quinta-feira, 4 de outubro de 2007

ÁLCOOL VERDE À MARGEM DA LEI


O deputado Moisés Diniz (PC do B), líder do governo na Assembléia Legislativa, questiona a recomendação do Ministério Público para que o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) suspenda imediatamente a Licença de Instalação da usina Álcool Verde, empreendimento que pertence ao consórcio formado pelo Grupo Farias, de Pernambuco, governo do Acre e empresários locais.

- Não haverá danos ao meio ambiente. O ar e a água serão preservados. A terra utilizada será das áreas de pastagens. A floresta permanecerá em pé. Onde está a degradação ambiental? - indaga o parlamentar.

Moisés Diniz bem que poderia ler, por exemplo, as páginas 5 e 6 do documento elaborado pela Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.

- Os defensivos agrícolas aplicados no cultivo da cana, em especial os herbicidas, são à base de organoclorados (extremamente nocivos à saúde, inclusive já utilizados em guerras, como “arma química”, hoje com utilização banida na maioria dos países). Esse problema pode ainda ser agravado em decorrência da lavagem de tanques de aplicação e da tríplice lavagem das embalagens dos herbicidas utilizados (a qual deverá ser feita, obedecendo à norma técnica específica). Nenhuma dessas possibilidades foi sequer mencionada no Estudo [de Impacto Ambiental], dada a sua superficialidade.

De onde vem a água


A promotoria observa que a Álcool Verde menciona o volume de água a ser captado para o processo industrial da empresa (110 m³/hora), porém não indica precisamente de onde será captada a água, e qual a capacidade de suporte hídrico da fonte. A empresa chega a mencionar que a água utilizada será proveniente do Igarapé Antônio Farias, o qual não existe na região.

- Há, também, menção à um poço para captação de água subterrânea, indicando a provável existência de aqüífero, que também não é referido no Estudo, e se existe, mereceria especial enfoque, pela possibilidade de contaminação, através do uso dos defensivos agrícolas que estão sendo e ainda serão utilizados em larga escala - acrescenta a promotora Meri Cristina Gonçalves.

Louvável a disposição de Diniz em propor audiência envolvendo a Assembléia Legislativa, Ministério Público, Imac e a empresa Álcool Verde, com o objetivo de esclarecer dúvidas. Ao contrário do que pensa o deputado, não se trata apenas de "tranquilizar a população", mas de agir dentro da legalidade.

Desconheço quem seja contrário à produção de etanol em áreas de pastagens no Acre, paradoxalmente, o maior empreendimento econômico articulado até agora pelo "governo da floresta". Mas ninguém pode admitir que o Grupo Farias queira fazer do poder público um escudo para se instalar, à margem da lei, na terra de Chico Mendes e Marina Silva.

Baixe aqui as recomendações do Ministério Público.

16 comentários:

ALTINO MACHADO disse...

É impressionante como assunto sério não costuma gerar comentários nesta bagaça. É por isso que me destaco a ser o primeiro a comentar o que eu mesmo escrevi. Perguntei a um amigo onde estão os famosos ecologistas ou ambientalistas do Acre. Ele respondeu:

- Muito estranho esse sumiço, mas compreensível. Esta é a hora da triagem. O mundo está mudando para pior com apoio de muita gente que afirma querer um mundo melhor. Existem detalhes estarrecedores, como ambições políticas desmedidas cegando aos presumíveis revolucionários. Ou seja: o poder empodera e quem chega perto passa a fazer parte do mesmo.

. disse...

Independente das questoes ambientais... aquele trecho da BR no entorno de Capixaba, esta dando muito orgulho aos Acreanos, esta muito bonito mesmo, muita cana... muito gado, ta muito belo, parabens aos empresarios da regiao.

Anônimo disse...

Nada como ter o melhor "dos dois mundos"... Bem qualquer coisa que gere emprego e renda é bem vinda, mas não podemos deixar de pensar e discutir qual é o preço que isso vai nos cobrar a curto, médio ou longo prazo. Se existe algo que pode minimizar os impactos negativos do plantio de cana (e qualquer outra atividade: madeira, não-madeireiro, petróleo, agricultura, pecuária, etc), o Ministério Público deve agir sim!

Terra disse...

Com relação ao patrimônio arqueológico (em especial aos geoglifos) tratamos do assunto com o Sr. Eziquiel (Gerente Geral da Alcool Verde) em 10 de maio de 2007 quando fomos recebidos na sede da Alcool Verde, em companhia do ex-deputado Marcos Afonso. Na oportunidade, visitamos alguns geoglifos no entorno da Usina e o Sr. Eziquiel se mostrou receptivo e nos garantiu que o Grupo Farias tomaria todas as medidas para a preservção do Patrimônio Arqueológico nas áreas de plantio de cana.

Anônimo disse...

Altino...

Este tema não tem comentários por não era esse destaque deveria ter.

Se esse seu Post fosse enaltecendo as industrias que tanto nos faz falta, seria muito comentado. Porque ambientalista aproveitador e ecologista safado, que são na verdade mercenários, são poucos. Mas gente buscando trabalho e progresso são muitos.

Inverta as bolas, dê força ao progresso e vc verá como as pessoas lhe apoiam.

Abraços.

Marcelo Jardim disse...

