quarta-feira, 18 de abril de 2007

MOVIMENTO SOCIAL

Crítica ao modelo de desenvolvimento em vigor na Amazônia suplanta tom chapa-branca da abertura do seminário da Rede GTA

Pouco mais de cinqüenta pessoas prestigiaram a abertura do seminário organizado para comemorar, de terça a sexta-feira, em Rio Branco, os 15 anos de fundação da Rede GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), que envolve mais de 500 entidades que se articulam em fóruns locais, federações setoriais e outros mecanismos sociais em defesa do patrimônio natural e cultural.

O polêmico projeto de prospecção e exploração de petróleo e gás no Acre e, de forma mais geral, a matriz energética e as grandes obras de infra-estrutura em curso planejadas para a Amazônia não foram debatidos no primeiro dia do evento. Embora seja organizado pelo movimento social, o primeiro dia Do seminário adquiriu um caráter chapa-branca.

O ex-governador do Acre, Jorge Viana, que fez uma palestra sobre "análise de conjuntura", e o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana, que participou como debatedor do tema "nossa contribuição", foram os principais destaques no primeiro dia do evento.

O senador Tião Viana (PT), autor do polêmico projeto de prospecção de petróleo e gás no Acre, não compareceu ao seminário. Ele seria o palestrante do tema "A procura dos eixos da sustentabilidade", a partir do qual analisaria os planos Avança Brasil, Brasil em Ação, PAS e PAC.

Jorge Viana, que permaneceu no evento pouco mais de uma hora, disse que não tem notícia de que o movimento social da Amazônia tenha contado com uma conjuntura tão favorável quanto agora. "É o melhor cenário que a nossa geração está tendo o privilégio de viver".

O ex-governador, que tem considerado inoportuno o debate no Acre sobre prospecção de petróleo, mas defende a sua exploração, caso seja encontrado, evitou falar sobre o tema. Ele citou o presidente Lula, a ministra Marina Silva e o seu sucessor Binho Marques como expressões do que existe de "melhor do ponto de vista do ambiente político".

Jorge Viana recheou sua palestra com referências à sua gestão. Após a palestra, pediu a palavra novamente para apelar para que os participantes do seminário não se detivessem muito com as questões conjunturais, mas que tratassem de avançar no estabelecimento das metas das entidades em defesa do movimento social.

Adilson Vieira, da Rede GTA, outro palestrante sobre conjuntura, reconheceu certos avanços alcançados no Acre, mas ponderou que existem outras regiões na Amazônia onde não existe espaço para o diálogo com os gestores públicos. "Mesmo no governo federal, onde existe uma Marina Silva com avanços significativos na política ambiental, temos que lidar também o atraso de outros ministérios, como o da Agricultura".

Grandes temas
Na manhã desta quarta-feira o seminário da Rede GTA ganhou novo ânimo. O governador Binho Marques (PT), convidado para ser um dos palestrantes do tema "O papel do governo e da sociedade", contribuiu para quebrar o tom monocórdio que prevalecera na abertura ao enviar o jornalista Antonio Alves, assessor especial, para representá-lo.

Alves foi o idealizador do conceito de florestania que marcou o Governo da Floresta durante os dois mandatos de Jorge Viana. Para um platéia ainda de uns 50 representantes de entidades, ele observou o quanto o movimento social perdeu identidade e se estatizou na Amazônia.

"No Acre, nas duas gestões de Jorge Viana, havia uma necessidade de o governo recuperar a autoridade do Estado, que estava uma bagunça. Agora, no governo do Binho Marques, a prioridade é recuperar a capacidade de organização da sociedade", afirmou.

Thomas Bahs, da Fundação Boell, que costuma ser crítico de algumas ações da Rede GTA, foi o outro palestrante sobre o papel do governo e da sociedade. Ele apontou tendências sobre o que está acontecendo na Amazônia.

Bahs disse que está se delinando na região a retomada dos grandes projetos e aconselhou a Rede GTA a voltar a debater os modelos de desenvolvimento. Segundo ele, com a aceleração do crescimento está havendo a retomada de um modelo muito impactante do ponto de vista socioambiental.

