EMPREGO SEDUTOR

Narciso Mendes

Nunca na história deste país, Acre incluso, tantos políticos, a maioria com “p” minúsculo, inclinaram-se a ser prefeito. Por incrível que possa parecer, quanto menor é o município, maior é a quantidade, e não a qualidade, daqueles que estão interessados em ocupar a cadeira de alcaide. Isto sugere duas - e somente duas - alternativas: ou estamos bem servidos de políticos da melhor cepa ou estamos prestes a assistir um verdadeiro rodízio, qual seja: a saída de velhos e a entrada de novos ladrões. A segunda alternativa parece ser a mais provável.

Ao contrário do que se poderia imaginar, a rapina do dinheiro público tem sua origem e seus primeiros aprendizados no âmbito do município, fato que só tem feito alimentar a cultura do roubo. É no pobre município que o pobre munícipe assiste o enriquecimento do seu prefeito, constituindo-se numa verdadeira agressão, porquanto, não raro, ao tomar posse, como se diz na linguagem popular, o dito cujo vivia puxando uma cachorrinha.

A gatunagem do dinheiro público começa com a utilização criminosa do FPM e do FUNDEB, as duas principais minas das roubalheiras municipais. Fosse possível colocar uma ratoeira inteligente e capaz de disparar a cada roubo que realizam quando do saques em suas contas, milhares de prefeitos e ex-prefeitos seriam identificados pelas cicatrizes deixadas em seus narizes. Há notícias de casos extremos, qual seja, o do prefeito que chega a comprar um carro para dar de presente a uma amante e define as datas de pagamentos das parcelas atrasadas consoante o dia da liberação dessas cotas.

Certamente não é desejo de ser prefeito que tem atraído muitos candidatos, mas a facilidade de roubar e enriquecer rapidamente, tudo isto sem ser molestado, que tem despertado o interesse de muitos políticos ladrões em substituir outros, igualmente ladrões.

Rio Branco já chegou a ter doze nomes sendo especulados como candidato a prefeito. Em Plácido de Castro uma meia dúzia de candidatos disputam o comando daquele município. Em Porto Acre, mais de meia dúzia. Até na contida Cruzeiro do Sul, no mínimo quatro candidatos já se lançaram candidatos.

É muito joio para pouco trigo. No mundo do crime ser prefeito compensa.

◙ O empresário Narciso Mendes, dono da TV e do jornal Rio Branco, escreve neste blog às quartas-feiras.