sábado, 13 de setembro de 2008

NOTURNO DE RIO BRANCO

Márcio Bezerra da Costa

a jorge tufic, por todos os noturnos da poesia
a clodomir monteiro, pela antropologia que liberta


este poema minha pílula

ante as horas indomadas

tenho-o entre os dedos

saco-lhe das mãos duras

é para hoje tal fissura

bem mais que um poema

o escrito se divide ante

fina linha de extremo

noturno nesse poema

em minha vida um claro

diagnóstico inexato

problema de esquema

com tais mãos é se tem

áspero couro de cicatrizes

os dedos forçam portas

que as mãos não incidem

com tal corpo e coração

uma notícia imprecisa

a propor sociedade vã

conviver morte e vida

mais que poema: grito

dado à noite em negro

antes me diminuísse

este véu de espelho

noturno nesse poema

sem amor este extrato

quis o diabo movê-lo

quis deus recitá-lo

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