quinta-feira, 10 de abril de 2008

PARA ATENDER À REDE GLOBO

Senado aprova redução do fuso horário

Foi aprovado ontem pelo plenário do Senado substitutivo da Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei do Senado, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), que estabelece a redução do fuso horário vigente no estado do Acre e em parte do estado do Amazonas. Essas áreas passarão a obedecer agora ao fuso "Greenwich menos quatro horas", em substituição ao "Greenwich menos cinco horas".

A proposição também atinge o estado do Pará, que passará a ser enquadrado no limite "Greenwich menos três horas" - o mesmo horário de Brasília -, em substituição ao limite vigente de "Greenwich menos quatro horas". A matéria agora vai à sanção do Presidente da República.

Desde a terça-feira as afiliadas da TV Globo em estados com fuso horário diferenciado ao de Brasília tiveram sua programação atrasada em uma ou duas horas em relação à rede nacional, para respeitar os horários determinados pelo Ministério da Justiça.

A Rede Globo passou a ter duas grades de programação básica, com mudanças de horário, mas preservando a exibição, não necessariamente simultânea, dos programas da grade e da comercialização em mercado nacional.

As emissoras da Rede Globo nos estados de Tocantins, Goiás, Amapá, leste do Pará e nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, que seguem o horário de Brasília, estão exibindo a grade de programação da rede nacional.

As emissoras da Rede Globo, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Acre, Amazonas e oeste do Pará, estão com uma grade de programação básica diferenciada em relação ao restante do país. No caso da TV Acre, de Rio Branco, onde o fuso é de duas horas, a programação é pré-gravada e exibida em horário local, o que tem gerado prejuízos comerciais à emissora.

A estrutura básica da programação nacional foi mantida no Acre, mas houve inversão no horário de exibição de alguns programas. O Bom Dia Amazônia passou a ser exibido após o Bom Dia Brasil; o Globo Esporte a partir das 11h45; o Amazônia TV após o Jornal Hoje, às 12h45; o Jornal do Acre às 19 horas, antes do Jornal Nacional. A novela das sete, após o JN.

No caso dos jogos de futebol exibidos às quartas-feiras, devido à coincidência de horário com a novela das oito, provisoriamente não serão exibidos os jogos em tempo real. Ontem, por exemplo, após a novela foi exibido um filme e, em seguida, um compacto do jogo, antes do Jornal da Globo.

Manobra
No entendimento do Ministério Público Federal a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão fez uma pesquisa tendenciosa de opinião para justificar uma suposta rejeição do telespectador à portaria do Ministério da Justiça.

As emissoras tiveram primeiramente seis meses, posteriormente mais três meses para se adequarem e explicarem aos telespectadores o sentido da portaria. Preferiram deixar o caso nebuloso, como uma mera proibição. A portaria atende a uma determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas não obriga as emissoras a mudar horários de programas jornalísticos, nem transmissões esportivas de qualquer natureza.

Mesmo obras de ficção podem passar em qualquer horário, desde que sejam de classificação livre. Apenas programas com a classificação para mais de 12 anos é que são obrigados a passar após as 20 joras. Programas com classificação para mais de 14 anos têm que passar após 21 horas.

Futebol e telejornais, Globo Repórter, Fantastico, programas ao vivo como Faustão e Gugu podem passar a qualquer hora. Tanto que no domingo a Globo não vai mudar nenhum horário. O que a Globo fez, ao atrasar o horário da programação toda, foi manipular a opinião pública a se colocar contra a portaria.


BRASÍLIA, SE QUISER, QUE MUDE

Antonio Alves


No governo de Jorge Viana criou-se e aperfeiçoou-se o hábito de atrasar o início de todos os eventos e solenidades oficiais. O público e a imprensa ficavam esperando e fofocando até que o governador chegasse, apressado, com sua comitiva.

No começo eram atrasos pequenos: meia hora, quarenta minutos. Depois foi aumentando, de tal forma que se a solenidade estivesse marcada para as 9 horas, você podia chegar descansadamente às 10 e meia e conversar com os colegas até às 11, hora em que provavelmente chegaria alguém para dizer "alô som" no microfone.

A coisa chegou a um ponto tal que o cerimonial do gabinete passou a colocar nos convites coisas como "horário: a partir das 17 horas".

Bom, baseado nisso, e para evitar que se chegasse a um prejuízo irreparável na imagem dos governantes e do povo acreano, sugeri que fosse criado um novo horário para o Estado de Dom Galvez. Seria simples: se a solenidade estivesse marcada para as 10, quando o governador chegasse todos acertariam seus relógios para as 10.

Aquele horário ficaria valendo até a próxima solenidade. Obviamente, esse seria o horário oficial, pois nos quatro cantos da cidade e nos oito da floresta, os mais variados horários estariam em vigor.

Liberdade de fuso, liberdade de horário. Ainda defendo esta bandeira. Mas sou contra, visceralmente contra, essa tentativa dos políticos e financistas e marqueteiros que agora inventaram de mudar o horário do por-do-sol.

Pra mim, ressalvadas a variação das estações, que junto à linha do equador é muito pequena, o sol nasce às seis da manhã, está a pino ao meio-dia e se põe às seis da tarde. Brasília, se quiser, que mude.

Opinião do jornalista Antonio Alves, publicada em outubro do ano passado. Clique aqui para ler mais neste blog sobre a polêmica mudança de fuso horário.

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