Expansão dos pólos agroflorestais no Acre
Eles já transformaram a vida de 2,5 mil pessoas; a meta é assentar mais 700 famílias no Estado nos próximos dois anos
Existem no Acre 500 famílias que mudaram radicalmente de vida após a criação de 12 pólos agroflorestais. É neles que ocorre a ação de reforma agrária do governo estadual sob a forma de assentamento, destinada às populações tradicionais e trabalhadores sem terra, visando desenvolver o manejo florestal de uso múltiplo, em base familiar comunitária.
O governo estadual tem oito tipos de projetos de assentamento, sendo que todos procuram estabelecer o processo de ocupação territorial pela reforma agrária como fator de desenvolvimento sustentável, de criação das condições para aproveitamento racional, da conservação dos recursos, do aumento da produção econômica, do emprego e da qualidade de vida.
Florestania - Já são mais de 2,5 mil pessoas que estão realizando o sonho de suplantar diferentes ambientes de miséria e exclusão social na região. Com isso, o Acre tem conseguido desconcentrar a propriedade fundiária, desprivatizar a floresta e os seus recursos ambientais.
Todas as famílias dos pólos agroflorestais estão assentadas em áreas com eletrificação, transporte, escola e posto de saúde. O governo estabeleceu como meta transformar a produção familiar num dos pilares da economia florestal do Acre e tem como meta assentar mais 700 famílias nos próximos dois anos.
“Nós já dispomos de pesquisas que indicam que a produção familiar hoje já é responsável por 80% da produção de cereais e de hortaliças que consumimos. As famílias dos pólos agroflorestais contribuem pesadamente para esse desempenho positivo”, afirma a socióloga Denise Regina Garrafiel, secretária de Extrativismo e Produção Familiar.
Os projetos agroflorestais têm criado oportunidade de estruturação da territorialidade própria e do fortalecimento da identidade das famílias assentadas. Elas repovoam e recompõem a cobertura florestal em áreas desmatadas, extensas e contínuas.
Todos os projetos combinam componentes de viabilidade econômica com sustentabilidade ambiental, estão voltados para a produção madeireira e não-madereira, ao manejo florestal de uso múltiplo e integração dos recursos florestais.
Adensamento - São dotados de boa infra-estrutura, principalmente nas margens das estradas. No município de Bujari existe o Pólo Agroflorestal D. Moacyr Grechi, com
As famílias que possuem áreas com
A família de Evandro Boaventura está assentada no pólo há quatro anos. Ela ocupou uma área de
“Não tínhamos canto certo para morar. O último lugar que ficamos foi como agregado na Baixa Verde”, lembra Boaventura. “Agora, o que não falta é gente aqui querendo comprar as minhas benfeitorias. Não penso em sair daqui de jeito nenhum”.
Nascente - E nem pode, porque ele dispõe apenas do direito de uso sobre a terra. Pode produzir durante toda a vida e repassá-la para seus descendentes. Mas está impedido de comercializá-la.
A família dele produz hortaliças, mas se dedica mais ao sistema agroflorestal, adensando a área com cupuaçu, açaí, bacaba, laranja, graviola etc. O pólo agroflorestal do Bujari é cortado por um igarapé cuja nascente está situada do outro lado da BR-364, dentro da propriedade de um fazendeiro.
Recentemente, os assentados conseguiram convencer o fazendeiro a lhes permitir recuperar a mata ciliar ao longo do igarapé na propriedade. Na nascente, numa área com mais ou menos
“Nós temos que continuar enfrentando o desafio de superar a exclusão social e a pobreza que incidem nas comunidades florestais rurais e nos grupos de seringueiros, ribeirinhos e agricultores imigrados no espaço urbano”, afirma Denise Garrafiel. “Os pólos já produzem alimentos para suas famílias e ajudam a suprir o abastecimento urbano”.
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