POR BLENDA CUNHA MOURA
Duas equipes compostas por alunas das escolas Flodoardo Cabral e Dom Henrique Ruth, ambas de Cruzeiro do Sul (AC), foram classificadas para a última fase da 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), competição promovida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para estudantes de ensino fundamental e médio de todo o País, tanto de escolas públicas quanto particulares.
Dentre mais de 65 mil inscritos, as alunas Aline Andrade, Amanda Cruz e Jheiny Moura (da equipe
As Santinhas do Pau Oco) e Andressa Nascimento, Maria Eduarda de Melo
e Maria Luana da Silva (da equipe Aquiry) se classificaram para a fase
final da Olimpíada.
Não é a primeira vez que o Acre é representado. Em 2010, equipes do Colégio Meta foram à final em Campinas e, em 2011 e 2012, a escola Craveiro Costa também se classificou.
Mais comum nas áreas das Ciências Exatas, a Olimpíada Nacional em História do Brasil é uma iniciativa inédita no país. O trabalho coletivo é um dos princípios da Olimpíada. Todas as suas fases são realizadas em equipes, compostas por três estudantes e um professor.
As provas são estruturadas para serem realizadas em conjunto pela equipe e com consulta, favorecendo processo de aprendizagem dos conteúdos durante toda a competição.
A metodologia utilizada permite aos estudantes e professores trabalharem como historiadores, pelo contato direto com documentos históricos, imagens e informações que precisam ser analisadas e processadas. As respostas apresentam graus diferentes de acerto, demandando debate entre o grupo.
A olimpíada é ainda pouco conhecida e divulgada no Acre, sendo que os maiores números de inscritos são dos estados das regiões Sudeste e Nordeste.
Composta por cinco fases online, nas quais os alunos recebem uma prova na segunda-feira e devem enviar até o sábado, a competição exige não apenas leitura e pesquisa, mas a aquisição de conhecimentos em história que vão muito além de fato, pois aborda historiografia, ou seja, o fazer história.
Os estudantes de ensino médio acabam se tornando pequenos historiadores e apuram seu olhar crítico analisando músicas, pinturas, fotografias, cartas e documentos policiais, por exemplo, de uma maneira descontraída e divertida, que é hoje o objetivo principal da educação. Mesmo os estudantes que não se classificam para a fase final, gostam ter participado, porque cada fase trás em si questões instigantes, que os tira do aprendizado conteudista.
É comum alunos lerem livros inteiros e artigos para responder às questões – o aprendizado é o grande ganho.
- A Olimpíada não testa o que o aluno sabe de história, mas o que ele é capaz de aprender - declarou em entrevista Cristina Meneguello, organizadora da ONHB e professora do departamento de história da Unicamp.
As meninas de Cruzeiro do Sul representam seus colegas que ficaram em fases anteriores este ano e continuam a aprender. Elas estudam para chegar em Campinas e realizar uma prova presencial dissertativa, no dia 19 de outubro, baseada em documentos históricos.
Disputar a final representa fechar um ciclo e mostrar aos colegas que valeu a pena a dedicação árdua, que começou muito antes das fases da olimpíada. A escola espera o resultado final ansiosa e outros alunos já falam pelos corredores que ano que vem é a vez deles.
Em 2011 e 2012, o governo do estado patrocinou as equipes finalistas, garantindo passagem e estadia. Esperamos que neste ano possamos seguir com o patrocínio, não apenas pela possibilidade de trazer a primeira medalha do Estado do Acre na ONHB, mas pela certeza de que esforço e dedicação serão sempre coroados e reconhecidos.
Blenda Cunha Moura é professora de história orientadora das equipes e participou das cinco edições da ONHB, sempre chegando à final, tendo obtido duas medalhas de bronze pelo Amazonas.
Atualização às 19h55 - Mensagem do secretário de Educação Daniel Zen:
- Bom dia, Altino Machado. Ficamos muito felizes e orgulhosos por mais esse feito das alunas de Cruzeiro do Sul de nossas escolas públicas. Assim como nos anos anteriores, apoiaremos a ida das equipes para a etapa nacional também nesse ano. Parabéns a elas, a direção das escolas, à professora Blenda e a todos os profissionais de educação de Cruzeiro do Sul. Abraços.
Um comentário:
É incrível como a educação e as escolas públicas estaduais e municipais acrianas, a depender do enfoque que se pretende dar, vão de um extremo ao outro numa fração de segundo. No mesmo instante em que a mídia nos mostra cenas brutais de brigas e agressões mútuas entre alunos, alunas e professores, que mais se assemelham aos combates medievais, dada a proporção da violência empregada, também nos trás agradáveis notícias como esta. É uma amostra da surrealidade em que vivemos.
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