quinta-feira, 30 de novembro de 2006

PAOLINO BALDASSARI

O frei Paolino Baldassari, de 81 anos, há mais de um mês faz desobriga no alto Rio Iaco e por isso sequer tomou conhecimento de que foi escolhido em 1º lugar como liderança individual do Prêmio Chico Mendes, concedido pelo Ministério do Meio Ambiente.

Ele é italiano de nascimento, brasileiro e amazônida de coração. Radicado no Brasil desde 1951, morou no município de Boca do Acre (AM) e vive atualmente no município de Sena Madureira, onde realiza trabalho social, ambiental e de saúde, dando continuidade ao ideal de Chico Mendes.

Paolino Baldassari é respeitado e querido na região e já foi alvo de várias homenagens. Sua indicação para concorrer ao Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente partiu do frei Heitor Turrini, da Ordem dos Servos de Maria, e seu principal companheiro de jornada.

Ambos dirigem a Fundação Amigos da Amazônia, que está empenhada ultimamente numa campanha internacional denominada "Salve a Selva". Eles sugerem que haja um moratória de dez anos em defesa da floresta amazônica.

Há dois anos, quando foi condecorado pelo governador Jorge Viana com a Ordem da Estrela do Acre, no grau de Grande Oficial, entrevistei Paolino Baldassari em Sena Madureira. Ele disse que já estaria no céu caso dependesse das tantas medalhas que já recebeu. O defensor da floresta não acredita em manejo florestal.

- Eu não concordo com o manejo porque é uma manipulação. Eles dizem que é assim, mas depois manipulam. Não acredito no manejo mesmo não. Eles não respeitam nada, não. Eles derrubam tudo. Depois, fica a capoeira, que será vendida aos fazendeiros, que tocam fogo para fazer pasto para os bois. Eu te digo: é uma tristeza! Eu falo, grito, denuncio.

Vale a pena ler ou reler a entrevista "É uma tristeza" de Paolino Baldassari. Também vale a pena ler o artigo "As ávores têm alma", do pesquisador Foster Brown, no qual consta vídeo, fotos e os apelos dos dois freis em defesa da floresta.

Em tempo: em 2004 cheguei a sugerir ao jornalista Lorenzo Aldé, editor do site O Eco, uma reportagem sobre o trabalho de Paolino Baldassari. Até cheguei a sugerir, ainda, que publicasse a entrevistinha com o frei ou refazê-la com mais profundidade. As sugestões foram recusadas.

- Trata-se de um personagem muito desconhecido - alegou o editor.

Lorenzo Aldé tem como diretor em O Eco o jornalista Marcos Sá Correa, que era editor do Jornal do Brasil. Correa deixou de publicar a última entrevista de Chico Mendes, feita pelo jornalista acreano Edilson Martins, também com a alegação de que ninguém conhecia aquele seringueiro.

O Rio é maravilhoso. Os rios da minha aldeia são todos mais belos que os rios de Fernando Pessoa e dos ambientalistas de Ipanema.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gilberto Braga com sua sensibilidade criou o neologismo Acreanjo para designar o Pe. Paolino Baldassari, Doutor Honoris Causa pela UFAC. Assim é o Pe. Paolino cheio de honrarias, medalhas e humildade.

Anônimo disse...

A primeira paróquia de padre Paolino foi Brasiléia, para onde foi designado, logo após sua chegada ao Brasil. Depois uma longa temporada em Brasiléia, onde concluiu a construção da Matriz da cidade, ter sido um dos fundadores da Escola Normal Regional, primeiro curso ginasial do município, mudou-se para Boca do Acre.

Junior Tamburini disse...

GOSTARIA DE SABER SE ALGUÉM DE QUE CIDADE ITALIANA, O FREI PAOLINO BALDASSARI É? PRECISO DESSA INFORMAÇÃO