sábado, 7 de junho de 2008

O CIPÓ DA ALMA AMAZÔNICA

Moisés Diniz


Ayahuasca é um termo de origem quéchua, que significa “vinho das almas” ou “cipó dos mortos”, designa o chá feito pelo cozimento de duas plantas originárias da floresta amazônica: o cipó jagube ou mariri (Banisteriopsis Caapi) e as folhas da rainha ou chacrona (Psychotria Viridis).

Aya quer dizer “pessoa morta, alma, espírito” e waska significa “corda, cipó ou vinho”. Assim a tradução, para o português, seria algo como “corda dos mortos” ou “vinho dos mortos”.

A ayahuasca serviu como base para o estabelecimento de diferentes tradições espirituais por comunidades indígenas nos países amazônicos desde tempos imemoriais. Os povos indígenas utilizaram a ayahuasca como um elo imaterial com o divino que estava entre as árvores, os lagos silenciosos, os igarapés. É que, para eles, a natureza possuía alma e vontade própria.

Povos indígenas do Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador, há quatro mil anos, utilizam a ayahuasca em seus rituais sagrados, como o padre usa o vinho sacramental na Eucaristia e os indígenas bebem o peyote nas cerimônias sincréticas da Igreja Nativa Americana.

O uso ritualístico da ayahuasca é bem mais antigo que o consumo do saquê ou Ki, bebida sagrada do Xintoísmo, usada a partir de 300 a.C, feito do arroz e fermentado pela saliva feminina, sendo cuspida pelas jovens virgens em tachos.

A mesma prática é realizada pelas índias da Amazônia, quando produzem a caiçuma da mandioca, bebida ritualística indígena fundamental na dança do mariri e no ‘contato’ com os deuses da floresta assombrosa.

As origens do uso da ayahuasca nos países amazônicos remontam à Pré-história. Há evidências arqueológicas através de potes e desenhos que nos levam a afirmar que o uso da ayahuasca ocorra desde 2.000 a.C.

Somente os ‘intelectuais de água salgada’, que lêem um tomo filosófico à tarde, bebem ‘whisky’ à noite e pegam sol pela manhã, para levantar argumentações contra o uso espiritual da ayahuasca. Não conhecem a força e a beleza da espiritualidade amazônica e indígena.

A utilização da ayahuasca pelo homem branco é uma acolhida da espiritualidade das florestas tropicais, um banho de rio milenar e sentimental do tempo em que os povos amazônicos viviam em fraternidade econômica e religiosa.

Os ataques ao uso ritualístico-religioso da ayahuasca, como bebida sacramental, nos autoriza a afirmar que podem estar nascendo interesses menos inocentes e mais poderosos do que uma simples preocupação acadêmica com a utilização de substâncias psicoativas.

Nunca é bom esquecer que a ayahuasca é uma substância natural exclusiva das florestas tropicais dos países amazônicos e pode alimentar interesses econômicos relacionados a patentes e elevar a cobiça sobre a nossa inestimável biodiversidade.

A ayahuasca é uma combinação química simples e ao mesmo tempo complexa, que envolve um cipó e um arbusto endêmicos do imenso continente amazônico. Simples porque a sua primitiva química material da floresta é realizada por homens comuns, do pajé ao ayahuasqueiro dos templos amazônicos.

Complexa porque envolve a elevação de indicadores psico-sociais de qualidade de vida e ajuda a atingir estados ampliados de consciência dos usuários. Isso por si só já alça a ayahuasca a um patamar superior no plano do controle científico dessas duas ervas milenares.

Assim, a ayahuasca ganha contornos políticos por envolver recursos florísticos de inestimável valor psico-social e espiritual. Os seus usuários consideram o “vinho das almas” como um instrumento físico-espiritual que favorece a limpeza interior, a introspecção, o autoconhecimento e a meditação.

