sábado, 23 de abril de 2005

EDVALDO ANDRADE



“Assentamos quem tem perfil adequado”

O técnico agrícola Edvaldo Andrade tem sido o braço do governador Jorge Viana na organização dos pólos agroflorestais desde que o primeiro foi criado há 10 anos, quando ambos passaram pela prefeitura de Rio Branco.

Edvaldo Andrade atualmente gerencia os 12 Pólos Agroflorestais, a partir da Secretaria de Extrativismo e Produção Familiar.

Nos últimos 10 anos você se dedica aos pólos agroflorestais. Qual sua avaliação sobre essa iniciativa pioneira?
Quem vive hoje nos pólos agroflorestais vivia antes sem condições de estrada ou energia ou em condições miseráveis nas periferias das cidades. Receberam lotes demarcados, casa, os filhos começam a estudar, passam a lidar com o crédito. Além disso, existe o aspecto da produção, que significa emprego e renda. O sistema florestal é o que norteia tudo isso, possibilitando a recuperação dos recursos naturais, como as bacias hidrográficas, as matas ciliares.

Existe algum risco de parar a expansão dos pólos agroflorestais?
Não acredito nessa possibilidade. A tendência é melhorar, corrigindo alguns erros que possam ter ocorrido ao longo do processo, desde quando o então prefeito Jorge Viana criou o primeiro.

O que está sendo feito nesse sentido?
Estamos buscando parceiros que possam colaborar. Hoje, a tendência é conceber os novos projetos de pólos agroflorestais com perfis específicos, por exemplo, de galinha caipira, de hortaliças, de frutíferas. Cada novo projeto é sempre um desafio.

Por que?
Quando estávamos na prefeitura parecia mais fácil porque os comando eram mais ágeis. No Estado, estamos trabalhando aqui em Rio Branco, mas também estamos operando em Cruzeiro do Sul. Os comandos então são diferentes e mais desafiadores. Quem tem dado a resposta de que os pólos agroflorestais são realmente viáveis são as famílias. É emocionante quando a gente visita essas famílias e somos convidados a compartilhar da fartura alimentar em suas casas.

Pode citar outro momento de emoção decorrente da realização desse trabalho?
Foi quando fomos reconhecidos e premiados pelas fundações Getúlio Vargas e Ford. Outro momento, ocorrido na semana passada, foi ter recebido a visita de uma missão do BNDES. Um dos consultores do banco relatou que conhecia vários projetos no Brasil, mas jamais havia constatado quem tivesse conduzido com tanto realismo como nós temos conduzido, possibilitando que a agricultura familiar tenha acesso a crédito, assistência técnica, escoamento da produção, saúde e educação.

Quais são as metas para os próximos dois anos de governo?
Pretendemos assentar mais 700 famílias. Está muito mais fácil alcançar essa meta em decorrência da captação de recursos pelo governo estadual para investimento na infra-estrutura dos projetos. Portanto, não existe motivo para que haja invasão de terra ou coisa parecida, porque o Estado, além do Incra, que faz a política de reforma agrária, vem trabalhando com os pólos e quintais florestais.

O que deve fazer quem queira ser assentado num pólo agroflorestal?
A partir de junho, vamos iniciar o processo de seleção das famílias. Nós temos parcerias com federações e sindicatos de trabalhadores rurais, que nos auxiliam no processo de seleção. Temos milhares de famílias inscritas em todos os municípios, mas depois elas são submetidas ao nosso processo de seleção, que é muito rígido. Assentamos quem tem realmente perfil adequado às atividades que vai desenvolver.

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