terça-feira, 26 de junho de 2007

FALARAM DEMAIS


Perdi tempo ao esperar hoje a atualização das edições on-line dos quatro diários de Rio Branco. No dia 15 de junho, todos noticiaram que o Grupo Bertin iria se instalar no Acre. Esperava que trouxessem alguma explicação em relação ao Grupo Bertin ter negado ontem que esteja investindo R$ 75 milhões na construção de um frigorífico no Estado.

Os jornais sequer citaram o comunicado distribuído pelo Grupo Bertin, que menciona a "possibilidade" de instalação de uma unidade local. "A companhia acredita no potencial de crescimento do Acre nos próximos anos e no plano de desenvolvimento traçado por seus governantes, mas esclarece que o momento é de análise de viabilidade econômica".

Após o comunicado, torna-se até patética a leitura do que foi publicado a respeito de políticos, empresários e autoridades empenhadas em atrair o Bertin. Os jornais reproduziram na ocasião um texto de autoria do repórter Edmilson Ferreira, da assessoria de imprensa do governador Binho Marques. Confira:

A Gazeta: Maior frigorífico do Brasil, Grupo Bertin, anuncia indústria de alimentos no Acre

Página 20: Grupo Bertin anuncia indústria de alimentos no Estado do Acre

A Tribuna: Grupo Bertin instalará agroindústria no Acre

Vale a pena ler, ainda, uma notícia assinada pelo jornalista Romerito Aquino, assessor de imprensa do senador Tião Viana (PT). É de novembro de 2004. Nela, Aquino destaca que o Banco Mundial é criticado por expandir pecuária na Amazônia ao conceder empréstimo ao Grupo Bertin. Leia aqui.

Bem, alguém deve explicações à opinião pública por conta do desmentido que o Grupo Bertin distribuiu "em razão dos recentes artigos publicados na imprensa". O episódio faz lembrar, por exemplos, quando os jornais anunciaram a construção no Acre de uma fábrica de cimento do Grupo Votorantin, de uma fábrica de baterias Moura...

7 comentários:

Anônimo disse...

Altino.
Digamos que Jorge, o eterno, mande o Sibá negociar a compra de uma fêmea para o grupo Bertin. Qual vale mais? A bezerra do Roriz ou a novilha do Renam?

Anônimo disse...

Marina nem foi à reunião do CNPE

Ministra já sabia que perderia a votação, que terminou em 8 a 1

João Domingos
O Estado de S. Paulo, 26.06.2007

A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de aprovar a construção da Usina Nuclear de Angra 3 estava prevista desde a segunda quinzena de abril. Foi quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a informação de que o Ibama não concederia as licenças prévias para a construção de duas hidrelétricas no Rio Madeira até 31 de maio.
Mesmo assim, de acordo com um auxiliar do presidente, a decisão de Lula, comunicada a pouquíssimos ministros, aguardou um pouco para ser tornada pública. Ele optara por esperar mais um pouco, na esperança de que o Ibama concedesse as licenças para as Hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio.
Como esperou em vão, na segunda quinzena de maio Lula comunicou que tiraria Angra 3 da gaveta. O presidente decidiu, na mesma época, que marcaria uma reunião do CNPE. Como havia problemas na agenda, Lula a marcou para um mês depois, mas não pôde participar.
Da parte da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a certeza de que a decisão de retomar as obras de Angra 3 era tão grande que ela resolveu nem participar. Alegou que tinha encontro no Rio de Janeiro com representante da Câmara de Comércio Brasil/Estados Unidos e mandou seu secretário-executivo, João Paulo Capobianco, representá-la. Capobianco foi o único a dar o voto contrário, na goleada de 8 a 1.
Marina limitou-se a dizer ontem, no Rio, que a posição de seu ministério é contrária à construção de usinas nucleares por entender que o Brasil tem condição de optar por outras fontes de energia mais baratas e menos perigosas. Mas Marina não moveu uma palha para tentar reverter o voto dos conselheiros.
Tudo o que antecedeu a reunião do CNPE apontou para o desejo do governo de retomar a construção de usinas nucleares, tanto que a previsão é de que Angra 3 entre em operação por volta de 2012. Mas o Brasil necessita de energia já em 2009. Portanto, mais que a correria atrás de fontes de energia a qualquer custo, a decisão de construir Angra 3 indica uma política de governo.
No início, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, resistiu à idéia de construir Angra 3, não por questões ambientais, mas por motivos econômicos. Ela dizia que a energia nuclear é muito cara. Mas, diante da necessidade do Brasil de ampliar urgentemente a matriz energética, cedeu. Até porque fontes alternativas de energia levantadas por Marina, como a solar e a eólica, estão com preços iguais ou superiores ao da energia nuclear.
O trabalhos de revisão do programa nuclear ficaram prontos em junho de 2006, na véspera do início da campanha eleitoral.

Editor disse...

O mundo está mesmo perdido. O Henrique Afonso, deputado federal do PT, que se julga defensor do meio ambiente e da biodiversidade, teve mais de 70% de sua campanha financiada por empresas potencialmente causadoras de degradação ambiental. Não faltam doações de madeireiros e o maior doador é a empresa Vale Verde Empreendimentos Agrícolas, a mesma que controla a usina Álcool Verde (antiga alcoobras). O que esperar da atuação do deputado? O pior é que ele ainda se mostra como defensor da Amazônia. Acontece que esteve ausente em 54% das sessões da Comissão da Amazônia da qual é titular. Tudo sem apresentar nenhuma justificativa. O que é isso companheiro?

Sandro Ricardo disse...

Cara...estou abobalhado. Será que essa empresa não está já instalada aqui no Acre com outro nome ou em outra conta? Por que todo mundo da minha rua diz que lá na prefeitura ela está "tijolado" e com a rede de esgoto funcionando? E a rua da minha cunhada que está asfaltada? Só que no inverno é muita lama e no verão muita poeira. Tem alguma coisa estramha, acho que esse filme não vai acabar agora não. É uma "longa METRALHAgem".

Anônimo disse...

Ô, Edinei, pelo amor dos deuses, não seja tão injusto e precipitado, é preciso entender a dialética da coisa toda. O Henrique Afonso, como todo bom petista, sabe que "no estágio atual da luta de classes" não dá para ser coerente, assim que todo prurido pequeno burguês só atrapalha e deve ser mandado às favas. E como ambientalista, acredita na reciclagem do lixo (e bota lixo nisso). Logo, procura financiamento dos poluidores para, em primeiro lugar, melhorar os próprios adversários. Depois, ajudar com isso a luta pela libertação do povo. É simples assim, hehe.

lingualingua.blogspot.com disse...

Muito boa sua interferência, Altino! Comporta-se como um ombudsman.

Editor disse...

Henrique Afonso, o Robin Hood da floresta encantada. Qual é pôr. O cara é adepto de que feio mesmo é perder. Faz isso com a bíblia debaixo do braço e sem pudores. E tudo EM NOME DE JESUS.