Utilizar ayahuasca aqui na Amazônia é beber do próprio poço de nossa ancestralidade e da magia que representa a nossa milenar resistência. Aqui na floresta, protegidos pelos entes fortes de nossa religião animista e natural, nossos ancestrais não precisaram “miscigenar” sua fé.

Não foi necessário fazer como os negros escravos que deram nomes de santos católicos aos seus deuses africanos. Nossos ancestrais indígenas não precisaram batizar Iemanjá de Nossa Senhora ou Oxossi de São Sebastião para se protegerem da fé unilateral do dono da terra.

É que entre nós a terra era de todos e o único dono era o senhor da chuva, do orvalho e do sol. A beleza coletiva dos recursos naturais era compartilhada por toda a aldeia, do curumim ao sábio ancião.

A ayahuasca era a essência espiritual dessa convivência material fraterna e universal entre as árvores carinhosas, os riachos irmãos, os pássaros cantores, os peixes, as larvas, os insetos, as flores. A Ayahuasca ancestral era o elo entre a terra e o espírito.

Se não fosse uma erva espiritual e mágica, trazida pelas mãos milenares dos povos indígenas amazônicos, ela não teria resistido ao tempo. Por isso é natural que a ayahuasca atraia cada vez mais o homem branco, esmagado pelo destrutivo modo de vida urbano, elitista, ocidental, capitalista.

A ayahuasca não é um chá que se consome como se bebe um líquido ácido qualquer. O seu uso é espiritual e envolve aqueles que o utilizam na mais límpida tradição de amar o próximo e reencontrar os valores que perdemos na caminhada do planeta que se dividiu em castas, cores, fronteiras e etnias.

Não entrarei no debate acadêmico sobre o uso de substâncias psicoativas por parte das religiões milenares, das eras pré-colombianas aos templos dos tempos atuais. Não tenho competência para debater os pontos de vista da medicina, da psicologia ou da etnofarmacologia. Ficarei apenas com os resultados do uso milenar da ayahuasca pelos povos indígenas.

A milenar história amazônica não registra casos de morte ou de seqüelas à saúde dos povos indígena por terem utilizado a ayahuasca. Nenhum índio deu entrada no hospital dos brancos ou foi curado pelos pajés. Aliás, as mulheres indígenas, ‘apesar’ de beberem a ayahuasca, não registram nenhum caso de câncer de mama.

A ayahuasca não é "taliban", seus usuários não se constituem em nenhuma seita, eles não são fanáticos, não há um único caso de morte ou de castigo físico que tenha sido resultado do seu consumo ritualístico.

O uso ritualístico da ayahuasca não provoca transes místicos ou de possessão. Ela não age no organismo como a antiga bebida hindu, denominada soma, que se divinizou por afastar o sofrimento, embriagando e elevando as forças vitais.

Depois de 4.000 anos de uso sagrado e ritualístico da ayahuasca os estudiosos da civilização ocidental erguem argumentos anêmicos e endêmicos de uma sociedade que tem medo do ‘contato’ aberto do homem com a natureza. É que eles têm medo da relação amorosa entre o indivíduo e a natureza com os seus elementos poderosos e coletivos.

Os sábios e avançados incas utilizaram a ayahuasca para consolidar-se como povo, como nação e para ajudar no florescimento da cultura, da matemática, da agricultura e da astronomia. Não é qualquer planta ou cipó que faz um povo, uma história milenar, uma religião.

Só não puderam utilizar a sagrada ayahuasca para produzir metálicos fuzis, pois se assim fosse, não teriam sido dizimados pelos invasores espanhóis. Pizarro não consumiu o “cipó dos mortos”, por isso dizimou tantos guerreiros, mulheres índias, donzelas, pajés, curumins.

A ayahuasca resistiu, venceu os invasores e as suas crenças unilaterais, atravessou os séculos, os milênios, unificou as milenares gerações indígenas e suavizou a dor ‘civilizatória’ das eras pós-colombianas.