Ridículo o comentário acima pedindo "força" ao progresso da ignorância, poluição, concentração de renda, privilégios políticos para empresários, sub-emprego, produtos químicos, poluentes e zilhões de outras coisas ruins que tem feito deste mundo um lugar ruim pra se viver. Além, claro, do fato q já há espaço de mais pra esse tipo de "puxa-saquismo" como atestam os 7,5 milhões de reais gastos com publicidade governamental, pacional e o escambal.

Gostaria de contribuir mais com esse caso, mas tenho poucas informações. Basicamente as que coleto aqui neste blog, com muito interesse. Ao menos parei de votar nesses cínicos já faz um tempo. Valeu Altino!

Anônimo disse...

Lezandrius, faz uma cama de capim, come um pouco de sal e dorme!!!!

Anônimo disse...

Bem que o Deputado Moisés Diniz deveria ter ficado calado, não seria tão feio pra ele.
Qualquer atividade agrícola, seja ela qual for, gera impacto ambiental. O que se pode fazer é, no máximo minimizar esses impactos, ou fazer com que os benefícios obtidos sejam maiores que os impactos negativos, quando não houver outro jeito.

Acho que as recomendações do MPE são pertinentes e devem ser levadas a sério, inclusive pelo Deputado.

Mas ao mesmo tempo eu entendo a preocupação e a forma tão veemente com que o Dep. defende a implantação "urgente" da Usina, afinal de contas as eleições estão chegando e assim eles terão mais camisetas, bonés, adesivos, propagandas melhores.....

Anônimo disse...

Anônimo,
Respeite o dep. Moisés Diniz. Ele tem direito a ter um ponto de vista.
Leia o que ele disse e verá que ele tem rezão.
Deixe de ser covarde e pare de atacar atraves do anonimato.
Saia do armário!!!!!

. disse...

Paulo Lins, veja que coisa, somente os anonimos tem violencia nos ataques, porque eles nao se identificam e usam argumentos logicos?

Anônimo disse...

"Outro ponto frágil, passível de crítica e também capaz de acarretar a rejeição do presente Estudo, é a ausência total de análise do componente arqueológico, não havendo qualquer menção a esse tópico. Verificando-se, inclusive, a ausência de profissional habilitado para a execução dessa tarefa de investigação e levantamento dos prováveis sítios arqueológicos. Inclusive quanto a esse fato, o IPHAN já se manifestou, por ocasião da Audiência Pública, bem como solicitando posicionamento desta PMA, através do Of. n.º 022/2007/SUBR/ACRE/16/SR;"

Pelo que se ler no documento da promotoria, parece que a promotora não aceita que o cuidado com as questões arqueológicas se limite às conversas entre o professor Alceu o senhor Ezequiel.

Anônimo disse...

Altino
É bom lembrar que o tal empreendimento não pertence somente ao grupo Farias. A família Farias jamais faria (eheheh) um negócio desse sem a garantia do Governador (Jorge Viana). Tanto que lá tem grana do Estado do Acre e de alguns manés que entraram na jogada pra sair na foto com o Jorge. E agora? Quer dizer que o cotista minoritário (nas cotas), mas majoritário no interesse e no benefício político (Governo) vai ficar de fora da querela? O Jorge vai largar o Farias na mão? Ele faria isso?

Anônimo disse...

Enquanto isso, em Brasília:

"A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, confirmou ontem as informações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, de que o zoneamento agrícola da cana deverá permitir o plantio na Amazônia. "(O zoneamento) vai dizer quais as áreas de restrição completa para plantio da cana, quais aquelas que podem viabilizar com cuidados especiais e aquelas em que já acontece", disse a ministra. Na preparação do zoneamento, previsto para 2008, trabalham os Ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e de Ciência e Tecnologia. "Não nos interessa que os biocombustíveis brasileiros sejam identificados com práticas ambientais e sociais incorretas".(GLOBO ON LINE - BLOGS)

Anônimo disse...

Esse negócio de etanol e o sumiço dos ecologistas apenas provam que o Acre caiu numa cilada quando embarcou nas teorias fantasiosas (ou seriam alucinosas?) da tal florestania. Exacerbaram o discurso ambientalista. Promoveram regulamentações, prestígio etc. Paralelamente, como era necessário criar algum dinamismo na economia, atraíram um troço sujo que nem o etanol (sem contar o que rolou por baixo dos panos naquele negócio). Agora a realidade (o etanol) se confronta com a embromação (florestania). Cadê os ecologistas? Também queria saber. Alternativas: 1 -Devem estar rasgando as fotos que tiraram na inauguração da Alcool Verde. 2 - Estão esperando o Jorge ficar bom das oiça pra saber o que devem dizer. 3 - Estão cavando poço pra Usina pegar água pra irrigação. 4 -Estão mandando e-mail pra WWF dizendo que não tem nada a ver com aquilo. 5 - Que ecologistas?

Anônimo disse...

Anotem aí. No tal Zoneamento do etanol a Amazônia estará fora. A Amazônia ou a Marina.

Anônimo disse...

Enquanto isso, em Brasília:

"ONGs apresentam plano pragmático para zerar em 7 anos a taxa de desmate, ao custo anual de R$ 1 bi; governo promete avaliar...na presença de figuras públicas que ocupam campos opostos no debate, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o governador sojicultor de Mato Grosso, Blairo Maggi. Ambos evitaram comprometer-se com o plano..."