sexta-feira, 20 de abril de 2007

ESTAMOS TODOS NA MATRIX

É vergonhosa essa forma como atacam os irmãos Viana e até falam numa certa “liberdade” sob os auspícios do atual governador. Jorge Viana foi um pai para toda essa gente. E agora cospem no prato que comeram. O Arnóbio Marques sempre foi o secretário de educação do Jorge Viana por 12 anos consecutivos e agora acena com essa estória de ”resgatar” o que julga ter ficado para trás? Menos.

Fátima Almeida

É preciso levar em conta que o projeto do senador Tião Viana (PT) é economicamente correto. O que se pretende é substituir as importações, o Acre deixar de ser um mero mercado consumidor e passar a exportador. As dúvidas se inscrevem no aspecto financeiro e tecnológico, pois as empresas que executarão o projeto devem ficar com uma parte dos lucros e os acreanos, indígenas ou não, nem de longe possuem nível tecnológico para executar essa tarefa.

O problema se refere à questão do modelo que está em xeque precisamente no continente que o elaborou, a Europa. A Inglaterra foi quem pariu esse modelo de aceleramento na exploração dos recursos naturais não renováveis e na exploração de mão-de-obra barata dos continentes pobres, sendo seguida por seus filhos diletos, os estados norte-americanos.

Uma grande máquina, a matrix, se estruturou em todo o planeta determinando os padrões de consumo que seguem a lógica de uma descendência na vertical, com ampliação horizontal, ou seja, o consumo paulatinamente descendo e atingindo as camadas mais baixas, tanto nos países industrializados como nos demais, de economias dependentes. Todo mundo é culpado.

Ninguém questiona os padrões de consumo. Todos os ambientalistas que conheço, por exemplo, são doidos por churrasco. Essa identidade tão propalada de florestania, que segundo me disseram, anos atrás, foi inventada pelo Jorge Nazareth, já falecido, é vazia de significado.

Esse acreanismo tão frágil aderiu à moda do churrasco com rapidez a partir dos anos 70 de uma forma vergonhosa, ou seja, criticando a pecuária extensiva e fartando-se de churrasco. Hoje, jovens acreanos de classe média bebem tererê. Os acreanos abandonaram o costume de festejar aniversários com pato-no-tucupi do Pará ou vatapá da Bahia para “assar uma carninha” gaúcha, thê!

As críticas à prospecção do petróleo trazem, na mesma medida, essa contradição implícita ou explícita: todos trafegam pelas linhas aéreas, não abrem mão de viajar de avião nem de adquirir carro do ano. Todos querem o conforto da luz elétrica.

Por outro lado, é vergonhosa essa forma como atacam os irmãos Viana e até falam numa certa “liberdade” sob os auspícios do atual governador. Chega a ser ridículo ler isso de pessoas que sempre detiveram privilégios. Jorge Viana foi um pai para toda essa gente. E agora cospem no prato que comeram. O Arnóbio Marques sempre foi o secretário de educação do Jorge Vianna por 12 anos consecutivos e agora acena com essa estória de” resgatar” o que julga ter ficado para trás? Menos.

É impressionante a leitura pobre que se faz da história que se faz neste país onde tudo que se mudou em nome de uma ilusória liberdade sempre foi na forma do consentimento das elites. A participação popular nunca teve vez. Tiradentes foi torturado e esquartejado depois de morto e a “independência” aconteceu quarenta anos depois por determinação das elites.

Abolicionistas lutaram ferozmente e a abolição veio por imposição da Inglaterra, sendo os negros lançados nas ruas. Partidos republicanos organizaram-se, lutaram e a república veio no modo de um golpe militar pelo interesse dos fazendeiros do café. O único momento em que as classes trabalhadoras adquiriram expressão foi com a emergência de Lula no ABC paulista e mesmo assim foi necessário o apoio da Igreja.