Quando o Acre propôs, sob a iniciativa da deputada Perpétua Almeida, que o uso ritualístico da ayahuasca fosse considerado patrimônio cultural imaterial é porque ninguém mata uma alma, ninguém prende um sentimento, ninguém aniquila uma vontade, ninguém encarcera uma opinião, ninguém enclausura uma fé.

A ayahuasca é diferente de outras religiões, que nascem de visões, contatos divinos, que têm origem na cosmologia do céu para a terra. A Ayahuasca é a religião da terra para o céu, da matéria eterna e natural para o infinito do sonho humano, a religião natural.

Uma verdadeira e única religião do Brasil, aliás, uma colossal e genuína religião amazônica! Combatê-la é bizarro, síndrome de colonizador!

Moisés Diniz é deputado estadual (PC do B).

28 comentários:

Jean Freire disse...

O Moisés estava muito inspirado ao escrever esse artigo. Frequentei a "UDV" por 14 anos, estando momentaneamente de "férias", concordo com a sua opiniao. É fácil alguém e ao mesmo tempo irresponsável tecer comentários sobre algo que nao conhece. A Hoasca ou Ayahuasca como queiram, é algo muitos mais que um simples chá, mas uma oportunidade de auto-conhecimento, de sentir uma vivencia espiritual mais elevada!!!!
Como bem disse o Moisés, -"A Ayahuasca é a religião da terra para o céu, da matéria eterna e natural para o infinito do sonho humano, a religião natural."
Mais uma vez, parabéns ao Moisés para nos brindar com um texto tao lúcido, e a voce Altino, por postá-lo.
Obs. Muito bonita a foto desse Mariri.

ALTINO MACHADO disse...

Caro Jean, o frondoso jagube da foto existe no quintal de minha casa. Foi plantado por mim há seis anos. Em breve será abatido, pois terei que remover a mangueira. Abraço

Anônimo disse...

"A Ayahuasca é a religião da terra para o céu"

Daqui a pouco vão dizer que é uma religião marxista (se é que é possível), porque é "da terra para o céu". E todas as outras são idealistas porque são do céu para a terra.

Acho que o deputado comunista tá confundindo as duas filosofias: a religiosa e a política.

Toda religião (lembremos do religare) é uma busca pelo sagrado, cujo lugar por excelência é o céu, as alturas, onde está "o criador", na morada celestial. Desta dimensão as religiões (pelo menos todas as cristãs, e aí se encaixam as ayhuaskeiras) não escapam.

Abraço.

Anônimo disse...

Anônimo,

"Da terra para o céu" tem um profundo significado de uma religião natural, que tem a sua essência em dois "recursos naturais" amazônicos, e não em imagens oníricas, visões, anjos descendo em nuvens de fogo, etc...

Ela nasceu da terra, da floresta, queira você ou não.

No mais, seja mais respeitoso com o divergente.

O deputado não falou de marxismo, seja coerente!

Unknown disse...

Agora, pela fala do anônimo das 11:43 AM, foi o marxismo que, como Pilatos, entrou no credo.

Anônimo disse...

O que diferencia os textos do deputado Moisés Diniz é a sua alma de poesia forte, palavras ácidas que se adornam do mel da filosofia popular. Ele não usa termos rebuscados, mas a sua simplicidade linguistica é nobre. Fala de coisas complexas com muita simplicidade...

Anônimo disse...

Esta tudo bagunçado no campo das ideologias! Comunista defendendo a religião... O que falta?

Anônimo disse...

Somente o blog do Altino para revelar coisas tão boas! Parabéns!

Wesley Diogenes disse...

Os colonizadores e exploradores cristãos já estão querendo dar seus pitacos com textos incongruentes e incoerentes, como o do anônimo aí em cima...


