segunda-feira, 14 de agosto de 2006

GEOGLIFOS DO ACRE

Recebi a visita do casal de arqueólogos finlandeses Heli Pärssinen e Martti Pärssinen, da Universidade de Helsinque, na Finlândia, da arqueóloga gaúcha Denise Schaan, do Museu Paraense Emílio Goeldi, e do paleontólogo Alceu Ranzi, da prefeitura de Rio Branco. Vieram agradecer pelo espaço que esse modesto blog tem dedicado aos geoglifos do Acre. O grupo, que vai se dedicar nos próximos anos a estudar os geoglifos, trabalha com a hipótese de que na Amazônia, particularmente no Acre, há mil anos, viveram sociedades tão ou mais numerosas do que a população existente hoje.

Heli Pärssinen e Martti Pärssinen vivem em Helsinque, mas estavam na Bolívia. Lá, desde 2001, participam do projeto que envolve arqueólogos e historiadores finlandeses, que encontraram, em 2004, na cordilheira dos Andes, um local de antigos rituais religiosos de um povo que habitou a região antes dos Incas.

O sítio foi descoberto na ilha Parati, localizada no lago Titicaca, e continha cerca 300 kg de cacos de peças de cerâmica bem preservados. A primeira escavação contribuiu de maneira significativa para o conhecimento da cultura Tiwanaku, praticada pelo povo Aymara. Os finlandeses investigam a formação das identidades étnicas na porção centro-sul dos Andes entre os anos 700 e 1825 d.C..

Aqui, as universidades de Helsinque e do Acre são parceiras no projeto de estudar os geoglifos. Denise Schaan, que já trabalhou com Alceu Ranzi no levantamento de 120 geoglifos, considera que surgirá oportunidade para que sejam formados profissionais de arqueologia no Estado, levando estudantes para campo, dando cursos e palestras.

Os 120 geoglifos já identificados permanecem como um enigma a ser decifrado. Quando tomou conhecimento deles, a partir de fotos enviadas por Alceu Ranzi, Denise Schaan disse ter percebido que tratava-se de uma das descobertas mais fantásticas da arqueologia amazônica – ou sul-americana – dos últimos tempos.

- A intenção não é a de “roubar” o patrimônio arqueológico do Acre, pelo contrário, a idéia é conhecer o patrimônio, o que só é possível através da pesquisa, para poder preservá-lo. Não se pode preservar ou proteger aquilo que não se conhece - reafirmou a arqueóloga.

Segundo Denise Schaan, durante muito tempo se pensou que a Amazônia era uma região inóspita para o desenvolvimento de sociedades mais complexas.

No Acre, a partir dos geoglifos, surgem evidências de que aqui também se desenvolveram sociedades complexas, que promoveram enorme alteração na paisagem.

Assista a entrevista com Denise Schaan.



Mais informações podem ser obtidas no Centro Iberoamericano da Universidade de Helsinque, na revista Ciência Hoje e num artigo esclarecedor de Denise Schaan neste blog. Vale a pena conferir, ainda, o site Geoglifos da Amazônia, mantido por Alceu Ranzi.

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