quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O BAFO DA AMAZÔNIA

José Carlos dos Reis Meirelles

Estava lendo no blog as opiniões acerca da "Expedição Juruá Sempre", de Cruzeiro até Manaus.

E fico pensando que se nada de prático acontecer em decorrência dela (esperamos que sim), o Edvaldo Magalhães terá acertado, conscientemente ou intuitivamente, em algo que aprendi durante estes 38 anos de Amazônia, enfiado nos socavões mais distantes dela.


Vista de cima, em documentários ou filmes, a Amazônia é sentida superficialmente. Quando se está nela, seu bafo úmido atola nossos pés no chão, nos obrigando a pensar com os pés fincados nele, literalmente.

Não venham me dizer que isso pode ser feito de longe. Até pode, logo depois de sentir o bafo. Digo isso porque as salas do poder têm o efeito amnésia, fazem a gente esquecer a realidade.

Os homens públicos da Amazônia deveriam, pelo menos uma vez por ano, sentir o bafo da Amazônia. Muitos deles só pra lembrar de onde vieram.

E sabe que a Funai, com suas burocracias, está me fazendo passar muito tempo na frente do computador? Vou matar umas saudades do coração e ganhar a mata. Antes de começar a falar besteira, como a reportagem do Jornal Nacional.

Abração!

Um comentário:

Unknown disse...

Pois é, concordo de forma absoluta, completamente com as afirmações do Meireles. As vezes falo disso quando alguém me indaga sobre a floresta. Depois fazer algumas comparações, entre alguns pontos da floresta e as catedrais, imaginando que meus oucintes consigam formular uma imagem da altura das árvores e como compõem a majetade florestal, concluo afirmando: só depois de um bom passeio pelos rios e adentrando alguns cenários da floresta vocês poderão compreender o que falo. Floresta tipo a que vocês conhecem aqui não fala do que é a floresta na Amazônia.

Depois, ainda tem a riqueza das tramas sociais criadas pelas comunidades que se foram formando ao longo dos tempos.

Meireles fala com conhecimento de causa: aprendeu a Amazônia "fincado no chão" e - completo - andando os caminhos feitos pelos pés da gente que é amazônide desde sempre.