O problema enfrentado é que muitos intelectuais que começam a se alienar e seguir uma verdade absoluta, começam a achar que o Daime é seita é isso e aquilo, aí começa tentar de qualquer maneira encontrar alguma forma que repreenda isso, ou que torne essa cultura rica e bela, que cada dia ganha mais força e se torna poderosa, a não crescer.

Acho que os burgueses e capitalistas cristãos pseudo-intelectuais (porque de intelectual não tem nada)estão com medo da concorrência do daime...

Segundo eles mesmo afirma querem a cidade toda salva pra Jesus, e para isso é necessário devastar a cultura "maligna" do daime que está enraizado na Cidade.

Para isso estão enviando verdadeiras cobras, ops foi mal díscipulos, que estão inventando tudo que não presta e tão tentando legitimar esse imperialismo cristão, não é preciso nem falar que na câmera tá empestado né?!
Esse povo tá impedindo conquista muito importantes para nossa cidades, tipo direitos aos homossexuais e várias outras coisas que são benéficas à cidade mas que infligem as verdades inquestionáveis do seu livro sagrado, que agora querem fazer até um monumento, ¬¬' Vê se pode, fora o dia do perdão, daqui um dia vão querer criar uma lei, para que em um determinado horário, todos os carros parem e joguem os tapetes na rua e comecem a orar. hehe


Mas voltando...


E meu querido amigo anônimo quando Moisés Diniz fala brilhantemente que é uma religião da terra para o céu, ele afirma que é uma religião que busca o aperfeiçoamento com a natureza com as coisas terrenas para depois chegar as evoluções espirituais de outras dimensões,(acho que é assim, pelo menos quando fui entendi isso, qualquer coisa me corrijam) diferente de certas religiões que afirmam (várias vezes ouvi isso) que não são deste mundo, mas de um mundo do céus e do Senhor, e os que estão fora desse realidade são chamados até de mundanos, é música do mundo, dança do mundo, ou seja, é uma religião que é dos céus e que chega a terra.

Mas para que estou falando isso, sei que as verdades absolutas deles sempre ficam imutáveis.

Mas vai que sirva para alguma coisa né, nunca se sabe.



Altino desculpa pelo tom ofensivo do comentário, é que tem certas coisas que me indignam...

Um exemplo dessa perseguição cristã (principalmente pelos protestante) é com as crianças...

Um vez um amigo meu estava super indignado, perguntei para ele o que tinha acontecido...

Ele disse que a filha dele de 5 anos foi brincar na escola e as amiguinhas dela disseram que não iam brincar com ela porque ela era do daime, e daime era do capeta.

Diga-me se tal coisa não causa uma completa revolta.

^^

Anônimo disse...

Altino
conheci ayahuasca na cidade de Itacoatiara aqui no Amazonas, através de um amigo falecido recente, jornalista Agnelo Oliveira, filho de Itacoatiara e muito conhecido no nosso meio. Nos anos 90, estivemos juntos numa materia em Itacoatiara, seus irmaos nos brindaram com a ayahuasca, gostei e ainda levei pra casa algumas garrafas.

abraco. Mário Dantas
Manaus/AM

Anônimo disse...

Que beleza! Maravilha!
Acho que nossos ancestrais estão louvando o Divino por iluminar os corações daqueles, que sempre quiseram fazer desse chá divino, uma propriedade particular. Hoje graças a Deus, podemos tomar ou beber o vinho divino em nossos terreiros, casas, centros, malocas e etc... Para isso basta que sejamos humildes, trabalhadores, estudiosos e acima de tudo tenhamos fé em Deus.
Mas nunca esquecendo daqueles que prepararam o caminho pra nós.
Seria muito bom se todos aqueles que fazem uso dessa bebida, plantassem um pé de Jagube ou Mariri em seus quintais, assim como fez o nosso irmão altino, dando uma demonstração, de que, quem planta Amor, colhe Amor.
Viva o Santo Daime!
Viva o Vegetal!
Viva a Ayahuasca!

Acreucho disse...

