quinta-feira, 3 de março de 2011

ORGULHO-ME QUANDO COMPARADO AO SENHOR X

Narciso Mendes

Por que mudei? Por não mais admitir emprestar minha coragem para proveito de um bando de calças frouxas, afastei-me do meio deles.

Acusar-me de governista e de ser capaz de fazer qualquer coisa para cair na graça dos detentores do poder é uma daquelas insinuações que não pode e deve prosperar, enfim, e contrariamente a tamanha estultice, bastaria uma superficial análise no meu passado político-partidário, pois quase todo ele foi vivido na oposição.

Como sei o que esteve por traz da recente provocação do jornalista Altino Machado, louvo-o por não haver se escondido no anonimato ao tempo em que me sinto no dever de responder às suas aleivosias. Aos acusadores anônimos, ou seja, aos visitantes do seu blog, caso se identifique, darei as justas e merecidas respostas.

Como jamais compartilhei com a tese, há bastante tempo em voga, que integrar a oposição é o pior dos castigos do homem público e não missão do jogo democrático, outra não foi a motivação que me levou, ao longo dos meus 25 anos de militância político-partidária, a vivê-los quase sempre na oposição. Senão, vejamos.

Em 1982 fui eleito deputado estadual e em 1986 à deputado federal, mandatos que exerci ao tempo em que o Acre foi governado por Nabor Junior e Flaviano Melo, meus adversários, ou mais precisamente, fazendo-lhes oposição. Eram eles pra lá e eu pra cá. Tanto foi assim que desafio-os a apontar uma única vez em que lhes tenha criado dificuldades com o objetivo de obter facilidades no âmbito de suas suas gestões. Diga-se mais: àquele tempo, numa tática um tanto ameaçadora, os peemedebistas anunciavam que ficariam no poder por no mínimo uns vinte anos.

Tais ameaças determinaram uma verdadeira debandada dos opositores, afinal de contas, a grande maioria de seus integrantes acabou sendo cooptada pelo PMDB. Quase que fico só. Ainda bem que os tais 20 anos de poder peemedebista morreu prematuramente, e de morte matada. Não por acaso, desde o governo Flaviano Melo, o PMDB acreano ficou transformado em um cadáver insepulto.

Seguiram os governos Edmundo Pinto, Romildo Magalhães e Orleir Cameli, em termos, meus correligionários. Apesar dessa condicionante, acabei rompendo com todos eles. Resumindo: se não causou maiores estranhezas o fato de haver divergido dos governantes, meus adversários, a partir de então, passei a ser apontado como opositor até mesmo dos governadores, presumivelmente, meus aliados.

Nos oito anos do governo Jorge Viana, confesso: na condição de seu opositor precisei exagerar na dose, pois já nos seus primeiros passos rumo ao poder, desde sua eleição para a prefeitura de Rio Branco e sua conseqüente eleição para governar o Acre, tudo parecia indicar que sua permanência no poder seria duradoura, como de fato está sendo, enfim, 16 anos de uma mesma aliança político à frente do governo do Acre, é um privilégio que só a FPA conseguiu aqui no Acre.

Aquele tempo, não fosse o bradar da minha voz, o silêncio teria abafado todos os ruídos vindo das trincheiras oposicionistas. Diversas vezes precisei emprestá-la para fazer chegar ao distinto público acreano alguns questionamentos da lavra de alguns dos acovardados que se diziam da oposição, mas que não tinham coragem de usar sua própria voz.

Infelizmente, enquanto a causa da oposição me estimulava a continuar lutando, pelo elementar razão de sê-la indispensável à qualquer democracia, a falta de solidariedade e a covardia dos tantos quantos se diziam carregados dos mesmos propósitos, levou-me ao desestímulo e a pensar em desistir da vida político-partidária, decisão que tomei quando da divulgação dos resultados das eleições de 2006.

Confesso que, em socorro a minha auto-estima, não aceitei ser preterido pelos meus concorrentes Flaviano Melo e Ilderley Cordeiro, quando disputávamos uma cadeira de deputado federal. Ao rei tudo, menos a honra. Desta feita, por que iria continuar numa oposição que, propositadamente, contribuiu para me derrotar?

Se hoje sou, para minha satisfação pessoal e de todos os meus amigos e familiares, um cidadão apartidário, não devo obrigações e nem lealdades a este ou aquele partido político. Esta foi a mudança havida em meu comportamento. Nem sou governista e nem oposicionista.