Tanto Alves quanto Bahs defenderam a necessidade de o governo diminuir e da sociedade assumir o protagonimo do desenvolivmento social, economico e cultural. Ambos observaram que os projetos dos governos na região não podem ser caracterizados como políticas públicas, mas como investimento em infraestrura e facilidades ao desenvolvimento do mercado.


"Eles não visam às comunidades, mas a atender as demandas das grandes empresas", disse Antonio Alves. Tendo como tema as ameaças novas e antigas à Amazônia, o antropólogo Alfredo Wagner tratou da nova cartografia social da amazônia.

Leia mais no site Amazônia.

15 comentários:

Anônimo disse...

Inoportuno o debate sobre a prospecção do petróleo, ou a própria prospecção, Jorge Viana? afinal, "se encontrar deve ser explorado"...então o ex-gov está achando ruim mesmo é o debate. Agora não tem mais jeito,o jeito é dabater. Veja, quantas boas cabeças pensante o seu governo fez calar, sinal dos tempos!Vamos aproveitar para respirar um ar mais democrático nessas terras de Galvez a Binho Marques. viva o Acre livre!

Anônimo disse...

Um ônibus cheio de petistas bate numa árvore em uma estrada e cai numa ribanceira, perto de uma fazenda. O dono, única testemunha do acidente, chega perto para ver o que podia ser feito. E se encarrega de enterrar todos os corpos.

Alguns dias depois, um investigador da polícia vê o ônibus detonado e pergunta ao dono da propriedade o que aconteceu aos petistas que estavam no ônibus.

- Eu os enterrei - diz o fazendeiro.

- Mas estavam todos mortos?

O fazendeiro responde:

- Olha, tinha uns que diziam que não, mas você sabe como são esses petistas, eles mentem muito...

Anônimo disse...

Toinho ta certo perdeu a indetidade quase toda falta um nadinha.
Saber por que os movimentos hoje sobreviver atraves do governo, pouca vergonha.

Pitter Lucena disse...

Empate em favor da vida!!!

Sei que nada sei, sei que nada sou. Mas vou entrar no debate sobre o projeto irracional do senador Tião Viana, que usa seu poder político para furar parte do Acre em busca de petróleo, andando dessa forma na contramão da história na defesa do meio ambiente. Como acreano do pé rachado, nascido e criado nos seringais de Xapuri, tenho todo direito de meter o bedelho onde achar necessário sobre meu pedaço de chão e, mais, quando perceber o real perigo de destruição da nossa floresta e seus habitantes que nela vivem a centenas de anos.

A princípio minha opinião é 100% contra qualquer tentativa que focalize destruir, seja em nome do desenvolvimento ou não, parte da maior diversidade de vida do planeta, fato que deixa o resto do mundo morrendo de inveja. Temos uma riqueza biológica que ninguém mais tem. O que falta na Amazônia são investimentos em pesquisas para que descubramos o potencial de energia limpa que está a nossa disposição sem precisar desmatar nada, sem precisar furar nada, sem precisar mexer com a vida de ninguém.

O senador Tião Viana bem que poderia, e pode, observar com mais atenção a falta de governo no apoio e incentivo aos povos da floresta. Mesmo passando necessidade para escoar seus produtos os seringueiros, ribeirinhos e produtores agrícolas amam o local onde moram e, por nada, nada mesmo, querem sair de lá. Eles querem que o governo faça investimentos como estradas vicinais, escolas, postos de saúde etc. Essa história de petróleo, por onde passou, deixou seqüelas até hoje não superadas. Petróleo é coisa do passado e, para acreanos, conscientes do dever de preservar a vida, é chegada a hora de um novo empate, dessa vez, contra essa prospecção de petróleo que tem cheiro da morte.

Não sou contra o desenvolvimento. Sou contra formas irracionais criadas para explorar os recursos da floresta. Se o governo brasileiro tivesse consciência e preocupação com a Amazônia hoje teríamos o melhor centro de estudo de biodiversidade do mundo. Ainda não temos a cultura da floresta. Não estamos educando o caboclo do futuro para que ele vá adiante dos seus pais na exploração do potencial econômico da região. Não estamos pesquisando o valor econômico da biodiversidade. Esses R$ 75 milhões que o senador disponibilizou para a tal prospecção seriam melhor investidos no melhoramento da qualidade de vida dos povos da floresta.

