terça-feira, 5 de junho de 2007

AUTOCRÍTICA ACREANA

Jornalista critica ausência da imprensa de Rio Branco na Reunião Regional e aponta ausência de discussão dos aspectos ambientais em notícias sobre projeto de prospecção de petróleo em Cruzeiro do Sul, pela Petrobras

Flamínio Araripe


O jornalista Altino Machado, do blog homônimo, criticou na Reunião Regional da SBPC a ausência da imprensa de Rio Branco na cobertura do evento. Natural de Cruzeiro do Sul, fixado em Rio Branco, ele fez a autocrítica: "é lamentável, vergonhoso o papel que às vezes desempenhamos", disse, ao ressalvar que a imprensa de Cruzeiro do Sul esteve presente, com dois jornais semanais e radialistas. A TV Aldeia de Rio Branco também compareceu.

“A Reunião Regional sobre a Universidade da Floresta não está no foco da imprensa acreana. A imprensa forma opinião, decodifica o que a ciência estuda e informa à população. É o espelho da sociedade".

Altino Machado contou que recentemente teve um embate com a discussão sobre a notícia de que a Petrobras iria fazer a prospecção de petróleo em Cruzeiro do Sul. Segundo ele, o tema é tabu na mídia do Acre, "imposto de cima para baixo".

Como o assunto envolve também o aspecto ambiental, Altino diz que decidiu abordá-lo no blog e abrir uma discussão sobre o tema. Os jornais acreanos, segundo ele, tratam o assunto apenas no aspecto econômico, sem considerar o aspecto ambiental.

A seguir, o jornalista relatou que procurou o senador Tião Viana para uam entrevista sobre o projeto da extração de petróleo. "Ele relutou mas finalmente aceitou a entrevista, que foi publicada".

"Seguiu-se uma coisa lamentável: todos os jornais se posicionaram de modo a adotar uma posição contrária ou a favor, e um assessor do senador disse que a UFAC apoiava o projeto", relata Altino Machado. Conforme o jornalista, o reitor da UFAC, Jonas Filho, manifestou que o seu ponto de vista não era como estava expresso no jornal e fez suas ressalvas em relação ao tema.

Para Altino, é pioneira a Reunião da SBPC numa cidade como Cruzeiro do Sul, no extremo Oeste do país, onde alguns multiplicam fortunas e conhecida como porta do narcotráfico, mas a imprensa não percebe a importância do evento.

"A política às vezes interfere para estreitar esse debate", disse ele, ao lamentar que o projeto da Universidade da Floresta não tenha a necessária visibilidade na mídia estadual.

O jornalista atribui a ausência à possibilidade de que tenham esperado convite da UFAC. "É dever da imprensa deslocar repórter para fazer a cobertura e fazer o questionamento. O inadmissível é a leviandade da ofensa e o preconceito", disse ele, ao citar como alvos de notas o reitor, o líder ashaninka Benke e o antropólogo Mauro Almeida.

Conforme Altino, desde o início a discussão sobre a prospecção de petróleo em Cruzeiro do Sul foi comprometida pela política, ao ganhar o viés de ser um projeto do bem ou do mal, sem espaço para o estabelecimento do contraditório.

Flamínio Araripe escreve para o Jornal da Ciência.

4 comentários:

Anônimo disse...

O interessante, Altino e demais, é que a bem pouco tempo, quase toda imprensa do Acre esteve num casamento aí do deputado Gladson Cameli. Editora de jornal, repórteres, e até um repórter fotográfico oficial fazendo toda a cobertura do evento.

Anônimo disse...

Caro Altino,

é mesmo muito estranho a ausência da imprensa e, principalmente, a ausência dos políticos que se mostraram eficazes em aparecer durante a mediocre palestra, chamada de debate pelos organizadores (bajuladores), sobre a prospecção de petróleo e gás realizada em Cruzeiro.
Outro aspecto muito importante é a pouca importância dos governos estadual e federal com a chegada de peruanos (Ashaninka) para ocuparem a fronteira com o Estado do Acre, no rio Breu com fortes indícios de que farão a exploração de madeira. Estamos pedindo providências, junto com o povo Kaxinawa, desde 2004 e até hoje nada foi feito. Preferem as políticas miudas de ocupação de cargos no poder público.
Uma imprensa submissa não pode reivindicar liberdade de imprensa. Que digam que o projeto que visa a liberação das terras indígenas e unidades de conservação para a exploração mineral, com a exploração do petróleo e gás inclusa, já está em discussão e em vias de aprovação fora do estatuto dos povos indígenas que até hoje não foi aprovado.
Deputados, senadores e a imprensa que disseram que seriam contra a exploração mineral em terra terras indígenas e unidades de conservação já deveriam ter se pronunciado com a mesma presteza que o fizeram em relação ao apoio a exploração de petróleo e gás.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

A imprensa acreana faz, vai e diz o que o Governo manda... isso porque o Governo petista-vianista paga. Ponto. Simples assim. Não compreendo a surpresa de voces. Aliás, durante as eleições, quando a imprensa, faz, diz e vai onde o governo petista-vianista manda, não vejo nenhum de voces reclamando.

Anônimo disse...

"É o espelho da sociedade"... A imprensa? Tu ainda tá nessa lorota, Altino?