domingo, 6 de abril de 2008

BARRIGA DO JORNAL NACIONAL

Nota da coluna Bom Dia, do jornal A Tribuna, cuja tiragem máxima, aos domingos, é de 300 exemplares:

"Em jornalismo, uma notícia errada é chamada de “barriga”. Foi o que aconteceu com o Jornal Nacional, da Globo, quando anunciou que o Acre ganhava (sic) seis municípios amazonenses, incluindo Eirunepé e Boca do Acre. Claro que a notícia é falsa embora tivesse (sic) blogueiro que aqui no Acre repercutiu a história. O Acre ganhou pedaços, territórios desses municípios, onde moram sim dez mil pessoas. O pessoal de Boca do Acre continua amazonense e os acreanos vão continuar cruzando fronteira para ir ao festival da praia".

Este blog é mais importante do que imaginamos e sou o blogueiro que, segundo A Tribuna, repercutiu uma notícia do Jornal Nacional. Havia noticiado um dia antes do JN a decisão do STF, mas sem mencionar a anexação de seis municípios. Fiquei tão perplexo com a notícia quanto os demais acreanos e amazonenses. Não tenho nada a ver com a "barriga" do telejornal da Globo. Diferente da Tribuna, que já foi citada pelo governador Binho Marques como exemplo de mau jornalismo (leia), jamais forjei foto para ilustrar reportagem falsa sobre merenda escolar. Entre tantos erros, reparem a regência verborrágica do redator: "Claro que a notícia é falsa embora tivesse (sic) blogueiro que aqui no Acre repercutiu a história". Me poupem.

5 comentários:

Unknown disse...

A propósito do comportamento do que se costuma chamar de "grande imprensa", a cada dia, assistimos a espetáculos os mais deprimentes.

Ao lado dessa notícia, divulgada pela Rede Globo de Televisão, sem nenhuma preocupação com a sua validação, o que seria resultado de levantamentos e avaliações de suas possibilidades de existência. Depois de uma leitura rápida e sem ter a responsabilidade sobre a notícia, inclui, numa pequena nota no blog, alguns pontos obscuros na notícia que decorreriam da falta de consultas, dado tratar-se de um desmembramento e, além disso, de um conhecimento que tinha de uma pendenga entre Acre e amazonas sobre a demarcação da denominada linha Cunha Gomes (no texto cometi um erro e falei em Dias Gomes e o dramaturgo virou referência da geografia, na Amazônia). Há, todos sabemos, metodologias para apoiar o trabalho jornalístico que o aproxima das atividades da pesquisa científica. Ou seja, há, por trás da notícia divulgada, o pressuposto de uma veracidade, garantida por procedimentos cientificamente fundamentados, visando a demonstração de verdade. A verdade seria o resultado do levantamento metodologicamente fundamentado.

Mas, como um comportamento, a cada momento demonstrado ser, de forma descarada, tendencioso, pode atender qualquer critério de cientificidade?

Nos últimos dias, com a ajuda da imprensa, a oposição ao governo executa uma das suas práticas favoritas: a destruição de candidaturas, principalmente, à presidência da república. O alvo, nesses dias, é a ministra Dilma Rousseff. É conhecida a história de uma seqüência de candidaturas destruídas que vai de Orestes Quércia, passando por Ibsen Pinheiro, Roseana Sarney e José Dirceu. Todos atropelados por notícias de envolvimentos em atos de corrupção ou impróprios em posições públicas, mas, que tiveram como primeiro resultado o afastamento dessas pessoas das eleições presidenciais. O mais grave é que há situações onde, posteriormente, a acusação é levantada como aconteceu com Roseana, quando seu marido recebeu de volta o dinheiro apreendido, ou, o caso de Ibsen quando, anos depois, o jornalista que fizera a matéria explosiva, declarou um erro não corrigido.

A situação agora é tão evidente que chega ao descaramento. Lendo os jornais, hoje, notadamente a Folha de São Paulo, dois pontos são essenciais para compreender o sentido da tendenciosidade. Em primeiro lugar, o jornal não aceita, liminarmente, qualquer das explicações dadas pela ministra em entrevista coletiva durante a semana que termina. Entretanto, dois pontos poderiam servir de base para que fossem levantados temas que merecem explicações. Em primeiro lugar, a ministra demonstra com documentos que o senador do Amazonas Artur Virgilio sabia que se montava, na Casa Civil, um banco de dados sobre despesas entre quais se incluíam as realizadas através dos tais cartões corporativos – este, uma inovação incorporada pelo governo ainda na gestão tucana. O senador fala de forma enfática frente as câmeras de tv em dossiê sem nenhuma referência ao que já sabia através de contato oficial. Em segundo lugar, não causa nenhuma curiosidade aos formuladores das pautas de notícias ou a seus ‘investigadores’ jornalísticos o fato do dossiê ter chegado às mãos de um senador da oposição que não fez nenhuma questão de negar tal fato. Ora, como tal documento chegou a ele? Quem entregou e qual a motivação para que lhe fosse entregue? Não caberia indagar, ou melhor, investigar se esse senhor encomendou tal documento? Não constitui um ato ilícito obter de forma ilegal documentos referentes a dados que devem ser, por lei, mantidos em sigilo? Em nome de quem ou do quê poderia um parlamentar acobertar um ato ilícito? Não cabe indagar – não seria de interesse jornalístico - se dentro do palácio do planalto existem agentes da oposição infiltrados e a serviço da produção de tais fatos? Não. A posição da imprensa não levanta qualquer questão dessa natureza.

O mais grave, no caso da FSP, é que, completando o quadro e nos levando a uma conclusão muito evidente dos objetivos da ação em andamento, uma passagem do artigo assinado por Eliane Cantanhêde é cristalina. Diz ela: “A ministra pode até ficar, mas a candidata acabou, desmoronou. Sem passar dos 3% nas pesquisas... Agora, qual será o próximo ‘candidato’ que Lula vai tentar inventar?”. Poderíamos, até, mesmo, imaginar que falta, no texto da jornalista, mais uma frase: missão cumprida.

morenocris disse...

Belo comentário. E a blogsofera se faz presente. A "grande imprensa" é uma grande empresa. Atende seus interesses. Fonte é fonte é deve ser resguardada. Aliás, até em brincadeiras de comentários e solicitações de comentários para serem resguardados, mas infelizmente isso não acontece. Candidato longe de eleições só serve para isso: para ser queimado. Digo: missão cumprida. Vamos à próxima etapa. O juridiquês ainda é complexo. Mas, vamos "latindo" mesmo assim. A saída? A mídia alternativa. Exemplo? Blogs!

Beijos, Altino.
Bom domingo, ainda.

Jorge Santorine disse...

Péia no mau jornalismo, Seu Altino! Já não basta as parcas pautas desses jornais, ainda nos deparamos com erros primários do português. Tenham dó, senhores!

Anônimo disse...

É, de fato, um excelente artigo. Porém, a última frase contém um erro de português. Deve-se escrever 'poupem-me' e não 'me poupem'. :D

ALTINO MACHADO disse...

Anônimo medroso: preferi usar daquele jeito. E aproveito para repetir: "Me poupe", tá? É assim que eu gosto de falar e escrever.