sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A BANDA PODRE DA POLÍCIA MILITAR

Foi um grupo integrado por cinco promotores e um procurador de justiça do Ministério Público do Acre, cujo trabalho é combater o crime organizado no Estado, que recebeu da cúpula do Tribunal de Justiça as informações que sustentam o pedido de prisão do ex-deputado estadual Roberto Filho.

Entrevistei por telefone o promotor Danilo Lovisaro, que assinou o pedido de prisão em poder da juíza da 2ª Vara Criminal, Denise Bonfim, e a promotora de Defesa do Consumidor, Alessandra Marques, que está fora do Acre, assim como o juiz da 4ª Vara Criminal, Clóvis Cabral, em decorrência das ameaçadas de morte do ex-deputado.

Contra Roberto Filho existem gravações de áudio e vídeo, realizadas com autorização da justiça, nas quais ele negocia com um pistoleiro o assassinato da promotora e do juiz. Como pagamento, o ex-deputado promete ao pistoleiro uma casa e um salário de R$ 8 mil na Assembléia Legislativa, pois o plano incluiria, ainda, o assassinato do oficial de justiça e suplente de deputado, Josemir Anute.

- Roberto Filho e o filho dele, Bebeto Júnior, são dois canalhas dos mesmo naipe que abusam da impunidade reinante no Acre. Na gravação, ambos aparecem negociando com o pistoleiro a minha morte e a do juiz Clóvis como quem negocia tomate na feira. Não conseguem distinguir o público do privado. A população carente do Acre não pode pagar a pensão de um crápula, que faz parte da banda podre da Polícia Militar, e que se aposentou na corporação como cego, embora seja condutor de automóveis e tenha ido ao meu gabinete, tirado o óculos para olhar nos olhos, e tentado me pressionar para abrir caminho para seguros fraudulentos no valor de R$ 2 milhões - desabafa a promotora.

Dias antes de oferecer denúncia, Alessandra Marques foi procurada por Roberto Filho. Ele queria que a promotora encerrasse o inquérito no qual é acusado de ter tocado fogo em duas casas, no conjunto Esperança, para receber R$ 1 milhão por cada um dos seguros registrados em nome da mulher dele, a ex-vereadora Lenice Barros, e do filho, Bebeto Júnior.

- Existia uma pessoa na Caixa Econômica, parente deles, que facilitava a compra de seguros fraudulentos. Além de ter tocado fogo nas casas, os dois imóveis não valiam tanto. Esse calhorda é fruto da impunidade reinante no Acre, pois já havia recebido da Real Seguros R$ 900 mil pelo incêndio de uma chácara. A lista de bens que apresentou para receber o seguro das casas, incendiadas após ser derrotado nas urnas, era a mesma que fora apresentada para receber o seguro da chácara. Ele é tão calhorda que alegou que "o mármore da casa derreteu", enquanto foi constatado que a madeira permaneceu. Além de tentar me pressionar para desistir do inquérito, quando esteve no meu gabinete alegou que estava no motel com uma amante no dia do incêndio. Respondi que iria denunciá-lo, que pediria a prisão dele. O juiz Clóvis atendeu o pedido e hoje estamos nesta situação.

O promotor Danilo Lovisaro disse que as provas que sustentam o pedido de prisão do ex-deputado são contundentes e que o Ministério Pública espera ser atendido pela juíza Denise Bonfim. Muito comedido, Lovisaro acha que o grupo do Ministério Público que combate o crime organizado poderá se manifestar sobre o caso após a prisão de Roberto Filho.

Procurador "democrata"
Compareci à sede do Ministério Público, às 8 horas, para tentar obter mais informações sobre o caso. Jornalistas de outros veículos da imprensa local chegaram por volta das 9 horas e o procurador geral de justiça, Edmar Monteiro, decidiu receber a todos. Estava postado na porta do gabinete. Eu era o último da fila e fui barrado.

- Você não, Altino - disse o procurador.

- Mas também sou jornalista, procurador - argumentei.

- Aguarde fora da sala - acrescentou Monteiro, passando a chave na porta.

Ao sair, os colegas contaram que o procurador geral não permitiu qualquer tipo de gravação e limitou-se a dizer que estivera viajando, havia chegado ao Acre na madrugada e que não tinha nada a falar a respeito do pedido de prisão do ex-deputado Roberto Filho.

Acredito que tenha reagido de modo tão autoritário por causa de duas notas neste blog: Edmar "Blindeiro" e Salve Jorge.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino.
Dá pra dizer em que palanque estava o Deputado-bandido nas últimas eleições?

Anônimo disse...

Que honra pra você, Altino. A atitude do procurador só prova que você conseguiu se diferenciar do que chamam imprensa do Acre.