Sem querer ser impertinente e já sendo, nunca tive nenhum contato com o Ayahuasca, alguns falam que é alucinógeno e que tem outros efeitos.
Isso não poderia ser confundido, por pessoas inescrupulosas e num futuro, ser comercializado como algum tipo de droga?

ALTINO MACHADO disse...

"O sofrimento religioso é, a um único e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo".

De Karl Marx, em "Uma Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" (1844).

Isso é uma verdade?

Marcelo Mota Valério disse...

Parabéns pelo blog! Apesar de ter uma visão cristã da religião, é importante mostrar o que outros povoa pensam...

Marcelo Mota Valério
http://motavalerio.blogspot.com

Anônimo disse...

Meus caros...

Sou o anônimo que citou o marxismo.
Quero esclarecer uma coisa: não sou contra religiões, contra nenhuma mesmo. Só acho que não devemos misturar alhos com bugalhos.

Primeiro:

é consenso entre todos os mitólogos (antes que leve pedrada, mito não é mentira, é forma de explicar o mundo: a religião e a ciência são duas formas míticas de explicação da realidade) e intelectuais das Ciências das Religiões que qualquer religião (falo das religiões cristãs, portanto entram aqui o protestantismo, catolicismo e as correntes do Santo Daime) busca algo além do terreno, além do físico: busca o espiritual, o divino (quer esteja dentro de nós, como acreditam alguns, quer esteja fora de nós, como crêem outros). Portanto, o fundamento, aquilo que se busca, o alvo é sempre algo fora do mundo terreno, é sempre celestial. Assim, uma religião cristã não pode partir da terra para o céu porque o seu fundamento, aquilo que a orienta parte de uma relação contrária, qual seja, do céu para a terra. As religiões nascem de orientação divina. Não há uma só religião de base cristã que adorem homens (Jesus Cristo não é homem, é divindade, filho de Jeová). Sobre isto podemos ler Mircea Eliade, Joseph Campbell, Junito Brandão e até mesmo Gaston Bachelard.

Segundo:
quando coloquei a questão pensei na discussão que esta relação pudesse gerar no âmbito teórico-filosófico da coisa toda. Não quis ofender o Santo Daime. Ao contrário, penso que é uma referencia cultural importantíssima e muito válido o seu registro enquanto Patrimônio Cultural do país (isso foi solicitado ao ministro da cultura).

Terceiro:
reconheço a inteligência do deputado Moisés Diniz, que não conheço pessoalmente, mas que tenho boas referências de sua intelectualidade(que, se as informações que tenho não estiverem erradas foi forjada dentro dos quadros religiosos). Mas quando Marx faz a sua crítica ao idealismo alemão de Hegel, o que ele propõe é que a análise das Ciências Humanas devem partir da terra para o céu, e não o contrário, como propunham os filósofos idealistas (desde platão, inclusive), ou seja toda análise deve partir do processo real, objetivo, em outras palavras, palpável.

Ora, poderia uma religião, cujo fundamento é imaterial, partir da realidade? A resposta é... Não. Exatamente porque o problema é de fundamento, que no caso da religião é extra-terreno (portanto, do céu para a terra). É sempre o espiritual que serve para modificar o material, o divino iluminando o terreno, a luz (celestial, sempre) iluminando o mundo de trevas (a terra).
Não nego que nessa relação há mediações: santo daime, santa ceia, zigurates, variados tipos de templos, símbolos e outros elementos que simbolizam e/ou celebram a comunhão dos céus com a terra, do divino com o material.

Enfim, é isso.

Parabéns Altino pelo espaço cedido pra discussão. Desculpem-me os que se sentiram ofendidos.

Uma alerta para o Wesley Diógenes: cuidado, porque na ânsia de defender a sua opinião sobre a Ayuaska, você caiu na armadilha que você mesmo condena: acabou achincalhando os protestantes. Não foi esse o tipo de discussão que propus, e além disso não sou protestante. A tolerância com a alteridade é fundamental nesse tipo de discussão.

