sábado, 1 de novembro de 2008

PERIGOS DESTE MUNDO

Antonio Alves

Um dia desses eu ia pra casa, caminhando despreocupadamente e, sem perceber, já ia passando entre duas políticas que se enfrentavam, uma de cada lado da estrada. Parei imediatamente e fiquei quieto, rezando para que não me vissem.

Não tive medo de danos físicos -que isso só as políticas públicas podem causar-, essas políticas comuns de beira de estrada não são tão perigosas, mas podem causar enjôo, confusão mental e panema, um sujeito pode ficar enrascado durante muito tempo se for atingido pela ação de uma delas.

De modo que fiquei ali, observando, enquanto elas se desafiavam e gastavam, uma com a outra, seus arsenais de maledicência e mau-olhado e inveja e todo tipo de reima.


Fui salvo por um cachorro, que vinha abanando o rabo pela beira do caminho e, ao avistar as políticas, parou com os pelos eriçados e ficou latindo –não sei se bravo ou assustado.

Uma das políticas voltou contra ele sua maldosa atenção, a outra se ocultou atrás de um arbusto um tempinho de nada, pouco mais que meio minuto, mas foi o tempo certo para eu passar, ligeiro e avexado. Subi a ladeira e respirei, aliviado, quando fiquei fora do alcance das duas peçonhas e também do cachorro, cuja índole eu desconhecia.


Comprei uma baladeira do filho do vizinho e agora ando pela estrada com os olhos bem abertos. Se alguma política aparecer, meto-lhe uma pedrada bem no meio da testa.

Leia mais no blog O Espírito da Coisa.

Um comentário:

Janu Schwab disse...

Fabulas de Antonio Alves, vulgo pai de Veriana - que segue os caminhos de pape! ;-)