sexta-feira, 5 de agosto de 2005

ABSURDO!

Policial que executou Shanenewá
com tiro na cabeça é absolvido


O policial militar, Rossini José de Moura, que assassinou barbaramente Raimundo Silvino, do povo Shanenawá, com um tiro à queima roupa na cabeça, foi absolvido ontem a noite (dia 4) em júri popular por seis votos a um. Em julgamento realizado no município de Feijó (AC), o jurado acatou a tese dos advogados do policial que alegaram legítima defesa.

O assassino justifica o crime afirmando que atirou em Silvino ao vê-lo agredir um menino de oito anos. Sem aceitar as explicações contrárias da vítima ou dos outros dois indígenas que ali estavam, o policial fez Silvino deitar no chão e o executou com tiro na cabeça, sem lhe dar qualquer possibilidade de reação. Silvino morreu na hora e os outros dois indígenas ficaram feridos.

O incidente ocorreu em uma tarde de domingo, de julho de 1996, às margens do Rio Envira, a cerca de 150 metros da aldeia dos Shanenawá.

O menino, que na época tinha nove anos, é filho de uma missionária do Cimi e, por isso, conhecia os indígenas e convivia de maneira bastante fraterna com eles.

Na época o crime teve grande repercussão nacional e internacional. Organizações de Direitos Humanos e a Câmara dos Deputados se pronunciaram repudiando o crime.

Antes do início do julgamento o Cimi manifestava preocupação com o clima de preconceito contra os povos indígenas no município de Feijó, afirmando que isto poderia prejudicar o parecer final dos jurados.

Diversas testemunhas afirmam que após o julgamento, a bancada de advogados de defesa, o juiz, o promotor e um dos jurados do caso encontraram-se para jantar em uma churrascaria em Feijó que recebe o nome de “Dimas”.

Conselho Indigenista Missionário

Brasília, 5 de agosto de 2005

Leia mais no site do CIMI.

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