quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

AS MULHERES NA BÍBLIA

Fátima Almeida

O que acho interessante nas narrativas bíblicas é que quem fez as leis e quem por elas julgou foram sempre homens. O lugar das mulheres é dúbio.


Judith salvou seu povo depois de passar uma noite na tenda do general romano que, ao amanhecer, infeliz, estava decapitado por ela. Salomé pediu a cabeça de João Batista e, o que é pior, lhe foi dada.

Enquanto não tinha herdeiros, Sara fez a escrava egípcia deitar com Abraão. Depois que nasceu o seu próprio filho, expulsou a escrava com o bastardo para o deserto.

Tudo isso é um mito impressionante, pois, como se sabe, os árabes de hoje, que dão tanto trabalho aos cristãos e causam constrangimento até ao Papa, são ismaelitas, descendem do filho bastardo.

As prostitutas eram usadas à noite e apedrejadas durante o dia. Os fariseus detestavam Jesus porque ele conversava com as mulheres. Na Babilônia, quando uma mulher era adúltera, o marido a atirava às ruas, nua em pelo.

Pior ficou a situação de Jesus, quando passou a andar com Maria Madalena para cima e para baixo e sem preocupação nenhuma com o vil metal...

Veio a Igreja Católica e torrou nas fogueiras milhares de mulheres simplesmente porque colhiam ervas na lua nova. Perseguiu tenazmente as parteiras quando surgiram as primeiras faculdades de medicina em seus mosteiros.

Márcio Bontempo conta o fato que muitas mulheres morriam após o parto feito por estudantes de medicina, quando um deles resolveu observar o que as parteiras faziam para que as parturientes não morressem e viu que, antes, elas lavavam as mãos em água benta. Ele passou a fazer o mesmo e foi execrado. Eles não sabiam nada ainda a respeito de micróbios.

Aristóteles dizia que, nas mulheres, a membrana que envolve o cérebro é muito tênue e que por isso elas não podem ser racionais. Newton aconselhava aos discípulos que se afastassem das mulheres porque elas tiram a concentração e são muito dadas à lascívia.

Na Roma antiga, os patrícios eliminaram sumariamente as bacantes, ancestrais das nossas mães-de-santo pelo atrevimento de entrarem em contato direto com os deuses, sem a mediação dos sacerdotes. E Decartes foi o maior misógeno da história.

O livro e o filme baseado nele, o Código de Da Vinci, foi o maior sucesso entre o grande púbico porque chamou a atenção para essa perseguição à mulher pela Igreja, que nunca tinha sido problematizada até então.

Quando uma mulher passa à história é porque virou homem, como Margareth Tatcher, a dama-de-ferro que levou milhares de jovens à guerra. Virginia Woolf, que escreveu “Orlando”, preferiu afogar-se no rio de tanta asfixia.

O mundo está exausto, as guerras não têm fim e as mulheres, continuam, por ser mulheres, carregando as dores dele.

Em tempo: parabéns a minha amiga Kátia Jaccoud pelo aniversário do Dan. E à Silene Farias pela montagem do espetáculo “Lilith”, que teve temporada tão curta quando deveria ter percorrido o Acre inteiro por todo o ano.

Fátima Almeida é historiadora acreana.

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, gostei muito! Vou divulgar.

Abraços,

Pierre

Anônimo disse...

Pandora, removi seu comentário. Achei grosseiro demais. Tão grosseiro quanto usar do anonimato para destilar veneno.

Anônimo disse...

Brilhante esse texto.
Ele mostra que o esforço é para que homens e mulheres estejam atentos as ideologias que distinguem os pares humanos por princípios banais.
Resta um caminho: "A crítica apurada", voltada para a Bíblia e para a vida.
Parabéns a autora,
Maria Newnum

Anônimo disse...

Brilhante esse texto.
Ele mostra que o esforço é para que homens e mulheres estejam atentos as ideologias que distinguem os pares humanos por princípios banais.
Resta um caminho: "A crítica apurada", voltada para a Bíblia e para a vida.
Parabéns a autora,
Maria Newnum

Anônimo disse...

FÁTIMA,VC É MUITO LINDA MESMO E O QUE VEM DE VC EU POSSO ASSINAR EMBAIXO!ADOREI O TEXTO,NOS FAZ CRER QUE VIEMOS SIM E PERMANECEREMOS SEMPRE ATENTAS.
UM GRANDE BEIJO QUERIDA
SUCESSO E PAZ SEMPRE REGADO DE MUITO AMOR.

MARIAH ALMEIDA