Até  gostaria que minha ausência não estivesse fazendo falta e nem incomodando a nossa oposição, tampouco aos neo-convertidos, mas ao que tudo indica, como o jornalista Altino Machado é um deles e encabeça um dos seus pelotões, de antemão, faz-se absolutamente necessário, a exemplo do que fiz, que ele apresente as razões que o levou a se transformar num dos mais austeros antipetistas, afinal de contas, e não faz muito tempo, a defesa de todo e qualquer petista, independente da gravidade de seus pecados, jornalisticamente falando-se, quase sempre esteve sob sua inteira responsabilidade. Inclusive quando instado a rebater minhas próprias críticas e denúncias.

Pena que o conteúdo da matéria publicado no blog do jornalista Altino Machado, a começar pelo título, não condiz com sua auto-proclamada habilidade profissional, com a má-fé a que se dispôs publicá-la, certamente. O ex-oposicionista Narciso Mendes, existe sim. Portanto não entendi a referência feita ao ex-Narciso Mendes [leia]. Explique-se melhor.

Não sou conhecido como o Senhor X, nem aqui e nem alhures, embora aqui e acolá seja tratado assim, entretanto, pelo que sei desse personagem, orgulho-me sempre quando sou comparado a ele, enfim, ao insurgir-se contra a compra de votos, e dentro do próprio Congresso Nacional, a meu ver, ele prestou um inestimável serviço a nossa democracia. Qualificar-me de empreiteiro, ao invés de uma agressão a minha pessoa, tomo-a como um elogio. Por fim: nunca fiz gracinhas para nenhum governante. Pelo contrário. Tenho um histórico de encrencas contra eles. Outro equívoco: não tenho competência para assinar atestado de idoneidade de nenhum gestor público.

Minha torcida pelo sucesso do governo Tião Viana nada tem a ver com a licitude dos seus atos. É sim, o mínimo que devo fazer em favor de nosso Estado e de sua gente. Igualmente estaria torcendo caso o governador do Acre fosse o outro Tião, mas o que fazer se o povo escolheu o Viana e não o Bocalon?         

Pelo que acima expus e pela atenção que dispensei as suas provocações, gostaria de saber, do próprio jornalista Altino Machado, quais as razões que o fizeram mudar, tão radicalmente, a avaliação que antes fazia, e que ora vem fazendo, do seu ex-idolatrado PT. Será que subtraíram, no todo em parte, o faturamento de sua agência de publicidade? Diminuíram os valores de suas funções gratificadas?  Pois pelo ódio que vem externando, não tenho dúvidas: o PT de hoje deve está sendo bastante cruel com aquele que foi o seu mais competente escudeiro.

Narciso Mendes é empreiteiro e dono do jornal e TV Rio Branco.

Meu comentário: Narciso Mendes enviou o artigo com a condição de que, se fosse publicado, eu só poderia dar resposta quando ele retornar de férias. OK. Narciso venceu na vida mais uma vez. Mas conto uma historinha que fez contra seus novos amigos e aliados. Foi ele quem teve paciência de digitalizar página inteira de A Gazeta com aquela carta aberta já quase esquecida, dirigida ao então governador Jorge Viana, de autoria do jornalista Sílvio Martinello. É uma carta cujos envolvidos a querem esquecida porque eram adversários ou inimigos, mas se tornaram amigos, aliados e em breve até podem se tornar sócios. Leia a carta, cujo arquivo foi repassado por Narciso ao empresário Ely Assem, dono de A Tribuna.

15 comentários:

Paulo Henrique disse...

Quando Petista e enquanto idealista, sempre admirei a aguçada inteligência e o virtuosismo intelectual do Jornalista Narciso Mendes, não necessariamente concordando com suas convicções e propósitos. Muito bom acordar a fera adormecida de vez em quando... Textos primorosos!

Clénio Jorge disse...

É verdade. Narciso é bom de texto e de briga.

Julio Cesar disse...

Altino,

Li a carta, o que aconteceu na baixada da habitasa que só o Anibal sabe?

@eutogorda disse...

