quinta-feira, 10 de novembro de 2005

TAMBA-TAJÁ


Uma das canções mais belas do compositor paraense Waldemar Henrique (1905-1995) é Tamba-tajá, que faz parte do chamado Ciclo das Lendas Amazônicas. A professora de canto lírico e canto popular Márcia Jorge Aliverti, autora de "Uma visão sobre a interpretação das canções amazônicas de Waldemar Henrique", explica:

- Na tribo dos índios macuxis havia um índio que, por muito amar sua esposa, levava-a sempre consigo para todo lugar, fosse para caçar, pescar ou lutar. Certa vez, o índio teve que ir para a guerra, mas a esposa ficou doente, sem poder andar. Não querendo separar-se de sua amada, ele fez um saco com folhas de bananeira, para poder carregá-la nas costas. Durante o combate, sua amada foi ferida e morreu. O índio, desesperado de amor, enterrou-se junto com ela. No lugar onde jaziam seus corpos, nasceu um tajá9 diferente, pois atrás de cada grande folha verde da planta nascia grudada uma pequena folha de forma vaginal. Renasciam assim os amantes, unidos novamente para sempre.

Tamba-Tajá


(Waldemar Henrique)

Tamba-tajá, me faz feliz.
Que meu amor me queira bem.
Que o meu amor seja só meu,
de mais ninguém
que seja meu,
todinho meu,
de mais ninguém.

Tamba-tajá, me faz feliz,
assim o índio carregou sua macuri
para o roçado, para a guerra, para a morte,
assim carregue o nosso amor a boa sorte.

Tamba-tajá, me faz feliz.
Que mais ninguém possa beijar o que beijei,
Que mais ninguém escute aquilo que escutei,
nem possa olhar dentro dos olhos que eu olhei,
Tamba-tajá, tamba-tajá.

...

Na contracapa do CD "Waldemar", de Nilson Chaves e Vital Lima, o poeta Hermínio Bello de Carvalho foi preciso:

- Nosso Waldemar Henrique traz o universalismo em sua música, algo que transcende os limites geográficos de sua Amazônia cheia de lendas e fetiches. Desconfio, às vezes, que ele é o boto encantado da grande lenda brasileira, nação intraduzível, com seus territórios de ritmos, cores e cheiros.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quando morava no ACRE eu tinha diversos vasos dessa planta, o que me atraia nela, o formato da folha em coração. Tinha de vários tamanhos e cores. Lindas as fotos.

Anônimo disse...

Vc é um romantico incurável? Será?

morenocris disse...

Estou em teu arquivo por conta de Waldemar Henrique, através do google.

2005. Vi muitas matérias sobre Lúcio.

Hoje parece que foi o dia de recordações. Ou sei lá qual a mensagem da vida, mas hoje ainda, cedo, antes de passar por aqui, estava limpado meu arquivo de fotos e relembrei várias imagens do ano passado.

Interessante. Vi um Altino leve, solto, bem cultural, de bem com a vida. Que bom. Beijos. Boa noite.