Abraço a todos.

Jalul disse...

O companheiro Moisés está se revelando um grande companheiro. Só falta não ser o defensor da mudança de horário de nascimento do cipó. O tempo tem muita importância na magia amazônica
Mudar o fuso horário foi uma bizarrice colossal. Síndrome de colonizador habituado a fazer o tempo de acordo com o seu tempo e com as necessidades do tempo dos seus colonizadores.
Moisés, companheiro, acredite, eu amo você de acordo com o tempo do seu tempo e do nosso tempo.
Que importa o tempo se não contado em favor de nós mesmos?
Amanhã será outro dia, não é mesmo?
Gostei muitíssimo do seu artigo, visse?

Anônimo disse...

Quando vejo dissertações como essas escritas por anônimos, surpreendo-me. Por que um sujeito desses, com tanto conteúdo, não se identifica? As respostas a essa pergunta me fazem temer a interação com o blog, pois desconheço se dialogo com pessoas sérias ou com franco atiradores que escrevem "teorias" de última hora pra tomar tempo. Com todo o respeito, prezado Altino e leitores, acho que um blog tão prestigiado não ganha nada com comentário anônimo. Pelo contrário, talvez até perca.

Anônimo disse...

Puta que pariu!
É isso mesmo, se quiser bloquear tudo bem, mas foi exatamente o que produnciei ao ler o ponto final. Caro Moisés esta foi uma das melhores acreanidades que já li nos últimos tempos, aliás um dos melhores textos. Parabéns.

Anônimo disse...

"Da Terra para o Céu" está a suscitar esse debate. Talvez porque o deputado Diniz levanta um tema que merece maior reflexão. O uso ritualístico da ayahuasca está profundamente ligado à identidade amazônica. Como disse o deputado, o homem branco amazônico não precisou "adulterar" a religião dos povos originais...

Anônimo disse...

Respeito todas as religiões, mas até prova em contrário, não há nenhuma mais brasileira, mais amazônica, mais indígena e mais original do que a religião da ayahuasca.

Anônimo disse...

Daqui a pouco vão dizer que a ayahuasca é uma invenção do Governo da Floresta. Rssrss

Emily Ribeiro disse...

Maurício, ele talvez não tenha se identificado, pq o Sr.Autor desse blog nunca posta seus comentários, ele comentou sobre o texto "Veja o que vem por aí" de maio de 2008 expressando o seu direito à liberdade de expressão e o Altino excluiu o comentário do coitado. Vai ver q ele tem tentado outras táticas para poder não ser censurado. Opa, eu falei em liberdade de expressão no meio de uma maoiria comunista, caramba. Acho que falei grego.

Anônimo disse...

Caros colegas, o que acontecerá comigo agora, sentado em meu computador, se tomar um copo de 500ml de Hoasca? Provavelmente vai subir a minha cabeça, e isso não é certo. Para se ter fé, não preciso de nada que altere meu consciente. Meu consciente é acreditar em Jesus e na bíblia.

Wesley Diogenes disse...

Caro amigo anônimo em um tempo em que as religiões asseguram verdades absolutas sobre si e tentam atropelar os parâmetros do respeito como ao longo da história sempre fez, não se tem como sé tolerante, mas é necessário tomar uma postura vanguardista e muita vezes não tão tolerante, sei que é horrível não ser, mas é o que se faz necessário de vez em quando...


Não quis avacalhar, mas sim expor a intolerância (essa sim é intolerância) que estão sofrendo ultimamente na nossa cidade por causa atitudes religiosas.

O mais bonito do Daime é que lá não tenta sobrepor religiões, muito pelo contrário há um respeito muito grande pela as outras religiões que acredito ter um papel importante no meio social.

Elas são o meio mais fácil de nos acolhermos do nosso medo transcendental da morte. Queremos assegurar de qualquer forma nosso lugar em algum local metafísico que não seja o esquecimento eterno.