Cadê a 'santa inquisição' nessas horas? HAAHA, mta 'heresia', demagogias! Ao colocar que se tornou um apartidário, me vem a seguinte pergunta: PORQUE? Uma pessoa que sempre demonstrou ter seus ideais fundidos e defendidos a qualquer preço, após sair do cenário político retorna afirmando que quer o bem do estado, SOMENTE o bem do estado. Duvido muito que tenhas virado um 'café com leite', sinto em ver a política sendo trabalhadas por homens que traem suas ideologias, no entanto quando há mudanças sempre tem UM bom motivo e lamento seu Narcísio o seu é tão óbvio que não sei se fazes de propósito ou gostas de achar que por não sermos cientistas políticos não perceberíamos. Ah e cuidado para não morrer cozido no morno, igual a história do sapo que acostumou aqueele ambiente, antes o gelado ou quente... JAMAIS morno!

Janu Schwab disse...

O grande problema da oposição acreana foi permitir o seu próprio desmonte. Partido político sem projeto coletivo, sem valorização das categorias de base, não é nada. Hoje sobram birras e bravatas.

Nisso os partidos de esquerda sempre foram mestres. A turma pode até pensar diferente, mas caminha junto.

A oposição devia fazer como fez o PSDB paulista depois da derrota presidencial: chamou um punhado de publicitários e comunicólogos, gente do quilate do Marcello Serpa (sócio de uma agência que não tem uma conta pública sequer e nunca fez campanha política), pra trocar ideias.

Afinal, qual é a matéria prima dos partidos políticos? Erra quem acha que é política. Acerta quem diz que são pessoas e o poder de escolha de cada uma delas. A mesma matéria prima da Publicidade.

Anônimo disse...

Rapaz... será que agora vai?

Elogiar Narciso e parabenizar Altino, como eh??? Duelo de gigantes.

Porque aki todos falam Parabéns Altino, vc eh corajoso, ninguém tem coragem de publicar essa matéria... Lembro-me q o único jornal do Acre q batia contra a FP, era o Jornal e a TV Rio Branco, enquanto os outros ganhavam assessorias, as publicidades e tudo mais do governo, e o Narciso falindo, falindo, seus empregados com salários atrasados... e não lembro de o Narciso criticar a concorrência, mais.. sei lah... era novo.

A verdade, ou meia verdade aos poucos vêm chegando!!! Altino precisa de tempo pra responder, acredito q não vai responder a essa matéria, porém estarei ansiosamente para ver o nosso bom e ótimo jornalista que vive na democracia virtual se posicionar.

Reforço, um abraço bem grande ao inferno, a mentira, a hipocrisia e aos interesses individuais.

Francisco Cândido Dias disse...

Codinome Beija-Flor(Cazuza)
Pra que mentir, fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou.
Pra que usar com tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarinho flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor.

Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, beija-flor
Não responda nunca, meu amor (nunca)
Pra qualquer um na rua, beija-flor.

Que só eu que podia
Dentro da poeira fria
Dizer segredos de liquidificador.
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor.
http://www.kboing.com.br/cazuza/1-90174/

Francisco Cândido Dias disse...

Eu quando bebo só escrevo merda e pra não desagradar ninguém ofereço musicas à todos.
24 Horas no ar(Amado Batista)
Pare de pensar em besteira
Se liga no que eu vou lhe dizer
Tem gente ruim, que fala de mim
Só pra me queimar com você

Nossa estória é um grande sucesso
E isso ninguém pode negar
Adoro você, porque com você
São 24 horas no ar

É você que eu amo
É você que eu quero
Já disse mil vezes
Meu amor é sincero
Te dou minha vida
E você duvida de mim
É você quem deita
Comigo na cama
Que acende meu fogo
Que mantém esta chama
Será que eu preciso gritar
Que te amo
http://www.kboing.com.br/amado-batista/1-49262/#

Victor Hugo disse...

Esse Blog tá muito cult! Tem altos comentários, inclusive com trechos musicais! kkkkkkkkkk

ROMISSON disse...

O Blog do Altino é sem duvida, o maior ''ícone'' dos bastidores políticos do Acre, alem de ser resguardado por uma ideologia firmada nos principios de um excelente e corajoso repórter, que tem como objetivo, ser imparcial e ganhar a credibilidade do ''acriano blogueiro''.

Francisco Nazaré disse...

O Narciso Mendes precisa passar óleo de péroba em sua grande "cara de pau", como pode o ser humano não ter um minimo de dignidade.

Anônimo disse...

Peroba é pouco, a cara dele já virou de concreto, então tem que passar é cimento mesmo!
Nossa que asco dessa política viu!

Diógenes disse...

Se não é de pau, e sim de concreto, não seria uma argamassa?

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkk

beth5050 disse...

Q argamassa que nada é lixa nº 10. CANSEI...