sábado, 14 de abril de 2007

TEMPOS DA PROSPECÇÃO


Marcelo Piedrafita Iglesias

Altino,


Aqui estão três fotos que reproduzi hoje, durante visita à biblioteca do Departamento Nacional da Produção Mineral, na Urca, aqui no Rio.


Elas fazem parte do relatório "Noroeste do Acre. Reconhecimentos geológicos para petróleo", escrito, em 1938, por Pedro de Moura e Alberto Wanderley, então engenheiros do Serviço Geológico e Mineralógico.
O relatório foi publicado como Boletim Nº 26 do Serviço de Fomento da Produção Mineral, do DNPM.

Duas fotos são de autoria do próprio Pedro de Moura, que chefiou a comissão que, nos anos de 1935-36, fez estudos no divisor de águas dos rios Juruá e Ucayali, no extremo oeste do Território do Acre, onde hoje está situado o Parque Nacional da Serra do Divisor, inclusive em território peruano. A outra foto, em que Pedro Moura aparece, foi tirada por M. Mendes.

Olhando as fotos com os olhos do presente, vi tempos e técnicas bem diferentes, mas um objetivo comum: a prospecção de petróleo.

E um pensamento me veio à cabeça: que oportunidades de emprego e riqueza se abrirão aos "pobres" acreanos caso a prospecção e a exploração de petróleo e gás venha a ser realizada?

Fala-se hoje da iminente geração de muitos empregos e dos muitos benefícios que advirão. Em final dos anos 1930, contudo, foram as tarefas de carregadores, remadores, caçadores e cozinheiros aquelas destinadas aos moradores de Cruzeiro do Sul e da floresta.

Mateiro foi a profissão de maior qualificação contratada pelos engenheiros da comissão. A foto acima mostra que nas travessias por terra, nas picadas, a carga era levada em jamaxins, carregando cada homem 30 a 35 kilos

Olhando o que já foi, fico hoje imaginando como poderá ser, caso a história, num futuro próximo, insista em se repetir como farsa.

Marco 80, no varadouro Ramon Tapiche. Vê-se o engenheiro Moura, que entrava para o Peru, onde ia em visita aos campos de petróleo da costa do Pacífico


Subindo pelos leitos dos rios, os homens levam a carga às costas, como nas picadas

Marcelo Piedrafita Iglesias é antropólogo

2 comentários:

Anônimo disse...

BREVE O ACRE SERÁ BOLIVIANO.

PRESENTE DO APEDEUTA P O COCALEIRO.

Anônimo disse...

Caro Altino,

Vendo essa fica alguas preguntas:

1. Será que o "povo" acreano vai ser beneficiado mesmo com essa exploracao de petroleo/gas?

2. Será que nao tem interesse de engenheiros e grandes empresários de fora nisso.

3. Realemente é só petroleo e gás que estao querendo arrancar do chã? ou isso é mais um artifício usado para os madeireiros e fazendeiros se esbaldarem nas nossas matas?

Como acreano, e nem um pouco interessaso nessa "melhora de vida" não sei responder essas perguntas e outras mais con exatidao.

Só digo uma coisa:

Estou ficando preocupado!

E ficando triste.

Edson