Já não basta a destruição da floresta acreana para plantar bois? Por quanto tempo viveremos sob idéias megalomaníacas em nome do “desenvolvimento”, quando sabemos que por trás disso tudo existem interesses particulares? Porque não melhorar as condições de trabalho do homem da floresta, que vive dela e tira o sustento dos filhos? A floresta vale mais, muito mais. Ela é pura vida alimentando outras vidas. Vamos ao empate!!!

Anônimo disse...

Recuperar a capacidade de organização da sociedade. É isso mesmo. Na mosca.

Em outros termos: a sociedade do Acre necessita avançar no sentido de aumentar a capacidade de articular/colaborar para resolver seus próprios problemas. Isso se chama Capital Social.

O Binho está no rumo certo. Espero que não seja convencido pelos desenvolvimentistas de plantão a mudar....

Editor disse...

Criança “educada com qualidade” não anda em pau-de-arara.


Nesses oito anos que o PT governa o Acre, muitos investimentos de ordem material foram feitos na educação. As escolas, a maioria localizadas na capital, sofreram um choque de modernidade arquitetônica, que de fato, causa uma impressão positiva ao olhar despreocupado.

Por outro lado, porém, se assumirmos uma postura mais crítica diante do próprio olhar, mirando mais de perto, veremos o quanto é perigosa a confusão que se faz quando o conteúdo do presente é confundido pela importância menor da embalagem. A qualidade da educação no Acre precisa ser repensada! Será a conclusão a que todos, “de olhos arregalados”, irão chegar.

O governo que findou, apesar de ter todos os instrumentos políticos nas mãos, esqueceu de dar uma identidade própria à rede de ensino. Existem sim, muitas falhas na gestão da Secretaria de Educação que precisam ser evidenciadas. Assim, quem sabe, aquele que as deixou, agora com segunda chance e com a mão na caneta, possa agir para sanar.

O maior débito do “Secretário” é não ter enfrentado a educação com um olhar realmente revolucinário, impactante, arrebatador e semeador, com força de transformar e de plantar idéias, construindo um geração crítica determinada e ativa.

Nossos alunos nunca foram ensinados a transformar “conhecimento” em “ação”. O impacto aos jovens é tão forte que eles já começam a esquecer que são os “guardiões da semente dos sonhos”. Nosso dever é cuidar, a vida inteira se possível, dessa semente. Não é dado ao educador o benefício da desistência.

Muitos educadores, críticos, porém mais tímidos (não falam, só sofrem), reclamam diariamente da dificuldade que sofrem quando tentam superar a blindagem da “prepotência intelectual” da equipe gestora da Secretaria de Educação.

Quem educa, aprende cedo a dar valor à oportunidade. Educador é o que liberta, que faz lembrar sempre que saídas, apesar de difíceis, existem sim. A rede de ensino, para isso, deve vibrar na mesma frequência da comunidade, transformando-se num canal permanente de trocas de boas idéias.

Admitir que a educação venha a ser governada pela economia, sem influenciá-la, não é visão de educador revolucionário e muito menos atende às exigências de sustentabilidade tão corriqueiramente defendida pelo governo.

O bom gestor para a educação será sempre o “educador ideológico” e não o “educador técnico burocrata” que temos visto.
Mas a culpa não é só do governo. A elite intelectual da educação, bastante burocrática por sinal, decidiu parar de bater pestanas, como se ao educador fosse dado o direito de recuar diante da luta. Educação é luta, sempre foi assim e não deve deixar de ser tão cedo. Quanto mais silenciarmos hoje, mais problemas iremos ter que corrigir no futuro.

A Secretaria de Educação, arrogante diante dos próprios equívocos, recusou, por razões políticas, a opinião da maioria dos educadores do Acre. Eles, por sua vez, não insistiram na opinião. Recuaram e meio que sem jeito foram cuidar da vida pessoal. Eu defino o atual modelo de educação do Acre: "mecânico, desestimulante, sem energia e sem brilho. Por fim, para iniciar o debate, levantamos um problema grave da Secretaria de Educação e chamamos seus interlocutores ao debate. Vejam abaixo:
Ontem, denunciamos, com absoluto respeito à verdade, a situação lamentável que nossas crianças da zona rural enfrentam na luta diária para chegar às escolas. O governo que mais gastou dinheiro em toda a história do Acre não lembrou de reservar alguns milhões de reais para garantir uma chegada tranqüila à escola para as crianças da zona rural. Pelo contrário, nossas sementes de sonhos, são obrigadas a enfrentar, além do perigo de morte, a chuva o sol e a poeira. Não está certo! As comunidades exigem providências.


