quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O ACRE EM TRANSIÇÃO

Decidi destacar o sensato comentário relativo ao post "A produção da ideologia". Foi escrito por alguém que assina como Aspone.

"Caro Altino,

Aprender com o passado é um dos caminhos da sapiência. Espero que o Novo Governo tenha isso em consideração. Acredito que Antônio Alves é um daqueles que não aparecem, mas fazem muita coisa acontecer. E apesar do jogo político não mudar, é possível a gestão de um estado ser feita de modo inovador, beneficiando mais igualmente as pessoas. Já foi um grande passo o Acre começar a sair da rabeira do desenvolvimento humano. Pois, muitos tentam, mas poucos conseguem ao menos começar essa mudança.

Fui aprovado no último concurso do governo para a área de gestão e tenho vivido de perto o funcionamento da máquina. Algumas secretarias andam mais que as outras, por competência do secretário e de sua equipe. As que não andam geralmente estão com seus quadros envolvidos na política ou não possuem competência realmente para tocar o barco. Nestas secretarias as cabeças pensaram mais na cena política ou não tiveram idéia e nem pique para acompanhar o ritmo alucinante de Jorge Viana/Gilberto Siqueira.

É época de transição e apesar de serem do mesmo partido tenho notado que Binho e Jorge são bem diferentes quanto às características no governar. Binho parece calmo e pensador e por isso está matando alguns de impaciência, principalmente aqueles acostumados ao ritmo do governo passado. É preciso lembrar que as fábricas, empresas, financiamentos já foram trazidos pelo Jorge. Agora Binho parece querer cuidar de como inserir efetivamente os acreanos nestas fábricas, empresas e grandes financiamentos.

Pessoalmente, acho que esta transição não tem sido muito boa para um grande número de concursados. Em alguns órgãos os novos funcionários tiveram que lutar para conseguir trabalhar, pois os antigos contratados tratavam os projetos do governo como seus. Informações não eram repassadas ou simplesmente tínhamos que conseguir tudo na marra, como num governo amador, antigo. Em algumas secretarias os funcionários contratados ainda estão correndo para fazer “termos de referência” e manter seus cargos pelo menos até o final do ano. Os concursados, portanto, tem que se submeter ao que vier nesses termos de referência, pois a grande maioria ainda não tem autonomia para tocar os projetos de governo.

Existem tantos aspectos relevantes em uma transição e a imprensa local apenas noticia quem poderá ser tal secretário ou especula as palavras do governador. Grande parte dos cargos nos últimos concursos foi criada pelo próprio Binho. E por enquanto não está havendo treinamento, nivelamento, ninguém quer passar a bola para os concursados para não perder o emprego. Parece que Binho quer enxugar a máquina, mas quem ficar vai ter que trabalhar por dois, três. É preciso, portanto, que estes que ficam estejam preparados para implantar o novo cuidar de Binho. Espero que o governador lembre-se destes funcionários nesta transição.

Grande Abraço".

2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante o ponto levantado pelo 'Aspone' porque de fato ninguém governa sozinho, não adianta ter vontade e etc se não tiver uma equipe competente que também faça. A imprensa deveria ficar esperta com estes detalhes, que fazem toda a diferença, porque ele deve ocorrer em todos os Estados! Beijos Altino!

Anônimo disse...

Caro Altino,

Também sou um dos recém contratados pelo Governo do Estado do Acre em virtude dos concursos públicos do ano passado. Concordo com o texto de "Aspone". Realmente a transição não tem sido boa. E desde a nossa contratação.

Antes de mudar-me para o Acre (nasci noutro Estado) a impressão que me davam era de que as instâncias de governo eram extremamente organizadas, com competências definidas. No entanto, o que vi foi que muitos dessas instâncias que receberam novos funcionários (os concursados) não sabiam nem mesmo o que fazer conosco. Sou um profissional de Ciências Humanas, o que complica mais ainda a definição de atribuições, pois até mesmo dentro da academia parece que as Ciências Humanas dão conta de tudo, tornando-se um verdadeiro labirinto.

É exatamente assim que me senti quando cheguei ao novo local de trabalho. Num labirinto. A máxima que prevalece é: "Aqui é todo mundo igual, então todos fazem de tudo!". A máxima esteve e está sendo sempre lembrada. Eu, com cargo e funções definidas em edital, fui submetido a ser um "faz tudo", em nome da "manutenção do emprego". Compreendo que pelo fato de 90% dos funcionários do local onde trabalho terem cargos comissionados , gratificados ou similares, tenha-se utilizado tanto tal máxima. No entanto, não tenho que "manter o emprego", não tenho que me submeter a fazer o que não é de minha função. E tenho me recusado a fazer.

Concordo que todos somos iguais. No entanto, há que se ter o mínimo de organização. E me parece que a transição só aumentou a aplicação da máxima citada. Entendo a situação dos quase 5 cinco mil que foram exonerados. No entanto, não terei eu que pagar por isso, nem muito menos que trabalhar por dois ou três, como bem colocado por "Aspone".

No mais, isto é desabafo. Um desabafo de alguém que veio para cá cheio de expectativas, vontade de trabalhar, querendo autonomia para executar os projetos em andamento, elaborar novos projetos, mas que por força do "todos fazem tudo" não tenho feito nada daquilo que esperava.

Espero sinceramente que neste Novo Governo, as velhas práticas sejam mortas. Que instâncias importantes que antes só serviam de balcão para as vontades do gabinete e sua chefia sejam realmente brindadas com um pouco de consideração pelo bom trabalho que podem fazer.

Torço pelo Binho. Sinceramente. Torço muito. E torço pelo Acre, este lugar que aprendi a amar em tão pouco tempo.

Um abraço.

PS. O anonimato não é pela manutenção do emprego, mas sim pela manutenção dos relaciomentos no local de trabalho.