A obra do músico independente brasileiro Sebastião Estiva é tão cult quanto a do seu compatriota Falcão e desde o mês passado causa tumultos na Bolívia. O último disco, dedicado ao Acre, foi lançado em fevereiro e já chegou aos ouvidos do povo boliviano e foi parar na mesa dos assessores de Evo Morales. O sentimento de ofensa não é para menos: o disco duplo, intitulado "The MassACRE", é o segundo de uma série que retratará todos os estados brasileiros. Estiva relata histórias de pessoas comuns e figuras históricas da região. Os temas do álbum apresentam provocações aos bolivianos, resgatando histórias antigas, como a de Galvez, que é retratado como herói, bêbado e corno.
Dizem que Estiva (misterioso, ninguém sabe se realmente a foto ao lado é do gênio) teria vivido muito tempo no Acre e profetizado a recente crise envolvendo o Brasil e a Bolívia:
- Não sabia que meu disco causaria tanta polêmica, apenas apontei antes da imprensa uma questão que todos se negaram a ver e que finalmente e infelizmente entrou em voga. Já soube que também haverá uma novela global dedicada ao estado do Acre, em que personagens do meu disco estarão presentes. É bom saber que só agora o país resolveu colocar os olhos sobre este estado abandonado por todos.
"MassACRE" pode ser encontrado no site TramaVirtual. São 20 canções, todas dedicadas ao Acre. Destaque para a folk "Acre Is Not a Lie" (Acre não é uma mentira), "Galvez, Cabron(y el ultimo baile flamenco en Puerto Walter)", "A-C-#-E (já com cifra!)", "Balada do Incesto Acreano", a experimental "Réquiem para Chico Mendes (Ele Queria a Paz)" e "Surge um astro! (feat. brigite beyonção)", que é versão do formidável Sebastião Estiva para o Hino Acreano.
O processo de gravação de Estiva consiste apenas em gravar a composição, quase que instantaneamente da maneira que foi tocada. Sendo assim, passa o dia bebendo e assistindo TV, com um gravador e seu violão ao lado do sofá.
Assim que sente um lampejo de inspiração, Estiva grava a composição de maneira rústica, para depois decidir se adiciona mais elementos à idéia inicial ou se prevalecerá o primeiro take.
- O primeiro take é geralmente o melhor a ser escolhido, pois é sempre o mais espontâneo.
Estiva conseguiu finalizar "Cum On! Feel the Tocantinoise", sua obra anterior, em apenas um dia.
- Não entendo esses outros artistas que demoram semanas, até meses para finalizar um disco. Prefiro seguir na espontaneidade. É apenas o modo como enxergo a arte de maneira fiel.
Para ouvir Sebastião Estiva, visite o site da Trama Virtual, que distribui o trabalho do genial artista. É possível ler as letras, ouvir as músicas e copiá-las gratuitamente. Estiva possui comunidade no Orkut e página no Myspace.
Bravo!
Galvez, cabron
(y el ultimo baile flamenco en Puerto Walter)
Sebastião Estiva
Yo soy Galvez
y tengo una arma
voy hasta el Acre
para ser emperador
quiero goma
para ganar mucha plata
y qui se jodan
todos los bolivianos
yo soy galvez
emperador, cabron
vim de belem
onde era jornalista
hoy estoy en
la ciudad de acre
estoy borracho
y gobierno
toda esta mierda
ACREdite (boliviano, nós pagamos os 2 milhão)
Sebastião Estiva
se te dizem que o acre não existe
e te chamam de elfo brasileiro
e se por um acaso aqui não bolívia
ACREdite, um dia isso vai mudar
me escute, vamos cantar
a estrela alfaneira
um dia vai brilhar
o acre é o maine brasileiro!
se nos chamam de borrão do Google Earth
ou que aqui é a area 51
a letra J da tabela periódica
uma conspiração russa em que chico mendes havia descoberto a verdade
ACREdite, um dia isso vai mudar
somos os primeiros da lista
o inicio do brasil
o antepenúltimo estado mais populoso do país
temos refrigerante de saquinho
e o que seriam dos estudantes
sem nossa borracha
ACREdite em mim
o Acre existe
seja o primeiro a nos visitar
Galvez e o Exército Bolviano de Formiguinhas Embriagadas
Sebastião Estiva
eram uma, duas, três,
quatro mil formiguinhas
para vencer galvez
elas corriam e se batiam
ele as olhava com espanto
elas marchavam para o acre
ele aprontava um massacre
Galvez correu, pulou
caiu em cima, matando
algumas centenas
de formiguinhas bolivianas
elas revidaram
e picaram todo o seu destacamento
elas ferraram todo mundo
elas estavam embriagadas
E COM RAIVA !
na batalha final
com a formiguinha general
ele sacou a espada
ela afiou o ferrão
os dois correram
os dois se bateram
no final da batalha
no meio de tantos corpos
galvez e a formiguinha sobraram vivos
e compartilharam de um copo de cachaça
Expedição dos Poetas
Sebastião Estiva
se esse bote não virar
eu chego na bolívia
bebendo minha cachaça
com a arma carregada
é tiro de escopeta
pra ficar com Acre
o Galvez não conseguiu
mas eu poeta sou mais vil
quanto vinho e cerveja
pra beber no caminho
se ver um boliviano
eu nem sei se eu atiro
agora apareceu
um bando de militar
eu corro pra floresta
eu preciso de mijar
nós poetas perdemos
o acre não serve pra nada mesmo
nem cerveja tem
nem cachaça tem
fui
2 comentários:
Altino, bom dia.
Você é um poço de novidades interessantes.
Esse poeta-compositor é fantástico, meio iconoclasta, ou totalmente, sei lá. Por isso, deve ter causado tanto rebuliço na Bolívia.
Adorei as letras, agora vou ouvir as melodias lá onde você indicou.
Obrigada.
Beijos
Genial, Altino!!! Só mesmo por meio do seu blog pro povo desse imenso País ficar a par de tanta (e boa) "novidade". Eu mesma - essa pessoa que você chama de antenada - nunca tinha ouvido falar no camarada.
Valeu a dica, vou já ali no site da Trama. E viva Sebastião Estiva!!!
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