quinta-feira, 28 de junho de 2007

CIRCO, HOSPÍCIO OU PRESÍDIO?

Leila Jalul

Pessoalmente, não tenho nada contra o senador Sibá Machado. Sei o quanto estas manifestações no país devem estar mexendo com a cabeça dele. Ou não. Desde o tal de mensalão, passei a ter na TV Senado uma opção de "entretenimento".

Acompanhei reunião por reunião, desempenhos os mais diversos, depoimentos indecorosos, perguntas ofensivas, respostas evasivas, choros, histórias macabras de mortes no PT, ou a mando deste, ou, em última instância, com o conhecimento deste. E fui formando um juízo.

Hoje, a coisa continua igual. Neste e em outros escândalos, minha possante de 33" fica ligada direto na TV Senado, sem que me assuste a possíbilidade que se queimem os "transistores" ou se apaguem os "fusíveis". E vejo tudo. Vejo a parte boa, pois os escândalos costumam enevoar os trabalhos sérios.

Ontem mesmo o senador Paulo Paim deu o exemplo disso. Ninguém considerou sua denúncia de atos nazistas contra os negros na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Por ser daqui, minha mira, evidentemente é estar de olho nos senadores Tião Viana, Geraldinho Mesquitinha e nosso herói Sibá Machado.

No caso do mensalão, jogos de bingo, morte de prefeitos, cueca recheada de dólares, aviões com carregamento de dinheiro cubano (tadinho dos cubanos famintos), assisti muitas vezes as intervenções do senador Tião Viana, cabíveis, quase sempre, serenas, sempre. Diferentes do tom vaselinoso do Geraldinho Juninho. Vaselinoso, é verdade, mas válidos, de vez em quando.

Agora, o suplente Sibá, já naquele período, parecia uma barata tonta, despreparado, quase sempre ofegante, já que pulava de uma plenária para outra. Quase onipresente, já que seu trabalho era fazer o que os outros se negavam. Foi, muitas e muitas vezes, repreendido pelo Delcídio Amaral e por outros membros das comissões, que se negavam a aceitar com paciência os seus gracejos inoportunos.

Sibá parecia querer incorporar aquele menino amolecado, de calças curtas, que deixa irado, além da professora, também os colegas, mesmo aqueles não tão inteligentes e sérios. Foi um fiasco. Um Juquinha sem graça, sabe como é? Claro que observei muito mais coisas, mas vou poupar-me.

Ontem, lembrando da postura séria de Marina Silva, arrancada do Senado já nos primeiros dias para compor o ministério de Lula, me veio uma preocupação: que Deus nos livre, por alguma razão fortuita, ou mesmo por uma mudança de rumos, nos seja retirado o Tião Viana.

O suplente dele, Aníbal Diniz, repetiria o que vemos agora? Não o conheço e fui me informar. Pois bem, fiquei tranquila. Tive excelentes referências do suplente. Me informaram que é íntegro e tem compostura para assumir, não só o Senado, mas para exercer qualquer função pública. Menos mal.

Quem sabe, na ausência de uma reforma política, os suplentes sejam doravante escolhidos em perfeita harmonia com as idéias do titular. O PT tem quadros para isso.

Não gosto de falar de política, mas não devo me negar, quando preciso. Nos escândalos sucessivos, que impedem os trabalhos sérios e de cunho realmente social, só se pode afirmar que o Congresso, se cobrir, vira circo; se cercar, vira hospício. E eu acrescento: se apurar, vira presídio e tem que ser de segurança máxima.

Pode ser que depois disso tudo o Sibá Machado se esforce para não envergonhar a titular e o Estado que representa.

Leila Jalul é cronista acreana

4 comentários:

Anônimo disse...

Ufa Leila, muito bom continue escrevendo belas palavras sábias.
E muito bom ler o que você escreve parabéns.

Anônimo disse...

Crise, que crise? Um rápido apanhado comprova a beleza dos temas de discursos dos petistas no ensebado, digo, no Senado:

Sessão Plenária - 26/06
Serys Slhessarenko fala sobre a importância do Dia Mundial Contra o Uso e Tráfico de Drogas.

Ideli Salvatti encaminha voto de aplauso para municípios que erradicaram o analfabetismo em Santa Catarina.

Paulo Paim parabeniza governo federal pela promulgação do curso de direito na faculdade Zumbi dos Palmares.