Edinei Muniz

Anônimo disse...

Acho que esse blog é que deveria chamar "espirito da coisa". Ninguem tem nome aqui, só chegam mensagens do além.
Inclusive Altino, acho que você empobrece seu blog públicando piadinhas ridiculas como essa acima, e olha que eu não sou e nem pretendo ser petista. Esse blog sempre traz debates de altissimo nivel nos artigos postados mas é uma negação a participação dos "anônimos".
Grande abraço meu caro!

Jorge Carlos
Acadêmico de Sociologia - UFRJ
Tarauacáense

Anônimo disse...

Eu queria aprender sociologia de verdade?

Anônimo disse...

Soube através de algumas fontes que o Tião vai dar um ponto final nessa história de prospecção. Depois de consultar amigos e familiares, chegou a conclusão que o melhor é recuar e aceitar o que a maioria decidiu.
Se isso for verdade já fica aqui os meus sinceros parabéns ao tião que sempre ganhou o meu voto.
Porém caso essa prospecção siga em frente, tenho certeza que nosso amigo e irmão vai jogar fora a oportunidade de deixar seu nome na história do acre, como deixou nosso irmazinho chico!

Marcelo Jardim disse...

Altino, vc tava na fala do Alfredo Wagner?

Foi DEMAIS. Já tinha ouvido muito a expressão ´´bater com luvas`` mas só hoje entendi todo o seu significado. O Wagner fez a melhor análise de conjuntura q já vi sobre a Amazônia. Literalmente deu nome aos bois e ficou ´´horrorizado`` quando a platéia lhe informou da Usina Álcool ´´Verde``. Achava ele q era ´´só`` PTróleo.

Sugeriu, inclusive, q as pessoas da plenária entrassem com uma ação judicial contra a Usina, já q não estava prevista no ZEE, q virou lei. Segundo suas próprias palavras:

´´...o quê? nós gastamos 100 milhões pra fazer o ZEE e agora se implanta outras coisas... não pode!``

M. Jardim

Anônimo disse...

Quer dizer que quem cooptou política e financeiramente e, com isso, desorganizou a sociedade civil e suas representações, agora vai procurar incentivá-las a recuperar sua capacidade de organização? Será que entendi bem? Olha, cada macaco no seu galho, cada viana com seu poço. A sociedade civil, colocando-se contra projetos governamentais, como no momento esse aí intentado de exploração de petróleo pela VIANACRE Amazon Oil, já dá um bom sinal de vitalidade, rearrumação e redefinição, coisas que só podem se dar dessa forma espontânea. O caminho se faz lutando e a luta faz a diferença. Ou o governo já está querendo organizar até a espontaneidade da sociedade civil?

Anônimo disse...

Já viu, né? Esse espírito que acabou de comentar aí não é o meu. Nem a coisa.

Editor disse...

Desconfio que um dos anônimos é o ex-rei da floresta.Ele nunca gostou muito desse negócio de debate. Aliás, nunca teve um debate. Alércio Dias, Flaviano, me poupa né jorge.

Anônimo disse...

Edinei,
Adivinhar não vale! Só porque o anônimo disse que o Tião vai recuar depois de ter ouvido familiares? E tem também aquela parte que o colega o chama de amigo e irmão.Pelo sim, pelo não, vou torcer pelo recuo, pouco importa se o irmão é o ex.Acho até que o ex era mais preocupado com a floresta.
O Tião tá é aproveitando que o irmão não é mais governador, prá fazer as coisas do jeito dele.É só assistir esses filmes da antiga Roma que você vai entender que poder não se divide, em família então... é que o bicho pega MERMO!

Editor disse...

A forma como a imprensa se manifesta agora revela a falta que fez nos oito anos da tirania floresteira. Esse debate, apesar de ser cheio de farpas, chega a ser poético. Viva a democracia que os Vianas não conseguiram destruir!!