Mas amigo me desculpe pela minha "intolerância", gosto da discussão levantada por você, só encontrei alguns pontos conflitantes que quis expor minha opinião.


Abraços!

Wesley Diogenes disse...

Ah seria interessante vcs lerem essa reportagem da revista Galileu
sobre o Daime
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG83914-7942-203,00-A+HORA+DO+CHA.html

Unknown disse...

Lendo o últimotexto do Toinho, lembrei da ligação homem natureza que o deputado Diniz tanto canta.

Menos as horas, que estas ficariam eternas sobre a terra, para todas as gerações futuras. O sol nasceria sempre às seis da manhã, com os pássaros. Estaria a pino no meio-dia, pois é no meio da jornada que o homem pisa na cabeça de sua sombra. Descansaria às seis da tarde, para que o ouro do dia cedesse o céu à prata da lua. E da meia-noite não se fala, pois que sua guarda não é segredo, é mistério, e as corujas sabem disso.

"As horas seriam, per omnia saecula seculorum, os pontos de encontro entre a mãe natureza, ponderada e sábia, e seus filhos rebelados em lógica e civilização. As marcas rudimentares da enxada no solo, as sementes que os povos dos sertões carregam na capanga de couro para trocar com aquelas que os povos da floresta trazem no bisaco de algodão. A herança que deixaríamos aos meninos, para que crescessem e ensinassem aos seus filhos a pedir a bênção aos mais velhos."

A defesa das práticas ancestrais do deputado viram cinza quando ele propõe novo fuso horário para o ACre.

Unknown disse...

...o segundo e o terceiro parágrafos da minha mensagem anterior são do Toinho. Cometi um erro na colocação das aspas. Desculpem.

ALTINO MACHADO disse...

Segue comentário enviado para meu e-mail por Félix Bezerra:

"Altino:

É gratificante conhecer mais ainda o grande poder espiritual da ayahuasca sagrada, ao ler considerações espitiritualistas de um marxista-leninista, que necessarimente tem no materialismo dialético seu guia de análise e ação. Refiro-me ao texto "Cipó da alma amazônica" do ilustre deputado comunista Moisés Diniz, bem como à feliz iniciativa de sua camarada, a não menos ilustre deputada
Perpétua Almeida.

Porém, sem pretensões de exegese, muito menos de patrulha, necessário se torna alertar para suas afirmações como "A ayahuasca é diferente de outras religiões, que nascem de visões, contatos divinos, que têm origem na cosmologia do céu para a terra. A Ayahuasca é a religião da terra para o céu, da matéria eterna e natural para o infinito do sonho humano, a religião natural".

Primeiro porque a ayahuasca em si mesmo não é uma religião, mas o sacramento que é comungado pelos diferentes segmentos ayahuasqueiros.

Segundo, todos os três segmentos ayahuasqueiros primordiais, consideram-se revelados, nascidos sim de "visões e contatos divinos". Neste aspecto, pode ser incômodo para alguns recém-chegados, mas para todas as religiões ayahuasqueiras predomina o espiritual sobre o material. Consideram sim, que todo o seu arcabouço teológico foi recebido do astral, do céu, portanto, em sentido contrário ao afirmado pelo ilustre deputado comunista.

Terceiro e finalizando, ao fazer-se afirmações como "uma verdadeira e única religião do Brasil, aliás, uma colossal e genuína religião amazônica!". Tenhamos cuidado para não cairmos num novo tipo de chauvinismo: um chauvinismo religioso ayahuasqueiro promovido por "cristãos-novos". A ayahuasca é tão patrimônio nosso como de outros povos que a comungam. Sejam eles de outros estados no Brasil, sejam do exterior.

Amar a Deus sobre todas as coisas e praticar a humildade e a caridade são virtudes que todos ayahuasqueiros buscam praticar, mesmo que a duras penas.


Fraternalmente"