João Pedro destaca qua a presença feminina marca as filas da Zona Franca

25/6
Paulo Paim fala da satisfação de ver a cidade de Caxias do Sul participar do concurso Capital Brasileira da Cultura

21/6
Flávio Arns parabeniza o grupo Bandeirantes pela passagem de seu aniversário.

Aloizio Mercadante ressalta os indicadores econômicos que apontam crescimento do mercado brasileiro.

Ideli Salvatti elogia pesquisa sobre reforma política feita pelos Democratas.

Paulo Paim faz Seminário para debater a importância das ZPEs para o Rio Grande do Sul.

(...)

Anônimo disse...

Infelizmente, não é só com relação aos absurdos atos nazistas contra os negros na Universidade Federal do Rio Grande do Sul que ninguém se importa.

Há da parte do governo federal uma tentativa obsessiva e claramente intimidatória de reinstalar a censura prévia no país, via classificação indicativa, particularmente dos programas de TV.

Ora, se as emissoras transgridem as leis, devem ser, evidentemente punidas – e isso já é possível de acontecer hoje em dia. Portanto, que se faça aqui o que se faz em todo o mundo democrático: auto-regulação. O que não dá é para o estado se comportar como xerife, sob o pretexto de que os pais têm hoje menos tempo para cuidar de seus filhos.

E quem entrar no site do Ministério da Justiça pode ter uma idéia de como (des)andam as coisas.
O Ministério da Justiça ampliou para mais 15 dias a análise de sugestões e ajustes na Portaria 264, que define regras para a classificação indicativa para a televisão.

Inclusive, e é onde eu quero chegar, o procurador da República Marcus Vinícius, do Acre, afirma no site do MJ que a portaria 264 inova, porque determina o cumprimento ao fuso horário, considerado essencial para o nosso estado, cuja diferença é de 2 horas a menos que o horário de Brasília. “O Acre tem particularidades e apresenta números diferenciados com relação à violência, gravidez precoce em meninas com 9, 10 anos de idade e alta incidência de doenças sexualmente transmissíveis. Se as emissoras não cumprem o fuso horário, um programa inadequado para menores de 18 anos que no Sul do país passa às 23 horas, no Acre é exibido às 21h ou 20h no horário de verão (quando o fuso horário sobe para 3 horas), horário em que as famílias estão reunidas na frente da TV”, disse Vinicius.

Reproduzo o comentário do jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo: “Eu não entendi mal o que disse este senhor do Acre? Espero que ele não esteja atribuindo a gravidez precoce em seu Estado à televisão. Ela pode fazer muita coisa, mas ainda não engravida ninguém. Será que os jovens do Acre só prestam atenção à suposta estimulação sexual da TV e ignoram as reiteradas recomendações para que usem camisinha, tomem pílula ou suco de laranja — ou seja lá qual for a fruta com que se faça suco no Acre? Tudo isso evita a gravidez, doutor.

Eis aí. Há uma agência de notícias no Ministério da Justiça que produz mais confusão do que informação. É o Ministério que quer chamar para si a responsabilidade sobre o que pode ou não pode ir ao ar. É o que chamam de ‘bom senso’ — ou ‘bom censo’, em petês.”

Anônimo disse...

Logo se vê porque você não gosta de falar de política. Entende tanto dela quanto a maioria das mulheres de futebol. Destila preconceitos como se fizessem sentido. Veja bem, suplência é uma previsão constitucional e o Senador sibá Machado tem um projeto no Senado contrapondo-se porque é contrário à forma. Ele não tem culpa de ser suplente e enquanto está lá no Senado é Senador e tem que trabalhar. Ou não?
De outro lado,serenidade pode ser uma forma inteligente de camuflar o discurso no parlamento, Cara. Leia mais e saiba inferir: quem você acha que está por trás de todos esses procedimentos para mudar o rumo do processo contra Renan Calheiros? Ou você se ilude que o seu ídolo, vice-presidente do Senado, aliado de primeira hora do colega presidente, não está agindo? está muito mais do que você imagina. Acompanhe os próximos passos e enxergue quem tratará de mandar o processo para o ralo do esgoto junto com o Romero Jucá. E olhe, não confunda Marina com Tião, alhos com bugalhos, ética com esperteza. Um é tão parecido com o outro politicamente quanto sol e chuva, Deus e o Diabo, paraíso e inferno.
E sua sanha de puxa-saquismo ao senador Tião se estende ao suplente. Que "surpreendente"!!!!