Eles não fazem autocrítica, esses que atacam os irmãos Viana e defendem no Binho uma “nova era”. E tem mais: intelectual é uma força social em constante suspeição. Desde o iluminismo francês o intelectual é uma mera peça no jogo das elites. Todo intelectual é um pequeno burguês, manipula as massas, detém seus privilégios como reserva de mercado e persegue um padrão de consumo acima da média às custas do pacto com as elites. Segundo a história, os intelectuais que não se renderam ao padrão pequeno-burguês foram destruídos: Che Guevara levou cinco tiros no peito, Rosa Luxemburgo uma coronhada na cabeça sendo seu corpo lançado no rio; Trotsky levou uma machadada na cabeça e assim muitos outros que apodreceram nas prisões. Os que ficaram e ficam ilesos serão sempre suspeitos.

ONG’s? Foram criadas quando o Estado estava nas mãos da direita. Mas agora não são as esquerdas que estão no PT? Não se justifica que o Estado continue inoperante em certas áreas tornando necessárias as organizações não-governamentais que são mantidas às custas das receitas públicas. E que agem livremente, contratam, tomam decisões e detém o privilégio de uma certa “representatividade” um tanto discutível, diga-se de passagem.

Na minha opinião a Amazônia precisa ser preservada pelo bem de todos e do planeta, só que as populações que residem nela precisam ser subvencionadas pelos países ricos. Eles nos colonizaram, nos exploraram, e enriqueceram às nossas custas. Toda a opulência que exibem se deve ao sangue dos latino-americanos, asiáticos e africanos e agora a responsabilidade é unicamente deles de mudar o padrão de consumo enérgico no mundo inteiro e compensar as nossas perdas. Quando as populações do Acre saírem, se saírem, desse patamar pré-moderno e adquirirem racionalidade científica, até poderemos pensar num plebiscito, em razão de uma responsabilidade coletiva e consciente. Tudo o mais é papo de intelectual estéril. Quem manda é o grande capital.

Fátima Almeida é historiadora acreana.

4 comentários:

Anônimo disse...

Minha ídala, você tomou vacina do sapo kambô? vomitou tudo prá fora de uma vez só!

Anônimo disse...

"Jorge Viana foi um pai para toda essa gente"???
Menos, menos....Eita, retórica exagerada!!!
O moço cumpriu sua obrigação, apenas. Ponto final.

Anônimo disse...

Trabalho de analistas do Ibama/AC é premiado em simpósio
18/04/2007

Rio Branco (18/04/07) - Os analistas ambientais da Superintendência do Ibama no Acre, Diogo Selhorst, Marcos Henrique Brainer Martins e Sirleni Silva tiveram um artigo aceito no XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), que começa no próximo sábado, 21, e vai até o 26, em Florianópolis/SC. O artigo, intitulado “Uso de Imagens CCD/CBERS para o monitoramento e fiscalização do desmatamento na Amazônia: uma experiência do Ibama/AC”, foi baseado em imagens do satélite CBERS (Brasil - China) e premiado como um dos cinco melhores artigos do simpósio. Ao todo foram aceitos 962 artigos, entre mais de 1.400 enviados.

O prêmio pelo trabalho inclui um diploma, uma maquete do Satélite CBERS e um cheque no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), oferecido por uma empresa patrocinadora do evento. A entrega será no próximo domingo, 22, durante cerimônia de abertura do Simpósio, às 19h30, no Centro de Convenções de Florianópolis. O artigo é fruto da experiência dos analistas na Operação Fronteira, coordenada pelo Ibama/AC em 2006 na região da Ponta do Abunã, em Rondônia (Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia) e no Sul de Lábrea e na Boca do Acre, no Amazonas. Nessas localidades foram realizadas atividades de combate ao desmatamento ilegal, à extração e transporte ilegal de madeira e de fiscalização de queimadas.

Outro trabalho, intitulado “Uso de Imagens dos Satélites CBERS-2 e Landsat V para Mapeamento do Desflorestamento no Município de Ipixuna-AM - Uma Proposta de Metodologia para a Fiscalização Ambiental na Região Amazônica”, de autoria dos analistas ambientais Marcos Henrique Brainer Martins e Sirleni Silva, também foi aceito no evento.
Mais informações sobre o simpósio e os trabalhos aceitos podem ser encontradas no site do XIII SBSR (http://www.dsr.inpe.br/sbsr2007).

Fonte: Ibama/AC

Aleta disse...

Sempre gosto muito dos textos da Fátima, na grande maioria sempre acho muito coerente.

Ps.: A expressão gaúcho é tchê e não thê.