Governador do Amazonas faz discurso ambientalista,
mas tem ‘parceria agropecuária’ com Márcio Bittar
O governador do Amazonas, Eduardo Braga mantém investimentos numa fazenda de gado no meio da floresta amazônica. De acordo com a declaração de Imposto de Renda do governador de 2005, apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ele mantém uma parceria rural “com 3.374 cabeças de saldo em 31 de dezembro, incluindo aquisição de 1,5 mil cabeças no valor de R$ 400.000,00, remetidos ao parceiro para aquisição”, totalizando R$ 700.000,00.
A fazenda onde o governador fez o investimento é a ‘Córrego do Ouro’ e é de Mauro Bittar, ex-secretário de Planejamento do Acre, na administração do então governador Flaviano Melo, e irmão do ex-deputado federal pelo Acre, Márcio Bittar, amigo pessoal de Braga que mantém dois empregos públicos no Amazonas, ganhando cerca de R$ 12 mil por mês, como coordenador-geral adjunto de um grupo de trabalho para fazer levantamento sobre a Região Metropolitana de Manaus, junto à Secretaria de Governo, e como assessor do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).
A localização da fazenda foi confirmada, ontem, por Márcio Bittar. Segundo ele, o governador do Amazonas mantém uma “parceria agropecuária” de 3 mil cabeças de gado na fazenda ‘Córrego de Ouro’, na BR-364, estrada que liga Rio Branco a Sena Madureira. A fazenda, segundo o ex-deputado, é de seu irmão, Mauro Bittar, e tem cerca de 6,5 mil hectares. Márcio disse que tem a responsabilidade de “zelar” pela fazenda, atuando como gerente.
Mauro Bittar foi uma espécie de ‘supersecretário’ do ex-governador do Acre Flaviano Melo. Márcio Bittar é ex-deputado federal e ex-deputado estadual pelo PPS - partido pelo qual Eduardo Braga foi eleito pela primeira vez governador do Estado. É pecuarista e, em 2002 concorreu ao Senado, mas foi derrotado pela agora ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PT), e por Geraldo Mesquita Junior. Em 2006, concorreu ao Governo do Acre, sendo derrotado no primeiro turno por Binho Marques, atual governador. Em 2006, quando foi candidato ao Governo do Acre, Bittar declarou bens no valor de R$ 892.486,28 à Justiça Eleitoral, incluindo uma fazenda denominada ‘Liberdade’, no município de Sena Madureira (AC), além de dois apartamentos em Brasília: um no Kubitschek Plaza Hotel e outro na superquadra 303 Norte, entre outros bens.
Mauro Bittar foi denunciado pela Polícia Federal (PF) e depois condenado pela Justiça Federal, no final da década de 80, por ter desviado dinheiro público de uma conta do governo federal para uma conta ‘fantasma’, para o usufruto dos juros das aplicações, de acordo com auditoria realizada no Banco do Brasil e pelo Banco Central. O juiz, à época, Pedro Paulo Castelo Branco, foi o mesmo que, mais tarde, em Brasília, decretou a prisão de Paulo César Farias, o PC Farias, que acabou por levar ao impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.
O ex-deputado Márcio Bittar informou que Eduardo Braga mantém um contrato de “arrendamento”, através da empresa Parintins Agropecuária Ltda., com a fazenda ‘Córrego de Ouro’, de 3.000 “garrotes”. Ele disse que a fazenda é legalizada e que não vê contradição entre o fato de Eduardo Braga aparecer na mídia como defensor da floresta amazônica e manter investimentos numa fazenda de gado no meio Amazônia. “Foram vendidos 3 mil garrotes para inaugurar a parceria com a Parintins”, afirmou.
Márcio disse que respeita o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB), que informou sobre os investimentos de Braga em fazendas na Amazônia, mas que não compartilha com a posição de que é uma ação contraditória de um governador que diz defender a floresta. “Não infringe crime ambiental nenhum, a fazenda é legalizada, não desmata às margens dos igarapés, é uma propriedade legalizada”, afirmou.
“Eu sofri isso também quando fui candidato a governador, por ter fazenda de gado na Amazônia”, disse Márcio Bittar, informando que é filho de ruralista e que também tem uma fazenda que é só dele, a ‘Liberdade’, que a família adquiriu há 40 anos.
Ontem, o governador Eduardo Braga recebeu prêmio máximo da Fundação Sevilha Nodo “pelos projetos desenvolvidos pelo Estado do Amazonas para a preservação ambiental”. A entidade é referência na Europa por causa das iniciativas que estão transformando a cidade espanhola em exemplo de desenvolvimento sustentável. O valor do prêmio é de 30 mil euros e foi doado à Fundação Amazonas Sustentável.
