sábado, 23 de abril de 2005

ROGEVÂNIO NASCIMENTO


“É preciso força de vontade”

Rogevânio Nascimento, 28, trabalhava como diarista numa horta no município do Bujari. Porém, há quatro anos, depois de submetido à criteriosa seleção, foi assentado no pólo agroflorestal D. Moacyr Grechi.

A vida dele mudou radicalmente, embora tenha sido assentado numa área que era dominada por pasto degradado de uma antiga fazenda. Ganhou uma casa modesta de madeira, mas muito confortável para os padrões da região.

Nascimento é dono de uma área de 3,5 hectares, onde possui estufas para cultivo de hortaliças, cria peixes e galinhas. Com a renda até já comprou um carro utilitário que é usado para transportar a produção.

A renda mensal dele varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil. Ele agora sonha em expandir sua produção e o bem-estar, embora já possua energia elétrica em casa e aparelhos eletrodomésticos, como geladeira e televisão.

A transformação na qualidade de vida entre os assentados pode ser constatada em todos os pólos.

Como era a sua vida antes e depois de ser assentado no pólo?
Rapaz, a minha vida mudou muito. Antes eu trabalhava como diarista na área particular de um conhecido meu, mas hoje estou dentro do que é meu. Trabalho no que é meu e tudo o que eu vendo se transforma em benefício para minha família.

Ainda pode produzir mais dentro de uma área considerada tão pequena?
Sim, ainda posso produzir mais. Isso vai acontecer quando eu conquistar mercado fixo, porque, por enquanto, vendo na pedra e para os marreteiros. Meu sonho é conseguir uma entrega para um mercado, o que vai possibilitar melhorar e aumentar a minha produção. Também quero dispor de mais estufas. Atualmente, tenho duas de 10m X 50m, uma de 10m X 25m e quatro de 10m X 25m.

Quando você chegou aqui, como era esse local onde hoje existe sua casa e sua horta?
Isso aqui era um deserto. Era um capinzal medonho que havia sido desapropriado de um fazendeiro. Mas tivemos uma ajuda inicial muito importante da equipe do governo, que nos deu a casa.

O que motiva um homem e sua família a transformar uma área deserta e degradada num espaço tão produtivo?
Primeiramente, é preciso ter muita força de vontade e gostar realmente do que faz. Cheguei onde estou e tenho conseguido adquirir tudo que é necessário para mim por causa da minha força de vontade e porque gosto do meu trabalho, sinto satisfação. Tenho dois filhos menores. Não dá para dizer que trabalham, mas eles já aparecem lá na horta para jogar fora o mato que vou tirando.

O que acha do governo, que tem comprado antecipadamente a produção?
Esse foi uma decisão muito importante para todos nós. Está com cinco meses que fazemos a entrega e espero que continue. A gente trabalha com a certeza de que no final do mês o dinheiro está garantido. Só tenho a agradecer a Deus por me dar saúde para trabalhar e ao governador, que planejou o pólo agroflorestal e me selecionou depois que sua equipe avaliou muito a minha vida.

Já pensou em sair daqui?
Já pensei isso no começo, em meio às dificuldades naturais, mas agora estou tranqüilo. Tem gente que pensa em vender área pequena para ir mexer com boi, mas comigo é diferente. Estou decidido a permanecer aqui, mexendo nas minhas hortas, que é o que sei fazer muito bem. A vida é aqui é muito boa. Temos atendimento de saúde, o ônibus leva ao colégio e traz para casa filhos. Eles poderão estudar até o segundo grau com esse conforto. Quem não quer continuar tendo uma vida boa dessa?

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