segunda-feira, 14 de novembro de 2005

SENSATEZ

Do jornalista Marcos Sá Corrêa, no site O Eco:

"É fácil enterrar como insensato o ambientalista Francisco Ancelmo de Barros, que no sábado pôs fogo no corpo, depois de mais um protesto em Campo Grande contra
as usinas de álcool que o governo de Mato Grosso do Sul quer plantar no Pantanal. Foi isso, pelo menos, que os jornais fizeram, com antes tinham feito com a greve de fome do bispo Luiz Cappio contra a transposição do Rio São Francisco.

Os radicais são, por definição, insensatos. Difícil é definir a sensatez, quando ela incorpora o anarcodesenvolvimentismo da era Lula, cujos problemas ambientais sempre se resolvem a toques de eufemismo. No caso do São Francisco, trocando “transposição” por “integração” ou “revitalização”, que vêm a dar no mesmo, mas soam muito melhor nas entrevistas. No das usinas, alegando que se trata de um projeto para o “Alto Paraguai”. Foi o que disseram os telejornais no fim de semana, noticiando o protesto do ambientalista".

Nota do editor: Clique em A marcha da sensatez para ler o artigo de Marcos Sá Corrêa. Ele era editor do Jornal do Brasil em dezembro de 1988, quando engavetou a última entrevista de Chico Mendes, um trabalhador seringueiro, líder sindical e ambientalista ignorado em vida pela imprensa brasileira. O então editor do JB também desconhecia Chico Mendes. A entrevista Quero ficar vivo para salvar a Amazônia, concedida ao jornalista acreano Edilson Martins, foi publicada apenas no dia 25 de dezembro, quando o corpo do seringueiro estava sendo velado em Xapuri e a imprensa internacional já havia se antecipado em exigir do governo brasileiro a prisão dos assassinos. Meu último encontro com Chico Mendes, na tarde do domingo 18 daquele dezembro, foi na banca de revista no centro de Rio Branco. "Puxa vida! A entrevista não saiu. O Edílson garantiu que seria publicada hoje", resignou-se Chico Mendes. Conversamos durante meia hora à sombra de um árvore e nos despedimos. Na quinta-feira 22, Chico Mendes foi assassinado na porta da cozinha da casinha dele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, sei que não tem nada a ver com este link do Marclos Sá Correia especificamente; mas sinto falta de um texto seu (e longo de preferência) sobre as picaretagens da senadora Ana Júlia Carepa & Cia (família e amigos). É inacreditável que o que Veja denunciou (e que já era jornal de ontem no Pará)não seja investigado a fundo pela polícia, denunciado pela Justiça e fustigado pela imprensa séria. Talvez vc tenha se pronunciado mas, como sou novo no seu excelente blog, não tenha tido acesso, o que gostaria muito. abs P

Anônimo disse...

Leu na Veja? Investigue 1.000 vezes mais.