Ontem à noite, o senador Arthur Neto (PSDB/AM) disse que “isso coloca por terra a farsa de governador ecológico, pois o empreendimento é no Acre, justamente o Acre que é um estado devastadíssimo”. Segundo o senador, “aí existe lavagem de dinheiro e o que existe no Amazonas é um quadro de descalabro, que tem que ter um limite”.
◙ Reportagem gentilmente cedida ao blog pela editoria do jornal Diário do Amazonas. O bicho vai pegar quando forem expostas personalidades do governo do Acre que fazem discurso ambientalista, mas que aderiram à "pecuária da florestania" como investimento. Alguns novos ricos nem tiveram tempo de declarar o negócio ao Leão.
8 comentários:
Nao vejo problema nenhum em Eduardo Braga criar gado, pelo menos ele declarou nao escondeu de ninguem, existe alguma tipificaçao penal na cria, recria e engorda de bovino? O problema nao e o Eduardo, a intençao do jornal Amazonense, nao se sabe a mando de quem, e atingir o Marcio. O problema maior sao muitos dos florestais que sao grande pecuaristas e tem tudo em nome de laranja.
O mais grave de tudo isso é que esse pessoal que cria gado quando declara ao Leão, e isso é raro, o valor da cabeça é pela metade. Quer vê faça o cálculo de 700.000,00 divididos por 4.874 cabeças de boi. A cabeça sai por R$ 143,61. Propõe comprar a esse valor pra vê se vc vai comer carne de gado esse ano.
E o q dizer quando se tem um governador como Blairo Maggi de Mato Grosso??? Parece até piada, mas dias antes do Inpe divulgar os números do desmatamento, o boneco do Maggi estava em Bali discutindo preservação ambiental. rsssss.
Vocês leram? "...alguma tipificaçao penal na cria, recria e engorda de bovino?" O Leandrius está falando dificil, hein? 'Tipificação penal'. Pois é.
só de pensar no Márcio Bittar como prefeito me dá uma gastura terrível, o cara tem um geitão de fazendeirão daqueles que poem a turma prá lamber suas botas sujas de bosta de boi.
Altino, meu caro...
Aconselho aprofundar a história, que é cabulosa diga-se de passagem, sobre um processo que encontra-se travado, engavetado, escondido ou até mesmo extinto dos arquivos do IMAC sobre o desmate de um área grande de floresta, sem qualquer autorização ambiental, de uma fazenda que o vice-governador César Messias tem no Juruá.
Acontece que foi realizado a vistoria no ano de 2006 por uma técnica do IMAC que constatou a infração ambiental, sendo o processo submetido ao conhecimento do então presidente do Instituto, Edegard de Deus, que imediatamente recolheu para si o processo, alegando tratar-se de assunto sigiloso.
Fato é que o processo foi arquivado, a floresta desmatada, e o Governo da Floresta fica fazendo propaganda na mídia pra enganar trouxa!
Acho que essa notícia daria uma ótima matéria tendo em vista o tema abordado ser bastante relevante.
Quem vai a manaus, nota a diferenca que a cidade pode proporcionar.Tanto para turismo, quanto a oportunidade de emprego.
Os empreendedores(politicos em horas vagas),deste pais nao tevem temer expor seu patrimonio, e acabar considerando qualquer critica ou citacao com um julgamento de uma ideologia de vida.Portato admiro politicos que declaram mesmo que parcialmente os seus bens e uma demostracao de pudor e nao de hipocresia como dizem os falsos comunistas.
Essse cresceu por causa de Burguesia.
Não meu caro Leandrius, a criação de gado, bem como todos os seus diversos fins não é um fato tipificado em nosso código penal (mas isso você já sabe..), e nem está proibida em nossa bela constituição, o verniz de legalidade em uma defesa tão medíocre ao governador hipócrita (no momento falemos só do governador do AM) pode ser usada por aqueles que, como você acreditam no desmatamento para o desenvolvimento à qualquer custo, mas não para aqueles que se importam pelo menos um pouco com a ética e com o que é certo, não é novidade para ninguém que a criação de gado influencia ativamente financiando o desmatamento, e este, no aquecimento global, el niño, la niña, cheias, secas, extinção de animais e o que é melhor (é melhor certo?), muito dinheiro para os fazendeiros e seus associados enquanto os pequenos produtores rurais sofrem sem meios para escoar suas produções, falta de crédito, de apoio tecnológico por parte dos órgãos públicos e da falta de informação, mas paro por aqui se não poderia passar o dia listando os problemas presente na nossa pobre Amazônia.
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