quarta-feira, 10 de outubro de 2007

BRASÍLIA, SE QUISER, QUE MUDE

Antonio Alves

No governo de Jorge Viana criou-se e aperfeiçoou-se o hábito de atrasar o início de todos os eventos e solenidades oficiais. O público e a imprensa ficavam esperando e fofocando até que o governador chegasse, apressado, com sua comitiva.

No começo eram atrasos pequenos: meia hora, quarenta minutos. Depois foi aumentando, de tal forma que se a solenidade estivesse marcada para as 9 horas, você podia chegar descansadamente às 10 e meia e conversar com os colegas até às 11, hora em que provavelmente chegaria alguém para dizer "alô som" no microfone.

A coisa chegou a um ponto tal que o cerimonial do gabinete passou a colocar nos convites coisas como "horário: a partir das 17 horas".

Bom, baseado nisso, e para evitar que se chegasse a um prejuízo irreparável na imagem dos governantes e do povo acreano, sugeri que fosse criado um novo horário para o Estado de Dom Galvez. Seria simples: se a solenidade estivesse marcada para as 10, quando o governador chegasse todos acertariam seus relógios para as 10.

Aquele horário ficaria valendo até a próxima solenidade. Obviamente, esse seria o horário oficial, pois nos quatro cantos da cidade e nos oito da floresta, os mais variados horários estariam em vigor.

Liberdade de fuso, liberdade de horário. Ainda defendo esta bandeira. Mas sou contra, visceralmente contra, essa tentativa dos políticos e financistas e marqueteiros que agora inventaram de mudar o horário do por-do-sol.

Pra mim, ressalvadas a variação das estações, que junto à linha do equador é muito pequena, o sol nasce às seis da manhã, está a pino ao meio-dia e se põe às seis da tarde. Brasília, se quiser, que mude.

O jornalista Antonio Alves é assessor especial do governador Binho Marques e de vez em quando escreve no blog O Espírito da Coisa. Deixou essa opinião como comentário ao artigo de Leila Jalul. Meu comentário: o dramático é que, por questão de sobrevivência, caso a mudança seja aprovada, teremos que ir ao banco pagar as contas no horário que Brasília estipular. É um abuso.

3 comentários:

GLORIA PEREZ disse...

Toinho, aqui em Cannes, apresentando Amazonia, não podia deixar de citar você e sua bela e justíssima comparação dos acreanos com a aldeia gaulesa de Asterix. Foi um sucesso
beijo

Anônimo disse...

...até o Toinho serve para a Globo faturar mais alguns com Amazônia. Dona Glória é eficiente.

Anônimo disse...

Oi, Glória, boa sorte para nossa Amazônia em terras gaulesas. Por aqui, vamos tocando o barco. Ainda ontem conversei com o pessoal de uma emissora de TV de Cadiz que está filmando a história de Galvez. O Acre é assim: o mundo vem aqui nos ver e nós vamos aí nos mostrar. Mas os romanos também não dão folga. Agora querem que as escrelas caiam sobre as nossas cabeças, mas só depois das 7 da noite. Ainda bem que no Brasil nada se resolve, sabe como é: Brasília locuta, causa infinita.