NARCISO JÚNIOR: Beleza, deixa comigo.
TIAGO: Tá?
NARCISO JÚNIOR: Valeu.
TIAGO: Valeu, Tchau.
"Foda-se"
Em outra ligação com Paulo, sócio da clínica, após Narciso mencionar
que já havia falado com Tiago, Paulo cobra de Narciso que Tiago precisa
participar mais, indicando uma possível participação de Tiago nos
negócios a serem desenvolvidos pela clínica. Narciso então comenta que
Tiago o ajudou a preparar a planilha que foi apresentada à Secretaria de
Saúde.
A PF também interceptou uma ligação com Ronan, também sócio da
clínica, que evidencia a proximidade do sobrinho do governador com os
sócios. Ronan afirma ao telefone que está junto de Tiago e que o mesmo
vai falar com a secretária no dia seguinte.
Narciso, em outra conversa com Paulo, diz que Tiago já falou com a
secretária de Saúde, que deu andamento ao processo. Pelo teor da
conversa percebe-se que a Secretaria de Saúde está montando um processo
de dispensa de licitação para contratação dos serviços da clínica de
Narciso. O processo, segundo Narciso, antes que fosse encaminhado à
Procuradoria Geral do Estado, provavelmente para um parecer quanto à
legalidade da dispensa de licitação, passaria pelas mãos do sobrinho do
governador. Ele seria o responsável pela realização do termo de
referência.
Na ligação Narciso ainda comenta que Tiago teria dito que iria
agilizar o tempo de andamento do processo dentro da secretaria, pois se
esta fosse seguir o trâmite normal, o tempo de apreciação do processo
seria bastante longo.
- Mais uma vez destacamos que Tiago, servidor da Sesacre, atuou
diretamente na secretaria em prol da clínica Centro, defendendo
interesses particulares manifestamente ilegítimos – afirma o relatório
da PF.
Em outras duas ligações, fica patente a participação de Tiago
defendendo o interesse da clínica na Sesacre. Posteriormente, já ciente
de que a empresa prestará os serviços de exames ao Estado do Acre,
Narciso Junior e Paulo José buscam uma solução rápida de internet para
prestação dos serviços pela clínica e revelam bem a despreocupação com o
desperdício de recursos
públicos. Em determinado trecho Narciso diz:
- Aqui tem duas concorrentes: A Embratel e a Oi. Cada uma fornece.
Internet de quatro mega dedicado custa uns R$ 3.500,00. Só que eu não
estou preocupado com isso, é o Estado que vai pagar.
E Paulo José responde:
- É, foda-se.
4 comentários:
ESSA QUADRILHA CONTROLA O ESTADO DESDE 1999. AGORA TEM PROVA.
O pior é que o maior problema é esse tipo de gente ser eleito pelo povo. Do jeito que vai, não duvido nada a reeleição em 2014. E depois o povo reclama que político é ladrão. Na verdade, o problema é que o povo vota em ladrão.
Agora compreendo perfeitamente porque o senhor X se tornou o maior defensor do projeto político do PT. - "Narcisinho, um cara desse aí a gente não tem que brigar por ele? Não tem, não tem Narcisinho?" - Narciso Mendes enchendo a bola do governador Tião Viana, depois de mais um favorecimento.
Desde a época do boca de lobo faturado, vemos discrepâncias nesse governo, que sagra o erário. Esqueceram do 'senador sem voto', quando secretário de governo superfaturou licitação na compra de um simples boca de lobo, com valor estratosférico?
Quantas ruas não estão por aí constando asfaltadas no projeto e na real, não tem nem rua?
E você vai para um atendimento no PS, não se têm simples medicamentos receitados pelo médicos.
E se não bastasse vemos criar um 'staff' para a primeira dama do município. Desde quando ser primeira dama é cargo oficial?
E dizem que não tem dinheiro para investimentos no município e Estado.
Se acham que a PF está errada, basta juntarem e fazerem um protesto lá na frente da PF. Ou quem sabe fazerem uma passeata contra ações do 'anjo caído, contra o governo? #sóquenão
Estão atolados até o pescoço de lama fedíta.
Se balançar mais um pouco, cai mais fruto podre dessa árvore.
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