Rondônia não é apenas a "Roubônia" devastada pelo crime organizado ou devassada pela Operação Dominó. Por lá existem iniciativas de resistência cultural, como a IV edição do Cineamazônia, o festival de cinema e vídeo ambiental, que será realizado de 15 a 18 de novembro, em Porto Velho. As inscrições, que estão abertas desde junho, serão encerradas no dia 31 de agosto, para filmes em 35 mm ou 16 mm, e vídeos, produzidos em qualquer formato, com duração máxima de 26 minutos.O tema central deste ano é “Terra e Gente”, para debater questões da luta pela posse de terra e das consequências dos grandes investimentos, que têm causado sérios impactos socioambientais à região.
Todos os participantes estarão concorrendo ao Troféu Mapinguari. Os prêmios de roteiro e montagem levam os nomes dos acreanos Chico Mendes e Marina Silva.
"A natureza não pode sair de cena", é o slogan do festival. É bem oportuno citar o estudo realizado pelo Imazon: diversas Áreas Protegidas estão ameaçadas pelo desmatamento ilegal em Rondônia. O desmatamento atingiu cerca de 6,3% das áreas, enquanto a média para a Amazônia é de apenas 1,7%. Dez reservas já tiveram mais de 20% de seu território desmatados.
Mais detalhes sobre o festival em Cineamazônia.
◙ Mensagem do "rondocearense" Jurandir Costa:
"Querido Altino, que surpresa boa! Acesso seu blog todo santo dia. faço a curadoria do Cineamazonia e dei de cara com essa notícia sobre o nosso Cineamazonia.
Gente como Capovilla, Franz Krajcberg, Thiago de Mello, Adrian Cowell e Vicente Rios, Othon Bastos, Dira Paes, Marcos Palmeira, Hermano Penna, Nelson Pereira dos Santos, Jorge Bodanzky e muitos outros já deram o ar da graça aqui nosso festival.
Para este ano teremos Ruy Guerra, Zelito Viana, Paula Saldanha e mais gente, a gente que faz cinema e vídeo neste país.
Anteontem, cheguei a pensar em mandar uma mensagem brigando com você, sobre a nota da Veja generalizando quem mora aqui. Não sei porque no meio da mensagem desisti. Estamos tentando cada vez mais uma aproximação com os estados do norte.
O Acre, através do Jorge Henrique já conhece o evento, a exemplo do Canal Brasil, do Amazon Sat, do SGC. A TV Aldeia será parceira do Cineamazonia.
Parabéns pro Acre, que chamo de meu outro Ceará.
Vamos aqui, lambendo as feridas, com a certeza de mudarmos tudo, em outubro.
Jurandir Costa"
Um comentário:
Moro no Acre há 15 anos, completados dia 6 de agosto. Sou de Rondônia e por incrível que pareça não tenho vergonha disso. Filha de pai mineiro e mãe paraense cresci numa família que sempre respeitou a singularidade das culturas de cada região, aprendizado que repasso aos meus. Conheci e morei em vários Estados brasileiros e nunca me senti uma forasteira onde quer que fosse, porque brasileira sou.
Não posso como jornalista e consciente da minha própria cidadania atribuir a uma população, a um povo, características tão sombrias como essas que estão sendo verificadas em Rondônia. Nem de longe sugerir que as más qualidades dos políticos de lá, que são de outros estados, sejam de responsabilidade do povo que os acolheram.
Gente sem escrúpulo existe, infelizmente, em todo o Brasil, em todo o mundo. Cedendo a todo tipo de corrupção. Na prática política temos mais exemplos pela exposição a que se submetem essas pessoas. Fico muito preocupada com a associação feita pela maior parte da imprensa: maus políticos X forasteiros. As comparações entre Acre e Rondônia vão existir sempre. Somos vizinhos. Deveríamos trocar mais figurinhas e não competir. Rondônia deveria ouvir as experiências do Acre e Acre, idem. Porque em Rondônia, tenho certeza disso, não existem apenas exemplos negativos, danosos. Temos muitos problemas iguais. Estamos na Amazônia e esse grande ponto em comum deveria ser motivo de debate contínuo e aproximação mais que necessária. A arte também. Sou, portanto, rondoniana, sou acreana, mineira e paraense, sou brasileira.
“Somos pioneiros que, nestas paragens do poente, gritam com força: somos brasileiros!”
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