quarta-feira, 2 de agosto de 2006
DOAR SANGUE?
Demorei 43 anos para me decidir a doar sangue. Ao acordar ontem, com a coragem percorrendo as veias, permaneci em jejum e fui ao Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre, às 8h30.
No atendimento, ao ser constatado que sou natural de Cruzeiro do Sul, fui informado de que teria que passar por pré-triagem sorológica para saber se sou portador de vírus de hepatite.
Fui informado, ainda, de que não poderia me submeter à pré-triagem, pois a mesma está suspensa por 20 dias porque falta o kit necessário para o diagnóstico de hepatite.
Quando realizada, a pré-triagem sorológica para hepatite B em candidatos a doação de sangue reduz o custo e aumenta a segurança da transfusão.
Segundo a Fundação Nacional de Saúde, existem no Acre 30 casos da doença para cada 100.000 habitantes.
As informações do Hemoacre sugerem que entre doadores de sangue os índices de reatividade na pré-triagem são de 6 casos a cada 1.000 pessoas que doam sangue, chamando a atenção para a gravidade da situação no Estado.
Faminto, procurei a birosca mais próxima e comi um "quebe" (ou quêbe?) de arroz com suco de maracujá, o que me fez passar o dia com azia.
Só o "Vampiro", de Jorge Mautner, para me redimir:
Eu uso óculos escuros
pras minhas lágrimas esconder
e quando você vem para o meu lado
ai, as lágrimas começam a correr
e eu sinto aquela coisa no peito
eu sinto aquela grande confusão
eu sei que eu sou um vampiro
que nunca vai ter paz no coração
Às vezes eu fico pensando
porque que eu faço as coisas assim
e a noite de verão, ela vai passando
com aquele seu cheiro louco de jasmim
e eu fico embriagado de você
eu fico embriagado de paixão
no meu corpo o sangue, não corre, não
corre fogo e larva de vulcão
Eu fiz uma canção cantando
todo amor que eu sinto por você
você ficava escutando impassível
eu cantando do teu lado a morrer
e ainda teve a cara de pau
de dizer naquele tom tão educado
"Oh, pero que letra mas hermosa
que habla de un corazon apasionato..."
Por isso é que eu sou um vampiro
e com meu cavalo negro eu apronto
e vou sugando o sangue dos meninos
e das meninas que eu encontro
por isso é bom não se aproximar
muito perto dos meus olhos
senão eu te dou uma mordida
que deixa na sua carne aquela ferida
Na minha boca eu sinto
a saliva que já secou
de tanto esperar aquele beijo, ai,
aquele beijo que nunca chegou
você é uma loucura em minha vida
você é uma navalha pros meus olhos
você é o estandarte da agonia
que tem a lua e o sol do meio-dia
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9 comentários:
Se a situação não fosse tão "desgraçada" poderia rir do fato, mas o problema é que existem pessoas que dependem de doações para viver.
sf
ALtino,
A respeito do "quebe", tenho a dizer que o palhaço do tenorino enlouquecia os atendentes da lanchonete da UFAC (estudava letras por lá, me parece). Ele chegava e pedia finamente um "quibe!", para imediatamente parar e ficar em dúvida: "é quëbe?" ou "quebe?"
Evandro
Penúria, tem dó! Parece que foi buscar lã e voltou tosquiado.
Altino, mesmo tendo ficado decepcionado com a sua tentativa de boa ação, não desista, quando chegar o kit necessário volte lá e faça o que o seu coração determinou (sua intuição). Seu sangue pode salvar vidas! Parabéns pela tentativa.
Comentário deixado por alguém cujo nome não deu pra identificar:
"Gosto é da lua. Mas se o paciente dependesse do seu sangue hem!!!! Com tanto sanguessuga solto..."
Altino, isso não é uma vergonha imensa?
E o problema não está crítico apenas no Acre, ao contrário. Em vista do meu trabalho, sei que o mal está disseminado demais pelo país todo, tendo sido inclusive matéria de capa da VEJA neste ano, se não me engano.
Mas, como disse o seu leitor não identificado, em país de sanguessugas e eu acrescentaria, de vampiros (lembra-se?) a população fica desprovida do mínimo necessário para prevenir doenças graves como a hepatite.
Obrigada.
P.S. Mautner é tudo, como diria minha sobrinha adolescente. Não repare, foi a convivência nas férias. Beijo
Na verdade corre uma teoria que diz que quibe é o de arroz e de trigo... mas o famoso "quebe" é o que só tem aqui, que é o de macacheira ou macaxeira...
mais um triste capítulo da "saúde acreana de 1º mundo"...
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